Estávamos sem fazer nada, eu e Gray estávamos sentados no fundo da sala enquanto Arthur estava sentado na primeira carteira da frente. O professor que devia estar nos vigiando, estava com os olhos grudados no celular.
—Não acredito que estamos aqui sem fazer nada!-Gray reclamou.-Eu podia tá assistindo o treino do meu namorado, mas nããão! Tenho que ficar aqui sem fazer nada!-ele cruzou os braços.
—Problema é seu! Foi você quem quis ficar na detenção, eu não arrastei ninguém! Você acha que eu queria tá aqui mofando enquanto eu podia tá espalhando a discórdia mundo a fora?!-falei dando de ombros.
—A culpa é toda sua!-Gray me acusou.-E nem se defenda!
—Foi você que tacou o celular em mim!-o acusei indignado.
—Isto é um detalhe!-ele sorriu ironicamente.
Vi que Arthur se levantou de sua carteira e se dirigiu ao cesto de lixo, acho que tinha ido apontar o lápis.
A porta da sala se abriu num estrondo fazendo todos nós pularmos com o susto. Quem adentrou a sala foi Leo, seu amigo Victor, Caio e se não me engano um outro garoto que se chama Troy.
Todos eles estavam sem camisa e suados. E como não to morto nem nada, obviamente olhei para o tanquinho de todos, claro! Que Gray não me ouça, mas Leo é realmente gostoso.
Os garotos entraram sendo seguidos por três líderes de torcida. Leo e Troy estavam vermelhos e com expressões raivosas, detectei treta.
—Meu radar de barraco tá louco!-sorri empolgado.
Gray franziu a testa e encarou os garotos.
Todos eles se dirigiram para a mesa do professor que nem sequer olhou pra eles.
Troy bateu as mãos na mesa do professor de maneira brusca, o professor levantou o olhar para olha-lo, mas foi apenas por um segundo, pois logo voltou a olhar para o celular.
—O que vocês querem?-o professor perguntou com uma voz entediada. Isso que dá o colégio ficar contratando estagiário que nem tem 25 anos.
—Eu quero justiça! Eu quero espancar esse babaca! E eu quero isso agora!-Leo disse quase gritando apontando para Troy.
—Então somos dois!-Troy falou no mesmo tom.-Tire ele do time agora! Ele não serve pra ser um jogador!
—Eu não sirvo?-Leo se virou para Troy e foi na direção dele, mas Victor o segurou não permitindo que ele e Troy saíssem na porrada.-Eu não sirvo? E você que não serve pra porra nenhuma?! Não presta atenção na bola e não trabalha em equipe! Se tem alguém que deve sair, esse alguém é você!
—Você quer apanhar, babaca?-Troy foi pra cima de Leo, porém Caio segurou Troy.
—Vem!-chamou Leo.
Se matem de uma vez logo!
Que professor sem moral, ele nem estava prestando atenção na discussão.
—Vocês não deviam estar gritando desta forma e muito menos arrumando confusão em uma sala de aula que no momento está sendo usada.-Arthur falou surpreendendo todos.
—Tutuzinho!!!!!!-Leo passou de um estado irado a um bem feliz em segundos e foi na direção do Arthur, o abraçando. Para minha surpresa, ele retribuiu o abraço de Leo.
Olhei para Gray e vi a aura negra de ciúmes em volta dele. Até me afastei um pouco, ou aquela atmosfera ia me engolir.
Por um lado, eu não gostei muito daquela cena dos dois se abraçando.
—Sinto muito por esse escândalo todo! Mas, medidas drásticas precisam ser tomadas!-Leo se separou de Arthur.
—Que lindo! O amiguinho nerdzinho veio querer pagar de certinho?-Troy provocou olhando para Arthur.
—Cala boca, seu merda!-Leo fez mensão de ir pra cima de Troy, entretanto Arthur segurou em seu pulso.
—Eu não ligo para o que ele disse, então você não deveria ligar.-Arthur disse de forma neutra.-Não vê que ele está apenas tentando achar uma forma de sair por cima tentando me rebaixar quando na verdade está abaixo de todos?
Pisquei os olhos várias vezes, surpreso. Ah, mas se fosse eu...
—Ah, então tudo be...-Leo disse desviando o olhar.-Amor? Nath?-nos notou no fundo da sala, ele sorriu de orelha a orelha.
Leo veio até nós, eu toquei meu punho com o dele. Ele se virou para Gray, mas antes que Leo sequer pensasse em fazer alguma coisa, seu namorado levantou e o beijou de uma maneira brusca e dominante. Leo ficou tão surpreso que teve que segurar na cintura de Gray para não se desiquilibrar.
Fiquei chocado, pasmo, surpreso e nem sei mais o que (Eu sendo vela como sempre). Notei que todo mundo da sala também olhou e estavam de boca aberta, menos o professor que ainda estava pouco se lixando pra nós.
—Nossa... -Leo falou quando se separaram, estavam ruborizados.-Amor, assim você me mata...-ele riu sem graça.
Nossa, é nessas horas que eu queria ter um boy, que invejinha.
—Amor...?-Arthur questionou e todos olharam pra ele como se ele fosse um ser que morasse em uma caverna sem contato com o mundo.-Esse é o seu namorado?
Gray tinha um sorriso cínico nos lábios enquanto olhava para Arthur. Ciúmes detectado!
—Sim, eu te falei sobre ele!-Leo respondeu sorrindo.-Lembra?
—Lembro, mas pensei que você tinha dito que era uma pessoa legal e não um encrenqueiro!-Arthur cruzou os braços.
—Oi?-Gray riu.-Sou barraqueiro mesmo, e daí? E, sou namorado dele mesmo! Incomodo?-passou a mão pela cintura de Leo.
—É, na verdade, incomoda sim.-Arthur respondeu.
—Bem...Como diz o velho ditado: "Os incomodados que se fodam"!-Gray sorriu inocente.
Senti as faíscas saltando dos olhares de Gray e Arthur enquanto trocavam contato visual.
—Infantil...-Arthur revirou os olhos.
—Irritante...-Gray desviou o olhar e estourou uma bola de chiclete que estava mascando.
Enquanto Gray e Arthur trocavam farpas, Leo saiu de fininho indo para a mesa do professor começando a discutir com Troy novamente. Observei que Victor tinha chegado por trás, muito próximo de Leo.
—Parem de brigar!-falei entediado.-Brigar vai resolver alguma coisa?-olhei diretamente para Arthur.
Não vou ser falso, vou esclarecer algo: Só estou tentando pagar de certinho como representante da classe na frente do Arthur. Mas, normalmente, eu faria pipoca pra apreciar a discussão.
—Humpf!-Arthur virou de costas e se sentou na primeira carteira da fileira da parede.
Desumilde!
—Em vez de você brigar com ele, devia ficar de olho no seu namorado... -comentei, dessa vez olhando para Gray. Sorri cínico.
Só to aqui para ver o circo pegar fogo.
—Como assim?!-Gray olhou para Leo e viu que Victor estava praticamente o abraçando por trás.
Gray começou a olhar Victor com tanta raiva e insistência, que o garoto acabou percebendo e olhou para nós, mas pensa que ele desgrudou de Leo? Nããão! Muito pelo contrário! Victor deu um sorriso malicioso e simplesmente deu uma sarrada no Leo que parou de discutir e olhou para o amigo com uma expressão de "WTF?!", tive que segurar Gray, porque ele estava com uma expressão assassina. Tá, eu sei que fui eu que provoquei, mas não quer dizer que eu queira ver uma cena de crime.
—Que palhaçada é essa, Vick?-Leo perguntou.
—Tudo na mais pura brotheragem!-Victor sorriu inocente e Leo deu de ombros voltando pro seu debate com Troy.
Eles começaram a berrar na cara um do outro. Meu Deus, ou eles iam ficar roucos ou nós vamos ficar surdos.
—Quer saber?-Troy perguntou com a voz carregada de maldade.-Eu não quero ficar em um time onde um dos caras é como você!
—"Como eu"?-Leo riu maldoso.-Então, como seria alguém como eu? Por que já sei que sou divertido...
—...E lindo!-uma das líderes de torcida falou empolgada.
—...Inteligente!-outra delas continuou.
—...Gentil!-e a outra terminou.
—Meu namorado...-Gray acrescentou de braços cruzados.
—Sem contar que o Leonardo joga muito melhor que você!-Victor falou, ele e Leo deram um "toca aí".
—Me pergunto, como vocês podem gostar dele?! Ele é a droga de um gay!-Troy falou fazendo careta, um silêncio mortal se fez até Leo quebrá-lo gargalhando.
—Então é por isso?-Leo parou de rir.-Uaaaaau! Me tire do time! Eu sou gay e tenho medo de infectar os outros!
—Nada disso! Quem vai infectar os outros é esse palhaço!-uma das líderes de torcida falou. Eita, puxa saco.-Vai acabar infectando os outros com essa burrice!
—Você se acha o rei, né?-Troy perguntou a Leo.-Se acha o tal. Você não é nada, e ainda por cima anda com um bando de viado!-ele apontou para mim, Gray e Victor.
Assumo mesmo meu lado homo da minha bissexualidade! Sou viado com orgulho! E daí?
—E também, tem aquele quatro olhos como amigo!-Troy apontou para Arthur.
Na mesma hora eu me levantei com raiva pelo que aquele babaca tinha dito, bati as mãos na carteira com força pronto para ir lá bater de frente, mas em uma fração de segundos, Leo estava em cima de Troy socando seu rosto.
(N/A: Pode falar mal dele, mas do boy nem pensar!)
—Não fale do meu namorado!-Leo o socou com ódio.-Não fale dos meus amigos!
—Quem você pensa que é?-Troy devolveu o soco em Leo com a mesma força.
—Pode falar o que quiser de mim, pois vou acabar com você assim!- Leo estralou os dedos.-Eu não me acho um rei! Eu sou o rei! Eu sou o tal! E você é um nada! Um filhinho de papai! Só tá no time porque seu pai subornou o treinador!
Fui na direção de Leo e Troy, mas senti alguém segurando em meu pulso, era Arthur.
—Apenas deixe.-ele disse indiferente. Sua mão era tão macia e quente.
Caio e Victor separaram Leo e Troy. E, quanto ao professor, ele não tava nem ligando, era como se nós e nada fôssemos a mesma coisa.
—Vai ter volta!-Troy ameaçou saindo arrastado pelos garotos que apartaram a briga.
—Eu vou esperar, babaca!-Leo berrou limpando a boca com o punho cerrado e cuspindo no lixo em seguida, pude notar que seu lábio estava cortado.

☆☆☆

Eu e Gray permanecemos na detenção assim como aquele ruivinho.
Interessante...Ele e Leo se conhecem.
—Será que Leo está bem?-Gray perguntou olhando para a porta como se quisesse sair dali voando.
—Tsc! Ele nem se machucou.-dei de ombros.-Sinto pena é do Troy!-ri sarcástico.
—Aquele porco mereceu!-Gray falou com um ar convencido.-Meu Leo é muito mais forte que ele!
—Sim, sim! Muito mais forte e gostoso...-provoquei sorrindo de canto.
—Isso mesmo! E...O que foi que você disse, seu arrombado?-Gray me deu um soco no ombro que eu tinha certeza que ficaria roxo mais tarde.
—Urgh!-rosnei.-Que foi?! Como se não estivesse acostumado a ouvir isso!-dei de ombros.
Ignorei o chilique de Gray e olhei o ruivinho a frente que escrevia algo em seu caderno. Observei suas costas, sua postura. De repente, ele se virou pra trás e viu que eu o olhava.
Olhei dentro daqueles olhos que me encararam sem emoção, totalmente frios, era como se ele não me visse...Cheios de indiferença.
Talvez eu devesse estar acostumado, já que a maioria das pessoas era indiferente comigo.
Porém...Arthur ser assim, me deixava intrigado.
Ele virou o rosto, se levantou, caminhou até o professor e entregou uma folha.
—Ah...Sim! Obrigado! Pode ir andando.-o professor falou meio lerdo.
—Sim.-Arthur pegou sua mochila e saiu pela porta.
Ele tinha um ar interessante, isso é inegável.
—Ei, professor!-Gray falou irritado.-Por que ele saiu e nós ainda estamos aqui?!
—Que?-o professor ergueu os olhos em nossa direção.- Ah, vocês ainda estão aí...Podem ir. Apenas assinem seus nomes aqui.-bocejou com tédio.
Gente do céu! Esse professor não existe!
Eu e Gray nos levantamos, pegamos nossas mochilas e assinamos nossos nomes em um papel.
—Ele não é muito autoritário, né?-comentei andando pra fora da sala ao lado de Gray.
—Está perdido no mundo da lua!-Gray revirou os olhos.
Andamos para fora do colégio falando bobagens. Chegamos ao pátio externo, avistamos Leo sentado na escada que levava a porta do hall de entrada junto de Vick. Arthur estava parado em sua frente.
—Que maravilha.-Gray falou amargo olhando para Vick e Arthur.
—Seu homem é muito disputado né? Daqui a pouco até eu vou querer.-brinquei, mas quem disse que Gray leva na boa essas brincadeiras?
—Cala a boca!-Gray mandou irritado e andou com passos firmes em direção ao trio.
Leo estava sorrindo tocando nos cabelos de Arthur. E Arthur tinha um meio sorriso nos lábios, o observei colocar um band-aid no canto da testa de Leo.
—Tira a mão do meu namorado!-Gray falou todo ciumento.
Ouvi os suspiros de Vick e de Arthur ao verem Gray.
—O repetente/ Ex-oxigenado!-Victor e Arthur falaram ao mesmo tempo revirando os olhos.
Abaixei a cabeça e cobri a boca, rindo disfarçadamente. Ai se Gray visse eu rindo! Ele ia me bater mais uma vez!
Parece que nenhum dos melhores amigos de Leo gostam do Gray.
Entendo que o Gray dê chilique, seja ciumento, possessivo e seja arrogante. Mas, ele é um carinha legal quando o conhece melhor! A gente se entende, talvez por sermos iguais...
—Me chamaram d...-Gray cerrou os dentes.
—Amor, não esquenta!-Leo riu como se mais tarde nem fosse apanhar do namorado.
Gray também é agressivo, eu hein! Eu fico todo marcado de roxo! E não o roxo que eu queria (Sabem muito bem do que estou falando)!
Passei o braço pelos ombros de Gray e o abracei de lado.
—Concordo com o Leo...Não esquenta.-sorri.
—Só não entendo o por quê do Leo que é um cara tão legal namorar com...-Arthur começou.
Arthur tá pedindo pra morrer, né?
—Melhor parar!-alertei arregalando os olhos.
—Pfff!-Gray se livrou de mim e fez mensão de ir embora.
—Ei, aonde vai?-Leo se levantou e segurou no braço do namorado.-Você tem que aprender a brincar...
—Não é isso!-Gray suspirou, estava nervoso.-Eu vou pra casa.-se soltou e saiu dali.
—Gente...Que implicância com o garoto!-passei a mão por meus cabelos.
—Mas o Arthur tem razão.-Victor disse cruzando os braços.
—Tem nada!-arqueei uma sobrancelha.-E se vocês não gostam dele, eu gosto! E se quiser, pego ele pra mim, tá?
—Vai fazer o que?-Leo me olhou de modo psicopata.
—Pegar ele pra mim.-sorri cínico.-NÃO ME BATE!-cobri minha cabeça, já me antecipando.
—Bem, eu tenho que ir.-Arthur disse olhando para seu celular.-Até mais, Vick, Leo.-acenou.
—Eu também existo.-falei ofendido cruzando os braços e fazendo biquinho. Odeio quando as pessoas fazem pouco caso de minha presença.
Arthur me olhou de soslaio.
—Você jogou um celular em mim e até agora não se desculpou. Não vou me despedir.-Arthur disse secamente e saiu dali pelo lado oposto de Gray.
Pisquei os olhos várias vezes, incrédulo. Que escardada. Gente...
Coloquei a mão em meu peito, indignado, com os olhos arregalados.
—Parece que alguém levou um fora...-Vick sorriu malvado.
—Calado.-revirei os olhos e apertei a alça de minha mochila.-Também vou embora. Falou.-acenei vagamente e fui andando.
Leo veio correndo atrás de mim. Victor ia pelo caminho contrário.
—Também notou que o Gray...-Leo disse preocupado.
—Está diferente? É, notei.-mordi o lábio inferior.
—Normalmente ele bateria boca com Victor e me puxaria pra ele, mas ele simplesmente foi embora!-Leo estava incrédulo.
—Vai ver ele quer terminar.-provoquei.
E o que eu recebi?! Um soco no ombro no mesmo local que Gray havia batido! Doeu pra caramba!
—Estou falando sério.-Leo franziu a testa.
—Você é o namorado dele, você quem tem que saber.-dei de ombros.
Eu dando conselhos sou uma maravilha, né?
—Tem razão.-Leo disse pensativo olhando para o céu sem nuvens.
—A vida na cama não está sendo tão ativa?-provoquei novamente, sorrindo malicioso. Eu não perco uma.
—Você vai apanhar!-Leo anunciou.
Pernas pra que te quero! Corri de Leo ou voltaria mais que roxo pra casa.
Mas...Uma coisa me preocupou. O que será que Gray tem?

☆☆☆

Quando já não aguentava mais correr (isso que dá matar toda aula de Educação Física) parei, declarando derrota. Leo apenas me deu um pescotapa (que ainda assim doeu) e rimos feito idiotas. Continuamos a andar pacificamente, sem mais provocações, conversando como pessoas civilizadas.
Em uma parte do caminho, me despedi de Leo, já que a casa dele era pela outra rua.
Me espreguicei, estava dolorido. Ao chegar na minha vizinhança, cumprimentei os vizinhos que estavam nos quintais de suas casas tendo suas vidinhas, fazendo coisas como regar o jardim, varrer a calçada, brincar com os filhos, ficar sentado na cadeira de varanda só vendo o tempo passar...Essas coisas monótonas que deixam a vida desinteressante.
Que foi? Minha reputação no colégio pode ser ruim, mas no bairro é boa! Isso porque minha irmã me obriga a ser amigável...Mas isso não vem ao caso!
Observei Milley e Matt brincando com sua mãe (que estava a espera de mais um filho) e seu cachorro, eram as crianças mais novas do bairro. Sorri ao ver a cena, era fofa a maneira como se amavam. Eram uma família.
Meu semblante perdeu o brilho, suspirei tristemente abaixando a cabeça.
Quem derá tivesse sido assim comigo, minha irmã e minha mãe.
Destranquei o portão de casa e entrei, Kenzie ainda não havia chegado do trabalho como publicitária.
Joguei a mochila no chão e me deitei no sofá de maneira desleixada, suspirando cansado.
Me lembrei da maneira seca que Arthur falou comigo. Ele era tão rude...
Deixei um sorriso escapar.
Ele é um desafio...E eu adoro desafios.
Arthur me intrigava. E olha que eu o conheci hoje. Era verdade que eu não reparava em outras pessoas, a não ser que elas interferissem em minha vida, como quando Arthur entrou na frente e eu acabei o acertando.
Celular abençoado...Falando em celular, a mãe de Gray teve que ir buscar o aparelho do filho. A diretora era rigorosa.
Gray...Meu melhor amigo, meu irmão de outra mãe e...Minha ex-paixão. Estava preocupado com ele, ele não estava agindo normalmente. Gray vai ter que me contar o que está acontecendo queira ou não, se tem algo o incomodando, lógico que eu quero ajudá-lo, ele é meu brother.
E Leo? Meu outro melhor amigo, colírio para os olhos e ex-inimigo. Adoro ele tanto quanto Gray. As vezes eu penso se eu, Leo e Gray estamos em uma competição para ver quem é o mais convencido! Isso é o que deixa nossa amizade divertida.
Victor...Diferente de Gray, eu não o odeio. Apesar de não conversamos muito, ele é legal, tem um jeito malvado e gosta de provocar, principalmente o Gray. Ou seja, algo em comum entre nós. E, suspeito eu, que ele crushe ou já crushou o Leo. Suspeito nada! Tá na cara!
—Melhor eu ir tomar banho...-me levantei retirando os tênis e minha camiseta, estava com preguiça.
Fui até meu quarto, peguei uma muda de roupa, minha toalha e fui para o banheiro tomar uma ducha fria.
Foi relaxante e revigorante.
Terminei meu banho e voltei para meu quarto, como de costume ele estava em perfeito estado. Eu não era de deixar tudo bagunçado (outra que isso dificultaria as coisas, já que o cômodo não era tão grande).
Peguei um livro que deveria decorar um capítulo para a aula de literatura da semana que vem e comecei a ler enquanto andava em círculos pelo quarto.
Andar enquanto lia é uma coisa que faço desde pequeno, Kenzie diz ser uma forma de controlar minha ansiedade, eu digo que é uma forma de perder peso sem esforço.
Andar enquanto lia também me causava tontura, então me sentei na minha mesinha de estudos aonde ficava meu notebook e continuei minha leitura.
Aquilo era tão entediante que senti o cansaço me consumir, acabei me debruçando sobre a mesinha e adormecendo.
A última coisa que me lembro de pensar foram aqueles olhos. Os olhos de ninguém mais, ninguém menos que Arthur.
Acho que verde é minha cor favorita de agora em diante.