A Cidade do Sol escrita por Helen


Capítulo 22
Sussurros.




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Quando Porcelana descobriu que teria de dormir na Kombi, surtou por dentro. Inocência não se importou, e apenas se deitou em um canto do veículo, reclamando da falta de colchões, mas logo dormiu.

Caramelo, no entanto, se sentou do lado de fora de Carla, e se encostou em um pneu. A noite fria não o parecia afetar.

Depois de alguns vários minutos imóvel no banco de trás, Porcelana resolveu se mover, pela primeira vez desde a manhã. Quando se levantou, sem tentar fazer barulho, seus joelhos estalaram. Na verdade, quase cada movimento que ela fazia era um novo estalo de suas articulações, o que fez seu plano de se mover silenciosamente falhar de forma miserável.

Ao sair da Kombi, Porcelana encarou a escuridão da floresta e da estrada. Não era possível ver as estrelas, graças as nuvens.

—... Coitado de Amaldiçoado. — disse a moça, baixinho, enquanto esfregava as mãos no seu casaco. — Deve estar morrendo de frio agora.

Virou o olhar para Teodoro. Ele escondia o rosto entre as pernas. Também dizia coisas baixinho. Mas elas eram confusas e tristes, acompanhadas de soluços e pedidos de desculpa.

— Você... está bem? — perguntou Porcelana para Caramelo. Já havia esquecido de toda a cena de antes.

— Não sei... Não sei mesmo. — ele virou o rosto para frente, evitando contato visual. — Eu acelerei o processo de maldição de alguém que se chama Lázaro. Isso deveria ser bom, porque agora ele já perdeu a consciência... Mas mesmo assim, eu tenho medo desse Lázaro ser o meu pai, assim me fazendo culpado... apesar de que ele está melhor agora, já que não tem mais alma e... Eu não sei, eu não sei... Bianca diz que é improvável que tenha sido ele mas, mesmo assim... Droga, por que eu inventei de atirar em um monstro? Eu deveria ter atirado em uma árvore, sei lá... — fungou, por causa do choro. — Qual é o meu problema? — perguntou, virando-se para Porcelana.

— Somos jovens. — Adilson vivia dizendo aquilo para Porcelana. A resposta já estava marcada no seu subconsciente. — Esse é o nosso problema.

—... Faz sentido.

E começou a chover.


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