Capítulo 21 –  Que Comecem as Buscas!

POV Dimitri

Já se passava vinte e quatro horas que a Roza tinha sumido. Ninguém tinha notícias dela. Nem de que forma ela deixou a estação, nem foi vista em nenhum penhasco, desfiladeiro ou qualquer coisa assim, tratando-se de uma estação de esqui, afinal, para quem quer se suicidar, aquele era o local ideal, mas eu tinha certeza de que ela havia sido seqüestrada e Adrian compartilhava do mesmo pressentimento. Foram feitas buscas em cada centímetro daquela estação e nada! Isso era frustrante!

O Abe nos chamou ao quarto dele, ao Adrian e a mim, dizendo que os alquimistas não a tinha visto, mas que como Adrian suspeitou dele quando a viu no jantar de comemoração, achou estranho e comentou com Abe e ele pediu aos alquimistas para investigá-lo. Esses disseram que o tal Dr. Smith que seria o suposto médico que o Louis havia chamado para medicá-la quando ela passou mal, não era médico algum e sim um Moroi envolvido com pesquisas genéticas ilegais. Havia também a desconfiança de que ele era envolvido com strigois.

Mas mesmo assim, Abe parecia não aceitar a idéia de que a minha Roza havia sido seqüestrada. Não sei por que, mas ele parecia confiar no Louis e eu contei a ele sobre quando Ivan morreu, que foi por insistência de Louis que Ivan me desse folga e saísse com ele e das minhas desconfianças de que Louis estivesse envolvido na morte de Ivan.

Adrian por sua vez, só nos observava, não fez qualquer comentário durante a reunião. O que eu estranhei, porque uma coisa que eu aprendi sobre ele é que ele adora expressar a sua opinião, mas parece que ao longo dos anos, fora os comentários de sarcasmo, ele mais observava tudo do que falava. Acho que foi isso que fez com que eu começasse a respeitá-lo mais. Eu sei que ele ainda ama a Rose, mas ele me disse que ela ainda me ama. A aura dela diz isso e que eu deveria lutar por ela, mas que se eu a magoasse novamente, ele mesmo se encarregaria de fritar meu cérebro com espírito, ainda que ele ficasse louco e fosse levado para Tarasov.

Abe nos contou que havia se encontrado com Louis saindo do hotel e disse que iria voltar para Paris, para com seus contatos, tentar encontrá-la. Nesse momento, Abe ficou com uma cara meio estranha, como se tivesse alguma coisa o incomodando.

Depois daquela reunião, ele quase não nos dava nenhuma notícia. Eu achei por bem da minha sanidade, participar das buscas, porque embora eu tivesse certeza de que ela não havia se matado nem nada disso, eu estava tentando arranjar pistas de como ela foi retirada da estação e qualquer outra coisa que pudesse me dar uma dica.

A Lissa só chorava. O Christian estava horrível, porque mesmo que ele brigasse o tempo todo com a Rose, eles realmente ficaram amigos depois da tragédia de Spokane. A Natasha, coitada, tentava me acalmar, mas a única coisa que poderia me acalmar nesse momento era ter a minha Roza de volta. O Adrian, por incrível que pareça, não bebeu nada desde o dia do sumiço, só fumava, mas tentava o tempo todo entrar no sonho dela, em vão.

“Ou ela está sendo mantida acordada, ou ela me bloqueou de vez, ou ela está drogada, ou...” Balançando a cabeça, como quem diz que ela estava morta. Uma lágrima furtiva escorreu de seus olhos, ele os fechou e tentou disfarçar. Estava absolutamente frustrado.

Quanto a Janine, essa sim estava arrasada! Ela chegou a se culpar pela falta de atenção dela com relação à Rose, mas Abe disse que isso não era responsabilidade dela. Eu acho que ele estava começando a acreditar na história do seqüestro, mas toda vez que eu tentava falar com ele, parecia que ele estava escorregando do assunto. Estranho mesmo! A impressão que me causava era que ele sabia de mais coisas, mas não queria dividir as informações. Eu me irritei e fui procurá-lo. Só consegui falar com ele dois dias depois.

Dois dias depois – Três dias depois do sumiço da Rose

“Sr. Mazur, posso falar com o senhor? Em particular.” Disse isso olhando para Janine. “Me desculpe, Guardiã Hathaway, eu só...”

“Tudo bem Dimitri. Eu vou ver a Lissa.”

“O que foi Belikov? Porque você não quis conversar comigo perto da Janine?”

“Me desculpe, Sr, Mazur, mas eu sinto, ou melhor, eu tenho quase certeza de que o senhor está escondendo algo a respeito da Roza e eu preciso saber! Por favor, eu posso ajudar!” Não consegui manter o controle e acabei demonstrando o meu desespero para ele. Merda! Ele é o Zmei, não gosta de fracos.

Ele sorriu levemente, sem alegria.

“Você é realmente muito observador, Belikov! Pode me chamar de Abe. Quando Louis deixou a estação, eu pedi que alguém o seguisse discretamente e me encarreguei de que ele pegasse um vôo comercial, para que pudesse ser seguido de perto. De fato, ele pegou um vôo para Paris e lá ele alugou um carro e foi até um vilarejo, ao sul de Paris. Um lugar com poucas casas, muitos camponeses e nesse inverno, ninguém para observar qualquer movimentação estranha.” Ele parou e me observou. Acho que ele viu ou sentiu a raiva crescendo dentro de mim.

Continuou. “A casa fica num local muito aberto e portanto, os meus olheiros, digamos assim, não conseguiram se aproximar muito, mas ao que parece, ele não percebeu que foi seguido. Ele entrou na casa e ficou ali por umas quatro horas e depois voltou a Paris. Perto da casa tem um enorme bosque, local ótimo para se esconder strigois e a casa não tem wards, só uns poucos guardiões pessoais dos Zeklos.”

“O senhor acha que...” Ouvimos um barulho na porta. Ele fez que eu me calasse e Janine entrou. Parecia cada vez mais devastada. “Depois eu vou até o seu quarto e continuamos a reunião. Acho que seria bom ter você como meu guardião pessoal, Belikov – deu uma piscadela – pense nisso!” Me levando a té a porta e a fechando em seguida.

Voltei para o meu quarto e falei com Alberta, sondando, para ver se ela sabia de algo e ao que parece, ela não sabia de nada. Só do fato de que eu tive um caso com a Rose na academia.

“Então, Belikov, eu entendo o que você deve estar sentindo. Eu sei que você a ama e particularmente, não acredito que a Rose teria se matado. A não ser que...”

“A não ser o quê, Alberta?” Quase rosnei ao telefone.

“A não ser que ela tenha sido consumida pelos efeitos do espírito e ficado louca, como Anna Shadow-Kissed!” Ela disse isso sombriamente. E ela tinha razão. Eu tive oportunidade de ver o que esses efeitos faziam com ela e, ela realmente andava muito estranha, descontrolada, ultimamente.

“NÃO!!! ELA JAMAIS FARIA ISSO!!!” Gritei. Alberta ficou muda. Murmurei um pedido de desculpas e desliguei. Entrei no chuveiro e ali fiquei até que toda a raiva e toda a dor que eu estava sentindo fosse levada ralo abaixo, mas embora eu tenha me sentido um pouco mais relaxado, a dor e a raiva ainda estava ali. Dor pela falta que a Rose estava me fazendo, por toda preocupação e raiva do maldito Louis, que cada vez mais, eu tinha certeza de que ele a havia seqüestrado.

Saí do banho, deitei na cama e acabei dormindo. Não que eu quisesse, mas o sono me venceu. Já fazia três dias que eu não dormia. Eu sonhei com a minha Roza.

Estávamos na cabana. Na nossa cabana! Ela estava linda em um corselet vermelho e mais nada. Ela sorria e caminhava em minha direção. Parou na minha frente e seu cabelo estava solto. Tinha cheiro de shampoo de morango e era inebriante. Ela me dizia que estava com frio, muito frio e que tinha sede.

De repente, ela estava amarrada e chorava. Sangue esvaia de seus pulsos! Ela os havia cortado. O corselet era vermelho porque estava cheio de sangue. Seus olhos estavam vagos agora e ela dizia que era tudo minha culpa.

Acordei todo suado e com uma batida alta e insistente na minha porta. Abri e era o Abe. Ele estava mais pálido que o normal.

“Acho que a encontramos!” Foi o que ele disse.