Capítulo 20 – Suicídio ou Seqüestro?

POV Abe

Bem, com tudo o que aconteceu e eu como pai da noiva, tive que ir até à recepção onde seria comemorado o noivado de Rose e me desculpar com os convidados. Para evitar um caos, dizendo que a Rose sumiu, fui obrigado a dizer que tivemos uma emergência e a Rose precisou se ausentar da estação.

Deixei claro que eu fazia questão que o jantar continuasse e me retirei.

Alberta, a chefe dos guardiões da Rainha me pediu que fosse vê-la.

“Guardiã Petrov, a senhora pediu para falar comigo?” Até onde eu sabia, ela não tinha conhecimento do que estava acontecendo.

“Sim ,Senhor Mazur, sente-se. A Rose desapareceu, é isso? O que está acontecendo? Eu posso ajudar?” Eu realmente não sabia o que dizer e então, como eu sabia que não havia como esconder isso dela, pois ela era amiga do Dimitri  e de Janine e tinha sido professora de Rose na St Wladimir, entreguei-lhe o bilhete.

Ela leu e disse de cara. “A letra da Rose está estranha... Ela não pode ter mudado tanto sua letra. A forma como se escreve guarda características da personalidade da

pessoa.”

Ela pensou por um tempo e eu esperei.

“Sr. Mazur, o senhor tem certeza de que a Rose seria capaz de suicidar-se? Porque ela faria isso?”

“Guardiã Petrov, eu particularmente, não sei se ela faria isso, mas ela está passando por uma fase muito difícil... Então fica difícil de saber. Ela é imprevisível! Mas eu não sei como ela sairia daqui sem passar por nenhum guardião e isso está me intrigando!”

“Bem, eu quero que saiba que estou disponibilizando alguns guardiões e organizando uma busca, é claro, que bem discreta, para saber onde ela pode ter se metido! E quando nós a encontrarmos, se foi uma maluquice dela, eu mesma dou-lhe umas palmadas!” Ela riu. “Eu adoro aquela baixinha encrenqueira e devo confessar que mal pude acreditar quando eu soube da baixa dela. Ela sempre foi a melhor da sua turma e quem sabe, talvez a melhor entre muitos guardiões que eu tenha conhecido ou ouvido falar, mas isso não é da minha conta! E agora Janine pedindo baixa! O que está acontecendo?” Ela quis aliviar a tensão, mas era nítida a preocupação dela e é lógico que ela sabia da perseguição aos Hathaway, como chefe da guarda.

Nós conversamos muito sobre a caçada dos strigois aos Hathaway e lhe disse que elas deram baixa para evitar colocar a vida delas em risco, acreditando eu que elas duas é que são os alvos, só não sei os motivos.

Alberta ouviu tudo, atentamente. Disse que iria investigar bem de perto. Ficamos de nos falar caso alguém tenha notícias e combinamos que isso seria sigiloso.

Estava a caminho do meu quarto quando encontro com Luis fazendo o check-out na recepção do hotel.

“Louis, você vai embora?” Perguntei admirado de vê-lo em seu melhor terno, com cara de quem havia dormido a noite toda e bem alimentado.

“Sim, Abe, eu vou voltar para Paris. Quero acionar os meus contatos e ver o que eu encontro sobre a Rose.” Deu seu melhor sorriso.

“Ah! Sim. Então, boa viagem e qualquer coisa, estaremos em contato.”

“Assim fica perfeito, Abe! Nos vemos em breve, espero!” Acenou e saiu.

Fiquei ainda olhando na direção da porta pela qual ele saiu e fique com as idéias de Dimitri e Adrian na cabeça. Rodando. Liguei para o Adrian.

“Alô.”

“Adrian, onde você está? Quero falar com você e Dimitri. Só os dois. Dá pra gente se encontrar no meu quarto daqui a uns quinze minutos?”

“Sim, senhor Mazur. Eu irei. E garanto a presença do Dimitri também.”

Fui para o meu quarto, pedi um chá e esperei.

POV Rose

Agora eu estava sendo colocada em uma SUV, pelo espaço e pela forma que eu fui novamente algemada. Com os pés separados e os braços ao longo do corpo, um de cada lado. Sem contato.

A SUV andou tanto que eu até cochilei. A temperatura era bem baixa e eu tremia de frio. Estava com sede e fome. Ninguém me deu nada para comer nem beber desde que eu fui seqüestrada. E o pior: Eu não me lembro de nada. Só da hora em que o Louis me abraçou por trás e me fez cheirar aquela droga. Merda!

Paramos e eu ainda estou vendada, amordaçada e algemada. Me sinto fraca, estranha!

Estou em um lugar onde é muito úmido. Parece que descemos muitas escadas. O lugar é frio e eu estou novamente algemada em uma cama. Só que agora estou sentada. Não posso me mover.

Alguém me tira o capuz, mas mantém a venda. Ainda estou amordaçada.

Depois do que parecia ser uma eternidade, a mordaça foi retirada.

“Quem são vocês? Cadê o Louis, aquele maldito que não suporta rejeição? Porque eu fui seqüestrada? Que lugar é esse? Onde eu estou? Porque vocês não tiram a minha venda, bando de covardes?”

Ninguém respondeu nada. Alguém me dava comida e água, mas ninguém falava comigo ou naquela sala, ou em qualquer outro lugar onde eu pudesse ouvir. Cada vez que eu era alimentada, eles colocavam de novo aquela maldita bola na minha boca e me amordaçava muito forte. Minha boca já estava ficando ferida.

Depois que eles me alimentavam, eles me aplicavam mais injeções. Quando eu acordava, estava algemada na cama, deitada. Sem condições de defesa. Fiquei assim pelo que pareceram dias.

Alguns dias depois, neste mesmo esquema e sem banho, Louis apareceu.

“Bom jour, chèrie! Comment ça vá?” Ele tirou a minha mordaça e a minha venda.

Eu não conseguia falar porque a minha garganta estava muito seca. Ele me olhou com um sorriso nos lábios.

“Não vai falar com o seu noivo?” Riu alto. Eu lhe dei o meu melhor olhar maligno.

“Estou com sede e preciso de um banho.” Ele riu de novo.

“Banho querida?! Você está ótima! Gostou das suas acomodações?”

Eu olhei em volta e estava em um porão. Era úmido e tinha um cheiro insuportável de mofo. Eu tinha uma sonda enfiada em mim. Por isso eu não sentia vontade de ir ao banheiro. Eu só ingeria coisas líquidas. Vi que em meu braço tinha um soro espetado. Me arrepiei. Nunca gostei de agulhas. A cama era de casal e bem confortável. Seria se eu não estivesse acorrentada a ela. Em um canto havia uma portinhola o que eu acreditava tratar-se de um chuveiro. Não havia janelas. Só uma porta de ferro, parecendo com aquelas portas para evitar incêndio. Observei que ainda estava com a mesma roupa que eu usava quando ele foi ao meu quarto.

“Ótimas instalações! É assim que você costuma acomodar seus convidados, chèrie?!” Eu disse tentando não demonstrar medo e falhando miseravelmente.

“Uh lala! Minha noiva tem medo de alguma coisa. Finalmente descobri algo que ela teme.” Disse secamente. Eu não disse nada e fechei a cara.

“Rosemarie, quero contar-lhe aos poucos, porque afinal, eu não tenho pressa alguma e posso te manter aqui dias, meses e até anos sem que ninguém saiba onde você está. Você é uma shadow-kissed e o seu sangue é importante para os strigois.” Ela o interrompeu. “Cale a boca, Rosemarie! Smith, coloque a mordaça nessa vadia de novo!”

Smith era o suposto médico que queria me medicar quando eu tive aquele, digamos, mal estar, na estação de esqui. Eu sabia que aquele calhorda não era de confiança!

“Sim, agora está melhor... Vou poder falar sem ser interrompido. Bem, o seu sangue pode deixá-los forte e tomarem conta do nosso mundo e acabar com essas divisões hipócritas de alimentadores... De negar a natureza vampírica! De deixar os humanos tomando conta de tudo!”

Meu Deus, ele era louco mesmo e nem foi por rejeição que ele me seqüestrou. Foi para me entregar aos strigois! Eu fui sentindo calafrios com as suas palavras e me lembrei daquela velha bruxa novamente, dos pressentimentos que eu havia sentido quando falei com ele e até antes, quando eu já tinha tomado a minha decisão. Louis continuou falando, mas eu já não o ouvia mais, por mais que eu tentasse. Acho que estava sendo drogada novamente. Minha mente vagava para aquele dia na Turquia novamente.

*flaskback on*

Não deixe que ele a possua, ele pode ser tanto a encarnação da vida tanto quanto a morte! Ele matou no passado, alguém que um amigo seu costumava conhecer, foi uma tragédia para ele, não deixe que isso aconteça novamente! Isso pode matar a ambos! Mantenha o glorios razboinic longe de você!

*flashback off*

Meu Deus, como eu pude ser tão idiota!!! Eu tenho que dar um jeito de sair daqui. URGENTE!!! Mas como? Ele sabe bem quem sou eu e a forma como eu estou acorrentada, bem, fica impossível! Eu estou sendo drogada demais para que o Adrian consiga entrar nos meus sonhos e eu dizer o que está acontecendo. E também tem o fato de que eu não tenho a menor idéia de onde eu estou. Esse maldito vai me entregar aos strigois!!! O que eu vou fazer?!?

Quando olhei para o lado, vi que tinha outra agulha espetada em meu braço e que meu sangue enchia uma bolsa. Eu apontei com a cabeça para ver se ele falava algo sobre aquilo.

“Ah! O Sangue! Seu sangue está sendo retirado, duas vezes por semana, para ser negociado com strigois. E antes que você se apavore, são poucas quantidades e estamos te mantendo alimentada o suficiente para ele não enfraquecer. Depois é feito uma espécie de soro que os strigois vão se injetar e poderão, enfim, andar durante o dia!”

“Agora, eu tenho uma missão muito dura para mim. Tenho que fazer um filho em você porque o sangue dos filhos de shadow-kissed são melhores e misturados com sangue moroi, se tornam mais puros. Aí depois que a criança nascer, eu vou vendê-la para o strigoi que puder pagar mais para ele fazer o que quiser com você. Smith, ela já está fértil o suficiente? Eu não quero ter que fazer isso mais de uma vez. Se pelo menos fosse seguro soltá-la para tomar um banho, eu o faria com prazer. Mas o nosso objetivo agora são os negócios.”

Smith colocou um termômetro em mim, no meu centro e disse que eu estaria pronta para ser fertilizada em alguns dias. Eu acho que nunca senti tanto horror em toda a minha vida.

“Bem, acho que agora está na hora dela dormir um pouco, não acha, Smith?”

Aquele maldito médico chegou perto de mim com uma agulha e espetou no meu pescoço. Eu apaguei.