Como Um Conto De Fadas escrita por Sereia de Água Doce


Capítulo 2
Capítulo 2




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—Isso é muito bom! Ainda há sensibilidade nas suas pernas!

O dia havia começado cedo naquele Palácio. Mal acordara e já tinha de começar o tratamento com o Rei. As informações sobre o acidente eram muito vagas, mas a garota tinha certeza de que não havia sido tão grave assim

O simples fato de ainda existir sensibilidade nas pernas do Rei aumentavam e muito as chances dele voltar a andar, acarretando ainda mais pontos para a sua fama como fisioterapeuta. Não que ela se importasse com isso, afinal tudo o que ela queria era melhora de seus pacientes.

—Vamos lá, temos que nos exercitar agora!

Draco não parecia nada convencido daquilo. Estava assentado em sua cadeira, vestindo um robe de seda, completamente carrancudo.

—Isto é tudo por hoje, Dra. Eu não estou nem um pouco interessado em me exercitar. A Capital é um lugar muito bonito. Porque não dá uma volta e volta para casa em alguns dias?

Então aquela era a estratégia do Rei. Rose não desistiria assim tão facilmente. A Capital era de fato um lugar muito bonito, mas que poderia ser explorada outra hora.

—Senhor, de fato aqui é um lugar bonito. Mas se eu quisesse realmente me divertir, não viria a um lugar com toque de recolher. – a garota referia-se ao incidente na noite anterior. – Por favor, vamos começar o exercício. – disse ajoelhando-se a sua frente, prestes a começar com os movimentos nos pés.

—Precisa entender que eu nunca faço nada contra a minha vontade.

“Meu Deus, o Rei é esnobe tanto quanto o Príncipe”

Rose se dirigiu então ao criado que estava aparado perto da porta:

—Por favor, ligue para a vontade, já que Draco não faz nada sem a permissão dela. – havia sido uma boa piada no improviso.

—Por favor, me tire daqui.

Não houve outra alternativa. O rei foi embora deixando a garota perplexa no chão. Esse com toda certeza seria o caso mais complicado de sua carreira. Não tinha dúvidas de que o Rei não queria melhorar, mas com certeza ela mudaria isso. E antes que ele percebesse, já estaria andando.

***

Como não tinha mais nada para fazer durante o dia, Rose como boa moça e prestativa que era, resolveu ajudar nas tarefas da mansão. Começando com os jardins. Os homens não se importaram nenhum pouco de ter uma terceira pessoa ajudando a aguar as plantas. Até tinha sido divertido ela era agitada demais, não deixava nada parado. Quando menos perceberam estavam fazendo uma dancinha ridícula em meio as mangueiras.

E era óbvio que Scorpius desaprovava aquele tipo de comportamento. Tinha visto aquela cena enquanto saia com seu carro. Ele demonstrava vergonha de tal comportamento infantil numa adulta.

O dia ainda não havia acabado para a ruiva. Ela ainda encontrou tempo de tirara algumas fotos pelo ambiente, além de conseguir decorar o seu quarto do jeitinho dela. Cafonérrimo, aliás.

***

Na manhã seguinte, a mesma coisa se repetiu: uma sessão de três horas com o Rei foi resumida a apenas uma. Ele realmente insistia em não melhorar, e sua família não percebia isso.

Sua mãe disse que ele talvez se interessasse quando percebesse o interesse dela em ajudar ele. O que ela duvidava bastante.

Astória já estava ficando bastante irritada por onde quer que andasse, encontrar algo relacionado a garota. A última da manhã fora abrir a cortina d sala e se deparar com a mais nova fazendo yoga. Por mais que não admitisse, Scorpius começa a se divertir com o aborrecimento da mãe, dando risadinhas escondidas enquanto ela bufava.

Em um dos seus passeios pelos jardins, Rose se deparou com uma Daphne bastante agitada, andando de um lado para o outro, dizendo que amava um homem, porém não podia mudar seu jeito por ele.

Rose ficou perplexa com a situação a sua frente, não se aguentando e se metendo.

—Pelo amor de Deus, Daphne. Ele não vale a pena! Se ele quer que você mude por ele, desista! Se ele realmente te amasse, ele mudaria a si mesmo!

A garota não sabia o que fazer.

—É ele ao telefone? Ande, passe pra cá! Tudo ficará esclarecido. Me dê o telefone, Daphne.

A garota apenas estendeu o script que estava lendo.

—Então era só uma peça? Você quer ser atriz, Dapnhe?

—Mais do que tudo.

—Então porque não fala isso para a sua tia?

—Não posso, tenho que me concentrar nos estudos para entrar em Oxford. Por favor, não conte isso a ninguém.

—Mas você pode fazer as duas coisa...

—Ela nunca iria entender, Dra.

—Pode me chamar de Rose. E porque não fala com Scorpius?

—Scorpius está sempre ocupado, nunca dá atenção para mim.

—Então eu devo ensaiar essa cena com você? – perguntou com u sorrisinho. – Sabe, eu tenho muito tempo livre desde que seu tio resolveu fugir das sessões.

Daphne assentiu quase quicando de tanta excitação. Ela seria quase como uma amiga para ela.

***

—Estou te falando, Scorpius. Kassidy vai te deixar e vir para mim. – Albus brincava ao telefone com o amigo. - Claro que não poderemos convidar você para o casamento, mas nós enviaremos fotos.

Scorpius ria quando tentou responder, mas neste momento seus olhos estavam focados em outra pessoa: Rose, que se exercitava nos jardins e dava um tchauzinho para ele.

—Scorpius? Aconteceu alguma coisa?

—Não, nada. É só a nova fisioterapeuta do papai. – fazia uma careta enquanto falava.

—Nova fisioterapeuta?

—Olhando para ela, até eu mesmo a quero, Albus. Essa garota é um problemão.

Ele se odiava por isso, mas a garota era atraente. E tinha um jeito tão peculiar que atraía sua curiosidade de tal forma que nem ele sabia explicar. Involuntariamente, ele sempre falava ao telefone por perto dela. Uma forma de observá-la sem chamar tanto a atenção. O que chamava sim. Ela também o observava bastante, e não fazia questão de esconder os sorrisinhos bobos. Ainda mais no dia em que ela estava na espreguiçadeira da piscina e o rapaz quase caiu na água de tanto disfarçar.

Ela não aguentou aquela palhaçada e num momento de descuido dele, ela mesmo o empurrou na piscina, caindo na gargalhada logo depois. Ele ficou com raiva.

Muita raiva.

Tanto que três dias depois não se aguentou e foi falar com a moça. Era de noite, ela estava treinando com sua roupa de ginástica nos jardins como de costume quando ele veio marchando em sua direção com a cara fechada.

—Doutora...

—Só um instante, Scorpius. Estou quase acabando.

—É melhor você não se exercitar com essas roupas.

—Porque? – perguntou completamente confusa.

—Você tem excesso de tempo livre. Pode fazer durante o dia.

—Tenho tempo livre porque o paciente se recusa a fazer o tratamento. E o que isso tem exatamente haver com minha roupa de ginastica?

ATCHIM!

—Exatamente por isso. Se fizer de dia não fica resfriada.

Nada daquilo fazia sentido, por isso o príncipe voltou de fininho para o seu quarto, sem entender o motivo daquela conversa.

***

—Vovó, eu não aguento mais! Não há dialogo nessa família. E Sua Alteza simplesmente se recusa fazer o tratamento.

—Calma, minha netinha. – Molly começou. – Tente falar com o Príncipe. Peça a ele para falar com seu pai. Ele é seu único filho, tenho certeza de que vai escutá-lo.

—Vovó, ele é um tédio. Príncipe Scorpius Hyperion Malfoy. Vive no telefone e de cara amarrada. Simplesmente não consigo entender o problema desta família.

Mais tarde, naquele mesmo dia, Rose estava na biblioteca da família procurando algo que pudesse ajudar o Rei a tomar alguma atitude, coincidentemente com Scorpius sentado próximo a ela. A garota havia subido num banquinho, tentando alcançar o livro que estava no alto, quando veio o aviso.

—É melhor tomar cuidado, doutora. -Só mais um pouquinho... –falava consigo mesma, se esticando cada vez mais.

O tombo em si não havia sido tão feio. Caíram mais livros do que ela de fato. Scorpius estava praticamente parado ao seu lado, prevendo no que daria, por isso a garota mal caiu do banquinho e estava sendo aparada pelos fortes braços do loiro.

Eles estavam mais pertos do que nunca antes tinham ficado. As respirações ofegantes e olhares assustados denunciavam o quão era constrangedor. Rose desculpou-se e saiu rapidamente do recinto, envergonhada. Scorpius apenas ficou sem reação alguma, apenas catando os livros do chão, pensativo.

***

Astória Malfoy ficou completamente perplexa ao encontrar Rose sentada no trono rela tirando fotos. Após expulsar a garota dali tratou de ir embora, porém ela era persistente.

—TIA! Quer dizer, Sua Alteza. Eu preciso falar com a senhora. O Tio Draco não quer se exercitar. Cada vez mais sinto que ele não quer melhorar. – Astória a olhava com uma cara de paisagem.

—Doutora, serei curta e grossa: ou você pode ajudar Draco ou não pode. Simples assim. Se não puder, suas passagens de volta serão providenciadas. Agora, com licença.

A imagem que ela passava era de que não se importava com o marido. Isso cada vez mais angustiava a jovem fisioterapeuta. Sua última tentativa ser a de falar com Scorpius. Não demorou muito e estava batendo a porta de seu quarto desesperadamente.

—Pode entrar. – ele estava sentado em uma poltrona, revisando um contrato quando a garota entrou apressada, derrubando um porta retrato no chão.

—Oh meu Deus! Me desculpe, Scorp!

A diferença era gritante. De um lado, Scorpius vestido elegantemente com o colete de seu terno e camisa social, enquanto do outro estava Rose, vestido seus confortáveis pijamas e pantufas de coelhinho. A classe social praticamente gritava entre ele. Ela animada e ele de cara amarrada pela ruiva estar no seu quarto. Ele simplesmente não suportava mais tanto a aproximação dela. Não fazia nada bem para ele.

Rose sentou-se na poltrona ao lado do Príncipe e logo percebeu o olhar fico do homem em suas pernas. Não conseguiu conter o risinho. Ele não conseguia evitar olhar para as coxas expostas da garota.

—Você está me olhando, Scorpius? Isso deve ser bom, não tem quase nada para se olhar por aqui.

Ele não disse nada, apenas deslocou seu olhar até o rosto da moça, completamente tenso.

—Eu não pude evitar. – disse tentando conter a rouquidão em sua voz, guardando o documento que lia.

Ela o deixava louco.

E isso não era nada bom.

—Então, o que veio fazer aqui? – perguntou cruzando as pernas.

—Escute, Scorp. – ele não ligava mais para o apelido tosco que ela dera. – Ainda há sensibilidade nas pernas de seu pai. E isso é algo muito grande. Existe uma enorme possibilidade de haver progresso e ele conseguir voltara a andar.

Ele agora prestava atenção a novidade. Nunca antes haviam conseguido ter essa informação. Ela provava cada vez mais ser uma excelente profissional.

“Há uma margem de melhora aqui também...” pensou Scorpius olhando a garota de cima a baixo.

—E eu acho que ninguém o motiva a se exercitar. – disse se levantando. – E você sabe que ele não quer melhorar por si só. Todos aqui estão ocupados com regras, regulamentos, horários... – Scorpius olhou entediado em seu relógio de pulso.

“Eu tenho hora, Rose.”

—SCORPIUS! Você não pode largar mão de sua responsabilidade como filho chamando uma médica do interior para tomar conta dele. Você precisa estar envolvido no processo, cara. Demonstrar o seu apoio.

—Doutora... – nunca ninguém havia chamado sua atenção assim.

“Sinceramente, não sei porque continuo a chamando assim...”

—Você não conseguiria entender nosso estilo de vida. – disse completamente presunçoso, ainda de pernas cruzadas ao ver aquele shortinho ir para lá e para cá. – E além do mais, porque ele me escutaria?

—Por que você é o único filho dele?

—Mas você quem é a médica.

—Scorpius!

—Escute: se você for incapaz de lidar com esse caso, pode ir embora. Arranjarei outra pessoa.

Era a segunda vez que praticamente a expulsavam quando pedia ajuda. Ela estava completamente magoada.

—Qual é o problema de vocês?! Sempre que tento falar com alguém, se esquivam! É POR ISSO QUE QUARENTA MÉDICOS DESISTIRAM! Eu tratei de James Potter e Matthew Lupin. Quando eu sentir que não posso mais lidar com o seu pai, eu irei embora. Não precisa ficar tentado me expulsar de qualquer jeito. Se não quisesse que ele melhorasse, não me chamasse.

Ela iria embora, porém derrubou um punhado de papéis no processo. Os catava quando o homem se manifestou, um tanto quanto contido.

—Não acho que posso ter qualquer tipo de influência sobre ele. Mas ainda sim vou tentar. Tudo bem?

—Obrigada, Scorp...

E saiu com um sorriso no rosto. Scorpius sentia como se tivessem dado um soco em seu estomago. Ninguém nunca havia se atrevido a falar com ele daquele jeito.

***

Ela só queria um chocolate no meio d noite quando foi a cozinha, mas acabou sendo convidada para a pequena festinha que os criados faziam. Não era nada demais, apenas uma comemoração por um dos filhos deles ter sido aceito num programa de bolsas de estudo. Nada demais que se transformou em todos dançando loucamente na cozinha quando Rose decidiu mostrar como se divertia de onde vinha. Imaginem só: todos contidos enquanto uma ruiva de pijama dançava, rebolava sob a mesa da cozinha. Todos estavam tão animados, dançando, fazendo trenzinho pela cozinha, que não perceberam o barulho do carro chegando.

Scorpius havia acabado de chegar de uma reunião de negócios e estava a caminho de seu quarto quando ouviu pessoas cantando na cozinha. Aquilo era bem estranho para sua casa, afinal, ele não morava em um musical. Ele não entrou no ambiente, apenas olhou pela porta de vidro e se deparou com Rose se divertindo com todos os empregados. Ela parecia bem sensual com as caras e bocas que fazia inocentemente. Ele apenas deu um riso de canto e saiu de perto. Sabia que se entrasse lá todos parariam e iriam embora sem graça.

Ao fim da noite, quase todos já haviam ido embora quando rose decidiu se abrir com o criado que ficava com o Rei.

—Tio, eu voltar para casa.

—Tão cedo?

—Meu pai estava certo, tio: nunca gaste mais do que quinze minutos com seu paciente ou eles vão começar a desrespeitá-la. Eles estão me tratando como uma sogra vivendo aqui com eles. Tio Draco é um homem bom, você sabe. Se ele tivesse ido para a minha casa, eu o teria curado em dez dias. Mas você viu o clima daqui? – estava indignada agora. – Ninguém pode ficar bom aqui.

—Sua Majestade está cheia de remorso. Ele perdeu o filho mais velho neste acidente.

Rose estava sem reação com a novidade.

—Orion Malfoy tinha apenas vinte anos de idade quando morreu. Tinha ganhado de presente do pai um carro esportivo. Os dois saíram para um passeio. Orion dirigia rápido demais... Ele não sobreviveu ao acidente. Sua Majestade ficou em coma por seis meses depois daquilo. A rainha teve que aguentar toda a pressão. Desde então ela tem mudado drasticamente. Sabe, minha filha, era uma casa tão feliz. O Rei e a Rainha jogavam Polo, faziam festas... Tudo foi arruinado, Rose.

A garota talvez agora pudesse lidar com a situação, visto que sabia do ocorrido.

***

Era raiar do dia, Draco estava na varanda de seu quarto lendo o jornal quando Scorpius chegou querendo conversar.

—Bom dia, papai.

Ele entrou no ambiente e ambos ficaram se encarando por alguns segundos sem saber o que dizerem até o mais novo puxar uma cadeira e sentar-se ao lado do pai.

—Como você está? – o príncipe perguntou com um sorriso carimbado no rosto.

—Absolutamente bem, meu filho.

—Que bom, muito bom! – ele realmente não sabia o que fazer.

Mais alguns instantes em silencio se passaram até ele conseguir pensar em algo para dizer.

—Seu estoque de charutos está ok papai?

—Nenhum problema com ele, meu filho.

—Muito bom...

Ele respirou fundo antes de continuar.

—Pai, a sua médica, a Dra. Rose Weasley, me disse que você não quer fazer os seus exercícios.

—Vejo que agora ela te pegou. – falou com um sorriso sacana nos lábios.

Ele não respondeu, apenas olhou para o chão.

—Acho que é hora de manda-la para casa então.

—Com certeza. – disse Scorpius. – Espere, não! Se você não quer se exercitar, tudo bem. É o seu desejo... – Draco apenas olhava para o filho, observando cada passo que ele dava. – Não há porque não tentar, pai.

Apenas recebeu um olhar gelado do pai.

—Certo. Preciso ir. Estou atrasado para uma reunião. Com licença.

De fato havia surtido um pouco de efeito no Rei, já que ele havia comparecido para a sessão de fisioterapia naquela manhã.

Porém, fora apenas para manda-la embora.

—Dra. Weasley, acho que chegou a hora de você ir embora.

—Oh, eu estava pensando a mesma coisa, tio.

—O quê?

—Nós dois juntos devemos mandar a doutora Weasley embora. Ela é completamente inútil aqui. A partir de agora, eu sou apenas Rose. E estava pensando que, agora que eu estou aqui, eu deveria aproveitar a vida da realeza por alguns dias.

Draco olhava-a completamente estupefato.

—Um homem comum não tem tal oportunidade, certo tio Lestrange? – falava agora com o criado. – Nos ensine algo sobre vinhos!

—Você realmente não vai me fazer exercitar?

—De modo algum!

—E se Astória descobrir?

—Apenas eu, você e tio Lestrange saberemos disso.

—Tio Lestrange é nosso velho mordomo. Certo, Tio... Lestrange?

Ele apenas confirmou.


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