Como Um Conto De Fadas escrita por Sereia de Água Doce


Capítulo 3
Capítulo 3




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Em um dos momentos de diversão com o rei, Rose estava em seu quarto, tomando uma taça de vinho com ele quando percebeu uma foto antiga em sua parede. O rei estava de pé, colocando o pé na frente da rainha para ela cair.

—O que o senhor está fazendo aqui, tio?

—Houve um tempo minha querida, em que eu era especialista em dar tropeções. Principalmente nela.

Não era somente ele quem sentia falta disso. Naquele mesmo dia, Scorpius pegou sua mãe olhando para a mesma fotografia com emoção nos olhos.

—Esse era um tempo bom, assim como minhas pernas. Um americano tirou essa foto enquanto a rainha quase me batia de tanta raiva. Eu a comprei e lhe presenteei no nosso aniversário de casamento.

—Tio, já lhe disse que isso não é um problema. Eu posso trazer de volta essa época. Só me escute, por favor!

Ele não respondeu nada, não seria convencido facilmente.

***

Scorpius nada disse ao passar pela sala e se deparar com seu pai jogando tênis no Wii com Rose. Eles pareciam se divertir muito, o que surpreendeu totalmente o rapaz. Não conseguiu esconder o sorriso de felicidade de ver seu pai se divertindo depois de tantos anos.

Não apenas no Wii, como também no tiro ao alvo. Rose soltava um balão de gás e ele atirava. As gargalhadas ecoavam por todo o jardim. Ele dizia para si mesmo que só estava por perto para ver o progresso do pai, mas nem ele acreditava em si mesmo.

A rainha ainda estava incomodada com a falta de modos de Rose na hora da comida. Mas tacos não são exatamente comíveis com garfo e faca. Astória quase caiu da cadeira quando viu pelo canto dos olhos Draco silenciosamente pegar um taco e colocá-lo na boca com a mão. Ele só queria se divertir, e consequentemente, irritar sua esposa.

Após o jantar, estava na sacada tomando uma taça de vinho, apreciando a vista quando sentiu uma presença atrás de si. Scorpius não sabia se chegava perto ou não. Estava decidido a ir embora quando escuta a mais nova gargarejando o vinho. Não se aguentou, teve de implicar com ela.

—Gargarejo de vinho... Nunca tinha visto isso antes. Agora já sei para onde a coleção de vinhos do papai está indo.

—Para a sua informação, tio Draco me deu isso pessoalmente. Na verdade, isso é um suborno. – fez uma careta. – para eu não fazer exercícios com ele. Isso é frustrante. Mas ande, sente-se comigo, Scorp. Sinta-se em casa. – ela era muito cara de pau.

“Ele é esnobe mas é bonito’

O príncipe vagarosamente se aproximou do sofá que ela estava sentada. Sentou-se num canto afastado, completamente tenso com a presença dela em sua casa. Rose havia percebido como ele estava desconfortável, por isso tentou aliviar.

—Beba um pouquinho disso. – disse estendendo a taça em que ela tomava. Ele relutantemente aceitou. Rose propôs um brinde, entre a taça e a garrafa de vinho.

—Doutora... – ele havia desistido de beber. Enquanto ela tomava na garrafa mesmo.

—Me chame de Rose.

—Rose... Estou vendo o meu pai fez depois de muito tempo. – ele não conseguiu esconder o sorriso dela

E nem ela dele.

—E isso é só o começo. Espere e verá o resultado no final.

“E agora?” pensaram juntos. Não sabiam o que falar, tentavam não entrar em um silencio constrangedor.

—E a sua noiva? Como ela está? Kassidy, não é?

—Bem, muito bem. – respondeu não querendo entrar muito no assunto com ela.

Rose já estava meio alta quando decidiu perguntar algo a Scorpius,

—Scorpius, você era um sapo antes de beijar Kassidy ou já era como agora?

 Ele que estava finalmente tomando um gole do vinho, se segurou para não se engasgar com a pergunta.

Vendo que ele estava pensativo demais, não se aguentou:

—Você já beijou a Kassidy, não é?

Ele não respondeu, apenas ficou olhando para os lábios.

“Rose, você é terrível” pensou enquanto tomava mais um gole da garrafa.

—E... O seu namorado, Rose? – ele finalmente tomou coragem para perguntar, apenas porque estava constrangido demais.

—Oh, não. Estou completamente fechada para homens. Eles não conseguem lidar com a minha personalidade espontânea. Sempre ficam tentando me dizer o que devo ou não fazer.

—Sente-se direito, Rose. – ela não havia percebido, mas estava sentada com um pé no sofá e outro no chão. Sem querer, ele havia feito o mesmo que os outros.

—Me desculpe.

Rose tentou se sentar de maneira comportada, mas não conseguia. Rodou um pouco na cadeira até desistir e continuar da forma que estava.

—De qualquer forma, estou cansada disso já e de corações partidos no fim

Ele apenas a encarava.

—Então... você vai de novo hoje para a festa da cozinha?

—Você viu? Porque não entrou lá? Estava tão divertido! Oh! “NÓS Reis não festejamos com nossos subordinados”.

—Algo assim.... É o oposto na verdade. Não por eles... Mas acontece que nós não temos tempo para coisas assim.

—Era isso que Daphne estava dizendo também. Ela é tão doce, Scorpius. Já parou para pensar se ela realmente quer ir para Oxford ou sua tia quem quer?

—As decisões de minha mãe para ela são as certas. – seu tom denunciava que ele já havia sim pensado naquilo, e até confrontado a mãe, mas não havia dado em nada.

—E as decisões de Daphne não importam? Deviam perguntar a ela o que quer fazer!

—Rose, esta é a família Malfoy. Disciplina é tudo para nós. Daphne é uma Malfoy também e por isso irá fazer o que é certo para ela.

—E alguém vai decidir o que é certo para ela? Que Deus o abençoe com um pouco de senso, Scorpius.

E saiu apressada para ligar para sua mãe, deixando o homem furioso para trás.

***

Havia acordado cedo no dia seguinte para ajudar Daphne com a peça quando a garota surge com a seguinte frase:

—Eu quero fugir de casa, rose.

Ela, que estava amarrando seus sapatos, quase caiu dura quando ouvir isso.

—Não se preocupe, Daphne. Você vai passar nas provas. Anime-se! Podemos trocar a cor do seu cabelo se quiser... Ou melhor não... Sua Alteza me mataria se fizéssemos isso. Podemos pintar suas unhas, o que acha?

—Não é isso, Rose. Eu quero atuar. Eu vou sair de casa para o teste, e desta vez não vou voltar.

—Justo. Mas fugir? Não acho que seja a melhor opção. Considere melhor.

Astória havia chegado em casa e visto as duas conversando no jardim. Entrou no palácio completamente irada, xingando a médica de tudo quanto era nome.

—EU JURO QUE VOU MANDAR EMBORA ESSA MÉDICA INSOLENTE!

Scorpius apenas ouvia calado num canto

—ELA É MESMO UMA MÉDICA? SÓ A VEJO POR AÍ PULANDO OU CONVERSANDO! Ela continua de papo com Daphne, Scorpius. Não a deixa estudar! Sempre interferindo em tudo.

—Mas o papai parece mais feliz. Realmente feliz. – o homem se pronunciou pela primeira vez, com a voz um pouco rouca.

—Exatamente por esse motivo que eu não a despedi ainda...

A rainha havia se controlado. Ainda existia um pouco de amor em seu gélido coração.

***

—Pela última vez, tio Draco: a vida ainda pode ser divertida, basta você se permitir! Tio, eu sei o que aconteceu há dez anos. Não foi sua culpa. – Rose estava ajoelhado de frente para ele, no meio do jardim. – Orion... foi o destino. Não foi culpa sua. Não pode se prender a esse acidente como faz. Sua vida pode ser muito infeliz se não o fizer.

Novamente, ela não tivera resposta. Draco ficou muito agressivo após a conversa, praticamente a empurrando ao sair de lá.

A família ficou em choque ao descobrir o que tinha ocorrido mais cedo.

—Dra. Weasley, nós nunca mencionamos o acidente. – Astória parecia prestes a desmaiar. – Por dez anos. O que a fez mencionar?!

—Ele é meu paciente, Sua Alteza. Metade do problema é sua culpa. Se ele puder enfrentá-lo, excelente. Poderemos ter progressos. Mas ficar se martirizando por isto em silencio não irá mudar nada. Não vai fazê-lo voltar a andar e muito menos trará Orion de volta. Vocês não percebem que ele tem de tudo para voltar a andar?

Scorpius parecia bastante supresso com seus argumentos, enquanto Astória perdia a linha.

—PORQUE FICAR DANDO FALSAS ESPERANÇAS A DRACO?!

—Mamãe, fique calma.

—Eu sou a médica dele, Astória. – Rose falava firme com ela, numa tentativa de fazê-la entender. Nunca fora tão madura quanto naquele momento. – Não posso simplesmente perder a esperança de sua melhora.

A rainha estava segurando o choro. Nunca havia sido confrontada por ninguém em sua vida.

—Eu entendo que a senhora ainda não esteja convencida. Mas enquanto eu estiver aqui, farei o melhor que puder.

Quando rose foi embora, Scorpius teve de segurar a mãe para não ligar para o RH. Ela queria demiti-la imediatamente por sua ousadia. Tanto com ela quanto com o Rei.

Ele não havia conseguido. Sua mãe estava ao telefone enquanto ele ficava desconfortável com toda a situação. Entendia que ela era muito espontânea e abusada, mas fazia bem ao seu pai. Olhou pela janela e a viu marchar em direção ao Rei. Ele sabia que ela não iria perdoa-lo, por isso tratou de praticamente correr atrás dela.

—Saia, tio Lestrange. Eu quero falar com o meu paciente.

—Você não pode correr, então vai ter que me ouvir. – Rose plantou-se a frente da cadeira de rodas, segurando as mesma para impedi-lo de fugir. Ela estava em fúria, sabia que seria demitida.

—Talvez para você eu seja apenas mais uma medica, mas para mm meus pacientes são muito mais do que trabalho. SE VOCÊ É TEIMOSO, EU TAMBÉM SOU. Porque não quer se curar? Melhor ainda, se não quer se curar, ENTÃO PORQUE ME CHAMOU? Você tem um filho e uma sobrinha. Tente por eles então! Sei que a rainha não é uma mulher fácil de se conviver, mas ela só quer o seu bem. O SEU BEM! Enquanto eu ainda estiver aqui, estarei esperando por você todos os dias.

Draco se remexia na cadeira visivelmente incomodado. Não olhava para a garota. Quando ela o liberou, tratou de sair dali o mais rápido possível, não contando que seu filho estivesse atrás dele. Quando parou, sentiu uma mão em seu ombro.

—Ela está certa, papai.

Ele não teve palavras nem coragem para contradizer o filho.

—Se Orion estivesse vivo, ele falaria a mesma coisa.

***

Rose esperou, esperou e esperou até que Draco chegou no último minuto para a sessão de fisioterapia. A felicidade não cabia nela, praticamente pulava pela sala.

Uma semana havia se passado rapidamente e a quantidade de exercícios só iam aumentando. Desta vez, ele tentava a todo custo sair mais cedo, porém Rose era bastante focada. Nem com a chegada de Scorpius na sala ela desistiu de fazer os 150 movimentos.

—Oi Scorp! – disse com um sorrisinho bobo, com a voz afetada, ainda fazendo os exercícios.

—Oh! Scorp, meu filho está aqui! Agora ande, me deixe sair mais cedo.

—Scorp, você pode usar os olhos, nariz, ouvidos, qualquer coisa! Mas as pernas deles não vão parar de se exercitar.

—Papai, apenas vim avisar que vou ao encontro de Tom Marvolo Riddle.

—No Palácio Riddle?! – Rose perguntou eufórica.

—Meu filho, faça-me um favor. PELO AMOR DE DEUS, LEVE-A JUNTO!

—Mas tio, assim seu exercício vai ficar incompleto.

Scorpius ficou tenso com a possibilidade dela estar em seu carro por algumas horas.

—Eu termino com o LAESTRANGE.

—Me promete?

—Com toda certeza. – ele estava mentindo.

—VOU ME TROCAR! – e saiu correndo desesperada

—Papai... Eu estou indo em uma reunião. - Scorpius estava preocupada com o que ela poderia estragar.

—Meu filho, você vai conseguir fazer o seu trabalho enquanto ela passeia. Dê um dia de descanso a essas pernas velhas.

—Lestrange, traga o meu vinho. É dia de folga. -  disse todo feliz.

***

—Por favor, Dra. Controle-se um pouco.

Eles haviam chegado à propriedade Riddle e Scorpius realmente estava com medo de que ela pudesse estragar o seu negócio.

Não demorou muita até Rose ser convidada para atirar em um disco. Scorpius tentou evitar, insistindo que a garota era contra a violência, porem ela animadamente tomou a arma das mãos de Tom e tratou de atirar. Riddle insistia que uma partida de tiro ao alvo antes iria facilitar a negociação.

Scorpius teve de ajudar rose a segurar a arma, temendo que ela pudesse acertar alguém. Passou seus braços ao redor dos dela, colando seu abdome as suas costas. Seus rostos muitos próximos um do outro. Por um momento, mais se distraíram do que outra coisa, até se lembrarem de onde estavam. Com sucesso, já que haviam conseguido acertar o alvo.

—Está acontecendo algo entre vocês? – Riddle não se aguentou.

NÃO!— falaram ao mesmo tempo, assustados com a possibilidade.

—Pelo menos nada de minha parte. Não sei a dele. – a ruiva provocou.

Ele apenas ficou quieto, com uma expressão de mal no rosto. Foi obrigado a esperar Riddle dar um passeio com a médica pelo Palácio para terminar a reunião. Ele parecia fazer isto de propósito já, e Rose adorava tudo.

Na volta, Scorpius estava revoltado com o fato de Riddle o ter ignorado completamente.

—Ele é muito inteligente, Scorp. Disse que eu sou muito bonita. E que se por acaso você começar a gostar de mim, que eu não deveria retribuir. – ela adorava provocar ele.

“Ela de fato é muito bonita.”

—Por favor, Rose. Não fique inquieta imaginando uma coisa dessas.

—Você poderia ser um pouco sensível. Ele está vendendo a casa dele.

—Ele cavou a própria sepultura, Rose.

—Até parece que você nunca cometeu um erro na vida.

—Eu tento não cometer.

Eles haviam parado na cidade para almoçar. Scorpius a informou que iria para uma reunião e que a buscaria dentro de uma hora. Ela aproveitaria para comprar presentes para a sua avó enquanto isso. Estaria tudo bem se ela não tivesse visto o local das audições para a peça de Daphne. Pensou que não teria nenhum problema entrar lá e pedir para que considerassem pontos extras para a garota. Ela era tão inocente que não havia se dado conta de que o lugar era completamente escuro, além de ter quatro ou cinco homens de aparência estranha, que insistiam para ela tomar um pouco de água. Em pouco tempo, eles a drogaram com boa noite cinderela e se desesperaram.

—O que fazemos agora? É o nosso primeiro sequestro!

Ela teve muita sorte de ter sido ela a drogada e não Daphne.

Scorpius estava na reunião quando seu celular começou a tocar insistentemente. Estava perdendo a paciência por Rose ficar ligando quando sabia que não poderia atender, mas se surpreendeu quando atendeu.

—Rose, você está bêbada?

—Escute, a garota foi sequestrada. – uma voz grave masculina falou.

—Como?

—É surdo por acaso? Ela foi raptada.

—O que você quer?

Enquanto os sequestradores decidiam o que queriam em troca, Rose começou a chamar por Scorpius, completamente divertida e soluçando.

—Um milhão.

—Tudo bem.

Um deles gritou de felicidade.

—Estou te mandando o endereço. Se avisar a polícia, já sabe das consequências.

Scorpius estava completamente irado, culpando Rose pelo sequestro. Enquanto ela estava sendo agradecida pelo primeiro caso da quadrilha ter dado certo. Ela estava tão mal, que só conseguiu dizer?

—Quando consegui meu primeiro paciente, também fiquei muito feliz.

Já era noite quando o príncipe chego ao local marcado. Estava tão nervoso que tomou umas doses de whisky antes.

“Essa garota só arranja problemas.”

Rose gritava de dentro do carro, fazendo os bandidos mandarem-na calar a boca. Não eram gritos desesperados, eram gritos apaixonados. Scorpius jogou a bolsa de dinheiro para eles, que quando se aproximaram e reconheceram o príncipe saíram correndo apavorados.

—Scorp! Você está aqui!

E se jogou nos braços dele, numa tentativa de abraço.

—Scorp, você é tão bravo e heroico. Foi um belo resgate. Me sinto mal, preciso respirar. – disse se afastando um pouco dele, porém ainda abraçados

Ele ainda tomava de um cantil o seu whisky.

—Não entendo como você pode ser sequestrada, em apenas meia hora?

Rose não falava coisa com coisa.

—Como você pode ser tão estúpida? – Scorpius a xingava como se quisesse elogiá-la.

—Desculpe, havia um teste e.... Não importa. – ela não mencionaria o que Daphne pretendia fazer. Ele não entenderia.

—Mas Scorp, você me salvou. – praticamente pulou no colo dele, deixando os lábios bem próximos de seu pescoço, o deixando tenso.

Ele só conseguia ficar parado, não sabia como agir.

—Rose, você está bêbada.

Ficaram um tempo apenas se encarando, tentando se afastar enquanto Rose não sabia o que fazer. Ela simplesmente se aproximou e juntou seus lábios no dele, num beijo casto. Ele a recebeu de muito bom grado, aproveitando cada segundo.

Até que ela se afastou, porém não demorou muito para ele a puxar novamente e beijá-la apaixonadamente, ferozmente, sendo retribuído do mesmo jeito. As mãos passeavam por todos os lugares possíveis. Aproveitariam esse momento em que houve bebida para culpa-la depois. Rose se afastou e deitou a cabeça em seu ombro, sorrindo. Enquanto Scorpius apenas tentava entender o que havia acabado de acontecer.


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