Renascer escrita por Luna


Capítulo 6
Revendo uma velha inimiga


Notas iniciais do capítulo

Desculpe pela demora, faz muito tempo, né?
Vida atribulada e várias ocupações. Mas no próximo mês acho que as coisas normalizam mais e vou poder escolher um dia na semana para poder atualizar, ou vai ser quinzenalmente... ainda não sei.
O capítulo é curtinho, apenas para dar um pouco para vocês.
Me digam o que acharam.
Beijooos!!



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Ele se sentia sufocado naquele momento, tudo a redor parecia estar convergindo na sua direção e iria esmaga-lo. Ele sabia o que era aquilo, já tinha sentido antes anos atrás quando resolveu entrar em um metro, estava tendo uma crise de ansiedade. Abriu caminho entre as pessoas, sempre de cabeça baixa para não ser reconhecido, sempre se escondendo.

Sua respiração se acalmou assim que saiu do Ministério, o ar frio de Londres entrou em seus pulmões e ajudou a clarear seus pensamentos. Ele pensou que estava pronto para voltar, mas se enganara. Queria ser forte por Hermione, demonstrar que agora era um homem capaz de enfrentar seus pesadelos, mas ainda se sentia aquele garoto assustado.

Quanto mais cedo começasse a estudar um meio de acessar a parte de sua mente que poderia ter os ensinamentos de Voldemort mais rápido ele poderia ser útil e ele queria ser. Tinha visto as imagens dos corpos, tinha lido os relatórios e aquilo fez seu estômago embrulhar e mais pesadelos surgirem a noite.

Há dois dias ele finalmente tinha ido visitar os Weasley, ele se sentiu desconfortável e acolhido. Embora a família o tratasse como se ele nunca tivesse ido embora ainda sentia um peso em estar entre eles, como se aquilo fosse errado e injusto. Era errado que Molly pudesse abraça-lo, mas não aos seus dois filhos mortos, que pudesse segurar a pequena filha de Gui, enquanto Ron e Fred nunca teriam a chance de conhecê-la.

Mas com certeza o melhor daquela visita foi poder ver Teddy. O garoto já estava enorme e parecia ser uma perfeita mistura de Remus e Tonks. Ele lembrava muito o Remus que tinha visto na Penseira, mas com cabelo na cor azul elétrico e o sorriso de canto de Tonks. Sorriso esse que o fazia parecer que sempre estava aprontando alguma coisa.

Ele passou boa parte do tempo com o menino em seu joelho lhe dizendo várias coisas ao mesmo tempo. Não conseguia parar de sorrir para a criança e sempre assentia quando questionado se estava entendendo tudo. Ele parecia ter verdadeira adoração por Olivia que permaneceu todo o tempo perto dos dois, as vezes interferindo em algum relato do menino sobre uma atividade que tinham feito juntos.

Seus pés o tinham levado até uma cafeteria. Ele detestava cafeterias, lembrava de quando ele e os outros dois tinham sido emboscados e quase mortos. Mas quando uma moça veio perguntar o que ele gostaria de beber respondeu, mesmo que sua vontade fosse ter virado as costas e tê-la deixado falando sozinha. Procurou a mesa mais afastada e se sentou de costas para a porta, pela proximidade poderia ser que algum funcionário do Ministério passasse para comer algo e não queria ser interpelado por ninguém. Já bastava tudo que tinha passado até ali.

— Se eu não conhecesse sua enorme vontade de ser o centro das atenções poderia jurar que está tentando se esconder.

Harry queria fingir que aquilo não era com ele e continuar olhando o cardápio em busca de algo para comer, mas foi difícil ignorar a mulher quando ela rudemente se sentou na sua frente. Ela não tinha mudado muita coisa, seus cabelos estavam maiores e caiam em ondas pelos ombros, seu rosto parecia mais fino, tinha feições de mulher agora.

Ainda se surpreendia quando via algum amigo e notava como os anos puderam mudá-lo. Pansy Parkinson o olhava com a superioridade de sempre, tinha um sorriso irritante enfeitando o rosto e tamborilava as unhas grandes e pintadas na mesa. Ergueu a mão chamando a garçonete que o tinha atendido anteriormente e teve a audácia de fazer o pedido pelos dois.

Harry se amaldiçoou. Deveria ter se trancado em um dos banheiros e ficado lá até a sensação sufocante passar.

— Então, como é estar de volta ao mundo dos vivos?

— Hã... Não sei do que a srta. está falando. – Harry olhou para o lado.

— Como é estar de volta depois de cinco anos se escondendo sabe-se lá onde? – Ela reformulou a pergunta.

Estava adorando aquele jogo. Quando resolveu entrar naquele lugar foi apenas para ver se estava tudo bem. Harry parecia prestes a vomitar, estava pálido e ela notou que as mãos dele tremiam levemente, mas quando abriu a boca sua língua sonserina a traiu e ela já tinha soltado seu veneno ocasional. Ora, tinha passado sete anos infernizado a vida dele, não poderia chegar com flores de uma hora para outra.

— Cinco anos? – Harry falou com aparente surpresa.

— Vamos lá, Potter. Eu sei sobre o pequeno teatrinho que seus amigos fizeram para ninguém saber da sua escapadinha. Granger, como sempre, foi muito inteligente. As pessoas viam você três vezes por ano transitando pelo Ministério, as vezes aparecia em eventos formais, tirava fotos, falava apenas com aqueles que jamais saberiam a diferença entre uma cópia e o verdadeiro Harry Potter e depois você sumia novamente para “completar sua formação”. – Ela terminou fazendo aspas com os dedos e deu um sorriso vitorioso. – Claro, que para aqueles que o conheciam bem estava claro a farsa, você nunca seria tão charmoso e mostraria todos aqueles dentes para um jornalista.

— Você e esses outros não contaram a verdade para os outros porque... – Ele deixou a pergunta no ar.

— Que bem isso faria a mim ou a qualquer um dos outros? – Ela falou como se fosse óbvio. – Seria nossa palavra, que não valia de muita coisa contra o Ministério e os heróis de guerra.

Ela jogou venenosamente, como se o título fosse também um insulto.

— O que quer aqui, Parkinson? – Harry perguntou cansado.

— Scotts, agora é Pansy Scotts. – Ela o corrigiu e ele viu o sorriso dela morrer. Pensou em tirar brincadeira com a situação, mas algo nos olhos dela lhe disseram que algo estava errado.

— Para quem devo dar os parabéns pela sorte de ter você como esposa? – Ele perguntou usando o mesmo tom debochado dela.

— O nome dele era Evan, você não se lembraria dele. Estava dois anos a nossa frente na escola, nunca se envolveu com perseguições bobas e infantis.

O sorriso dele foi morrendo quando o sentido da frase foi tomando forma em sua mente. O verbo no passado, o tom da voz dela...

— Ele morreu, há três anos. – Ela o interrompeu antes que ele pudesse falar. – Não diga que sente muito, você não tem nada a ver com isso. Não foi sua culpa e não havia nada que você pudesse ter feito. Engula essa sua mania de herói.

Harry engoliu em seco e a vontade de correr na direção oposta aumentou consideravelmente. Ele já tinha encarado o pior de Pansy, já a odiara o tanto que um adolescente pode odiar alguém, sabia como ela podia ser venenosa e má. Mas aquela mulher a sua frente estava livre de defesas, seus olhos brilhantes indicavam as lágrimas que ela tentava segurar.

— Então, como você vai ajudar a resolver essa bagunça? – Ela tossiu para recuperar o controle da sua voz.

— Como você sabe tanto? Pensei que estava sendo mantido em sigilo.

Harry sabia que ela tinha conhecimento sobre o motivo dele ter voltado. Só não conseguia entender o motivo dela ter esse conhecimento. Até onde sabia ela nunca teve qualquer envolvimento... Mas então ele se lembrou do nome, assim que ela o corrigiu sentiu uma fisgada no seu cérebro, como se ele devesse se lembrar de algo, como se devesse saber.

Ele já tinha visto aquele nome antes, nos relatórios de Hermione.

— O seu marido...

— Sim, Evan foi a primeira morte da onda de ataques que acometeu nosso mundo. – O tom dela era sombrio e pesado. – Então, Potter, eles devem ter um motivo para terem lhe tirado da tumba onde estava se escondendo. Veio para salvar o mundo novamente, Escolhido?

Pansy aproveitou a chegada da garçonete para limpar um resquício de lágrima que surgia no canto de seu olho. Harry sentia o peso novamente, assim que aqueles ataques se tornassem de conhecimento público as pessoas voltariam para si, como se ele fosse o grande salvador. Ele não era, não se sentia assim. Mas sabia que não tinha como virar as costas naquele momento, porque o corpo dilacerado de Evan Scotts e os olhos tristes de Pansy o perseguiriam para sempre se o fizesse.


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