Renascer escrita por Luna


Capítulo 5
O que você vê?


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, pessoal.
Espero que gostem e me digam o que acharam.
Obrigada a Hermione Potter e Rafaela Patricy pelos comentários, suas lindas ♥
Beijoos!!



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Fazia uma semana que Harry estava de volta, ele ainda não tinha visto ninguém ou feito algo além de ler os relatórios que Hermione lhe dera no seu primeiro dia. Ele mal saia do quarto, ainda se sentia estranho estando perto de pessoas, na verdade ele se sentia estranho estando perto de Hermione e Olivia. A menina era muito fofa e engraçada, mas adorava fazer perguntas e algumas ele não sabia como responder.

Harry tirou os óculos e coçou os olhos cansado, ele estava lendo o último relatório há quatro horas. As coisas, ao que parece, estavam bem pior do que Hermione tinha lhe dito inicialmente. Pelo que conseguiu entender até então o Ministério estava conseguindo esconder a verdade da população, os maiores estragos estavam sendo para os trouxas. Ele já tinha visto nas notícias algumas coisas acontecendo, mas não ligou aqueles fatos ao mundo bruxo, pensou que fosse mais um dos problemas de trouxas violentos.

Ele dormiu sem perceber, seus olhos foram se fechando e os papéis deslizaram de sua mão. Ele notou que estava em um local muito parecido com Hogwarts, ele identificou as paredes de pedras e alguns quadros, mas eles não se mexiam mais. Ele começou a andar e a cada andar as coisas pareciam mudar, de repente ele estava na Hogwarts do dia da batalha, uma Hogwarts destruída, mas ao contrário daquele dia agora estava tudo silencioso e vazio. Ele deu uma volta em torno de si mesmo para apreciar a quietude do lugar.

Mas um barulho chamou a sua atenção, virando o corredor ele viu uma capa negra sumir, ele já tinha visto aquilo antes, mas não era possível que estivesse certo. Levado pela curiosidade começou a seguir os passos que ouvia. Não havia luz no castelo, a claridade entrava pelas janelas largas, mas o sol já estava se pondo, ele não conseguia distinguir quem era, apenas via sua silhueta alta.

Não sabia como a pessoa tinha subido as escadas tão rápido, mas podia vê-la o olhando de cima, subindo pulando alguns degraus ele chegou ao topo, mas a pessoa não estava mais lá. Ouviu uma porta se bater e soube para onde deveria ir. Ele já esteve ali antes, fazia muitos anos, era apenas um garotinho na época. Abriu a porta com calma e viu o que a sala guardava. O espelho de ojesed não deveria estar ali, tinha sido tirado daquele lugar ainda no seu primeiro ano.

Mas lá estava ele com toda sua magnificência, tão alto que alcançava o teto, com sua moldura dourada, ele sabia que as inscrições também estariam ali, bastava ele se colocar na frente do espelho e as leria, porém não conseguiu se mover. Quando era só um menino de onze anos via seus pais e toda sua família que ele nunca chegou a conhecer, entretanto não sabia o que encontraria se o olhasse agora e o desconhecido assustava Harry.

— Com medo, Potter? – A pergunta veio de trás. Harry não precisou se virar para saber a quem ela pertencia, ouviu esse som todos os anos em que morou naquele lugar. – Pensei que grifinórios não sentissem medo.

— Todos sentem medo, caro Severus.

Harry se virou por fim, a última voz pertencia ao homem que ele julgou nunca mais ver. E lá estava ele, com seus cabelos brancos e barba longa, oclinhos de meia-lua e por trás brilhantes olhos azuis que ainda pareciam lê-lo. Snape fez um esgar e virou de costas para Harry encarando a paisagem pela janela.

— Professor Dumbledore? – Harry perguntou inseguro.

— Sim. – O professor sorriu por detrás da barda. – Como vai, Harry?

O homem ainda encarava os dois, sem saber como reagir.

— Isso é real?

Snape bufou.

— Ele continua com a inteligência de um troll. – Disse o antigo professor de poções.

Mas Dumbledore não parecia incomodado com a pergunta ou com a confusão de Harry, ele parecia feliz por estar ali novamente.

— Nós já tivemos essa conversa antes, Harry. Quando você morreu, lembra?

— Mas… mas eu estava dormindo na casa de Hermione.

— Sim, você ainda está na casa da querida Srta. Granger. – Dumbledore falou calmamente.

— Por Merlin! – Exaltou Snape e passou a andar pela sala. – Você está dormindo, Potter. É possível ficar mais obtuso com o passar dos anos?

Snape perguntou a Dumbledore, mas o ex-diretor não achou necessário responder.

— Por que estamos aqui? – Harry perguntou indo até a janela, a paisagem vista lá de cima ainda lembrava Hogwarts.

— Essa é uma excelente pergunta, meu caro. – Dumbledore se postou ao lado de Harry com as mãos nas costas. – Acho que apenas você tem a resposta para ela.

— A escola está como no dia da batalha, exceto que não tem ninguém. – Harry falou.

— Estranho, não? – Dumbledore perguntou. – Você preferiria que tivesse mais alguém aqui? Talvez seus amigos da Armada? Srta. Granger ou o Sr. Weasley?

— Não! – Harry respondeu rápido, ele não sabia como seria ver Ron depois do que aconteceu. – Acho que está bom assim.

Snape chamou a atenção dos dois, ele caminhou para frente do espelho e ficou encarando o seu reflexo. Harry não conseguia ver o que o professor via.

— “Não mostro o seu rosto, mas o desejo em seu coração”. – Snape sussurrou. – A pessoa que o fez tinha meleca de trasgo no lugar do cérebro. Que ideia tola.

— O que o senhor vê, professor? – Harry perguntou, mas diante do olhar duro que Severus lhe lançou se arrependeu rapidamente, o homem não lhe respondeu, mas Harry achava que sabia o que ele via.

— Porque você não olha, Harry? – Dumbledore sugeriu.

Harry não queria. Ele encarou ambos os homens e viram que eles lhe olhavam com certa expectativa, mesmo Snape.

— Do que você tem medo? – Snape perguntou. – Talvez devêssemos ter trago um bicho-papão. Tenho certeza que há algum por aqui.

Harry arregalou os olhos pela sugestão e se não conhecesse bem Snape diria que ele queria sorrir. Ele ainda lembrava da sensação de ver sua família na sua frente, olhar para o lado e perceber que estava sozinho, que aquela visão era algo impossível. E se ele olhasse novamente para o espelho e ele lhe mostrasse algo impossível novamente?

— Porque estamos aqui, Harry? – Snape voltou a se pronunciar e em nenhuma vez em todos seus anos de estudo o homem se dirigiu para ele usando um tom de voz tão tranquilo e terno.

— Há perigos novamente assolando o mundo bruxo.

— A guerra sempre deixa rastros. – Dumbledore falou.

— E você fugiu, Potter. – Snape falou com frieza. – Abandonou seus amigos e foi embora, porque era mais fácil assim.

Harry contestaria, repetiria tudo que já tinha dito a Hermione, mas diante do olhar que recebia apenas baixou a cabeça. Uma onda de vergonha o inundou e ele se sentiu novamente aquele menino que dormia embaixo da escada.

— Eu não aguentei continuar aqui depois de tudo que aconteceu. – Ele confessou.

— Acha que isso é motivo para simplesmente abandonar tudo? – Severus jogou.

— Severus, pare. – Dumbledore demandou. – Está tudo bem, Harry. Você passou por muita coisa, mas agora está de volta e o mundo bruxo precisa de você.

— O senhor sabia o que ele deixou para trás? – Harry perguntou magoado.

— Não, nem mesmo eu pensei que algo assim poderia acontecer. Srta. Granger foi muito sagaz. – Dumbledore sorria levemente. – O mundo vai precisar novamente que você seja uma chama de esperança, Harry, mas também vai precisar de você como bruxo habilidoso que eu sei que você será.

Snape fez um som zombando, recebendo um olhar recriminador do mais velho.

Harry não queria lutar mais, ele já tinha lutado muito. Ele queria reformar o Largo Grimmauld, ver Monstro novamente, talvez arranjar um trabalho tranquilo ou poderia voltar ao mundo trouxa onde tudo era mais fácil. Ele temia quem poderia perder dessa vez, ele temia perdê-la.

— Até os homens mais bravos sentem medo, Harry. É assim que sabemos que temos algo pelo qual lutar. – Dumbledore falou.

Harry encarava o vazio, ele lembrava de cada pessoa que ele amou e que morreu lutando para que o mundo fosse um lugar para todos, para que houvesse paz. Seu pensamento foi de seus pais até Ron, que morreu antes de saber que ele tinha derrotado Voldemort e que aquela guerra tinha chegado ao fim. Lembrou de Olivia, Teddy e Victorie, crianças que mereciam viver em um lugar melhor e seguro.

Para conseguir ajudar ele não podia mais ser aquele garoto tolo que vivia contando com a sorte e com a ajuda dos outros, ele tinha que ser um bruxo melhor, mesmo que tivesse que acessar a parte de sua mente que tinha o que Voldemort deixou.

— O senhor olhou dentro da minha mente, como pôde não ver que uma parte de Voldemort estava lá? – Harry perguntou para Snape que revirou os olhos.

— Ao contrário do que você pensou eu não estava chafurdando na sua mente. Eu busquei apenas o que estava na superfície, não olhei a fundo. Queria apenas lhe ensinar oclumência, não arrancar seus segredos mais profundos.

— Eu aprendi oclumência. – Harry disse subitamente animado, mas Snape voltou a revirar os olhos.

— Está na hora de voltar, Harry. – Dumbledore disse. – Mas antes você deve olhar no espelho.

— Por que? – Harry queria saber.

— Como vai conseguir voltar de verdade para o mundo que abandonou sem encarar os fantasmas que o fizeram abandoná-lo? – Snape perguntou. – Vamos, Potter, mostre que é filho de seus pais e olhe para o espelho.

Harry foi dando passos vacilantes até o objeto, ele fechou os olhos e os abriu lentamente temendo o que veria. Seu reflexo estava lá, vestia as roupas que estava na casa de Hermione, seus cabelos estavam bagunçados, tinha olheiras e ombros caídos. Primeiro surgiu seus pais, ambos sorriam felizes, como se ver Harry fosse a melhor coisa de suas vidas, depois surgiu Sirius e junto a ele um aperto em seu coração, após veio Lupin e Tonks e de mãos dadas com a mulher estava o pequeno Ted com seus cabelos azuis. Tonks olhava para o pequeno com saudade e depois piscava para Harry, um sorriso veio ao rosto dele junto com as lágrimas.

Começou a aparecer uma profusão de ruivos, Jorge estava ao lado de Fred, um cochichava no ouvido do outro como se estivessem tramando a próxima pegadinha, Gina estava presa nos braços de Carlinhos, ao lado de Gui estava Ron, ele não parecia mais velho, ainda estava com a mesma aparência que tinha aos dezessete anos, ele sorria para Harry. O ruivo moveu a boca como se fosse falar algo, mas antes que pudesse dizer qualquer palavra Harry foi puxado do sonho e quando abriu os olhos encarava Hermione.

— Harry, está tudo bem? – Ela perguntou preocupada.

— Hã… Sim, acho que sim. – Ele respondeu confuso.

— Você estava se mexendo muito. Estava tendo um pesadelo?

Harry parou para pensar, o sonho ainda se mantinha vivo em sua mente, se ele fechasse os olhos ainda poderia ver o rosto sorridente de Ron, gostaria de saber se seria capaz de ouvir o que ele falaria.

— Não, na verdade era um bom sonho.

— Que bom. – Hermione sorriu. – Vim avisar que o jantar sairá daqui a pouco, caso queira tomar um banho.

Harry assentiu e viu a mulher saindo do quarto.

— Hermione. – Ele a chamou. – Lembra quando estávamos na Floresta do Deão?

Hermione voltou a fechar a porta e se aproximou mais.

— Sim, eu lembro.

— Você falou que deveríamos ficar lá, envelhecer…

— Você tem certeza que está tudo bem? – Hermione sentou na cama após Harry chamá-la com a mão.

— Você tem uma filha agora, uma linda menininha. Olivia vai precisar da mãe por perto, Herms. – Harry ainda mantinha a mão dela presa na sua. – Se formos continuar isso, ir atrás dessas pessoas, você tem que me prometer que não morrerá.

Hermione riu, mas seu sorriso morreu após perceber que ele não estava brincando.

— Como posso prometer algo assim? – Ela perguntou.

— Apenas prometa que ficará viva, que ficará bem. N-não posso ir em frente com isso temendo perdê-la também, Hermione. – Ele segurou o rosto dela com as mãos. – Eu não posso perder você.

— Você não vai. Estou aqui, Harry. – Hermione falava com calma. – Eu estarei aqui quando tudo terminar.

Harry a abraçou e fechou os olhos e por um instante sentiu como se tivesse tudo que precisasse.


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