Renascer escrita por Luna


Capítulo 4
O que a alma deixou


Notas iniciais do capítulo

Me digam o que acharam :)
Beijooos!!



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Harry saia furioso da casa. Ele tinha parado de gritar quando percebeu que Olivia estava espiando assustada da cozinha. Não quis assustá-la, mas também não conseguiu se controlar. A varinha na sua mão pedia para ser usada, era como se ela desejasse que ele a erguesse e lançasse uma maldição.

Ele avançou pela rua, era tarde da noite e as pessoas já estavam em segurança dentro de suas casas. Escutava Hermione lhe chamando, mas só apressava o passo, queria que ela lhe deixasse em paz por alguns minutos ou não sabia se conseguiria se controlar.

Hermione o alcançou quando ele estava no fim da rua e o segurou pelo braço o virando na sua direção, mas Harry afastou a mão dela de seu braço.

— Fique longe. – Ele vociferou.

— Harry, vamos conversar. – Hermione pediu.

— Mais mentiras? – Ele passou a mão pelo rosto respirando fundo. – Como pôde ir a minha casa e me encher de mentiras? O que aconteceu com você?

Hermione parecia ter levado um tapa.

— O que aconteceu comigo? Você…

— Não comece com a mesma história que eu a abandonei. – Harry gritou.

— Você abandonou.

— Chamei para vir comigo. Poderíamos ter recomeçado juntos em um lugar tranquilo. – Ele já estava cansando de tudo aquilo e não fazia nem uma semana desde que voltou.

— Fiquei para terminar a guerra que vencemos.

— Exato! – Harry ergueu as mãos e deu um sorriso cansado. – Vencemos uma guerra, Hermione. Nós vencemos, lutamos mais do que qualquer um, enfrentamos perigos que eles apenas imaginam e o destruímos, nós três. Nós salvamos o mundo para eles. Eles deveriam ter feito todo o resto.

— Não vencemos a guerra sozinhos, Harry. – Hermione falava magoada.

— Não, mas o destruímos.

— Harry…

— Agora você quer que eu acesse uma parte da minha mente para pegar coisas que ele deixou? – Harry falava ultrajado.

Hermione dava passos vacilantes na direção dele. Era a primeira vez que eles ficavam tão perto um do outro, ela poderia ver o brilho em seus olhos verdes e ele poderia contar as sardas no pequeno nariz dela. A respiração dele começou a ficar pesada e se sentia invadido estando tão perto dela assim. Aquele sentimento não poderia retornar, aquilo não era certo.

Ele deu as costas para ela, mas ela não deixou que ele fosse muito longe.

— Nós estamos enfrentando coisas que não entendemos, forças que não conseguimos conter. Albus Dumbledore foi o maior bruxo que já existiu, mas Voldemort também. – Hermione estava ao lado dele. – Uma parte dele viveu em você por 16 anos, uma parte que tinha conhecimentos e lições. A parte do diário falava com Gina, a ajudava quando ela precisava. Eu acredito que em uma parte da sua mente há coisas que ele pode ter deixado.

— Eu não falo mais com as cobras. Perdi a habilidade quando ele morreu.

— Essa não é uma habilidade. São como ensinamentos que aprendemos na escola. Faz anos que você não conjura um patrono, mas você sabe as palavras, sabe como mover a varinha e o que tem que fazer. Ele pode ter deixado algo aí.

— Ele não deixou. – Harry gritou. – Não há nada dele em mim. Ele o matou na floresta, não há nada dele em mim.

Hermione o virou para si e colocou suas mão no rosto dele.

— Se tivermos sorte, terá. – Ela falava com calma, era como se lidasse com o Harry de 15 anos novamente, explosivo e raivoso.

 

Harry estava sentado no chão com as costas apoiadas na cama. Olhava para a lareira crepitando e pensava em tudo que Hermione lhe dissera. A alma que viveu em seu corpo tinha sentimentos e talvez ensinamentos, ensinamentos esses que poderiam estar perdidos na mente de Harry. Ele queria negar que aquilo não poderia ser verdade, mas uma parte de si sabia melhor. Ele não era tão bom na escola, Hermione sempre foi melhor. Mas quando ele realmente se esforçava ele sentia como se pudesse ser incrível, como quando ele conseguiu aprender o feitiço do patrono com 13 anos. Todos se surpreendiam, mas será mesmo que tudo aquilo veio dele?

Como explicaria ter sobrevivido a tantos embates com bruxos das trevas? Achou por muito tempo que era sorte. Mas agora pensava se não era aquela pequena parte da alma de Voldermort que o influenciava e o encaminhava sempre para o lado certo, para o feitiço certo, para o momento que era necessário agir.

Seu pensamento foi cortado quando a porta se abriu.

— Com licença, Sr. Potter.

— Já disse que pode me chamar de Harry, Olivia. – Harry falou.

Ele não sabia toda a história ainda, Hermione lhe resumiu bastante. Olivia era adotada, Hermione a conheceu enquanto ajudava no orfanato que tinha sido criado para ajudar crianças bruxas que tinham perdido os pais na guerra. Foi apenas o que ela lhe disse.

— Pode me chamar de Liv, mamãe só me chama de Olivia quando está brigando comigo. – A menina sorriu. – Está sem sono?

Harry fez que sim com a cabeça. – Pelo visto você também. Acho que sua mãe te botou para dormir horas atrás.

A menina deu de ombros e subiu na cama.

— Eu posso contar uma história para o senhor dormir.

Harry a achava muito meiga e encantadora e não conseguiria negar nada para aquele rostinho angelical.

Ele se deitou e ela ajeitou as cobertas como Hermione costumava fazer.

— Vou contar a história da Princesa perdida sem lar. – Olivia falou. – Era uma vez uma Princesa, ela era muito boazinha. Mais uma coisa terrível tinha acontecido, uma terrível guerra fez com que o Castelo da Princesa fosse invadido e pessoas más fizeram maldades com o Rei e a Rainha, fazendo com que a Princesa ficasse sozinha. Mas todos amavam muito a Princesa, então a tiraram do castelo e a levaram para outro lugar, lá tinha um monte de crianças que também tinham perdidos os seus papais. Um dia chegou uma fada, ela era muito bonita e tinha a voz mais linda do mundo, ela lia histórias para as crianças sem lar e todos a amavam. – Harry olhava para ela encantado. – Mas uma das crianças chamou a atenção da fada. A Princesa. A fada dizia que ela era a criança mais fofa de todas e mais comportada, e a fada passou a ficar mais tempo no lugar. Um dia a fada foi embora e percebeu que sempre que se despedia da Princesa ficava muito triste, então tempos depois ela foi até lá para buscar a Princesa e assim a Princesinha teve um lar outra vez. Fim.

— E todos viveram felizes para sempre? – Harry perguntou.

— Sim, para sempre e sempre.

— É uma bonita história, Liv.

No fim Harry também contou uma história, sobre o garoto solitário que foi mandado para longe e lá ele conseguiu amigos e uma família. A menina acabou dormindo e ele a levou para o quarto. Tudo no quarto remetia ao que ele achava de Olivia, uma bagunceira ordenada. Uma das paredes era totalmente pintada com rabiscos dela, outra estava lotada de fotos, ele foi andando até lá. Harry ainda não tinha ido até os Weasley, e vê-los ali fazia seu coração errar uma batida.

— Harry? – Ele se virou para a voz e viu Hermione adentrar o quarto. – O que está fazendo aqui?

— Vim deixar a Liv. Ela passou no meu quarto e eu recebi uma historinha para dormir. – Hermione sorriu e foi para a cama da menina ajeitar o cobertor. – Foi a minha primeira história.

— Você não sabe disso. Tenho certeza que Lily deveria contar várias histórias para fazê-lo dormir.

Harry concordou.

— Não que eu me lembre. – Ele sussurrou.

Harry foi saindo do quarto, continuou andando mesmo quando ouviu Hermione o chamar após fechar a porta do quarto.


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