Renascer escrita por Luna


Capítulo 13
Largo Grimmauld, nº 12


Notas iniciais do capítulo

Siiim, estamos de volta.
Espero que alguém ainda esteja aqui querendo saber o que vai acontecer.
Para refrescar a memória, no último capítulo Harry e Hermione foram chamados pois mais um corpo foi encontrado. Em sua análise Harry acha que descobriu o que está motivando os ataques e mortes.
Espero que vocês gostem e me digam o que acharam.
Beijooos!!!



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— Não entendo por que você está tão agitado. – Hermione falava jogando as mãos para o alto. – Você já a mandou para a casa dos amigos.

 – Nós já terminamos aqui, Hermione. – Ele não queria se explicar a ela, mas ela tinha se colocado em seu caminho e embora sentisse o ímpeto de tirá-la de lá usando a varinha não queria ser a aquele a começar um duelo na casa de pessoas enlutadas. – Então até termos a avaliação de um especialista não há muito que fazer.

— E você vai correndo até a Parkinson? – Ela colocou as mãos no quadril e levantou uma sobrancelha demonstrando toda a sua irritação.

— Não entendo por que isso a incomoda tanto. – Harry realmente não entendia e esperou que a mulher a sua frente respondesse, mas ela apenas descansou os braços ao lado de seu corpo e deu espaço para que ele passasse.

Harry demorou a se mover, olhou no fundo dos olhos dela e por um instante não se permitiu ver o que ela pensava. Ele parou ao lado dela e beijou seu rosto a tempo de sentir o cheiro delicado que seus cabelos emanavam, ele não percebeu que ela tinha fechado as mãos e os olhos, sua respiração ficando pesada e difícil e a mulher só conseguiu voltar a respirar direito quando ouviu o som característico da aparatação.

Assim que ele percebeu o que todas aquelas mortes significavam um senso de urgência lhe invadiu. Todos os bruxos com ligação com as trevas estavam em perigo e embora entendesse muito melhor o que aquilo significava muitos bruxos não entendiam, viam essas pessoas como perigosas, que deveriam ser destruídas e erradicadas, não via o Ministério se mover para protegê-las.

Seu pensamento então partiu para Pansy, sua cabeça até então estava pesada, seus olhos ardiam e a dor crescia rápido, estar perto de Justine, sentir o seu cheiro não era mais o suficiente para mantê-lo são, mas ao pensar em Pansy sua mente clareou. Ele fechou os olhos e a viu com seus cabelos escuros, longos e ondulados, seus olhos azuis brilhando de malícia e tão expressivos que ele conseguiria entende-la sem que ela precisasse falar muito, seu sorriso simples e contido, tão raro que sempre que a via sorrir tentava gravar o momento, pensando que talvez nunca mais fosse vê-lo. Pansy o trouxe de volta e a realidade que ela estava em perigo era quase insuportável.

Quando ela havia se tornado tão importante?

Ele tinha mandado um patrono dizendo que ela deveria ir até a casa dos Malfoy e permanecer lá até ele ir busca-la, ela era teimosa e geniosa, ainda não tinha certeza se ela seguiria seu comando camuflado de pedido, precisava que ela estivesse lá, e se não fosse Hermione e Justine lhe enchendo de perguntas sobre o ritual ele tinha abandonado a casa naquele mesmo instante.

Justine tinha desistido primeiro, dizendo que por hora eles tinham informação suficiente, Hermione queria que eles fossem até o Ministério para começar a pesquisar mais sobre aquilo, mas Harry falou que precisava achar Pansy e se assegurar que ela estava segura, se tivesse pensado um pouco antes e lembrado como Hermione reagia mal ao nome da sonserina ele apenas inventaria uma desculpa e teria se libertado muito tempo antes.

Ele estava parado a frente dos portões negros da Mansão e como não tinha anunciado que iria até lá e não era um dos dias de estudo com Astória não sabia como faria para poder entrar, ele tocou no portão apoiando a cabeça na mão e soltou a respiração que vinha prendendo, se afastou quando sentiu o movimento.

O caminho até a casa não era realmente longo, mas naquele momento parecia que a cada passo a porta de madeira lustrosa se afastava mais, como se estivesse brincando com ele. A porta também se abriu, mas dessa vez ele viu um elfo parado lhe esperando.

— Seja bem-vindo, senhor Potter. – A criaturinha falou se abaixando até quase tocar o nariz no chão. – A senhora está lhe esperando na sala.

Harry sabia qual era a sala que ele estava se referindo e sabia chegar até lá. Não queria assumir, mas ele já conhecia muito bem aquela casa, pelo menos uma parte dela. Nunca tinha ido até a ala que o casal vivia, andava pelo andar da biblioteca, pelas salas e já tinha visto a cozinha e os jardins, em dias de sol e temperatura amena Astória gostava de caminhar sentindo a brisa, eles conversavam sobre várias coisas, indo além do assunto de suas aulas, ela era uma companhia agradável, embora fosse tão venenosa quanto Pansy, mas parecia se divertir com isso.

Ele nem teve tempo de agradecer ao elfo antes de ouvi um pop e vê-lo sumir diante de seus olhos. Se adiantou com passos pesados, Astória não deveria estar lhe esperando, então se estava era porque Pansy estava ali também. Ele cruzou a primeira sala e entrou por uma porta que estava semiaberta, Astória estava sentada com uma xícara de chá na mão a caminho da boca, sorriu delicadamente quando o viu, mas Harry não viu isso, seus olhos estavam na outra mulher que ocupava o cômodo.

Pelas roupas que usava, o batom vermelho e as joias sabia que a tinha tirado de algum evento, quando ela se virou percebeu o gelo em seus olhos e sua boca se crispar, ela estava muito chateada, sabia disso.

— O que você está pensando? Como me manda um patrono sem mais nem menos? – Ela tinha cruzado os braços. – Acha que eu sou uma das suas tietes para simplesmente ficar correndo atrás de você e fazendo as suas vontades?

Harry quis sorrir e dizer que no fim ela tinha mesmo feito a sua vontade, mas diante do risco de morte ele apenas sorriu, adiantou os passos e a abraçou forte. Ela demorou a retribuir o gesto e só o fez para que Harry a soltasse logo, mas ele não o fez de imediato, ela sentia a respiração pesada dele ir se acalmando, sabia que se segurasse seu pulso sentiria seu coração batendo desenfreado, sua raiva não fazia muito sentido naquele momento.

— Harry, o que aconteceu? – Ela perguntou baixo.

Ele a soltou finalmente, mas segurou o rosto dela em suas mãos olhando para os olhos azuis, eles não pareciam mais gelo, eram quentes, curiosos e preocupados.

— Eu descobri porque Evan morreu, Pansy.

Ela foi para longe das mãos dele dando passos vacilantes para trás, ele se arrependeu de trazer aquele assunto de maneira tão brusca, queria ter sido mais sensível com a dor dela, mas seu tato nunca foi bom e ele não foi aprimorado com o tempo.

— Como você descobriu? – Astória tinha levantado e agora segurava Pansy pelos ombros.

— Mais alguém morreu essa noite, Elizabeth Moore. – Ele falou e viu as duas se olhando.

— Pobre Alessa, é só uma garota e agora perdeu a mãe. – Astória disse triste. – Mas como você descobriu?

— O núcleo mágico dela estava esgotado, o marido confirmou que ela era uma bruxa das trevas, Evan e Elenor também eram. – Harry começou, mas foi interrompido por Astória, Pansy tinha o olhar distante.

— Todos eles eram, Harry. As investigações não andaram por um tempo, eram partidários do Lorde ou pessoas com ligações com comensais, ninguém se preocupou em quem estava os atacando, então começou os ataques aos trouxas e alguém achou que essas coisas estavam interligadas, foi quando os aurores começaram a investigar de verdade.

Harry falou um palavrão, ele não sabia que tinha sido assim. Isso era absurdo e cruel, entendia que eles tinham lutado em lados opostos em uma guerra que matara inocentes. Harry entendia mais do que qualquer um o que era perder pessoas que amavam, mas nunca viraria as costas ou fecharia os olhos para assassinatos.

— Há um ritual muito específico que precisa de magia negra potencializada. – Harry falou e Astória arfou ao lado de Pansy com uma mão na boca.

— Ritual de Invocação? – Astória falou com um sopro de voz, Harry concordou.

— Bem, o nome é autoexplicativo. – Se Pansy se afetou com a informação conseguiu disfarçar bem.

— As permissões da casa foram retiradas depois da guerra? – Harry perguntou.

— Oh Merlin... – Ela voltou a se sentar. – Não, nunca pensamos... Quer dizer...

— Astória, você deve falar com o Draco, selar a casa, lançar novos feitiços. Até acharmos o responsável por essas mortes todos vocês correm perigo.

— Sim... – A mulher ficou pensativa e Harry percebeu que Pansy a olhou de uma forma diferente. – Draco... ele não é um bruxo das trevas.

Harry ergueu as sobrancelhas surpreso, nunca teria imaginado isso.

— Mas ele fará isso para protegê-la, Tori.

Astória cruzou as pernas e pareceu pensativa. Harry sempre tinha que desviar da vontade de olhar dentro da mente das pessoas ao seu redor, ele tinha curiosidade e agora a capacidade para tal coisa, mas sabia que isso era errado, então ficava apenas com sua curiosidade.

— Pedir algo assim fará com que muitas perguntas sejam levantadas e todas as respostas se voltam para você, Harry. – Ela tinha colocado uma mão por cima da outra. – Eu amo o meu marido e confio minha vida a ele, mas não garanto que isso se manterá em sigilo, Draco pode acabar comentando algo com Blás ou Theo e eles podem comentar com outras pessoas e essa informação vai chegar até o culpado por tudo isso.

— Tori...

— Não se preocupe, Pansy. – O sorriso de Astória parecia congelado. – Eles nunca me pegariam com a varinha baixa.

— Mas... – Pansy ia tentar convencê-la.

— Vocês devem ir agora. – Ela se levantou. – Draco chegará a qualquer momento e nenhum de nós quer explicar o que está acontecendo aqui.

— Astória, você tem certeza disso? – Harry se aproximou.

— Obrigada por nos avisar, Harry. Tenho certeza que seus amigos não concordam com isso.

— Eu nunca poderia...

— Eu sei. – Ela sorriu. – Agora saiam da minha casa.

Pansy bufou, pegou uma pequena bolsa que Harry ainda não tinha reparada estar perto da cadeira e saiu dando passos rápidos. Ele se despediu de Astória e a seguiu para fora da Mansão.

— Você parece irritada novamente. – Harry falou quando a alcançou, ela caminhava com passos firmes. – Pansy.

Ela se voltou para ele o que fez com que ele parasse com brusquidão.

— Você enviou um patrono. Um gigantesco veado invadiu um restaurante e como se isso não fosse chamativo o suficiente todos escutaram sua voz dizendo que eu deveria ir até a biblioteca imediatamente e que lhe esperasse lá.

— Eu posso ter sido muito efusivo.

Pansy deu uma risada descrente.

— Agora todos terão certeza que estamos juntos. – Ela cruzou os braços. – O que você vai fazer sobre isso?

— Fazer? Falam sobre mim desde que entrei nesse mundo, eu não me importo se acharem que estamos juntos. – Ele deu de ombros.

— E se eu me importar? – Ela ergueu uma sobrancelha.

Harry não tinha pensado sobre aquilo, ele já tinha se acostumado a Pansy, ao seu humor mórbido, seu sarcasmo e veneno ocasional, já tinha saído várias coisas sobre eles no jornal e algumas matérias não eram nada gentis para com a sonserina, Harry se irritava com essas, achava que ninguém tinha direito de julgá-la. Mas nunca se incomodou quando diziam que ele tinha voltado por ela, que a saudade de sua amada tinha feito com que ele retornasse a gélida Londres. Nunca pensou que isso poderia incomodá-la e o fato de poder lhe causava uma sensação estranha, um amargo no fundo da garganta.

— Não pense demais, Potter. Seu cérebro não está acostumado com isso. – Ela voltou a andar, dessa vez devagar. – Eu não me incomodo, dane-se O Profeta e todos esses fofoqueiros.

Ele ainda não conseguia acreditar totalmente nela, com o tempo também percebeu como Pansy contava pequenas mentiras para que ele não se sentisse mal, a via fazer isso várias vezes com Astória.

Eles tinham parado no portão.

— Eu não sabia onde você estava e a possibilidade de estar em casa sujeita ao perigo de uma invasão me assustou. Deveria ter pensado melhor e ter enviado uma coruja ou ter tentado contatá-la de uma forma menos efusiva. – Ele coçou a nuca e não conseguia olhá-la diretamente. – Você deve selar sua casa, Pan.

— Astória está certa, isso traria muitas perguntas e as respostas levariam a você. – Harry não tinha entendido e ela continuou. – As proteções e permissões de uma casa só podem ser feitas pelos seus donos, que no meu caso ainda são meus pais, minha mãe, mas especificamente. Ela nunca faria nada sem aprovação do meu pai e nós não vamos visita-lo com frequência e mesmo assim, levantar isso em Azkaban...

— Pansy...

— Está tudo bem, Harry. Você se preocupa demais. – Ela lhe deu o seu sorriso de conforto, aquele mesmo que ela sempre dava quando contava suas mentiras para que ele se sentisse bem. Ela movia apenas um lado na boca e seus olhos eram penetrantes.

— Você pode ficar na minha casa. – A proposta veio sem que ele pensasse seriamente nela, quando percebeu as palavras já tinham saído.

— Desde quando você tem uma casa?

Eles aparataram diante de um prédio de aspecto antigo, Harry os tinha levado diretamente a soleira da porta e com dignidade ela conseguiu se manter ereta, mesmo que tivesse buscado apoio no braço dele. Diante de seus olhos a construção começou a se mover, os tijolos foram ganhando espaço e o número 12 apareceu na porta a sua frente.

— Seja bem-vinda a casa ancestral da família Black, minha casa. – Harry abriu a porta e permitiu que ela entrasse primeiro.

A primeira coisa que Pansy viu foi um longo corredor mal iluminado, com a varinha Harry fez com que um candelabro se acendesse iluminando um pouco o lugar, um bonito papel de parede verde enfeitava as paredes.

— Vamos, me deixe te mostrar a casa. – Harry parecia animado. – Andrômeda andou me ajudando, nós tivemos muito trabalho. Aqui ficava um quadro de Walburga, a mãe do Sirius, a mulher era detestável. Agora ela é apenas cinzas, ali tinha um suporte para guarda-chuvas que era uma perna de trasgo, Tonks sempre derrubava quando passava por ele, pensei em deixa-lo lá, apenas para me lembrar dela, mas Andy o jogou fora também.

Eles continuaram andando, Harry falava sem parar, imaginava se ele já tinha trazido alguém aqui, alguém que conheceu o local antes de tantas mudanças. Ela não conseguia imaginar as cabeças decepadas de elfos enfeitando o local, até mesmo para ela aquilo soava horrível.

— Monstro ficou miserável quando dissemos que iríamos tirar a cabeça dos elfos, ele chorou por dias. No fim deixamos que ele ficasse com os de alguns, os pais eu acho ou um parente. Não faço ideia do que ele fez com essas cabeças. – Harry balançou a cabeça rindo.

A sala de jantar era ampla, tinha uma mesa de madeira lustrosa com mais de vinte assentos. Podia ver na cômoda o Brasão da família Black polido e brilhoso, as luminárias faziam um bom trabalho ali, deixado tudo claro.

— A cozinha fica lá embaixo. Vamos subir. – Ele pegou na mão dela. A parede da escadaria tinha o mesmo tom do corredor da entrada, e onde ele disse que antes ficava a cabeça dos elfos agora era enfeitado com diversas fotos antigas, podia dizer isso por não reconhecer ninguém ali, sabia que eram mágicas pelas pessoas se mexerem, uma em particular chamou sua atenção e Pansy parou, fazendo Harry parar junto.

Ela desceu alguns degraus e se aproximou mais do quadro. Tinha três pessoas na foto, um homem com vestes caras, cabelos negros que chegavam aos ombros e com um brilhante sorriso, ele estava no meio e passava os braços nos ombros das duas pessoas que estavam ao seu lado. A mulher tinha cabelos ruivos e longos, brilhantes olhos verdes e vestia um lindo vestido perolado que arrastava no chão, ela balançava a cabeça como Harry costumava fazer e sorria, o outro homem era a cópia daquele que estava ao seu lado e seu sorriso não era menor do que o das outras pessoas na imagem.

— Meus pais e Sirius no dia do casamento. – Harry falou. – Consegui recuperar várias coisas nos cofres da família, várias fotos, diários, livros. Eles parecem felizes, não é?

— Tenho certeza que estavam. – Pansy sorriu.

Harry disse que ainda não tinha conseguido arrumar todos os quartos, tinha que comprar mobília nova, cortinas, tapetes. A sala de estar do primeiro andar tinha um piano de aspecto antigo, mas sua madeira negra ainda brilhava, Astória iria chorar se o visse. Eles passaram por lá e subiram mais um lance de escadas, tinha vários quartos, assim como o terceiro.

— A família foi muito numerosa por anos. – Pansy comentou quando Harry falou que não sabia o que fazer com uma casa tão grande.

Eles chegaram ao andar superior, pensou que encontraria mais meia dúzia de quartos, mas só havia dois.

— Esse é o quarto do Teddy. – Harry falou animado. – Queria que ele tivesse um lugar aqui, que se sentisse em casa quando vier me visitar.

O quarto era agradavelmente iluminado, as paredes tinham o verde da sonserina, os móveis tinham cores escuras, as cortinas eram claras e havia desenhos animados na parede, assim como vários brinquedos espalhados em um canto, sabia que a maioria deles devia ser trouxa, tão sem graça.

— Esse era o quarto do Régulus, não pudemos mudar muita coisa, Monstro estava horrorizado em jogar fora as coisas do seu antigo senhor. Então não mudamos muito.

— Você sabe que não tem que fazer as vontades do seu elfo, não é?

Harry deu de ombros.

— Se Monstro está feliz, então todos ficamos felizes. – Ele sorriu. – Vamos, eu escolhi ficar no quarto que era do Sirius.

Ela esperava uma profusão de vermelho, mas o que viu foi paredes claras, cortinas em um tom bonito de azul, a mobília tinha a mesma madeira escura do outo quarto, mas parecia mais nova. Em uma parede havia uma bandeira da Grifinória, o único artefato que ligava Harry a sua casa de Hogwarts.

— Monstro não teve qualquer problema em mudar esse quarto.

— Pensei que teria mais vermelho e dourado. – Pansy deu uma volta em torno de si mesma. – Parece que você tem um bom gosto.

— Minha sobrinha-neta tem um bom gosto, você quer dizer. – Pansy não tinha reparado no homem na moldura, mas tinha certeza que ele não estava lá um segundo atrás.

— Pansy, esse é Fineus Black. – Harry rolou os olhos.

— Um prazer conhecer tão adorável dama. – Ele curvou um pouco a cabeça. – Devo parabeniza-lo por ter achado uma companhia feminina tão bela, então? Albus ficará feliz em saber que encontrou alguém com quem dividir a vida.

— O que? Não vá fazer fofocas com os outros quadros, Fineus. Pansy é apenas uma amiga.

— Hum... No meu tempo não trazíamos moças ao dormitório, ao menos que fosse para apresenta-las a cama.

Harry ruborizou e Pansy teve que fazer força para não rir.

— Você está morto há mais de setenta anos. Vamos, Pansy.

 Eles saíram do quarto e foram descendo as escadas.

— Não sei por que eu ainda o mantenho aqui. Ele é um velho sádico e completamente maluco.

— Gostei dele. – Pansy disse e riu quando Harry se virou para ela horrorizado e voltou a andar resmungando sobre Sonserinos.

Eles foram descendo para o que deveria ser a cozinha. Havia uma grande mesa no centro, não tão grande quanto a da sala de jantar, havia uma lareira em um lado e vários armários. Ali não parecia ser feita com a mesma madeira que revestia o resto da casa, a cor clara do piso a lembrava mármore.

— Mestre Harry voltou. – O elfo trajava vestes limpas e brancas e em volta de seu pescoço um colar bonito. – Eu tenho deixado a casa limpa e pronta para o uso.

— Monstro, eu disse que você não precisava ficar nessa casa sozinho. Você pode ficar em Hogwarts com os outros elfos.

— Monstro não se incomoda de cuidar da casa do jovem mestre Harry. Winky gosta de cuidar da casa também, ela diz que a faz lembrar-se de sua antiga casa.

Harry sorriu. Tinha demorado para Monstro aceitar a ajuda de outro elfo, segundo ele poderia cuidar de tudo sozinho, ele lembrou-se de Winky e como a pequena elfo parecia miserável antes e que Dobby sempre tentava ajuda-la, por isso que quando começou a arrumar as coisas da casa pediu que Minerva cedesse a elfo, por ser livre Winky podia escolher e ela tinha aceitado com relutância até conhecer Teddy, o pequeno bruxinho a conquistou completamente. Monstro parecia acostumado com ela já.

— Monstro, deixe-me apresenta-la a uma amiga. Pansy Parkinson, esse é o Monstro.

O elfo se abaixou até ter seu nariz tocando o chão e em seguida disse que prepararia uma refeição para eles, que deveriam aguardá-la no andar superior. Quando ainda estavam nas escadas puderam ouvir um pop e a voz esganiçada de Winky dizendo que ele não podia vir até ali sem chama-la também.

— Só você para tratar elfos como se eles fossem seus amigos.

Harry lançou o olhar que sempre fazia quando ela estava sendo desagradável, não gostava daquele olhar, a fazia lembrar muito do Harry que a odiava em Hogwarts.

— Eles são meus amigos, me ajudam a cuidar da casa e Winky é muito boa com Teddy, não seria capaz de encontrar uma cuidadora mais eficiente.

— Monstro parece um elfo velho. – Pansy pontuou e Harry a olhou daquela forma novamente. – Só estou dizendo que...

— Eu sei o que você está dizendo e quando esse momento chegar ele será bem cuidado e terá um enterro digno.

— Tudo bem. – Ela não entraria naquele assunto novamente.

Eles chegaram até a sala e ficaram em um silêncio desconfortável. Winky apareceu minutos depois com uma bandeja com suco e bolo.

— Mestre Harry. – Ela se curvou quando colocou a bandeja em cima da mesinha. – Srta. Parkinson.

— Olá, Winky. Como você está?

— Muito bem, mestre Harry. – Ela torcia sua veste e seus olhos brilhavam.

— Eu tratei Teddy aqui em alguns dias, você poderia estar aqui quando ele chegasse?

O olhos dela aumentaram e ela pulou várias vezes no mesmo lugar.

— Será uma honra, mestre Harry. Eu vou cuidar muito bem do pequeno mestre Teddy.

Ela sumiu diante dos seus olhos e Harry não reprimiu o sorriso.

Pansy olhava na direção que a elfo sumiu, sua expressão estava entre escandalizada, surpresa e divertida.

— O que achou da casa?

— Eu não vou vir morar aqui, Harry. – Pansy sentenciou. – Seria um absurdo e um escândalo sem precedentes.

— Em quanto tempo você acha que O profeta ia levar para dizer que nos casamos em segredo e que já planejamos aumentar a família?

— Você não se incomoda mesmo? – Pansy cruzou os tornozelos e apoiou o cotovelo na perna. – Hermione...

— O que ela tem a ver com isso? – Harry se recostou na poltrona, ele sempre mudava sua postura quando o nome dela surgia na conversa, era impossível não perceber como a simples menção mexia com ele.

— Ela pode ter a ideia errada sobre o nosso relacionamento e isso atrapalharia vocês dois.

— Não há nós dois, Pansy. Há eu e ela e um vazio gigantesco no meio.

— Você não está dando uma chance, Harry.

— Pansy, por favor...

Pelo menos uma vez ela queria conversar com Harry sobre Hermione sem que ele se fechasse daquela forma, era como se ele entrasse em uma redoma e fosse impossível de ultrapassar. Ela sabia que ele sentia algo por ela, não sabia o nível, mas a relação dos dois parecia quebrada, ao menos para Harry e ele sentia muito medo, sabia disso.

— Planejo me mudar oficialmente ainda essa semana. – Ele falou.

— Há uma boa biblioteca aqui, deve ter coisas interessantes guardadas por aí. – Pansy se levantou e sentou ao lado dele, a poltrona era larga o suficiente para que ambos coubessem, mas ficavam muito próximos. – Só quero que você fique bem, a guerra passou e todos merecem reconstruir suas vidas, você principalmente e se a ama, você deve lutar por esse sentimento.

Pansy não percebeu o que ia acontecer até ter acontecido. Harry não sabia que faria aquilo até que o fez. Não havia nada em sua mente, apenas Pansy e talvez uma enorme vontade de fazê-la parar de falar em Hermione. Ele não podia pensar na mulher, quando a via em sua mente seus pensamentos sempre iam por caminhos tortuosos, ele sentia coisas que julgava serem erradas e logo a culpa e a raiva o dominavam, sentia estar traindo a confiança de Ron, não podia desejar Hermione antes e agora menos ainda.

Ele sentiu a maciez da pele dela em suas mãos e a surpresa fez com que Pansy não conseguisse reagir. Os lábios dela eram finos e macios, tudo em Pansy parecia delicado e seu beijo não era diferente, um pequeno pensamento se formou imaginando se ela seria ferina e manipuladora em um momento de intimidade, como era diariamente.

Ela entreabriu os lábios recebendo o beijo, segurou o braço dele dando um leve aperto, puxou o ar e por estar tão perto sentiu o cheiro amadeirado vindo dele. Não havia um motivo para ela ter aceitado o beijo, até aquele momento ela nem sabia que o queria, diria que foi movida pela curiosidade apenas.

Harry terminou dando um delicado selinho em seus lábios, mas não se afastou. Não sabia o que encontraria quando abrisse os olhos e por isso permaneceu com eles fechados por mais alguns segundos. A verdade da sua ação veio rápido, mas já era muito tarde para voltar atrás. Se surpreendeu quando ela segurou seu braço e não o afastou, foi gratificante quando a sentiu beijá-lo de volta.

Quando abriu os olhos olhou para ela tentando buscar algo, mas o que viu foi decepcionante, não que esperasse alguma coisa. Ele não esperava nada, nem sabia se queria algo, provavelmente não. Mas Pansy o olhava com sua expressão cortês, educada. Como se o que acabaram de fazer fosse algo comum, corriqueiro, ou pior, como se ela tivesse lhe feito um favor.

— Harry? – Pansy o chamou quando viu a expressão dele ir mudando e seu rosto indo do pálido ao vermelho muito rápido.

— Desculpe, não sei por que fiz isso. – Ele se levantou.

— Harry, você não pode me beijar apenas por que toquei em um assunto que lhe desagrada. – Ela falava como se lhe explicasse algo, era irritante.

Harry queria discordar, dizer que a beijou porque desejava isso. Mas a mentira ficou entalada no meio da sua garganta, ele não sabia o porquê tinha feito aquilo, até segundos atrás Pansy era apenas Pansy e agora... Ele sentia os lábios quentes, fechou as mãos quando sentiu os dedos formigarem, a boca dela tinha um gosto doce do chá que ela tinha bebido na Mansão.

— Isso nunca mais vai se repetir. – Harry sentenciou.

— Pelo menos agora se alguém me perguntar como é estar nos braços do Eleito vou ter algo para contar. – Ela sorriu jocosa, Harry queria ter rido também, mas seu corpo ainda estava muito quente.

Monstro apareceu para salvá-lo da autocomiseração e ele avançou até a sala de jantar, sabendo que Pansy estava logo atrás. A mesa estava farta e durante longos minutos Harry se sentiu incapaz de olhá-la.

— Harry, você sabe que está tudo bem, não é? – Ela baixou seus talheres. – Foi só um beijo e nem foi ruim.

Ela riu no final, aquele mesmo sorriso para fazê-lo se sentir bem. Ela era muito boa fingindo, mas não era perfeita. Novamente se impediu de ver o que ela escondia, não seria justo olhar dentro de sua mente, ela lhe sorria e parecia leve. Ele decidiu seguir pelo mesmo caminho, foi apenas um beijo, um bom beijo. Ele foi único, nunca mais se repetiria. E durante o resto da tarde que passaram juntos ele repetia a mesma coisa quando se pegava apreciando o rosto dela.


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