White Angel escrita por Malina Endou


Capítulo 9
Capítulo 9- Família.


Notas iniciais do capítulo

Yo!!

Trago aqui mais um capítulo de White Angel! Leiam as notas finais!!

Boa leitura!



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Meiko

—Por fim acabou o primeiro dia de aulas.- Suspirei.

Acabamos por sair de mãos a abanar do clube. A manhã foi a coisa mais louca que me poderia ter acontecido; enfrentamos um louco, jogamos com a equipa principal, e ainda vimos a equipa B ser desfeita. Tinha muita coisa para contar ao Atsushi, ele ia ficar parvo quando soubesse o que me aconteceu. E ainda não sabia como explicar à minha mãe sobre o que se passava com o futebol e sobre o Quinto Setor. Podia parecer de loucos, mas sempre acreditei que mesmo ela estando em coma, a minha mãe sempre me podia ouvir e escutava nos momentos difíceis, e ela precisava de saber o que se passava com o seu amado futebol. Gostava de poder contar com o meu pai para tal...

—Ei, Tenma. Anima-te homem!- a palmada que lhe dei nas costas deve ter sido tão forte que quase o fez tropeçar.- Desculpa.- Os outros dois riram-se.

—Pensa que amanhã temos a prova.- Acho que era exatamente esse o problema, Shinzuke.

—Já sei!- fomos obrigados a parar de repente quando vimos a Aoi entusiasmada com algo- Eu também me vou juntar!

—O quê? Aonde?- mas ela fez logo uma enorme cara de desagrado com a pergunta do Tenma. Ele realmente não tinha percebido?

—Presta mais atenção quando falo.- Estava mais para assustadora- No clube de futebol!

—Também queres ser jogadora?- ia ter concorrência?

—Não. Como ajudante.- Fiquei logo mais aliviada- Não acham que o faria bem?

—Eu creio que sim.- Pelo menos não ia tentar ser membro da equipa e isso já me deixava mais tranquila.

—Mas agora que penso nisso detalhadamente, acham que também haverá provas para ser ajudante?- que tipo de provas poderiam ser? Ver em quanto tempo colocava as botijas de água e as toalhas prontas?

—Suponho que sim.- A sério que aqueles dois achavam? Só eu é que não?

—Então que tipo de provas se faz para ser ajudante?- suspirei. A sério que eles estavam a pensar nisso?

Continuamos a caminhar enquanto eles se interrogavam sobre como seria a prova de ajudante... Se é que isso existia mesmo. Durante o trajeto percebemos que estávamos todos a ir para o mesmo local. As nossas casas ficavam para o mesmo lado e eu nunca os tinha visto, talvez fosse porque a minha casa estava um pouco mais longe, pelo menos desde que comecei a ver com os meus tios.

—Bem, eu agora continuo por aqui.- Despedimo-nos da Aoi antes dela começar a correr para o lado oposto.

—Olhem, esta é a minha casa.- Caminhamos até à entrada da casa do Tenma, onde haviam umas três árvores de flor de cerejeira a adornar o quintal de uma casa... Digamos... Bastante antiga.

—Esta é a tua casa, Tenma? Não sei se é velha ou se parece abandonada.

—Shinzuke!- também pensava o mesmo, mas não o dizia em voz alta.

—Abandonada é um pouco exagerado.- Ao ouvirmos a voz feminina, víramo-nos logo os três para trás, vendo à estrada da propriedade uma mulher jovem, de um longo vestido branco e com várias compras nas mãos, mas só quando olhei para a face, é que reconheci logo quem era.

—Já voltei.

—Bem vindo a casa, Tenma.- Ela era mãe dele?

—É a tua mãe, Tenma? Que jovem!- não era a única a pensar assim.

—Ah! Nã-Não, não é a minha mãe!- estava tão envergonhado que começou a gesticular- É a minha tia Aki! E além disso é a dona deste apartamento.

—Sinto muito por ter dito que a casa estava abandonada.- Ri-me com as atitudes daqueles dois. Nem sabia bem o que dizer.

—Não te preocupes.- De seguida fixou-me, espantada- Não te conheço?- sorri- Faz-me lembrar alguém.

—Talvez a minha mãe...- normalmente as pessoas ligavam-me a ela por causa da cor dos olhos ou quando não se lembravam disso o cabelo era o primeiro indicio de que era filha do Goenji Shuya.

—Ah, sim! Já me lembro! Meiko-chan! Há quanto tempo. Estás tão crescida e diferente desde a última vez que te vi.

—Sim, já se passaram dez anos.

—Vocês conhecem-se?- encaramos o Tenma e o Shinzuke que pareciam perdidos.

—Sim, a Aki foi colega de escola dos meus pais, e quando era mais nova lembro-me de a ver várias vezes e também em fotografias.

—É verdade. E os teus pais?- tornei a olhar para ele. Esperava tudo menos aquela pergunta- Como está a Malina?- e esperava muito menos aquela. Só desejava que não perguntasse pelo meu pai.

—Continua na mesma desde há dez anos.- Ela apenas sorriu. Um sorriso entristecido, mas que valia mais do que qualquer palavra. Os outros dois pareciam estar a apanhar um pouco do ar. Talvez mais tarde lhes contasse.

—E tu? És amigo do Tenma e da Meiko?- felizmente o tema foi logo desviado.

—Sim, é o Nishizono Shinzuke, e estamos na mesma turma, tal como a Meiko.- Assenti.

—É um prazer conhecer-te, Shinzuke.

—Obrigado.

—Ah, é verdade. Acabei de fazer umas bolachas.

—Boa! Fiquem para lanchar! As bolachas da tia Aki são as melhores.

—A sério?- o Atsushi que me desculpasse, mas ele teria de comer o lanche da tia sozinho.

—Claro que sim.

—Então será um prazer!

—Igualmente!- o meu irmão ia odiar-me.

Entramos todos dentro da casa assim que a Aki abriu a porta, deixando-nos passar. Ela foi logo para a cozinha enquanto o Tenma nos levava para a parte de cima, até ao seu quarto. Honestamente, era um pouco embaraçoso ir ao quarto de um rapaz. Tudo bem que já conhecia o Tenma há anos, mas o único quarto de rapaz ao qual já entrei foi no do meu irmão, e ele tem dez anos... E é meu irmão. Deixei logo esses pensamentos de parte ao ver a casa por dentro. Estava velha também. Porém, deixei logo isso de parte para enviar uma mensagem à minha tia a avisa-la onde estava e que ia chegar um pouco mais tarde.

—Os meus pais estão em Okinawa devido ao trabalho, e eu agora vivo aqui num quarto do apartamento da tia Aki.

—Então vives aqui sozinho?- perguntei, guardando o telemóvel na mala.

—Sim.

—Mas viver sozinho deve ser difícil, não?- Continuei a olhar para toda a casa. Haviam várias portas, provavelmente levavam a outros quartos. Haveria mais pessoas a morar ali?

—A mim não me parece. Além disso, tudo ficará bem.

Olhei para os dois, distraídos com a conversa e sorri. Eles eram tão descontraídos. De certa forma invejava-os por isso. O Tenma abriu a porta do quarto, deixando-nos passar, e a primeira coisa que reparei foram nos posters de jogadores de futebol. Já o Shinzuke assim avistou um cão enorme, foi a correr até ele.

—Ah! Tens um cão!- também me baixei até ele e comecei a acariciar-lhe o pelo.

—Chama-se Sasuke.- Era tão calmo- Sabem uma coisa, adora que lhe cocem atrás das orelhas.- Eles começaram a fazê-lo, e em poucos segundos o Sasuke virou-se de barriga para cima- Estão a ver?!- ri-me. Era um amor.

Começamos a fazer caricias na sua barriga e por baixo do queixo, vendo-o abanar a cauda, feliz com todo o carinho que recebia. Levantei a cabeça para observar uma vez mais o quarto quando vi uma bola de futebol presa com uma base em cima do móvel. Estava velha e suja, parecia bastante antiga, mas o que me chamava mais a atenção era o relâmpago desenhado a caneta sobre um dos lados brancos da bola.

—E aquilo é...- apontei para a bola, esperando uma resposta.

—Ah! Aquilo é do meu salvador. Ele deu-ma.

—Aquela bola?- passei os dedos sobre o relâmpago na minha face. Eram iguais.

—Quando era pequeno eu também vivia em Okinawa.- Provavelmente muito antes de nos termos conhecido- Um dia quando vínhamos da praia ouvi um cachorrinho a ladrar. Estava preso numas tábuas e não conseguia sair. Quando tentei fugir com ele, acabei por cair e...

—E?- estava curiosa para o final da história.

—Bom, uma das tábuas ia caindo em cima de nós. Estava tão assustado quem nem me consegui levantar, mas foi quando uma bola de futebol foi na direção dela e acertou na tábua, desviando-a. A minha mãe correu até mim, preocupada depois do que tinha acontecido, e abraçou-me logo. Quando olhei para o local de onde tinha vindo a bola, vi lá um homem adulto, só que não consegui ver quem era, apenas que me sorriu. Tinha a cara parcialmente tapada por um capuz laranja. Depois também houve uma mulher com quem ele, mas só consegui ver um chapéu de praia branco antes de se irem embora.

—Uau!- levantei-me e caminhei até à bola, levando-a antes de me sentar novamente junto a eles- Isso foi impressionante.- Só estive uma vez em Okinawa quando fui visitar o tio Tsunami com os meus pais- pouco antes do acidente - mas gostava de ter visto aquilo.

—E assim salvaram-te a vida, não foi? E aquele cachorrinho era...

—Sim. Era o Sasuke! Além disso, não vos parece que o desenho é igualzinho ao símbolo da Raimon?- virei o desenho para eles deixando o Shinzuke ver.

—Pois, agora que o dizer...- já tinha reparado nisso.

—Por isso é que sempre quis entrar entrar no clube de futebol da Raimon e jogar com eles.

—Faz sentido.- Voltei o símbolo para mim e observei-o. Era-me estranhamente familiar... Talvez fosse só impressão minha. Afinal, estava tão habituada a vê-lo.

—Já agora, Meiko.- Levantei a cabeça ao ouvir o Tenma chamar-me- O que tem a tua mãe?

Inicialmente fiquei sem saber como reagir à pergunta. Limitei-me a levantar e a colocar a bola no sítio. Já espera que um dia me fizessem aquela pergunta, mas nunca imaginei que fosse tão cedo. Tornei-me a sentar e a acariciar o pelo Sasuke, sorrindo. Não sabia bem se era por estar a dar carinho a um cão tão meigo, se para arranjar coragem para lhes contar a minha história. E antes de o fazer, encarei-os. Eles estavam sérios, pareciam prontos a escutar-me, e foi o que fizeram. Até ao fim não disseram uma só palavra. Falei-lhes um pouco da antiga relação dos meus pais, antes de passar o acidente e o nascimento do meu irmão mais novo, ao facto da minha mãe continuar em coma, numa cama de hospital, há dez anos. Expliquei-lhes que tudo nela funcionava bem, apenas tinha sido alimentada a soro nos últimos anos, e que era apenas uma questão dela acordar, e ainda que os médicos dissessem que isso jamais poderia vir a acontecer, a nossa família impedia que algo fosse feito para lhe pôr um fim à vida. Falei-lhes também do que aconteceu com o meu pai... Ou melhor, do que nos acontecera por culpa do meu pai.

—Lamento por tudo isso.

—O mesmo.- Sorri para ver os animava.

—Ora, não façam essas caras! Aconteceu, aconteceu! É a vida! Além disso, tal como tu dizes Tenma, tudo ficará bem. Eu tenho a certeza que as coisas vão melhorar.

—Sim! Tens razão!- finalmente um sorriso. Nesse mesmo instante, bateram à porta.

—Entre!- pedimos em uníssono.

Ela entrou com uma grande bandeja de onde havia uma tigela de bolachas e sumo de laranja para nós três. Parecia ter tudo um aspeto delicioso!

—Vamos! Sirvam-se.

—Bom apetite!

Pegamos todos em bolachas e começamos a comer. Mal podia crer como estavam deliciosas! As do Atsushi também eram muito boas, mas claro que a Aki tinha muito mais experiência no que respeitava a cozinhar. Pensando bem, ela e a minha tia tinham a mesma idade, então como raio os cozinhados de uma eram tão diferentes de outra?

—E como correu a Cerimónia de Receção? Estavas nervoso?

—Muito nervoso! Mas hoje foi um dia alucinante desde que cedo.

—É verdade!- continuei- Foi incrível! Na verdade creio que foi mais de loucos!

O resto da tarde ficamos a contar à Aki o que aconteceu de manhã, até me lembrar que não podia ficar por muito mais tempo, tinha de levar o Atsushi ao hospital. E assim que cheguei a casa, ele já estava na sala, pronto à minha espera. Troquei o uniforme escolar por um moletom roxo e uns calções azuis com os primeiros ténis que vi. Despedimo-nos da nossa tia antes de sairmos e de começar a contar-lhe sobre a minha manhã. O Atsushi foi comentando tudo o que dizia com um imenso entusiasmo e revolta, principalmente quando lhe contei sobre o Quinto Setor. Houve um instante em que me lembrei do meu tio e nos facto dele poder fazer alguma coisa, mas só então recordei que ele ia estar fora por um tempo a jogar e não podia voltar assim tão cedo.

—Boa tarde.- A rececionista cumprimentou-nos com um sorriso.

—Boa tarde! É para o doutor Goenji, certo?- assenti.

Era normal que já nos conhecesse. Íamos sempre ao mesmo hospital, eu ia sempre visitar a minha mãe e passava por ali. Além disso, o médico do Atsushi é ninguém mais que o nosso avô paterno, que mal soube da doença do neto decidiu que ele próprio cuidaria do caso. E mal ele saiu da sala para nos receber, cumprimentou-nos e antes de levar o Atsushi consigo. Mais tarde passaria para ir busca-lo ou o meu irmão ia ter ao quarto da nossa mãe. Podia ser a minha tia a trazê-lo, mas sempre preferi ser eu a fazê-lo. Além do mais, enquanto ele está a fazer os raio-X e tudo o que precisam para descobrirem uma maneira de o pôr melhor, eu aproveito para ir ver como está a nossa mãe.

Assim que cheguei junto da porta, abri-a com todo o cuidado. No quarto, como sempre, o silêncio reinava. A minha mãe continuava a dormir tal como nos últimos anos, permanecendo ligada às máquinas que diziam aos enfermeiros que ainda tinha vida dentro de si.

—Olá mãe.- Fechei a porta branca lentamente e caminhei até junto da cama. Os seus cabelos estavam novamente compridos, cresciam bastante rápido, e eles tinham sido cortados há coisa de seis meses. Puxei a cadeira que estava por baixo dela e sentei-me, agarrando a mão da minha querida mãe. Admirava-me sempre que mesmo ela estando parada e com as mãos descobertas, elas continuavam tão quentes como no último dia em que elas me acariciaram- Hoje entrei para a Raimon. Amanhã terei uma prova entrar no clube de futebol. Ah! E nem imaginas quem é o treinador!

Passei o resto do tempo a contar tudo à minha mãe, sobre como correra o meu dia, e o que aconteceu na escola, até mesmo sobre o Quinto Setor. Gostava que ela estivesse acordada para me ouvir e me aconselhar sobre o que deveria fazer para recuperar o futebol e Raimon tal como deviam ser, mas só por contar-lhe tudo já me deixava mais aliviada e descontraída. Contei-lhe também sobre como tinha voltado a ver o Tenma e feito novos amigos. E também lhe fiz uma promessa antes de sair do quarto; prometi que faria de tudo para trazer o futebol que ela tanto de volta ao normal, que quando ela acordasse, iria ver-me a joga-lo na equipa da Raimon.


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Notas finais do capítulo

Bom, sei que a última parte do que se passou em Okinawa não aconteceu, mas como eu escrevi nas notas da fic, ia adicionar coisas que não aconteceram. E já agora, como deu para perceber, a tal mulher de chapéu branco era a Malina! kkk
Ah! E tio é só uma forma carinhosa da Meiko chamar ao Tsunami já que ele era um grande amigo da mãe.

Reviews?!
Kissus!



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