Miss Shadow escrita por Botiné


Capítulo 5
Seja esse herói, Peter


Notas iniciais do capítulo

Hey *rindo de nervoso*
Então... como vocês estão?
Desculpa pela demora imensa galera, mas agora MS está de volta e eu não pretendo que ela demore novamente
Espero q vocês gostem ♥



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Foram meses difíceis: Peter não queria sair do cemitério ou do quarto, e estava quase sempre chorando, por pensar que a morte de Gwen tinha sido sua culpa. A simples menção do nome dela era proibida, já que ele não podia ouvi-lo sem desabar.

Eu não entendia o porquê de Peter estar se culpando, mas como nunca tinha perdido ninguém não sabia como era esse sentimento. Talvez fosse uma coisa até normal, até porque Peter teve essa mesma reação depois da morte do tio Ben.

Para mim, era assim que ele lidava com a dor. Culpava-se para simplesmente ter a quem culpar. Sinceramente, não sou muito boa com sentimentos em geral. Não sei demonstrá-los e nem descrevê-los, então não fazia ideia do que estava acontecendo.

Foram meses desse jeito, Peter sofrendo e eu ao seu lado enxugando suas lágrimas. Tínhamos combinado de esquecer aquela briga. Ele pediu desculpas e eu as aceitei.

Mantinha contato com Barry e sempre que podia falava com Caitlin e Iris, afinal elas foram minhas primeiras amigas mulheres.

Sentia muita falta de Central City, aquele lugar em um ano tinha se tornado o lar que nunca tive.

Peter parecia estar gradativamente melhorando, então já estava planejando e pensando o que iria fazer quando ele melhorasse de vez e não precisasse mais do meu apoio. Estava pensando em conseguir um emprego em New York e ficar por mais um tempo para garantir que ele não tivesse nenhuma recaída.

Mas todos esses planos foram por água abaixo no momento em que encontrei o que Peter escondia de mim no armário enquanto ele estava no banho.

Nunca tinha visto pessoalmente e não via as fotos faz um tempo, mas assim que pus os meus olhos na roupa eu soube que aquela era a roupa dele. Do Homem Aranha. Do meu melhor amigo desde sempre, amigo esse que eu acreditava não esconder nada de mim.

Péssimo engano. Não conseguia acreditar que ele havia escondido aquilo de mim. Meu melhor amigo era o Homem Aranha e não me contou.

“Hey Ally, você viu...?” quando Peter saiu do banho e me viu ficou confuso sobre o porquê de eu estar com um olhar de fúria sobre ele, até que lhe mostrei o uniforme e sua confusão mudou para pânico.

“Quando você ia me contar que você vive grudando em prédios por aí e bancando o herói?” falo baixo e pausadamente tentando controlar a raiva que sentia.

“Alice, eu posso explicar...”.

“Quando?” dessa vez eu grito, já estava tremendo de raiva.

“Se eu conseguisse evitar, nunca.” murmurou baixo olhando para os pés, envergonhado. Fiquei, se possível, ainda mais furiosa. Como assim Nunca?! Ele ia esconder de mim, que sempre falei tudo pra ele, um segredo daquele tamanho para sempre?

“Nunca? Como você pode ter me escondido uma coisa dessas? E todos esses anos de amizade, pra você não valeram nada? Que tipo de amigo esconde isso? Achei que você confiasse em mim.” me sentia mal, sufocada. Era como se um filme se passasse na minha cabeça de todas as vezes que ele agia estranho e não me contava o porquê. Como pude não perceber o que estava acontecendo?

“Ally, também não é assim, fiz isso pra te proteger. É lógico que eu confio em você. É minha melhor amiga.”

“Para de me chamar de Ally! Nunca mais me chame assim. É isso que você fala pra se sentir melhor? Pra me proteger? Sabe o que é pior? Eu estava bem, afastada dessa maldita cidade que só me deixou mal, cercada de pessoas que me queriam bem, no emprego dos meus sonhos. E larguei tudo isso. Sabe por quê? Porque na noite que você me ligou, falando nada com nada e chorando de se acabar, eu larguei tudo. Joguei fora tudo que sempre quis por um amigo que não me conta nem quando ele do nada vira um super herói! Isso é o pior!”

“Alice, se acalma, vamos conversar. Eu estava assustado, era muita coisa pra mim. Não sabia o que fazer.”

“E foi por isso que você resolveu virar um herói? E ainda esconder isso de mim? Porque estava assustado? Você devia ter falado comigo, para poder te ajudar a passar por isso como nós sempre fizemos.”

“Não, decidi depois que salvei uma pessoa. Decidi também porque me sentia culpado pela morte do tio Ben, eu poderia ter impedido o cara de matá-lo, mas não fiz nada e por isso ele está morto. E você não iria conseguir me ajudar, ninguém iria. Você não entenderia. Nunca passou por isso.”

“Pelo menos estaria do seu lado, tentaria te entender, tentaria te ajudar. Acorda Peter, não era sua obrigação fazer nada. Não é sua culpa. Você não puxou o gatilho. Não justifica você não ter me falado nada.”

“Estava com medo que você me odiasse tá legal? Você sempre disse o quanto não gostava de heróis! Como você queria que eu te falasse?”

“Por Vader! Eu nunca conheci nenhum herói, e quando conheci, gostei dele e acho que podemos dizer que somos amigos ou algo assim, não sou uma idiota que julga os outros por tudo, somente nunca gostei da ideia de arriscar sua própria vida para salvar a dos outros. Mas eu te apoiaria, porque é isso que amigos fazem. Apoiam uns aos outros mesmo que não concordem com suas ações. Fora que antes de herói você sempre foi meu melhor amigo, a minha base. Como você pode sequer pensar que eu te odiaria? Você realmente não me conhece... Meu Merlin, você não me conhece! Que tipo de amigo você é?”

Estávamos nós dois chorando, os argumentos dele haviam acabado e eu não tinha mais forças para fazer nenhum tipo de acusação. Sentia-me quebrada. A única pessoa que pensava que nunca acabaria comigo me destruiu de um jeito que ninguém nunca havia feito.

Estava imersa em minha dor quando algo se clareou em minha mente. Peter se culpava pela morte de tio Ben, assim como se culpava pela morte de Gwen, então...

“Como a Gwen morreu?” já não me importava mais se ele estava mal, queria respostas e iria consegui-las.

Primeiro Peter ficou surpreso com a pergunta repentina, depois pareceu perceber onde eu queria chegar.

“Ela... Gwen, ela...” suspirou e finalmente disse uma coisa coerente.

“Ela morreu porque o Duende Verde, que é o Harry Osborn, aquele meu antigo amigo, queria se vingar de mim, então jogou ela de um prédio” fez outra pausa e continuou “Ela não devia estar por perto, mas Gwen queria estar. É uma das razões porque não queria te contar, sabia que você, assim como ela, iria querer estar por perto. Eu não aguentaria se você morresse, ainda mais por minha culpa.”.

“Desde quando ela sabia?” confesso que o que ele falou me deixou comovida, mas precisava saber tudo antes de talvez o perdoar, porém também estava com medo da resposta.

“Ela sempre soube. Foi a primeira que soube.” Peter agora não me olhava mais nos olhos. Esqueci totalmente que estava pensando em perdoá-lo.

“Gwen sempre soube. Foi a primeira que soube. Ninguém te entenderia, mas mesmo assim você contou a ela, mesmo que ela não te entendesse. Você contou a sua namorada, mas não contou a sua melhor amiga? Boa, Peter. Eu nunca mais quero olhar na sua cara. Na última vez que brigamos você disse coisas horríveis e eu perdoei! Como fui idiota! Eu devia ter continuado em Central City, mas não, não podia me conter então quando precisou de mim, saí de lá para te ajudar sem nem mesmo pensar duas vezes. Nunca mais me ligue, nem me peça nada. Para mim já chega. Você ultrapassou todos os limites. Estou me sentindo acabada. Você era a única pessoa que eu achava que nunca iria me machucar. Parece que estava errada.” peguei minha bolsa e já estava com a mão na maçaneta, quando resolvi que, por todos esses anos de amizade, iria ajudá-lo pela última vez.

“Presta atenção que essa vai ser a última vez que você vai me ouvir como Ally, a sua melhor amiga” suspirei e juntei minhas últimas forças “Não foi sua culpa a morte dela. Nem mesmo a de tio Ben, você não poderia ter feito nada. Foi escolha deles estar onde eles estavam. Nenhum dos dois iria querer vê-lo se acabando desse jeito. Volte a fazer o que os dava orgulho. Seja um herói. Tenho certeza que eles estarão orgulhosos em algum lugar. Não desista. Siga em frente, sempre que pensar em cair, lembre-se que eles morreram acreditando em você. Eu poderia ter acreditado também se você tivesse deixado. E nunca mais, nunca, machuque alguém como você me machucou. Adeus Peter, espero que você seja feliz.” Quando estava saindo, ele segurou meu braço e me prendeu no lugar. Não me virei, mas estava arrasada e não tinha forças para empurra-lo.

“Alice espera. Eu sei que errei e devia ter te contado, me desculpa, mas tinha medo e toda vez que pensava nisso não conseguia criar coragem. Eu te falei coisas horríveis da última vez, sei disso. Mas pensei que te afastar fosse a decisão certa e que seria melhor desse jeito. Eu me arrependi muito e fiquei um ano pensando em te ligar e contar tudo. Mas também estava com medo da sua reação, foi quando a Gwen morreu o que me deu só mais certeza de que não devia te contar. Me desculpa, por favor. Eu não posso te perder. Você é minha melhor amiga.” Apesar de tocada por suas palavras, estava muito magoada com ele. Não iria conseguir perdoa-lo. Não dessa vez.

“Infelizmente Peter, já me perdeu. Não consigo te perdoar. Não dessa vez. Me perdoe por isso. Adeus, e, lembre-se, seja o herói que a Gwen tinha orgulho. Por ela e...” hesitei em dizer, mas não mais nada a perder “Por mim. O herói que nós duas amamos.”.

Sim, durante aquele tempo o ajudando percebi que o amava e faria qualquer coisa por ele. Não como a um irmão. Mas estava destruída demais. Não havia nada a perder, então por que não admitir? Nossa amizade já havia sido destruída.

Sai para as agitadas ruas de NY e quando cheguei a meu apartamento desabei de vez no choro. No meio de toda aquela tristeza, liguei para o Barry. Precisava de um amigo. Precisava de alguém para por meus pedaços quebrados no lugar.

“Alô?”

“Barry... preciso de você, vem pra New York, por favor. Preciso do meu melhor amigo.”.

“Aguenta firme, já estou indo.”

E foi assim que a minha amizade com Peter acabou. Foi um dos dias mais terríveis da minha vida e no final dele estava tão quebrada, que precisei de ajuda pra colocar os pedaços no lugar. Ainda bem que Barry me ajudou nessa parte. Também foi nesse dia que Barry e eu ficamos realmente próximos. Mesmo que tenha prometido pra mim mesma que nunca iria deixar mais ninguém me machucar daquela maneira. Barry me ajudou de um jeito que só Peter já havia feito.

Depois desse dia o Homem Aranha voltou a aparecer misteriosamente e eu soube que, pelo menos uma vez na vida, Peter havia me ouvido.


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Notas finais do capítulo

Então, espero que vocês tenham gostado. Esses é um dos capítulos que eu mais gosto ♥
De novo, desculpa a demora.
Capítulo betado pela Cherry Pitch.
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