Miss Shadow escrita por Botiné


Capítulo 4
Um Olá Para Um Novo Amigo


Notas iniciais do capítulo

OLÁ MEUS AMORES!
Olha só quem voltou? Depois de 84 anos aqui estou eu com mais um capítulo de MS!
Sem mais delongas, vamos ao capítulo! Espero que vocês gostem!



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Apesar das circunstâncias em que saí de New York, estava realmente feliz por sair de lá. Porém, mesmo que eu estivesse indo realizar o meu sonho, ainda sentia o mesmo vazio que senti ao sair da casa de Peter.

Central City era perfeita. Pouco trânsito, nenhum herói vestido de collant colado ao corpo, andando por aí, enquanto salva pessoas, ou um super milionário anunciando ser uma máquina de combate. Era uma cidade normal. Pelo menos por enquanto, mas já vamos chegar lá.

Fora que a cidade era linda. E tinha o melhor café do mundo, superando até mesmo o do Starbucks. O Jitters era de longe o meu segundo local favorito da cidade, só não superava os S.T.A.R. Labs. Aquele lugar era incrível, a tecnologia estava em todos os lugares. Não deveria ser tão incrível quanto as Indústrias Stark, mas ainda assim era fabuloso.

Estava bem acostumada com a cidade, afinal, em apenas um mês, eu já tinha até mesmo uma rotina! Acordar, comprar café, caminhar até o trabalho, comprar mais café na hora do almoço, voltar para casa no final do expediente e, no dia seguinte, fazer tudo isso de novo.

Eu até mesmo tinha conseguido fazer amigos! Eles aturavam meu mau gênio e meus comentários nerds, a maioria até mesmo conversava sobre eles comigo. Estava mais feliz em Central City do que fui em New York a minha vida inteira. Adorava conversar com Cisco e Caitlin e amava vê-la com seu namorado, Ronnie, gostava também de chegar ao Jitters e conversar com Iris sobre a faculdade dela de jornalismo. Tudo estava tão bem que, às vezes, eu até conseguia esquecer de Peter por alguns momentos.

Foi num desses dias maravilhosos que conheci quem seria um dia um dos meus melhores amigos…

Era um dia de sol e eu estava comprando meu café no Jitters. Pode parecer um dia normal, mas não era, por um motivo: eu estava com pressa e atrasada. Mais do que atrasada: eu simplesmente tinha jogado o meu despertador na parede durante um ataque de raiva sobre acordar cedo.

"Iris, eu realmente preciso que você prepare meu café o mais rápido possível. Eu quebrei meu despertador, e o Dr. Wells vai me matar, porque já estou atrasada!”

“Pode deixar. Café mais rápido do mundo saindo.”

Depois de dizer isso, Iris virou de costas e começou a dar ordens ao pessoal do café e a mexer nas diversas máquinas do lugar. Surpreendentemente, ela conseguiu seguir sua promessa de um café rápido e, em três minutos, eu já estava saindo correndo do café. E o meu erro foi sair correndo sem olhar o meu caminho, sem prestar atenção em nada. E, justamente por isso, quando me dei por mim, só conseguia ver o copo de plástico e o café escorrendo pelo chão da rua.

“Droga! Desculpa mesmo, eu não tinha te visto, e eu estou super atrasada, andando igual uma louca pelas ruas. Meu chefe vai me matar, porque já estou atrasada, quebrei meu despertador e agora tomei um banho de café! E, pior, ainda dei um banho de café em você! Desculpa mesmo!” eu paro de falar e a comparação exata que consigo fazer na minha cabeça é a de uma pia sendo fechada. Quando estou muito nervosa, acabo expondo a minha vida toda para desconhecidos, e não é sempre que isso acaba bem.

“Não, tudo bem. Eu também não estava prestando atenção no caminho. Por coincidência também estou super atrasado.” o estranho disse, também bastante atrapalhado e constrangido por nosso esbarrão.

Depois de assentir para o desconhecido, encarei o relógio em meu pulso e percebi que não teria tempo de trocar de roupa e ainda chegar ao trabalho na hora. Suspiro, pensando que era melhor eu ir pensando em alguma desculpa para dar ao Dr. Wells, porque eu só conseguiria trabalhar com café no meu estômago - e não nas minhas roupas.

"Bom, nem vale a pena tentar chegar até lá na hora, agora. Isso provavelmente foi para eu aprender a não jogar despertadores na parede. A propósito, eu sou a Alice, e desculpa de novo por te dado um banho de café." Faço uma careta para o desconhecido, enquanto finalmente percebo que ele era muito bonito: era muito alto, tinha olhos verdes fundos e cabelos castanhos. Era o tipo de pessoa por quem podíamos nos apaixonar no primeiro olhar, tipo aqueles atores hollywoodianos.

“Tudo bem. Também não adianta tentar chegar ao trabalho agora. Não vale mais a pena.”

“O que você acha de a gente tomar um café? Sou viciada e preciso de café no organismo e acabei de derramar todo o meu na gente.”

“Claro, eu adoraria conhecer a garota que derrubou café em mim melhor, e entender o motivo de tanta pressa. A propósito, eu sou Barry. Barry Allen.”

Nós conversamos bastante no café, e eu descobri que ele tinha vinte e seis anos, e era cientista forense na delegacia. Acho que aquilo estava se tornando um hábito: conhecer cientistas de todos os tipos nas mais variadas situações.

Contei para Barry que trabalhava no projeto do acelerador de partículas e ele me contou que estava super empolgado para vê-lo funcionar.

Conversamos sobre tudo e, quando me dei por mim, já estava quase no horário do almoço. Era impressionante como, com apenas aquela conversa, mesmo que longa, eu já sentisse que conhecesse Barry há anos, talvez tão bem quanto eu conhecia Peter.

Outro fato que me surpreendeu foi que Barry era muito parecido com Peter em algumas coisas, e muito diferente em outras. Talvez tivessem sido essas semelhanças que tenham me feito me abrir para ele, sendo que eu provavelmente era uma das pessoas mais fechadas naquela cidade.

No final disso tudo, eu nunca consegui descobrir se Barry estava sendo irônico ou não quanto ao querer saber o motivo de tanta pressa.

O tempo passava rápido e logo completou um ano que eu estava em Central City. Um ano sem falar com Peter. Sentia falta dele, mas não havia me arrependido da minha decisão de deixar New York. Mesmo que eu não parecesse estar muito afetada pela perda de Peter, eu estava. Eu tinha sido, sim, afetada pela perda de contato com ele, e tinha sido, sim, afetada pelo fato dele nem ao menos ter me procurado. É. Parecia que aquele era mesmo fim da nossa amizade. Me concentrava em outras coisas para não ter que pensar nisso.

O acelerador de partículas era uma ótima distração. Eu me dedicava muito àquele projeto, e também tinha passado a conhecer Barry muito bem. Ele era apaixonado pela Iris, e, tal como eu me dedicava ao projeto do acelerador de partículas, eu me dedicava a convencer Barry a contar a ela o que sentia.

Devo admitir que estava me dando melhor com o acelerador de partículas. Sempre que ele criava coragem para confessar seus verdadeiros sentimentos, ela praticamente o cortava, dizendo o quanto o considerava um irmão, e isso o fazia voltar sempre à estaca zero - ou até mesmo menos que isso.

Eu sinceramente queria bater a cabeça de Iris na parede toda vez que ela fazia isso, e foi quando eu resolvi que Barry deveria tentar se distrair um pouco. Admito que eu também queria. Precisava de um pouco de diversão, sair um pouco da rotina. O problema era fazê-lo concordar.

“Não, Alice. Eu não quero ir para uma balada. E você não tem idade para beber.”

“Tenho 19 anos. Claro que eu posso beber! Além disso, eu bebo desde que tinha 15.”

“Mesmo que eu concorde…” tento me controlar para não sorrir, por perceber que convencê-lo talvez fosse mais fácil do que eu pensava “Por que Starling City? Lá é muito longe, e existem várias boates aqui em Central City. Além disso, Starling City é uma cidade perigosa, mesmo com o Arqueiro.”

“Em Starling fica a Verdant e você sabe como todo mundo fala bem de lá. A balada dos Queen, que só pelo histórico de escândalos que eles dão deve ser a melhor balada das redondezas. E Starling não é tão longe nem tão perigosa quanto New York onde morei a vida toda, e só fica a duas horas daqui. Vamos, Barry, vai ser divertido.” Eu faço um bico e vejo Barry revirar os olhos. Ele sabe qual era o meu objetivo com aquela cara.

“Ah não Ally, não faz isso. Não faz essa cara, sabe que eu nunca consigo resistir.” Continuei fazendo e segurando a vontade de rir. “Ah! Tá bom, a gente vai para Starling City! Mas se formos assaltados a culpa é sua. Agora, por favor, para de fazer essa cara.”

Comecei a rir e comemorar:

“É por isso que eu te adoro, Barry, por ser um ótimo amigo que embarca nas minhas loucuras.”

"O que você não me pede com essa carinha fofa que eu não faço chorando?", ele pergunta, apertando as minhas bochechas, e eu faço uma careta.

Depois de mais algumas risadas fomos arrumar nossas coisas. Eu adorava baladas e festas. Muitos dizem que cientistas e nerds deveriam ser aquelas pessoas que só andam com livros nas mãos e óculos de fundo de garrafa, com apenas fórmulas químicas no pensamento, mas quem se importa? Tony Stark é um cientista também e não acredito que alguém no mundo seja mais festeiro do que ele. E também não acredito que alguém no mundo seja mais genial do que ele também. Mesmo que eu nunca vá admitir para Tony que ele é genial, o ego dele já é grande o suficiente sem isso.

Ir comigo era uma das coisas que mais diferenciavam Barry de Peter. Peter nunca concordaria em ir a uma balada comigo. Ele não gostava desse tipo de coisa, e nunca concordava, por mais que eu implorasse, principalmente depois que me envolvi em problemas com o álcool e com a nicotina. Nunca cheguei a ser alcoólatra, eu conseguia viver tranquilamente sem a bebida, mas sem o fumo… Esse foi um vício difícil de largar.

Barry não sabia desse meu passado, e não vejo importância alguma em contar, na verdade. Toda essa história era apenas um passado distante, já que eu não tinha tido nenhuma recaída em três anos, e realmente não pretendia voltar agora.

Barry também não gostava tanto assim de festas, mas por mim ele iria. Fora que ele realmente precisava se divertir.

Então fomos, eu e Barry, viver uma aventura de sábado à noite. Voltaríamos no domingo à noite e teríamos a pior ressaca de nossas vidas, mas valeria à pena.

Chegamos à Verdant e assim que pusemos os pés na boate, ele já tinha se arrependido de ter cedido às minhas vontades. Como disse antes, ele não gostava tanto desse tipo de ambiente como eu.

“Lice, vamos embora. Por favor.”

“Não, hoje você vai se divertir, ficar bêbado e esquecer por algumas horas que você gosta da Iris. Pode até ficar com uma garota. Ou até um garoto, se preferir.”

“Alice!”

Obriguei-o a entrar enquanto gargalhava e lá fomos nós nos divertir como se não houvesse amanhã. Ou pelo menos, era o que eu iria fazer.

Pra começarmos bem nossa noite, eu desafiei Barry para uma competição. A ideia era ver quem conseguia beber mais rápido cinco shots de tequila. Bem, na verdade isso era o que ele pensava. A verdadeira ideia era fazer Barry beber para se soltar um pouco.

Depois de um tempo, não me lembro como, eu e ele estávamos dançando, cantando e curtindo a noite como se não houvesse amanhã. Esquecemos todos os nossos problemas por algumas horas e nos divertimos pra valer

Foi uma ótima noite. Bebemos muito, mas eu tinha uma resistência muito grande a todo tipo de bebida alcoólica, então o único que conseguiu ficar bêbado foi Barry. Eu praticamente tive que carregá-lo até o hotel em que tínhamos nos hospedado.

Porém no meio do caminho fomos interceptados por um cara que queria nos roubar. Bem, Starling é na verdade tão perigosa quanto New York, mas eu realmente sabia me defender então não era exatamente um problema já que Barry estava tão bêbado que não lembraria disso no dia seguinte.

Ainda bem, porque o que aconteceu foi bem estranho. O cara chegou, tentou me assaltar com uma arma e depois de eu ter me defendido e estar indo embora apareceram mais três não faço ideia de onde.

Apesar de estranho, eu daria conta deles, porém apareceram mais dois. Ao todo eram cinco caras armados e fortes. Tudo era muito estranho e não estava entendendo nada, mas não tinha tempo para pensar nisso.

Peguei a arma que havia deixado no chão depois de ter nocauteado o cara anterior e atirei em um dos cinco que, a propósito, estavam mascarados. Barry havia perdido a consciência então o empurrei rapidamente para trás de uma lata de lixo como proteção mínima e comecei a lutar com os caras. A intenção principal era não permitir que eles chegassem até Barry, mesmo que aquele não parecesse ser o objetivo deles.

Consegui nocautear mais dois, porém eles eram muitos e não eram amadores. Quando tudo parecia perdido e eles iriam me matar o que estava me segurando foi atingido por uma flecha e me soltou.

Pois é, quando você pensa que a coisa não poderia ficar mais estranha do que mascarados te abordarem na rua e tentarem te matar, aparece outro mascarado bancando o herói e salvando o dia com suas flechas.

Mas, se eu parasse para pensar (e eu, surpreendentemente, tinha parado para fazê-lo), não importava se ele era o Papa para falar a verdade. Tudo que importava era que ele parecia querer me ajudar, e que dois contra três era bem melhor do que um contra três, principalmente se esses estivessem armados, o que era o caso.

Depois que todos estavam nocauteados, paramos um momento, por estarmos sem fôlego. Fui checar rapidamente o estado do meu amigo bêbado e, ao ter certeza de que, na medida do possível, ele estava bem, voltei minha atenção ao vigilante de Starling City.

“Obrigada pela ajuda. Não sei o que teria acontecido se não tivesse aparecido. Na verdade, acho que eu teria morrido, mas enfim. Obrigada.” Custou cada fibra do meu ser agradecer ao homem encapuzado, mas sabia que era verdade, que não teria conseguido sem a ajuda dele. Ficamos em silêncio novamente por um tempo até ele dizer com sua voz modificada:

“Quem eram aqueles caras? E o que eles queriam com você?”

“Sinceramente? Gostaria de saber. Nunca os vi na minha vida.”

“Por que estava na rua há essa hora aqui nos Glades? É perigoso.” Mesmo não gostando muito do interrogatório senti algo estranho, como se eu pudesse confiar nele, coisa que eu não sentia com frequência, então continuei respondendo suas perguntas calmamente e com honestidade.

“Eu e meu amigo ali estamos voltando da Verdant. Sabe, a balada que fica por aqui.”

“Como sabia lutar desse jeito?”

“Sempre gostei de aprender as coisas e adorei lutas, armas e essas coisas. Fora que eu morava em New York e lá é bem perigoso também.”

“Entendo. Bom, é melhor levar seu amigo pra casa. Tome cuidado.” E assim ele lançou uma flecha na parede de um prédio e saiu dali. Esses heróis são péssimos em despedidas.

Era bem irônico que, logo eu que não gostava de super heróis, parecia ser um ímã para eles. Até agora eu havia conhecido o Arqueiro e o Homem de Ferro, quem seria o próximo?

Depois disso, levei Barry de volta para o hotel, e, na manhã seguinte, ele felizmente não se lembrava de nenhum dos acontecimentos da madrugada anterior. Voltamos à Central City e as nossas rotinas.

Até que, um mês depois, durante a madrugada, Peter me ligou pela primeira vez em um ano. Estava desesperado e não falava coisa com coisa.

“Alô?” estava com sono e havia atendido o celular sem nem mesmo ver quem era.

“Alice, eu preciso de ajuda.” quase não conseguia entender o que ele estava falando, pois sua voz estava embargada pelo choro e ele soluçava.

“Peter, por favor, se acalma e me diga o que aconteceu.” agora não estava mais com sono e sim alerta, pois não o via assim desde a morte do tio Ben.

“Ela... ela morreu. Alice, ela morreu. Eu preciso de ajuda...”.

“Peter, você está me assustando. Quem morreu?”

“A Gwen. Eu preciso da minha melhor amiga.”

“Eu estou indo pra New York agora. Se acalma que eu estou indo.”

Eu arrumei uma bolsa qualquer, sem ao menos prestar atenção direito no que estava fazendo, mandei mensagem para os meus amigos avisando a situação e parti direto para Nova York. Foi tudo de impulso. A única coisa que pensava era que não podia deixar meu melhor amigo daquele jeito. Ele precisava de mim.

Aquilo era a única coisa que podia me tirar da minha vida perfeita em Central City. Eu já havia terminado a minha parte na produção do acelerador de partículas, e ainda faltavam cinco meses para que este ficasse pronto, e isso me permitia ir embora da cidade para ver Peter. Se eu precisasse resolver algum problema, eu poderia fazer uma viagem rápida para Central City, ou tentar resolver o problema pelo computador.

Porque não importava o quão feliz eu era em Central City, ou o tamanho da falta que eu sentiria de todos os amigos que eu tinha feito ali. Não importava que Peter tivesse me dito coisas terríveis que ainda atormentavam meus piores pesadelos. Nem mesmo o fato de que eu ainda estava magoada com ele importava. Nada importava se Peter precisava de mim.

Ele sempre esteve lá pra mim. Então mesmo ainda estando magoada, eu estaria lá para ele.

Isso era uma promessa, e eu tinha o costume de seguir as promessas que eu fazia.


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Notas finais do capítulo

Capítulo betado pela Cherry Pitch.
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