— O que está fazendo aqui?!— Perguntei, levemente alterada. Olhando para dentro do cômodo da senhora Humiko.

— Eu que deveria está perguntando isso, Baby!— Jackson respondeu, tão surpreso quanto eu. – Este é o apartamento dos meus avós.

— Isso só pode ser um pesadelo.— Levei a mão a cabeça. – “Netinho”— Debochei - ... Achei que era uma criança!— Tentei dar meia volta. Mas não seria apropriado. Então voltei.

— Então você é a vizinha “simpática” que meus avós querem que eu conheça?— Jackson tinha ar de risos e um tom malicioso. Como eu estava ficando irritada com esse jeito. – Onde está o ruivinho?

— Não é da sua conta!— Me exaltei.

— Porque está irritadinha?— Percebi que Jackson estava curioso. – Achei que estivesse em turnê com ele.

— Sophie!— A senhora Humiko nos interrompeu. – Já conheceu meu netinho, Jackson?— Perguntou. Olhei dela para ele, e percebi a expressão de desgosto com o apelido carinhoso da vó. “Netinho”. Me segurei para não fazer piada com isso.

— Infelizmente...— Falei, quase em sussurro. Ela franzi a testa e olha para Jackson, um pouco dura.

— Estava importunando a minha vizinha?— Apontou o dedo pra ele. – Lembre-se porque veio passar suas férias aqui, seu mal educado!— Ralhou.

— lão lao!¹ – Jackson revirou os olhos. (¹ Segundo a minha pesquisa, essa é uma expressão chinesa para: "Vovó"!)

— Entre, meu bem!— Ela disse, ignorando o neto. Eu não tinha certeza se ficar no mesmo cômodo com Jackson seria uma boa ideia. Não nos dávamos nada bem.

Cumprimentei o Senhor Miu-Chan em uma referência.

         Para a minha surpresa, o jantar estava indo muito bem. Tirando as perguntas sobre minha vida, e algumas coisas que Jackson falava sobre o seu grupo. No geral, o loiro parecia completamente diferente do que eu havia conhecido a uns meses atrás. 

         No fim do jantar, Humiko pediu para Jackson ser educado e me levar até a entrada do meu apartamento, o que era desnecessário, já que eu morava de frente pra eles. Literalmente. Agradeci, e saímos em seguida.

— Confesso que estou curiosa com seu comportamento de “bom samaritano”.— Debochei.

— São meus avós, e devo respeito a ele.— Falou, um pouco sério. Fiquei chocada.

— Entendo.— Por instante, me senti envergonhada com o que eu disse. – Muito bem, Jackson.— Elogie.

— Porque não me chama de Oppa?— Perguntou, e seu sorriso malicioso voltou.

— Porque temos a mesma idade.— Expliquei, dando de ombros e ignorando sua investida. 

— Então somos amigos, agora.— Brincou. Revirei os olhos. - Andou pesquisando sobre mim?— Se animou. Convencido.

— Sobre o seu grupo, na verdade.— Corrigi. – O novo coreografo de vocês, era professor do BTS, e a coreografia que vocês apresentaram da nova música, foi a mesma que ele deixou para o grupo, antes de ir embora.— Confessei. Ele ficou surpreso. - Tive que elaborar outra.— Não precisava explicar os reais motivos. 

— Não sabíamos disso.  – Disse, sentindo-se sem graça.  

— Vocês não tiveram culpa. Além do mais, se tem alguém que deve desculpas ao grupo, esse alguém é Tuli.  - Ficamos por alguns poucos segundos em silêncio.

— Sophie.— Começou – Falando sério, agora...— Fiquei curiosa. – O que aconteceu com vocês?

Eu sabia o que ele queria saber. Estava incerta sobre contar ou não.

— A BigHit não aceitaria eu e Jimin juntos. Aliás... A mídia poderia trazer ideia negativas pra carreira da banda. Você sabe como as pessoas na coreia podem ser preconceituosas.— Contei. Ele entendeu.

— Logo depois daquela festa em Las Vegas, saiu em diversos sites a cena entre você e Jimin dançando e aquele beijo clichê na chuva.— Brincou.

— Pra mim não foi clichê.— Defendi. Ele revirou os olhos.

— Que seja...— Disse. – Acontece que você virou a Cinderela moderna na Coreia. Fugiu sem deixar rastros e a mídia inteira está atrás de você.

Fiquei surpresa por ainda estarem interessados.

— Aposto que querem mais fofocas para piorar a situação.— Dei de ombros. Não precisava me importar com isso, porque no vídeo, não era possível ver muito bem meu rosto, por ter sido a noite e a chuva como verdadeira proteção.

— Não foi isso que vi nos comentários.— Jackson me deixou mais uma vez surpresa. – Ao que parece, até mesmo as Armys estão em uma bsuca frenética para te encontrar. O público parece ter gostado...

— Porque está me dizendo isso?— Perguntei, desconfiada e ignorando o fato de ter gostado de ouvir tudo isso. Ele deu de ombros.

— Achei que deveria saber. Os BTS estão em turnê, e duvido muito que estejam tão atualizados do que acontece na Coreia.— Explicou.

— Você teve a chance de me dedurar para a mídia. Porque não disse que era eu?— Perguntei, curiosa.

— Olha, ao contrário do que todos pensam, eu não sou um cretino arrogante.— Se defendeu. – Eu apenas criei esse personagem para lidar melhor com a mídia. Ninguém dá IBOP pra caras bonzinhos.— Completou.

— Essa foi a coisa mais idiota que você disse hoje.— Revirei os olhos.

— Eu sei.— Riu. Afinal, Jackson sempre seria Jackson. Por alguma razão, eu começava a vê-lo com outros olhos.

— Quanto a mim e o Jimin. Está feito. Não posso voltar atrás. Não posso arriscar prejudicá-lo.

— Não pensei que fosse uma covarde.— Jackson me atingiu com o comentário.

— Eu não sou covarde. Só estou protegendo-o.— Me defendi. – Você sabe a importância que dão para a imagem de pessoas como ele, como você. Eu sei bem o quanto Patrocínios, fama e dinheiro são mais importantes que sonhos.

— Falando assim, até parece que viveu isso.— Desconfiou.

— Meu sonho foi destruído por causa disso.— Me limitei a dizer. – Bom, isso não importa mais, porque segui em frente.— Dei meia volta e desejei boa noite antes de fechar a porta.

Minha cabeça começava a doer, e muito.