Psi-Cullen (Sunset - pôr-do-sol) escrita por Angel Carol Platt Cullen


Capítulo 9
Capítulo 8




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PDV de Caroline

Eu percebo que até agora nem tinha me importado com o que ela bebia. Não me importava. Se ela bebia de outros humanos que não eu ou animais. O importante era que ela nunca me fez mal algum.

— Vocês se alimentam do sangue de animais então? – meu suspiro de alívio foi bem audível. Agora estou mais segura sabendo que não corro risco de Esme me beber. Bem, eu pensava assim naquela época, mas hoje sei que não estava tão segura quanto pensava.

Eu sabia que ela não era má, mas ouvir dela mesma as palavras dissipou toda dúvida que ainda restava em minha mente.

— Você está com medo, Carol? – ela perscruta minha expressão para tentar perceber por si mesma, mas eu estou tranquila agora e não há nenhum vestígio de medo em meu semblante.

— Não...  Na verdade, eu estou admirada por causa de seu modo de viver. Você disse nós e quando disse nós não estava se referindo apenas a você e seu marido, não é? Me fale da sua família, se puder e se sentir à vontade, claro.

— Claro, querida. Você logo será parte da família também e tem todo o direito de conhecer seus irmãos. Eu e Carlisle estamos casados há quase o mesmo tempo que eu estou... viva, mas nos conhecemos dez anos antes.

— Pode me dizer anos e datas? Sempre fui boa em memorizar datas e por isso sou muito boa no colégio, principalmente em História.

— Então você e Carlisle vão conversar muito...

— Sim, creio que ele tem muito a me ensinar como professor que viveu a História em primeira mão. Ele deve ter muita coisa interessante para contar e eu estou disposta a ouvir.

— Sim, eu e Carlisle nos casamos em 1921, mas nos conhecemos em 1911. Temos cinco filhos adotivos e uma nora maravilhosa que é como uma filha para nós, e também ela nos deu uma neta.

— Ahn? Vampiros podem ter filhos?

— Não, não da forma que você imagina. Nossos filhos foram transformados por meu marido, exceto Bella que foi transformada por Edward e Renesmee que nasceu hibrida.

— Espera um momentinho... transformados como?

— Geralmente por uma mordida no pescoço, mas pode ser no pulso ou em qualquer outro lugar do corpo que possui uma artéria ou veia para que o veneno se espalhe pelo corpo todo depois.

— Bella e Edward são meus irmãos?

— Sim eles e mais quatro. Bella e Edward são também os pais de minha neta, Renesmee.

— Eu vou ter uma sobrinha! Que legal! – sempre achei muito legal ser tia jovem. Isso não é uma exclusividade minha, suponho que meus outros irmãos também sejam jovens. E eu estava certa. E Esme e Carlisle sem dúvida são jovens para serem avós. O que é um dos benefícios de ser um vampiro, eu acho.

— Sim, querida. Mas ela não é como nós, não totalmente.

— Como assim? Ela não é uma vampira?

— Não, como eu disse ela nasceu quando a minha nora Bella ainda era humana. Foi uma gestação muitíssimo arriscada, mas Bella estava disposta a morrer pela filha se fosse necessário. Eu não a julgo, eu também morreria pelo meu filho se eu pudesse.. de certa forma foi isso mesmo que eu fiz. Renesmee é parte humana e parte vampira, ela é uma hibrida porque nasceu quando a mãe dela ainda era humana e o pai dela, meu filho é um vampiro.

— Acho que eu já estudei sobre isso em biologia. Híbrido é um animal filho de espécies diferentes, mas que podem procriar... não se ofenda com a comparação, não estou dizendo que vocês são animais.

— De certa forma alguns de nós parecem mais animais selvagens que pessoas. Tudo depende das escolhas que cada um faz.

— Quer dizer que eles fizeram... quando ela ainda era humana e agora ela também é uma vampira?

— Sim querida.

— Mas como que ela, Bella, não morreu?

— Tecnicamente ela está mesmo morta, pois é uma vampira agora. Foi pura sorte ela ter sobrevivido. A certa altura meu marido disse que ela tinha 50% de chance de sobreviver, talvez menos. Mas felizmente ela conseguiu. Só porque ela tinha todo o apoio necessário, acredito que nas lendas quando dizia que as mulheres mãe de filhos de vampiros morriam ao dar a luz, pois foi quase isso mesmo que aconteceu com minha nora.

— Só de imaginar fico espantada - coloco a mão em frente a boca aberta de choque, admirada.

— É mesmo incrível que Bella tenha conseguido ter minha neta e ainda sobreviver, mesmo que de certa forma ela tenha mesmo morrido ao se tornar uma vampira.

— Mas ninguém avisou? Não sabiam que isso poderia acontecer?

— Naquela época, ano passado, nem eu nem Carlisle fazíamos ideia. Não sabíamos porque nossos maridos vampiros são também casados com vampiras e não com humanas. Portanto não poderíamos saber de algo que não vivemos. Mas no caso de meus filhos era diferente. Bella ainda era humana e queria ter uma lua de mel de verdade com meu filho. Não é qualquer vampiro que tem controle para tocar um humano sem machucar. Não assim, mas meu filho teve, embora ele tenha deixado alguns hematomas na pele de minha nora, ela sobreviveu.

— Porque Bella não começou a se transformar imediatamente depois da lua de mel?

— Isso nós não sabemos, querida. De qualquer maneira ela só poderia ter sobrevivido como sobreviveu se tornando uma de nós. Mas essa história tem outros acontecimentos, outros complicadores que mais tarde você vai saber.

— Então você também está morta Esme? – eu pergunto, mudando de assunto pois terei tempo para saber mais dessa história de minha nova irmã. Quero saber mais de minha mãe agora e pergunto mais por curiosidade do que por repulsa por ela provavelmente confirmar minha dúvida, que não é bem uma dúvida, é quase certeza. Só falta a confirmação dela.

— Sim querida, eu também sou um cadáver ou um defunto, como preferir considerar. Só não estou enterrada onde as pessoas não podem mais me ver.

E ela não cheira mal, na verdade ela tem um perfume bem agradável.

— Esme, porque você morreu? - não sinto nojo dela, ela não é um cadáver em decomposição como um zumbi. Ela está congelada e quase intacta, perfeitamente bem.

— Depois que eu perdi meu primeiro e único bebê, ele morreu poucos dias depois de nascer, eu fiquei tão arrasada que pulei de um penhasco para morrer também. A vida não tinha mais sentido para mim se aquele para quem eu iria dedicar toda minha vida a partir de quando eu descobri que estava grávida havia morrido. Não havia mais razão para continuar existindo, nenhum motivo que me prendesse - fico imaginando eu não teria coragem de fazer o que ela fez, talvez com o motivo que ela teve... Mas eu não quero ser mãe, acho que não nasci com esse dom da maternidade que as pessoas dizem que naturalmente todas as mulheres já nascem com. Sou a exceção.

 - Mas você está aqui, Esme. Certamente alguém a salvou.

— Sim. Alguém encontrou meu corpo na base do precipício e me levou para o pequeno hospital da vila. Mas eles perceberam que não havia mais o que fazer e me levaram direto para o necrotério para morrer. Era só questão de tempo. Eu teria conseguido mesmo meu objetivo de me suicidar se Carlisle não tivesse me encontrado. Eu não sabia que ele estava trabalhando ali, foi puro destino. Ele ouviu que de algum modo meu coração ainda estava batendo, prestes a parar, mas eu ainda estava viva, e resolveu me mudar também. Não havia mais nada humanamente possível que ele pudesse fazer para salvar a minha vida humana, por isso ele me transformou em uma vampira...

— Quer dizer que você tem de estar quase morrendo para virar vampira?

— Não. Não necessariamente. Carlisle é assim, ele não faria isso com alguém que tivesse chance de sobreviver de outra maneira. De certa forma alguns de nós não poderíamos sobreviver se não fossemos transformados. Exceto ele, Alice e Jasper.

Fico pensativa e concluo que não tenho muita chance de ter meu desejo de ser imortal realizado. Jamais eu iria me matar. Nisso sou uma covarde. Meu instinto de viver é mais forte do que minha coragem. Só se alguém me ferisse mortalmente. Não entendo as pessoas que se arriscam em esportes radicais e não faria algo desse tipo para me matar.

— Eu adorei reencontrá-lo depois que acordei. Agora tenho um novo motivo para viver, Carlisle me deu muito mais que somente uma vida nova, ele me deu uma família também - Esme continua de onde eu havia interrompido.

— Quanto tempo vocês se casaram depois disso? - me distraio com facilidade e já esqueci o que eu queria. Sei que não vou ter, então é melhor esquecer.

— Depois que eu acordei como vampira ainda tive de lidar com as emoções de recém-criada, mas algum tempo depois nós confessamos nosso amor um pelo outro e nos casamos alguns meses mais tarde.

— Essa transformação que você disse demora muito? 

— Entre Carlisle me morder e eu acordar passaram quase três dias. Aproximadamente o tempo que o veneno leva para se espalhar conforme o sangue circula pelo corpo da pessoa.

— E que é recém-criada?

— É como nos referimos ao primeiro ano de vida como vampiro, quando você ainda está se adaptando e pode ser mais difícil de se controlar. De certa forma é como se a pessoa tivesse de aprender tudo novamente, e voltasse a ser um bebê.

— Eu não vou me lembrar de nada dessa vida? Nem de você? - pergunto sobressaltada, algumas coisas eu quero esquecer, mas outras como as lembranças dela eu não quero perder.

— Pode acontecer, mas geralmente com o tempo as memórias humanas retornam, como para mim voltaram.

— Como se transforma alguém em vampiro? – minha curiosidade súbita me surpreende. Porque eu quero saber? Nem eu sei direito.

Eu também não tenho nenhum problema em falar vampiro, é como se a palavra fosse nada mais do que simplesmente um adjetivo e não carregasse um pressuposto pejorativo.

— O método tradicional é uma mordida no pescoço. - Minha mão instintivamente protege minha garganta e eu engulo em seco. Não acho que isso seria obstáculo se algum vampiro quisesse mesmo me morder eu não iria conseguir me defender. E se Esme quisesse me morder já poderia ter feito há muito tempo e eu não resistiria, não iria querer magoá-la.

Ela sorri levemente ao perceber minha reação involuntária.

— Não tenha medo... – ela diz com a voz suave, ela não queria me assustar e fica mal em me ver amedrontada. Uma parte dela quer que eu fuja, mas uma parte não quer me perder. – Só farei isso quando você pedir, nós não atacamos as pessoas como outros vampiros.

— Existem mais? – pergunto de repente com medo realmente, como eu não tinha sentido até agora.

— Não muitos, mas a maioria é nômade e não vivem em países tropicais. Geralmente no norte do planeta, nos EUA e na Europa. Exceto as Amazonas, mas elas vivem reclusas na floresta.

— As amazonas vivem aonde, na Amazônia? – pergunto incrédula que eu possa estar certa.

— Sim. Elas e os outros nômades não são como nós, quer dizer, nos seus hábitos alimentares. Eles sobrevivem bebendo sangue humano, como os vampiros são tendentes a fazer. Nossa tendência de alimento ‘natural’.

— Mas você não. Porque você e sua família se esforçam? Não quero que me entenda mal, é claro que me sinto grata que não se alimente de pessoas, mas só estou curiosa para saber por que vocês fazem assim. Porque escolheram viver se sacrificando? Imagino que deve ser difícil, como é para nós humanos resistir ao chocolate ou algum doce que sabemos que não devemos comer.

— Exatamente querida, é assim mesmo. Mas eu diria que é mil vezes pior, mas nós também somos mil vezes mais fortes que os humanos, então acho que pode comparar... Nossa família, nós não queremos ser monstros, queremos conviver com as pessoas, usar nossas habilidades para conviver em harmonia e ajudar os seres humanos, como Carlisle faz. Talvez acreditemos em algo além, não exatamente em Deus, mas no bem. E se Deus é bem então pode-se dizer que de certa forma cremos em Deus.

— Vampiros acreditam em Deus?

— Sei que pode parecer estranho, mas acho que a dieta de sangue animal nos deixa com tendências mais humanas. O sangue animal é nossa bebida natural tanto quanto o sangue humano é [sangue é sangue]. De certa forma as pessoas também são animais. Não se ofenda, Carol.

— Tudo bem Esme, eu compreendo o que você quer dizer. Mas eu acredito mais na criação do que na evolução.

— Não é muito comum, pois nas escolas ensinam a evolução geralmente e esquecem a criação. Mas não surpreende que você não queira acreditar que veio do macaco.

— Talvez os seres humanos são sim parentes dos macacos, mas Deus nos criou dotados de razão enquanto os macacos não. - eles tem o mesmo tempo que nós e não são inteligentes. Então deve haver algo mais que nos difere.

—Talvez eles apenas não possam falar, mas tem sim alguma reflexão.

— Eu sei, li sobre isso em algum lugar que os animais tem emoções. E principalmente os golfinhos, os cachorros, os gatos e até mesmo os macacos apresentam alguma manifestação sentimental. Os animais sentem e tem conexões entre si por causa da convivência, só não podem se expressar de uma forma compreensível para nós humanos, creio eu.

São seres sencientes. Sentem mas não falam de uma maneira que nós compreendemos.

— E as plantas? Também são seres vivos como os animais - agora parece que ela está me entrevistando, querendo descobrir como eu penso e querendo me conhecer melhor, como eu a ela.

— Sim, mas não podem se locomover e por isso tem uma particularidade. São um mistério. Se algumas árvores milenares pudessem falar seria muito bom, elas contariam histórias interessantíssimas... Você e sua família são únicos também Esme – volto para ela pois percebo que estava divagando no assunto para longe do tema principal. Me distraio facilmente se 'não puxo a rédea'.

Tento apreender o tanto de sorte que eu tive em conhecer Esme, e não outro vampiro menos civilizado. Ela é uma raridade que tive a sorte de encontrar ou ela é que me encontrou. Não sei o que nos fez nos conhecermos, mas agradeço ao que quer que seja.

— Sim e não. Há outro clã como a nossa família que se alimenta apenas de sangue de animais e desistiram de caçar as pessoas. Mas eles preferem viver afastados dos seres humanos e evitar a tentação e o perigo tanto para eles quanto para os humanos, por isso moram isolados no Alasca.

 - Quantos são? – Acho que posso perguntar isso.

— Cinco. Acho que o fato de abrirmos mão de matar seres humanos para sobreviver nos deixa mais propensos a criar laços familiares e viver em grupos maiores. Consideramos-os nossos primos, por afinidade. Ainda bem que nós somos os únicos a pensar diferente, se fôssemos mesmo assim valeria a pena persistir em nosso estilo de vida. Eu já me acostumei, e não me imagino de outro jeito.

— Sua família são quantos Esme?

— Atualmente somos nove, mas em breve seremos dez com você.

Não sei se ela está se referido somente à quando eu for morar com ela ou quando eu for transformada. Quero ser uma vampira, mas não qualquer vampira. Quero ser uma vampira boa como os Cullen e viver pacificamente.

...XXX..


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Notas finais do capítulo

Trilha sonora:
como minha amiga no facebook disse, essa musica lembra quando Esme fugiu e pretendia dar uma vida melhor para o seu filho só que o destino foi muito cruel :'( Agora toda vez que ouço eu lembro dela e sinto por ela :'(
https://www.youtube.com/watch?v=eg3omyesStg

"Find me or let me find you"
https://www.youtube.com/watch?v=0z_WBrOhYqU



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