Paparazzi escrita por Kyra_Spring


Capítulo 6
Capítulo 5: Greatful Sound


Notas iniciais do capítulo

N/A: Antes do capítulo começar, um esclarecimento sobre as músicas neles citadas. A primeira, Kamisama Hitotsu Dake, é da Nana Kitade. Você pode conferi-la aqui:

MÚSICA: http://www.youtube.com/watch?v=VrDaY-JqxKU
LETRA COM TRADUÇÃO: http://vagalume.uol.com.br/nana-kitade/kamisama-hitotsu-dake.html

A segunda música é Brainstorm, de Beck Mongolian Chop Squad (um anime, aliás, extremamente foda, que recomendo 100%... inclusive quem conhece reconhecerá o nome do capítulo.. ). Ouça (sério, essa você TEM que ouvir! òÓ):

MÚSICA: http://www.youtube.com/watch?v=HJFuuikIVeY
LETRA COM TRADUÇÃO: http://vagalume.uol.com.br/beck/brainstorm-big-muff.html

Esclarecimentos feitos, vamos à fic!



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            E, assim, os dias passaram.

            Claro, como eu esperava, minha mãe falou um monte. E, claro, eu merecia.

            Não tocávamos no assunto da carta, mas eu sabia que o dia em que [i]ele[/i] havia dito que voltaria estava se aproximando cada vez mais. Ela estava tensa, eu podia perceber, mas se esforçava para passar uma imagem de tranqüilidade.

            Um dia, acabei perguntando:

- Por que você o deixou vir, afinal de contas? Depois de tudo o que ele fez conosco... não faz sentido.

- Porque quero resolver isso de uma vez por todas – respondeu ela – Quero que ele veja que não precisamos dele para termos uma vida boa e feliz. E – então, ela abriu um imenso sorriso – quero que ele saiba que voltei a compor, e que realmente não precisamos dele!

- É sério? – ah, dona Yoko... sempre me surpreendendo! – Isso é incrível! Por que não me contou antes?

- Oras, eu queria fazer surpresa – ela deu de ombros – Além do mais, acabei de ser contratada por um estúdio. Eles querem que eu componha a trilha para um OVA, coisa pequena, mas ainda assim importante. E eu já tenho algumas músicas prontas!

- Nossa, isso é fantástico mesmo! – sorri, também – Quero ouvi-las logo!

- E eu quero saber como andam as suas músicas – ela me encarou – Você não estava trabalhando em uma letra?

- Ah, Slip Out – droga... esse é o problema de se ter uma mãe que trabalha com música – A letra continua parada. Não consigo escrevê-la, não tenho nada que me inspire... o que é estranho, porque a melodia surgiu tão naturalmente...

- Relaxe, ela virá – ela sorriu outra vez – Não vou poder ir vê-lo tocar no Festival porque tenho um prazo a cumprir e estou cheia de idéias, também. Mas, me faça um favor? Não se atrevam a ir embora daquele palco sem tocar Brainstorm. Vocês tem um nome a zelar, e essa é a melhor música de vocês!

- Claro que não, mãe – respondi – A Scherzo di Notte nunca decepciona seus fãs!

            Tá, “fãs” pode até ser uma palavra meio forte demais para definir a meia dúzia de tietes que assistiu a toda a meia dúzia de shows que fizemos. Mas tinha gente que gostava de nos ouvir, e nós daríamos a eles algo pra se lembrar. Eu e o pessoal da banda conversávamos muito sobre o Festival, e todos estavam decididos a fazer uma apresentação memorável.

            E eu me esforçava para isso. Estava ensaiando como louco. E, ultimamente, apesar dos chiliques da Larxene, todos na banda estavam num entrosamento perfeito. Já tínhamos todo um setlist, estávamos empolgados, o pessoal da escola também estava falando muito sobre o show... sim, aquela noite seria algo pra se lembrar.

            E, enfim, chegou o grande dia.

            Já tínhamos deixado tudo pronto no ginásio no dia anterior. E eu sentia que aquela noite seria cheia de surpresas. Estava empolgado, e enquanto me arrumava, ficava imaginando como seria a apresentação.

- Nossa, você deve estar mesmo ansioso! – disse minha mãe, rindo, ao passar por mim.

- Por que está dizendo isso? – dei de ombros

- Simples, você passou cinco vezes mais tempo na frente do espelho hoje do que nos outros dias!

            Oras, o que ela esperava? Ela acha que meu cabelo fica desse jeito sozinho?

- Tem certeza que não quer ir ao Festival? – perguntei – Vai ser legal...

- Desculpe, filho, não posso mesmo – ela respondeu – Tenho muita coisa para fazer. Mas vá logo, e divirta-se, está bem?

            Então, ouvi batidas na porta. Era Xion. E, eu tinha que dizer, ela estava linda. Ao invés do uniforme do colégio, ela usava uma calça jeans, uma camiseta do The Who, um grosso bracelete de couro, e o cabelo estava todo desfiado. Ela parecia-se cada vez menos com a garota certinha que eu imaginava no momento em que a conheci.

- Ora, se não é o rockstar da noite! – ela disse, sorrindo, assim que abri a porta – Vim buscar você, para que você não saísse correndo.

- Sabe que eu não faria isso – dei de ombros – E então, estou bonito?

- Suas groupies te adorarão, pode ter certeza – ela riu – E então, vamos?

            Saímos conversando. Ela adorava música, principalmente rock mais clássico. E chegamos ao ginásio no meio de uma discussão muito profunda:

- Não adianta, o rock morreu nos anos noventa – ela dizia – O que se produziu de bom depois disso? Nada! Só música descartável e vazia.

- Não diga uma coisa dessas – eu rebatia – Tem muita coisa boa hoje, é só saber onde procurar.

- É esse o problema – ela insistia – Hoje, pra encontrar coisas boas, você tem que procurar. Antes dava pra ouvir música boa em qualquer rádio.

            Zexion e Marluxia já haviam chegado, e estavam checando o equipamento. Logo depois, Demyx chegou também. Enquanto cuidávamos dos cabos, Xion observava a platéia pela fresta da cortina, e nos dava os relatórios:

- Nossa, tá lotando muito rápido! – havia excitação na voz dela – Bem que eles deveriam cobrar ingresso desse pessoal...

            Resolvi dar uma olhadinha também. Realmente, o ginásio estava cheio – e mais gente ia chegando. Discretamente, procurei por Roxas. Ele havia dito que ia, eu sei, mas não coloquei muita fé. E não posso dizer que fiquei surpreso ao não vê-lo ali. Só fiquei um pouco... decepcionado.

            E, enfim, Larxene apareceu. Ela parecia estar animada. Repassamos rapidamente o setlist, e então as luzes do palco se apagaram. Xion saiu, dizendo que ia procurar um lugar para assistir o show, e então...

- Bem, gente... – disse Zexion – É agora.

-----

            Passei todo o dia decidindo se iria aceitar o convite de Axel ou não.

            Por um lado, eu não me sentia confortável com isso. Era gente demais num espaço muito pequeno, exatamente o tipo de coisa da qual eu queria fugir. Por outro, ele havia me convidado. E algo me dizia que esse era um convite que eu iria me arrepender amargamente se recusasse. Até mesmo minha mãe estava me dizendo para ir.

            Mas o último incentivo bateu à minha porta na noite do show...

- Você ainda está aqui? – era Naminé. Confesso que fiquei meio balançado quando a vi. Ela usava um vestido branco, e os cabelos trançados. Estava mesmo muito bonita – Não vai ao show?

- Ah, não sei – respondi – Vai terminar tarde, e vai estar muito lotado...

- Nada disso! – ela sacudiu a cabeça – É o primeiro evento da escola, você tem que ir! E nem vai terminar tão tarde assim! Ah, vamos, por favor...

- Tá bom, tá bom! – bem... ela era persuasiva – Só me dê dez minutos pra trocar de roupa, OK?

            E, logo, estávamos saindo. Todo o colégio estava iluminado e decorado. O ginásio era o que tinha mais luzes, e dava pra ver que estava lotado. Eu já começava a me arrepender daquela idéia estúpida, e a me sentir acuado. Pessoas demais me assustavam – e ali, definitivamente, havia pessoas demais.

- Com licença, com licença, Conselho Estudantil passando – ela dizia, enquanto cortava caminho entre a multidão para chegar mais perto do palco – Preciso ir até lá para ter certeza de que tudo está correndo bem.

- Isso é certo? – perguntei – Usar seu cargo no Conselho para cortar a frente deles?

- Não sei – ela deu de ombros – Mas de onde estávamos não veríamos nada. Assim, podemos ficar bem perto do palco!

            Então, as luzes diminuíram e as cortinas se abriram. Todos ficaram em silêncio, por um momento, até que fachos difusos de luz incidiram sobre cada um dos membros da Scherzo di Notte. Em destaque, estava Larxene, olhos fixos no chão, uma expressão compenetrada, enquanto dizia:

- Com vocês... Kamisama Hitotsu Dake.

            E a música começou.

            Não havia dúvida nenhuma: eles tinham talento, e sentimento. Em cada um deles, era possível ver isso. A guitarra principal era muito marcada, muito forte, sem contudo se sobrepor à voz dela. O teclado e a guitarra-base também estavam harmônicos e bem-feitos. E o som do baixo costurava todos os elementos.

            Mas foi a bateria que mais me chamou a atenção.

            O som dela casava perfeitamente com a música – forte, intenso, até mesmo um pouco cru – mas não foi isso que me intrigou. Axel parecia completamente alheio e entregue ao momento. Não havia nos olhos dele aquela ansiedade de sempre, pelo contrário. Ele parecia livre, leve. Talvez fosse por isso que ele tivesse tanta paixão por música – ela o libertava, e o levava para algum tipo de refúgio daquilo que o preocupava.

            E, naquela hora, eu senti que o entendia. Que sabia o que ele estava sentindo.

            Então a música terminou. E toda a platéia explodiu em aplausos e assobios.

            Pude ver o sorriso dele. E, novamente, não era o sorriso sarcástico – era um sorriso genuíno, de alegria pura e sincera. Outras músicas vieram, algumas mais rápidas, outras mais lentas, mas em todas dava para sentir uma energia muito intensa vinda deles. E eu não me importava mais por aquele ser um lugar lotado e apertado. Eu já sentia aquela energia, e sentia que ela me tocava. Até estava me arriscando a cantar em voz alta as músicas que eu conhecia.

- E você ainda disse que não queria vir – disse Naminé, sorrindo – O show está perfeito!

- Está mesmo... – concordei.

- OK, pessoal – então, o vocalista (Zexion era o nome dele, eu acho) disse a todos – É com muito pesar que eu informo que a nossa próxima música será a última.

            Um “aaaaaaaahhhhhhhh” correu por toda a platéia, enquanto ele continuava a dizer:

- Mas é claro que guardamos o melhor para o final. Com vocês, pra fechar a noite com chave de ouro... BRAINSTORM!

-----

            Depois que comecei a tocar, não vi mais nada nem ninguém.

            Era sempre assim: depois que a música começava, eu ia para outro planeta. Tudo o que eu sentia era a vibração da platéia na nossa direção, e fazia de tudo para corresponder a essa vibração. Era uma sensação inacreditável, algo que preenchia cada terminação nervosa e se espalhava pelo meu corpo. Enfim, algo que não dá para explicar com palavras.

            Hehe... fico imaginando se os caras das bandas grandes e famosas se sentem assim também.

            Mas foi antes da última música que eu olhei para a platéia. Eles eram nossos, isso eu percebi. Os olhos deles brilhavam, a empolgação estava escrita na testa deles. Mas foi ali, na primeira fileira, que eu encontrei um incentivo extra.

            Quem diria... Roxas estava ali. E com Naminé. E, pelo visto, também estava adorando o show.

- OK, pessoal, é com muito pesar que eu informo que a nossa próxima música será a última – disse Zexion – Mas é claro que guardamos o melhor para o final. Com vocês, pra fechar a noite com chave de ouro... BRAINSTORM!

            Isso. Era por esse momento que eu estava esperando. Minha mãe estava certa, aquela era nossa melhor música, a mais intensa, a mais animada, a mais para cima. E era uma das poucas músicas em que Zexion fazia os vocais principais. E, quando começamos, quando as primeiras batidas e os primeiros riffs começaram a tocar, a platéia veio abaixo. Até mesmo Zexion, todo sério e compenetrado o tempo todo, começou a se soltar mais. Até acho que o vi sorrir, mas não tenho certeza disso. Provavelmente, se eu perguntar, ele irá negar até a morte.

            Demyx, por outro lado, estava mais empolgado que nunca, e praticamente dançava pelo palco com a guitarra. E eu... bem, pra ser honesto não faço idéia de como estava. Só sei que estava dando tudo de mim, e que estava adorando aquilo. Talvez essa fosse a grande mensagem de Brainstorm. Como diz em um dos versos, “Vá de cabeça contra o vento ou cavalgue o pé do vento / O jogo está em suas mãos, como você o jogará? Siga sua grande inspiração!”.

            E era o que todos nós estávamos fazendo ali.

            E quando a música terminou, e as paredes do ginásio tremeram com os aplausos e gritos, e eu vi nos olhos do pessoal da banda o quanto aquela noite estava sendo especial, e que havíamos conquistado a platéia... eu soube que havíamos cumprido o nosso papel. E, em especial, quando eu prestei atenção em Roxas ali, na primeira fileira, e vi a expressão dele, e os olhos brilhantes e um sorriso tão sincero e empolgado... tive a certeza disso.

- Vocês são incríveis, muito obrigada! – disse Larxene, com um sorriso meio afetado, enquanto Demyx realizava suas fantasias de aspirante a rockstar e jogava suas palhetas para o público. Eu acenei, também, enquanto saía para os bastidores. Os outros me seguiram logo, completamente empolgados com o show.

- Isso foi fantástico! – disse Marluxia – Foi a nossa melhor apresentação, sem dúvida. Precisamos desse feeling para o Festival.

- Você viu só como eles ficaram? – disse Larxene – Eles nem piscavam!

            Eu estava muito feliz, também – mas completamente exausto. Os outros decidiram sair para comemorar, mas eu preferi simplesmente voltar para casa e dormir. Me despedi de todos, e saí do ginásio, esperando não pegar o tumulto que provavelmente estava se formando na saída.

- Axel! Ei, Axel! – alguém me chamava. Xion estava me esperando do lado da porta – Foi incrível! Vocês são muito bons!

- Hehe, obrigado – eu não era muito bom com elogios – Que bom que você gostou.

            Então, vi que outra pessoa corria na nossa direção.

- Senpai! – era Naminé, sem dúvida. Ela era a única que ainda me chamava dessa forma estúpida – Você esteve inacreditável!

- Ah, oi – nah, não vou criar caso por isso agora – E... oi, Roxas! Que bom que vocês vieram.

- Ele não queria vir – ela disse, encarando-o e fazendo-o corar – Tive que praticamente arrastá-lo comigo. Mas não acho que ele tenha se arrependido, não é?

- Claro que não – ele disse, tímido – Foi... foi muito bom.

- Bem, ainda está meio cedo – eu disse – A gente podia sair para comer alguma coisa, que tal?

- Ah, não sei. Preciso chegar logo em casa – disse Naminé – Mas obrigada pelo convite mesmo assim.

- Eu também preciso ir logo – desculpou-se Xion – Bem, cuidem-se meninos. Até mais!

            As duas foram embora, e Roxas ficou. Encarei-o por um instante.

- Tem uma casa de lamen por aqui – eu disse – Se quiser...

- Bem... tá, vamos – então, ele sorriu – Eu realmente estou com fome...

-----

            Seguimos até a casa de lamen falando sobre o show.

- As músicas são todas de vocês? – perguntei.

- Nem todas – ele respondeu, vasculhando a tigela – Droga, eles estão reduzindo a carne nas tigelas a cada vez que venho aqui! Enfim, Kamisama Hitotsu Dake é da Nana Kitade, Why é da Ayaka... mas Brainstorm é inteira nossa. Ela tem uma história engraçada – ele riu – Nós a escrevemos no ano passado. Tirando o Zexion e o Marluxia, todos estávamos ferrados com nossas notas. Eu e o Demyx estávamos quase de recuperação final em história, a Larxene estava até pensando em dar em cima do professor de inglês para que ele melhorasse a nota dela... Aí, na noite da véspera das provas finais, resolvemos mandar tudo para o inferno e sair para nos divertir. Paramos num bar de karaokê por aí e, então, a Larx começou a falar sobre auras negativas e sobre como elas estavam influenciando a nossa vida. A partir daí, peguei um guardanapo e comecei a rabiscar. Cada um sugeria um verso, cada um falava uma coisa... naquela noite, a letra estava pronta. E, depois das provas, Marly apareceu com toda a melodia.

- Que história – eu disse – Mas pelo visto deu certo, todos passaram, não é?

- Bem... ainda achamos que a Larx andou mostrando os peitos para o professor, mas não temos certeza disso – ele deu uma risada alta – A verdade é que conseguimos uma mensagem positiva, e pelo menos eu acho isso importante.

            Prestei atenção nos olhos dele. Havia aquele peso outra vez, aquela apreensão.

- Você está bem? – perguntei.

- Ah... sim, tá tudo bem – ele deu um sorrisinho meio falso – Só tô preocupado com umas coisas, nada de mais.

- E... eu posso ajudar? – perguntei, meio incerto. Ele apenas sacudiu a cabeça e disse, com uma nota melancólica na voz:

- Nah... essa é uma coisa que eu preciso resolver sozinho – e, então, ele me encarou – Mas obrigado mesmo assim. É... muito gentil da sua parte.

            Continuei a comer, em silêncio. Ele também tinha segredos. Talvez, por isso, compreendesse os meus tão bem.

- Sabe... – então, ele disse, de repente – Meu sonho é ser um músico profissional. Me especializar, me formar, e então viver disso. Só que dá pra contar nos dedos quantas pessoas pra quem eu falei isso não me disseram para desistir e procurar um emprego de verdade.

- Imbecis... – murmurei, sem conseguir me controlar. Ele ouviu, e perguntou:

- O que você disse?

- São uns imbecis – disse mais alto – Quem são eles para julgar o sonho de uma pessoa? Quem são eles para dizer a alguém para desistir?

            Então, ele me encarou, como se não acreditasse no que estava ouvindo. E eu continuei:

- Acho que as pessoas perdem tempo demais julgando umas às outras, e se esquecem de se preocupar com as próprias escolhas... Se elas passassem a prestar mais atenção em si mesmas, talvez o mundo não fosse um lugar tão lotado de gente medíocre e estúpida.

- Uau... essa foi forte – disse Axel, sem esconder um sorriso, mas depois ele ficou sério – Muito obrigado por isso. Por... não me dizer para desistir.

- Não por isso – sorri também. Só então olhei para o relógio – Ai, droga! Minha mãe vai ter um surto, olhe só a hora! Preciso ir embora.

- Ei, espere, eu vou com você! – ele disse, deixando umas notas sobre a mesa – Aqui não é lá o lugar mais seguro do mundo, não é uma boa idéia sair por aí sozinho.

            E ele me acompanhou até a porta da minha casa. Minha mãe já me esperava na porta, preocupada. Ele não quis entrar, apenas se despediu e saiu, acenando. Ainda o observei por um tempo, até não poder mais vê-lo.

            Como era possível? Nos conhecíamos há poucas semanas e, mesmo assim... era como se eu o conhecesse desde sempre. Não fazia sentido.

- O seu amigo não quis entrar? – minha mãe me despertou dos meus devaneios.

- Não... ele disse que estava cansado – respondi, fechando a porta – Acho que vou dormir, também. Boa noite.

            E, naquela noite, pela primeira vez em muito tempo, não tive pesadelo nenhum.


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