I Want To Be Your Girlfriend escrita por Kyra_Spring


Capítulo 4
A motherf---ing princess




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–Dá pra ver alguma coisa, Ed?

–Tô tentando, Al, tô tentando... Será que dá pra me erguer mais?

–Escuta, eu não sou uma escada Magirus, valeu? Não dá pra fazer milagres!

            Vamos situar os nossos amigos leitores na situação. É sábado à tarde, no terceiro andar do Hotel Ritz, na rua Olmo número 519, e os nossos amigos Edward e Alphonse Elric estão tentando espiar através de uma janela. Não que fosse uma tarefa fácil: para vocês terem uma idéia, Al estava em cima de um latão de lixo com um metro e meio de altura, e sobre as mãos dele (erguidas ao máximo) estava Ed, dividindo-se entre se equilibrar e tentar escalar as janelas. Por fim, depois de muita oscilação, ele conseguiu se apoiar numa janela e subir. Alphonse foi logo depois, esgueirando-se com dificuldade pela parede e ajudado por Ed.

–Sinceramente, eu não sei o que estou fazendo aqui ainda – retrucou Al, emburrado, enquanto se sentava no parapeito da janela aberta.

–Você está me ajudando a fazer o que a Riza pediu – respondeu Ed.

–Ah, tá, e até parece que seu único interesse é uma ajuda altruísta à Riza, não é?

–Até você concorda que a irmã do Roy é uma gracinha, não concorda?

–Sim, mas será que justifica a gente subir numa janela, correndo o risco de ser pegos, só para você sair com ela? Cara, ela tem quase o dobro da sua idade! – observou Al.

–O amor não tem idade, meu caro – o irmão foi otimista – Agora quieto, que nós temos trabalho a fazer. O lugar está desocupado, o que quer dizer que podemos entrar.

            Os dois entraram pela janela aberta. Era um quarto amplo, com uma cama de casal coberta por um dossel e um enorme armário. Pelo que sabiam, o quarto que abrigava os Mustang naquele hotel era o maior e mais luxuoso de todo o lugar. Ed caminhou nas pontas dos pés até a porta, olhou de um lado para outro e depois disse:

–Parece que não tem ninguém. Vamos dar uma olhada nas gavetas? Aposto que esse é o quarto da Trista, e talvez alguma coisa aqui sirva à Riza.

–O que você acha que teria aqui, Ed? Algum tipo de poção hipnótica, ou um aparelho de controle mental? – disse Al, meio sério, meio sarcástico – Ou talvez um boneco de vodu com a cara do Roy.

–Cala a boca, Al, e me ajuda aqui! – o alquimista ralhou com o irmão, e começou a fuçar nas gavetas do quarto da mulher. Nada de muito interessante: na primeira, blusinhas. Na segunda, meias. Na terceira, saias e shortinhos. E na quarta, estavam as lingeries de Trista.

            Essa última gaveta interessou muito Ed (nota da autora: ah, qual é, o que você queria? Ele é um cara de 14 ou 15 anos, é lógico que 90% da mente dele está ocupada com besteira. Sei disso por experiência própria, se vocês conhecessem alguns amigos que tenho...), que começou a olhar tudo com muita atenção. Al até foi lá ver se o irmão precisava de ajuda, mas este disse:

–Não, pode deixar, eu me viro aqui! – e começou a fuçar e a revirar, até esbarrar numa coisa mais dura. Era um livro, trancado – Ei, Al, olha isso! O diário de Trista McLamure... Será que é disso que a Riza está falando?

–Acho que sim. É melhor a gente sair logo, antes que alguém chegue – observou Al, olhando sobre os ombros preocupado.

            De repente, um som fez os dois gelarem.  Era o de uma chave entrando no trinco e sendo virada. Branco como leite (nota da autora: que ironia, não?), Ed olhou para Al, que só não estava tão branco como Ed porque era de metal, e disse, quase sem voz:

–E agora, o que a gente faz?

–Feche essa gaveta logo, raios que o partam! A gente tem que sair daqui logo! – respondeu a armadura, que já tratou de tentar descer pela janela, enquanto Ed fechava a gaveta.

            Mas, como todo mundo deve saber, o pânico atrapalha bastante a vida das pessoas. Al não conseguia passar pela janela sem fazer barulho, e se alguém ouvisse os dois entrariam pelo cano. Por fim, Ed fez o irmão voltar e disse a ele:

–O melhor é a gente se esconder em algum lugar. Eu posso ficar debaixo da cama, e você.... – olhou em volta – você... – olhou em volta de novo – você... Ah, cara, se vira!

–Grande amigo você, hein? – sibilou Al, furioso, enquanto se escondia atrás da cortina.

            Enquanto isso, na porta, estavam as únicas pessoas que eles tinham que evitar. Uma era a própria Trista, a outra era Odete, a terceira era Adrian e a quarta, a que poderia fazer Ed passar o resto da vida varrendo o pátio do quartel e servindo café, era Roy, que não podia nem sonhar que os dois estavam lá. Eles conversavam animadamente sobre qualquer coisa que os irmãos Elric não conseguiram identificar (até porque estavam ocupados demais para rezar para qualquer um que estivesse disposto a ouvi-los para não serem descobertos). A última frase, porém, era impossível de não ouvir. Era de Trista que, com uma voz estridente, disse:

–Acho que agora vou para meu quarto trocar de roupa.

            O quarto do hotel não era bem um quarto. Na verdade, era mais um apartamento com dois pequenos dormitórios. Um deles era ocupado pelo casal Mustang 1 (Odete e Adrian) e o outro era ocupado por Trista. Roy ia visitá-los sempre que podia, mas ficava em sua própria casa. Ed estava com o coração querendo sair pela boca, enquanto ouvia os passos de salto-agulha da mulher se dirigindo para o quarto. Então, o barulho de uma mão na maçaneta. E então...

–Espere aí, querida, quero te mostrar uns sapatos novos que comprei. Vou usá-los no casamento e quero saber se você gosta deles – era uma voz forte, daquelas de diretora de escola primária, que provavelmente pertencia à Odete.

–Ora, vai ser uma ótima idéia! – eles identificaram a voz de Roy – Enquanto isso, eu e o papai podemos ir preparando o jantar para vocês. Que tal?

–Perfeito! – concordou Trista, exultante, tirando a mão da maçaneta e se afastando.

            “Alívio” é uma palavra fraca demais para definir o que os dois irmãos sentiram naquela hora. Ed deu um suspiro exagerado, e saiu de baixo da cama, tomando o cuidado de não fazer barulho. Al também saiu de seu (nada eficiente, diga-se de passagem) esconderijo, e disse, olhando o quarto à sua volta:

–A gente tem o que procurava, agora temos que nos mandar, mas como? – foi até a janela – É alto demais pra pular... A gente devia ter pensado num plano de fuga antes de vir para cá.

            Mas Ed não prestava atenção. Em sua cabecinha, outro pensamento circulava, mais importante do que tudo ali:

            “Se eu não conseguir o que a Riza quer, a Mellie não sai comigo. Por outro lado, se o Roy me pega aqui ele bota fogo na minha cabeça. Tá certo, se ele descobrir que eu quero sair com a irmã dele, o cara também vai botar fogo na minha cabeça... E se eu tentar sair com ela sem conseguir o que a Riza quer, é ela que vai me dar um tiro! E se ela resolve me acertar, como não conseguiu fazer com o Havoc?”

            Perdido nesse dilema moral, Ed se assustou viu que Al o chamou até a porta entreaberta do quarto, dizendo:

–Acho de descobri um jeito de a gente sair, mas vou precisar da sua ajuda. Tá vendo aquela janela com um toldo ali no corredor? – a armadura apontou para o fim do corredor – Então, ela é grande o bastante para eu passar, mas se a gente tentar sair aqui, eles nos pegam. Tem alguma idéia?

–Deixe-me ver... – o garoto começou a analisar a situação – As duas barangas estão daquele lado ali, não estão? E o Roy e o pai dele estão ali, do outro. O corredor até a porta está livre, mas qualquer barulhinho aqui vai ser ouvido pelos dois, e aí você já viu.

–Exatamente. Então, a gente precisa de uma distração – continuou o primeiro – O que despertaria a sua atenção mais facilmente?

–Sei lá... uma explosão, um cano estourado, alguma coisa que fizesse barulho e que parecesse espontânea... – foi dizendo ele, mas então um plano se formou na sua cabeça – Ah, já sei! Acha que dá pra gente chegar no banheiro sem sermos vistos?

–Acho que sim. Dá pra ir daqui até o banheiro e de lá até o corredor externo sem sermos notados.

            Colocando o plano em prática, então, os dois foram, pé ante pé, até o banheiro, sempre olhando em volta e sobre os ombros para não serem vistos. O toalete era imenso, todo trabalhado, com uma banheira de hidromassagem e detalhes cromados por todo lugar. Sem hesitar, Ed bateu as palmas das mãos uma contra a outra e, depois, tocou nos canos atrás da pia. Em questão de segundos, o cano estourou, esguichando água por todos os lados. Foi só então que Alphonse percebeu que havia uma pequena falha em seu plano:

–Peraí... Só tem uma porta aqui, certo?

–É... Pelo menos é o que parece – respondeu Ed, que só depois parou para pensar – Espere um pouco... você disse que só tem uma porta?

–É, mais ou menos isso.

–E quer dizer que eles vão entrar por essa porta, não é? – continuou Ed, cada vez mais pálido.

–A-a-acho que sim – gaguejou Al, ficando mais apavorado ainda.

–E não vai dar tempo de a gente sair antes disso, não é?

–Acho que sim... Você não vai ficar bravo comigo, vai?

–COMO VOCÊ PÔDE SER TÃO IDIOTA, AL??? – pouco se importando se eles seriam ouvidos ou não, Ed berrou, desesperado – E AGORA, O QUE A GENTE FAZ? – parou, e ouviu um ruído, depois continuou, sussurrando – Eles estão vindo para cá!

–Tive uma idéia! – pensando rápido, Alphonse bolou outro plano – Acho que você passa pela janela. Eu te ergo, e você tenta atraí-los para a sala. Quebre uma janela, arrebente uma parede, sei lá, use a sua criatividade. Eu aproveito a distração deles e me mando. O que acha?

–Tá bom, tá bom... – resmungou Ed, em resposta, indo para a janela.

            A janela, por sinal, era o tipo de lugar por onde só alguém como Edward Elric passaria, se é que vocês me entendem. Uma clarabóia redonda de mais ou menos quarenta centímetros de diâmetro não permitia que ninguém muito maior que ele passasse. Ele viu Alphonse se esconder no box, atrás da cortina, antes de sair e tentar se segurar na saliência de cimento que havia perto da janela.

            Vamos voltar para a parte dos canos estourados. É claro que o barulho chamou a atenção de todo mundo que estava lá (e de metade dos hóspedes do hotel também, diga-se de passagem), e os quatro foram correndo até lá. Odete foi a primeira a chegar, e ao ver o banheiro semi-alagado, começou a gritar histérica:

–E FOI PARA ESSA ESPELUNCA QUE VOCÊ NOS ARRASTOU, RODNEY? OLHA SÓ, OS ENCANAMENTOS ESTÃO TODOS PODRES E ESTOURANDO À TOA!

–Querida, a culpa não é do Roy... – disse Adrian, calmo – Isso pode acontecer com qualquer um, e não vale a pena se estressar por isso.

–EU NEM QUERO SABER! QUERO ISSO CONSERTADO E QUERO AGORA MESMO! – Odete continuou berrando, alheia ao que o marido dizia.

            Roy, por sua vez, tinha seus próprios problemas para resolver:

–DROGA!!!! PRECISO DESSA PIA CONSERTADA! HOJE É O DIA DA MINHA TINTURA, PRECISO DE TUDO PERFEITO! – era Trista, que estava tendo um ataque de pelanca ao ver aquela destruição toda.

–Calma, princesa, calma, a gente já vai dar um jeito nisso – Roy tentava, inutilmente, acalmar a noiva – Você pode ir a um salão, o que acha?

–NÃÃÃÃOOO! – ela berrou ainda mais alto – SÓ EU SEI APLICAR A TINTURA NO MEU CABELO! NÃO CONFIO NESSAS CABELEIREIRAS, ESSAS PODEM DEIXAR O MEU CABELO CASTANHO-CLARO, OU LOIRO, OU AZUL!

            Os dois homens pareciam considerar seriamente a possibilidade de suicídio, naquele momento, enquanto Al, escondido ainda atrás da cortina do box, travava uma luta feroz com a sua vontade de rir. “Então o coronel se chama Rodney??? Nossa, o Ed iria adorar ouvir isso!”. Então, ele ouviu algo que o deixou apavorado:

–Você se lembra de ter deixado o box fechado? – era Adrian, que olhava diretamente para o lugar onde Alphonse estava.

–Não que eu me lembre – respondeu Roy – Será que alguém entrou aqui?

–Por que você não dá uma olhada? – sugeriu o primeiro, e o coronel foi.

            “Droga! E agora, o que eu faço?”, olhando em volta como se procurasse pela Providência Divina agindo a seu favor, Al ficava cada vez mais assustado. Enquanto escrevia mentalmente seu testamento, via o vulto de Roy se aproximando cada vez mais do box, até que...

            CRASH!!!!!!

            Era o barulho de uma janela se espatifando. Aquilo foi o suficiente para Odete surtar outra vez. Ela podia ser baixinha e atarracada, mas quando gritava sua altura parecia dobrar:

–MOLEQUES DESGRAÇADOS! EU VOU ATÉ LÁ! ADRIAN, RODNEY, VOCÊS VEM COMIGO! E VOCÊ, TRISTA, TRATE DE IR ATRÁS DO ZELADOR PARA RESOLVER ESSE PROBLEMA DO CANO! AGOOOORAAAA!

            Ao comando da senhora Mustang, todos saíram, cada um para uma direção. Al olhou para o lado e viu a carinha de Ed aparecendo novamente na clarabóia do banheiro, sussurrando para ele, com urgência:

–O que você ainda tá fazendo aí? Se manda logo!

            O mais novo não precisou de segundo aviso. Rapidamente, saiu do box e correu o mais que pôde até a porta. Por sorte (aliás, por muuuuuita sorte, já que dois segundos depois a família Mustang toda apareceu no corredor) ninguém o viu ou ouviu a porta se abrir. Então, rápido como um raio, Al desceu as escadas e saiu do prédio.

            Sim, Al saiu do prédio... mas o Ed, tadinho, continuou lá, pendurado na janela, pensando num jeito de descer. Subir foi fácil, o irmão o ajudou e tudo o mais, mas... como descer de um prédio sem se espatifar na calçada lá embaixo era uma tarefa bem mais difícil que subir. Daquele lado, havia apenas as janelinhas do banheiro, sem um parapeito grande o bastante onde se apoiar. Seu braço começou a ter câimbras violentas, e ele começou a pensar que aquela idéia foi estúpida demais até mesmo para os padrões dele.

            Então, ele foi indo lateralmente, aproveitando-se dos tijolos salientes, tentando não pensar que, se caísse, poderia virar empadinha de Eddie com azeitona. Com muito esforço, conseguiu chegar até às janelas da fachada, de onde era mais fácil descer. Então, parou na frente da fachada do apartamento dos Mustang, mas percebeu que Trista estava paradinha na frente da janela...

            “RAIOS QUE O PARTAM! E AGORA, O QUE EU FAÇO?”, ele gritou mentalmente, enquanto Trista o encarava profundamente. Então, dizendo a primeira coisa que veio à sua cabeça, ele disse, numa voz etérea:

–Eu sou o espírito dos casamentos passados, e vim aqui lhe dar uma advertência.

–Advertência? Que advertência? – ela arregalou os olhos, e abriu a janela – Fale, espírito, por favor!

            “Ela acreditou, meu Deus... eu devo ser o cara mais sortudo do mundo...”

–Eu vim lhe avisar que... que... que seu casamento está amaldiçoado! – ele disse, rapidamente – Não se case... não se case... eu vim aqui lhe trazer as más notícias!

–Mas notícias??? Ah, não! – ela exclamou – Mas tem algum jeito de afastar essa maldição?

–Só se você cancelar o casamento... – ele continuou – Ou se...

–Ah, sim, eu conheço essa lenda! – ela continuou, e sumiu em direção ao banheiro, para depois voltar, exultante – De acordo com o Livro dos maus agouros, uma forma de acabar com uma maldição é acabar com o espírito que a traz.

-M-m-m-mas você n-não pode f-f-fazer isso! – gaguejou Ed, assustado – Isso vai encher a sua vida de azar! Se me fizer mal, você será amaldiçoada!

Vade retro, mau agouro! – ela, então, pegou uma lata de spray e a despejou inteirinha no rosto de Ed. Ele estava com a boca aberta, o que quer dizer que bebeu metade do conteúdo da lata, e acabou soltando-se da janela. A suprema sorte dele era que havia um monte de lixo sob a janela, o que amorteceu a queda.

            Alphonse, que assistiu à cena toda, foi acudir o irmão correndo. E o estado de Ed estava realmente deplorável: além de estar imundo, exibia uma expressão facial muito, mas muito estranha. Quando Al perguntou o que tinha acontecido, ele perguntou, com uma voz alegre e esganiçada:

–Dá pra você preparar uns biscoitinhos pra mim, mamãe?

            Então, vendo que a coisa era séria, o pobre irmão mais novo pegou o mais velho e saiu correndo até a casa de Riza, para contar a história da espionagem mais desastrada de todos os tempos...

 

Casa da Riza:

            Voltando um pouco no tempo, veremos que, naquele mesmo dia, chegou à casa de Riza Hawkeye uma pessoa. Era uma garota, loura, de olhos azuis, que chegou cheia de malas e sacolas, como se tivesse a intenção de ficar. Essa garota era Winry Rockbell, protética e mala-sem-alça oficial dos irmãos Elric.

–Winry! Quanto tempo! – a oficial, naquela hora, estava no jardim, arrancando ervas daninhas dos canteiros – E parece que você veio para ficar por um bom tempo!

–O que eu posso fazer? O Ed e o Al só fazem bobagens se eu não estou por perto – respondeu a garota, despreocupada – Estou procurando um lugar para ficar. Você me recomenda algum?

–Bem, tem um hotelzinho perto do Quartel que é uma graça... – respondeu Riza, mas antes de ela terminar a frase, Melissa apareceu, já anunciando sua presença, no portão da casa:

–Olá, garotas! Como anda a vida?

–Winry, esta é Melissa Mustang – disse a tenente, bem baixinho – Ela é a irmã do Roy, e também é uma alquimista federal. Acho que vocês duas vão se dar muito bem.

            Winry e Mellie se cumprimentaram e, cinco minutos depois, já conversavam como se fossem velhas amigas. E assim continuaram, conversando e rindo por um bom tempo, até verem que Alphonse vinha em disparada pela rua, gritando como um louco.

–Entendeu o que eu disse sobre o Ed e o Al fazerem bobagens? – disse Winry, antes de sair correndo em direção aos dois. Riza e Mellie fizeram a mesma coisa. As três cercaram o Al, que disse, desesperado:

–Ele caiu do terceiro andar de um prédio, e não parece estar batendo muito bem!

–Não é para menos, não é? – suspirou Riza – Levem ele para a minha casa, vamos ver o que dá para fazer. Que droga!

            Já na casa da oficial, Ed foi colocado deitado sobre o sofá. Ele não estava desmaiado, mas exibia um sorriso besta no rosto e ficava balbuciando qualquer coisa sobre peixinhos e elefantes. Mellie o examinou, e disse, por fim:

–Seja o que for, não foi um tombo que deixou ele zureta desse jeito. Sabe se ele inalou ou bebeu alguma coisa, Al?

–Quando eu o peguei, ele estava com o rosto úmido, com alguma coisa meio esbranquiçada – respondeu ele, nervoso – Era uma coisa que cheirava estranho, sabe, um cheiro de desinfetante...

–Spray Afasta Ladrão – disse Riza, xingando – Essa coisa foi proibida há dez anos! Era o spray lacrimogêneo oficial do exército, mas foi proibida porque descobriu-se que ele tem um ingrediente meio alucinógeno na fórmula, sem falar que é venenosa!

Venenosa? – Winry quase botou um ovo – E tem antídoto?

–Não é um veneno forte. Não mata, mas deixa a pessoa fraca e letárgica por dias – a tenente acalmou a garota – E tem antídoto, só preciso ver se ainda tenho um pouco em casa.

            Ela, então, disparou pela sala, procurando por algum antídoto na casa. Mellie, penalizada, acariciava os cabelos da testa dele, como uma enfermeira. Ele a viu e disse, num tom ao mesmo tempo bonitinho e besta ao extremo:

–Você é minha namorada?

Não, não sou – respondeu ela, azeda, largando dele. Winry também estreitou os olhos, dizendo:

–Por que você perguntou se ela era sua namorada, seu bolha?

–Qual é o problema, mamãe? Já sou grandinho, garanto que você vai gostar dela – respondeu ele, no mesmo tom de voz – E o papai deixa, né, papai? – essa última foi para Al.

–Esqueça isso, Winry, o cara tá mais pra lá do que pra cá – suspirou Al – Parece que a Riza está vindo. Será que ela encontrou?

–Gente, não tenho! – ela já veio dizendo – Mas conheço uma coisa que geralmente funciona em casos de envenenamento: leite puro.

            Nessa hora, Ed pareceu retomar totalmente a consciência, e berrou:

–LEITE NÃO! LEITE NÃO! LEITE NÃÃÃÃOOOOO!

–Ah, você vai tomar, sim! – retrucou Winry, que disparou até a cozinha e trouxe de lá uma caixa de leite aberta – Abra a boca.

–Não abro – retrucou ele.

–Abra a boca – disse ela de novo, mais alto.

–Não abro, não abro e não abro! – ele mostrou a língua.

–ABRA A BOCA, POUCA-SOMBRA!

–COMO VOCÊ SE AT... – ele também abriu a boca para protestar, mas ela aproveitou esse pequeno momento de distração e socou a abertura da caixa na boca dele, virando o conteúdo da caixa pela sua goela abaixo. Ela só tirou a caixa quando Mellie disse que poderia parar.

–Bem, acho que em duas ou três horas ele vai estar bom – disse Melissa – Bem pensado, Riza, essa é uma dica que vou aproveitar.

–Winry, eu odeio você! – disse Ed, sem voz, o rosto esverdeado de enjôo – Sabe o quanto eu abomino leite, por que fez isso?

–A mamãe sabe das coisas, filhinho! – respondeu ela, irônica – Agora, trate de descansar bem, ouviu? Senão, fica de castigo!

            Ed, ainda sem diferenciar muito bem a realidade do delírio, continuou pensando que Winry era a mãe dele e, emburrado, virou de costas e acabou dormindo. Alphonse ficou cuidando dele por alguns minutos, depois foi falar com Riza sobre o resultado da sua investigação:

–Olha, a gente só achou isso – e entregou-lhe o diário – Espero que seja útil.

–Do que é que vocês estão falando, hein? – Winry se intrometeu na conversa – Essa história está mal-contada... O que o Ed estava fazendo, hein?

            Alphonse, Riza e Melissa se entreolharam, e acenaram afirmativamente com a cabeça. A porta-voz do trio foi Mellie, que disse:

–Olha, a história é mais ou menos a seguinte: Roy vai se casar, e a gente tá tentando desmanchar esse casamento pra ele ficar com a Riza – e, antes que a expressão de espanto de Winry pudesse se transformar em qualquer palavra, continuou – O Ed e o Al foram espionar a noiva dele, pra tentar descobrir algo que possamos usar a nosso favor.

–Isso é muita doideira – disse a garota, assombrada.

–Promete que não vai dizer absolutamente nada para absolutamente ninguém? – pediu Al, suplicante – Se o Roy ficar sabendo, nosso plano vai para o vinagre, entende?

–Claro, claro! – ela concordou prontamente – Se eu puder ajudar...

            As duas mulheres trocaram olhares. A menina era protética, certo? E isso significava que ela sabia mexer com máquinas...

–Sabe, acho que você vai poder ajudar, sim – disse Riza, sorrindo maliciosamente – Até quando você poderá ficar na cidade?

–Quanto tempo precisarem – respondeu a garota – Mas do que precisam?

–Você vai descobrir logo... – respondeu Mellie, com o mesmo sorriso malicioso da amiga nos lábios – Aliás, mais rápido do que você imagina...


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Notas finais do capítulo

N/A: Issaê, manolos... só pra constar, o RoyAi Day (dia 11 de junho) está próximo. Esperem por uma homenagem minha... Até mais! n.n



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