I Want To Be Your Girlfriend escrita por Kyra_Spring


Capítulo 3
Don't pretend, I think you know, I'm damn precious




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–É sério, só faltou elas pularem em cima da mesa e se baterem – no outro dia, no QG Central, havia um círculo de pessoas em volta de Maes Hughes, que contava a história do desastroso jantar que acontecera em sua casa no dia anterior – Fazem idéia? Havia dez pessoas na mesa ontem, e dessas dez quatro se odiavam mortalmente!

–Sabia que essa história de casamento não ia dar certo – opinou Havoc – Fala sério, vocês conhecem o Roy tão bem quanto eu, sabem que ele não é do tipo que fica a vida inteira com uma mulher só.

–Sem falar que a mãe dele é o cão chupando manga – continuou Maes – Riza saiu de lá tão transtornada... Depois o Roy pediu desculpas pelo papelão, mas ele não tinha nada a ver com a história. Realmente uma pena, tinha gente lá que não merecia isso.

–E você, Riza, como reagiu? – perguntou Falman à primeira-tenente que, sentada numa mesa preenchendo formulários, nada dizia.

–Me deixe em paz, Falman, eu não quero falar disso – respondeu ela, ríspida, atraindo para si olhares assustados.

            A verdade é que aquela havia sido a pior noite da vida dela. Sem conseguir dormir um único instante, pensando em tudo o que havia visto e ouvido, ela foi obrigada a ficar remoendo a humilhação do dia anterior. “Como minha melhor amiga poderia não estar presente?”, ele disse. Como se atrevia a considerá-la uma mera amiga? Como podia ser burro a esse ponto? “Droga, eu preciso de um chocolate”, ela pensava, mas lembrou-se que eles estavam todos trancados na gaveta em sua sala. O pior de tudo era ser obrigada a ficar lá agindo como se nada estivesse acontecendo.

            Pouco tempo depois, Melissa entrou na sala. Ela usava o uniforme militar feminino padrão, um conjunto de casaca, saia azul-royal e sapatos pretos simples. Riza percebeu que todos os rapazes naquela sala ficaram boquiabertos, mas nada disse.

–Você não ia começar na semana que vem? – perguntou a primeira-tenente.

–Antes de usar os alojamentos daqui, preciso começar a trabalhar, esqueceu? – respondeu ela, rindo um pouco – E também estou ansiosa para conhecer o lugar.

            Alguns instantes depois, o assunto na sala voltou a ser o casamento de Roy Mustang. Outras pessoas entraram na conversa, como Sciezka, a bibliotecária, que argumentava que aquela idéia de casamento ainda parecia muito precipitada, e Edward Elric, que dizia a plenos pulmões que, fosse quem fosse, a noiva de Roy ainda era boa demais para ele. Mellie entrou na discussão e aproveitou para falar mal do irmão, da noiva dele e da mãe. E, cada um a seu tempo, todos que estavam lá tentavam convencer Riza a falar qualquer coisa.

            Por fim, Havoc foi até ela e perguntou, num tom divertido:

–O que está havendo com você, hein? Está aí com essa cara de quem comeu e não gostou desde que chegou. Por quê?

–Não é da sua conta, tá bem? Vê se cuida da sua vida! – respondeu ela, irritada.

–Você é uma testemunha ocular, devia contar a sua versão dos fatos – insistiu ele, já não tão divertido – Tá todo mundo querendo saber.

–Me deixe em paz, eu já disse! – cortou ela, num tom que impedia contestação. Ele deu as costas, mas quatro passos depois ainda tentou mais uma vez:

–Mas eu ainda acho que você devia...

            Foi tudo muito rápido. Em duas frações de segundo, Riza sacou a arma e disparou um tiro, que cortou o cigarro de Havoc rente à boca, no exato momento em que ele se virou, e a bala parou na parede oposta. Depois do disparo, o silêncio: todos, assustados demais para falar, congelaram no lugar onde estavam. Depois dos primeiros instantes, Jean caiu duro para trás, mantendo a mesma expressão besta e a pose corporal. Ed se aproximou, e pegou o toco de cigarro.

–Nossa! Riza, a sua pontaria é mesmo perfeita! Olha isso, que precisão cirúrgica! – disse o garoto, sem saber se ficava maravilhado ou se saía correndo.

–Do que está falando, Ed? Eu errei o tiro! – respondeu ela, entre dentes, lembrando incomodamente um carrasco de capuz. Ele a encarou... depois olhou as caras de pânico de quem estava lá perto... depois observou o pobre segundo-tenente Jean Havoc estatelado no chão, com a expressão facial mais patética do mundo e a boca ainda entreaberta revelando o local onde seu cigarro havia estado segundos atrás... e, por fim, decidiu sair correndo apavorado (nota da autora: no momento, essa era a atitude mais inteligente a se tomar, não concordam?). Os outros, inclusive Melissa, fizeram a mesma coisa, e deixaram a primeira-tenente sozinha.

            Minutos depois de eles saírem, ela viu uma sombra vinda da porta da sala. Levantou os olhos e viu que era Roy Mustang, o dono da sala, usando o costumeiro uniforme azul-royal. Dessa vez, ela sentia raiva demais dele para ficar feliz com sua presença, mas, como fazia todas as manhãs, cumprimentou-o cordialmente e evitou falar sobre a noite anterior.

            Ele também parecia um tanto estranho. O que era? De alguma forma, parecia preocupado com algo que Riza não soube identificar. Enquanto fingia preencher relatórios, analisava-o trabalhando. Ele também tinha olheiras profundas, como as dela.

–Tenente Hawkeye, pode me explicar o que o segundo-tenente Havoc está fazendo no chão com essa cara de quem enfiou o dedo na tomada? – foi a primeira coisa que ele disse, minutos depois de chegar, como se estivesse perguntando sobre o tempo.

–É o cigarro, eu vivo dizendo a ele para parar de fumar, mas não me ouve... Vê? Isso já está começando a fazer mal para ele – ela se levantou, foi até o bebedouro, encheu um copo com água e depois jogou direto na cara de Jean, que despertou do seu estado de choque gritando. Assim que viu Riza, começou a gritar mais alto ainda e saiu correndo ainda mais rápido que Ed – Como eu disse, o fumo já está começando a afetar a cabeça dele. Se eu fosse o senhor, mandaria-o parar.

(Nota da autora: Fumar é mesmo muito prejudicial à saúde... mas não mais prejudicial que um tiro vindo da arma de Riza Hawkeye).

            Eles seguiram em silêncio. Riza tentava se concentrar no trabalho à sua frente, mas era tão fácil quanto convencer um irmão mais novo de que quem manda é você e não ele. Quando jogava a décima folha de papel no lixo, ouviu uma vozinha familiar:

            “Pode dizer, eu estava certa, não estava?” – sim, amigos, é ela, a Consciência.

            “Você de novo?”, sussurrou Riza, furiosa. “Me deixe em paz!”

            “Vai fazer o quê, dar um tiro na minha cabeça?”, a vozinha debochou, rindo. “Eu vim aqui para te ajudar a pegar esse cara de jeito.”

            “Eu quero pegar ele de jeito sim, mas no momento não é bem do jeito que você está pensando”, respondeu a dona da consciência, cerrando um punho.

            “Não diga bobagens. Você viu? A noiva dele é patética!”, Consciência continuou dizendo, ignorando o comentário de Riza. “Agora preste muita atenção no que vou dizer. Tenho um plano infalível para você conquistar esse cara, mas vai ter que fazer tudo do jeito que estou dizendo.”

            “Ainda concordamos que não vai haver assassinatos, certo?”

            “Talvez a sua sogra, que tal?”

            “Se esse plano incluir aquela desgraçada ser empurrada penhasco abaixo, eu topo”,

            “É assim que se fala. Agora, a primeira coisa que você tem que fazer é...”

 

Corte para o refeitório do quartel:

–Vocês perceberam o quanto a Riza tá odiando essa idéia de casamento? – naquela mesma hora, um grupo de militares conspirava (quase) secretamente no refeitório. O grupo era liderado por Maes e por Melissa, sendo que era o primeiro que estava com a palavra – Tentei fazer de conta que não estava percebendo, mas ela gosta dele. E muito.

–Quem diria, hein? – Fuery deu uma sonora risada – Logo a Donzela de Ferro caindo de amores pelo coronel! Isso é uma piada...

–Cala a boca, Kain, a coisa é séria – Ed cortou na hora – No dia em que contei sobre o casamento dele, ela me perguntou se era verdade, e quando eu disse que sim ela ficou muito estranha. Droga, eu sou mesmo muito burro! Devia ter percebido isso antes!

–Ela tá surtando mesmo – foi a vez de Mellie se manifestar – Viu o que ela fez com o coitado do Havoc? Aposto que ele está até agora lá, catatônico.

            Então, eles viram Jean Havoc sair correndo da sala de Roy, gritando “Louca! Louca! A tenente Hawkeye está ficando louca!”. O grupo de “conspiradores” observou a cena com pena, e logo depois eles voltaram para o assunto mais importante da pauta.

–O jeito é não deixar que esse casamento aconteça – argumentou Alphonse – Também tá na cara que o coronel não ama a tal Trista. E dá para perceber que ele não é indiferente à Riza.

–O problema do Roy é que ele sai com tantos rabos-de-saia diferentes que não dá para saber quando ele está apaixonado de verdade – observou Falman – Até mesmo a Riza já aprendeu que o que ele fala não se escreve. O Al está certo, a gente tem que desmanchar esse noivado antes que seja tarde.

–Tudo bem, mas para isso a gente precisa de um plano – disse Breda – E eu não tenho nenhum. Tem que ser algo infalível e sutil, como...

–Tive uma idéia! Vamos embebedá-lo! – berrou Ed, interrompendo Breda brutalmente – Os bêbados não mentem, certo? Então, se a gente deixá-lo com a cara bem cheia ele vai confessar o que sente para a tenente Hawkeye!

            Todos o encararam com uma expressão que dizia claramente “mantenha essa boca fechada e você conserva os seus dentes”, e ele se encolheu, acabrunhado. Logo depois, todos começaram a falar ao mesmo tempo, propondo um monte de coisas inúteis. Por fim, Sciezka deu a idéia:

–Olha, vamos fazer o seguinte: eu e a Melissa fazemos a cabeça da Riza para tomar uma atitude, enquanto vocês descobrem um jeito de impedir o Roy de se casar. E nada de bebedeiras, Ed – ela cortou o garoto quando ele se preparava para propor novamente seu plano – Precisamos do Roy sóbrio, pelo menos por enquanto. Estamos entendidos? – todos acenaram afirmativamente com a cabeça – Ótimo. Falman, vá atrás do Havoc e convença-o a ajudá-los. É bem provável que ele não concorde, e se esse for o caso digam que, se ele não ajudar, a tenente Hawkeye vai atirar nele de novo. Agora vão!

            Os rapazes foram para outro lado, e a bibliotecária encarou a alquimista, dizendo:

–Já tem alguma coisa em mente?

–Na verdade, tenho sim – a segunda sorriu – Ainda preciso acertar os detalhes, e você vai me ajudar, tá bem? É mais ou menos assim o meu plano...

 

Corte para a sala de Roy Mustang:

            “Você me garante que isso vai dar certo?”

            “É claro, se você fizer tudo direito não tem como dar errado! Mas siga à risca minhas instruções. Esse noivado dele vai acabar em menos de um mês, você vai ver.”

            “Isso não parece certo.”

            “E é certo a vaca ruiva roubar seu homem?”

            “Tá, tá, não vou dar para trás agora. Mas me ajude, ouviu?”

            Riza e Consciência da Riza tiveram uma longa conversa, acertando os detalhes do plano que faria com que ela e Roy ficassem juntos. Era meio complexo, mas por ser dividido em fases tornava-se mais fácil. Quando já voltava suas atenções ao seu trabalho, Melissa e Sciezka foram até a sua mesa, e a segunda disse:

–Podemos conversar na sua sala?

–Estou ocupada, não estão vendo? – retrucou a loura.

–A gente tá vendo você falar sozinha, isso sim – retrucou Mellie.

            A primeira-tenente ficou vermelha na hora, e sem dizer mais nenhuma palavra seguiu-as. A porta do seu escritório foi fechada, e as duas a encararam.

–O que é que você vai fazer a respeito do Roy? – a loura até abriu a boca para discutir, mas Melissa já a cortou na hora – E nem tente dizer nada a esse respeito, a gente já sabe toda a história.

–POR QUE NINGUÉM NESSA DROGA DE QUARTEL SABE CUIDAR DA PRÓPRIA VIDA, HEIN? – já sem paciência para ficar agüentando todo aquele interrogatório, ela perdeu a estribeira, e fez as amigas recuarem assustadas – Me deixem em paz, isso é problema meu, e só meu!

–Se não fizer nada, nós faremos – argumentou Sciezka – Independente do que você fizer ou disser, vamos acabar com esse casamento, e nem adianta tentar nos impedir.

            A primeira-tenente encarou a alquimista e a bibliotecária. “Elas leram meus pensamentos?”, ela chegou a pensar, mas depois se lembrou de que fora flagrada falando sozinha no escritório, e que elas provavelmente haviam ouvido tudo. Então, sorriu, dizendo:

–Tá bom, eu já tenho um plano, e vocês vão ter que me ajudar. Ele é dividido em cinco fases.

–Cinco fases? – Melissa ergueu uma sobrancelha, sentindo-se subitamente interessada pela idéia da amiga – Quero ouvir uma por uma.

            Riza tirou um papel do bolso e o mostrou às outras duas moças. Era uma lista, cheia de setas, anotações e rabiscos. Então, disse:

–A primeira fase é a de Reconhecimento de Campo. Preciso saber tudo sobre a noiva dele, e principalmente que diabos ele viu nela.

–Isso é fácil, eu posso ajudar – interveio Sciezka.

–A segunda fase é a de Provocação dos Instintos. Em outras palavras, vou fazê-lo ver tudo o que tenho a oferecer em vez da vaca ruiva.

–Tá, e nessa parte eu te ajudo – foi a vez de Melissa se manifestar, com um sorriso malicioso.

–Acreditem, vou precisar de toda a ajuda que puder – concordou Riza – A terceira fase é a dos Ciúmes. Depois que ele já estiver louco por mim, vou arrumar outro cara, e, se conheço bem o Roy, aí sim é que ele vai surtar. Geralmente ele gosta mais das mulheres que não pode ter. E tem a quarta fase, a Oportunidade Única.

Oportunidade Única? – repetiram as outras duas ao mesmo tempo.

–É, Oportunidade Única – a loura sorriu, e depois fez uma voz triste – E lá vou estar eu, toda frágil e magoada porque meu namorado me dispensou, precisando tanto de um ombro amigo...

–...que vai ser do Roy, não é? – foi a vez de Sciezka rir – E a quinta fase é a...

–Separar Para Conquistar – respondeu a tenente – E nisso vocês vão ter que ajudar. Façam com que o Roy odeie a Trista e que venha correndo para mim.

–Isso é cruel... e muito baixo... Você é genial! – disse Mellie, gargalhando – Os rapazes vão ajudar a gente, fazendo a cabeça do Roy.

–Mas não se esqueçam de que ela não vai deixar isso barato – observou a bibliotecária – Acham mesmo que a Trista vai só ficar sentada olhando a Riza roubar o noivo dela? É claro que não!

–Ainda tem alguns detalhes a acertar no meu plano, mas se der certo ela não vai poder fazer absolutamente nada – rebateu Riza, despreocupada – Conheço o Roy há muito tempo para saber exatamente como ele vai agir.

–Só tem um pequeno problema que vocês esqueceram de considerar: a mãe dele – mais uma vez, Sciezka chamou as duas mulheres à luz da razão – Pelo que me disseram, ela é uma bruxa, sem falar que está cem por cento de acordo com o casamento. O que vocês vão fazer a esse respeito?

–Dela eu cuido – respondeu Melissa, estreitando os olhos – Não vou deixá-la estragar a vida do meu irmão nunca mais! Que droga, o que ela fez naquele jantar na casa do Maes não tem perdão!

–Estamos combinadas, então? – a loura fechou a discussão – A gente começa hoje. Sciezka, descubra tudo o que puder sobre a Trista. Quanto a você, Melissa, supervisione os rapazes e faça-os dizer a coisa certa. Você também vai ter que prensar o Roy contra a parede e descobrir o que naquelazinha o atrai tanto.

            As duas acenaram com a cabeça e saíram da sala. Uma vez sozinha, Riza tirou um bombom da gaveta e começou a desembrulhá-lo cantarolando. Comeu-o deliciada: o chocolate tinha o sabor doce e envolvente da vingança. Depois de mais alguns bombons, voltou para a sala do coronel, sentindo-se melhor do que em muito tempo.

–Posso saber qual é o motivo dessa repentina alegria, tenente Hawkeye? – assim que a viu, Roy perguntou, com um tom divertido na voz – Agora há pouco, estava tão nervosa, e agora...

–Digamos apenas que estou tendo um dia bom, senhor – respondeu ela, enigmática – Preciso sair mais cedo hoje. Posso?

–É claro, mas poderia saber para quê? – ele ergueu uma sobrancelha.

–Preciso fazer umas compras. Não temos muito trabalho hoje, e não creio que haja problemas em eu me ausentar por essa tarde – deu um sorriso maroto – Além do mais, Melissa pediu para eu apresentar a cidade a ela.

–Sendo assim, já que minha irmãzinha desmiolada estará muito bem acompanhada por toda a tarde, eu concordo – disse ele, dando um sorrisinho – Pode ir.

            Pouco tempo depois, ela saiu, levando Melissa a tiracolo. A moça era uma especialista em moda, e as duas começaram a passear entre as lojas mais badaladas da Cidade Central.

–Você é linda, e muito elegante, Riza, mas o seu problema é que você é discreta demais – dizia a irmã de Roy, enquanto elas passavam em frente às vitrines – Você precisa de um pouco mais de espalhafato, precisa ser vista, notada!

–Não quero ficar tão espalhafatosa assim, caramba! – retrucava ela – Não, eu tenho um estilo a manter! Sou uma oficial do exército, e preciso agir como tal.

–Acredite, vou fazer você ficar linda e sofisticada como ninguém.

            A tarde foi dedicada à prova de roupas e acessórios. Melissa tinha um olho clínico para estilos, e Riza confiava muito na opinião dela. A cada saia, a cada sapato, ela se sentia mais próxima do seu objetivo final. Ao fim da tarde, as duas foram para casa, bamboleando sob o peso de várias sacolas e caixas.

–Também fiz pedidos de uns uniformes novos para você. A essa hora, eles devem estar chegando em sua casa – Mellie sentou-se sobre um banco, meio ofegante – Nossa, estou cansada. Mas precisava de um dia desses para mim há muito tempo.

–Você está bem? – Riza sentou-se ao lado da amiga, lembrando-se de que a respiração descompassada dela não era sinal de coisa boa – Parece cansada.

–Estou com duas toneladas de pacotes, o que você esperava? – Melissa riu, mas logo depois parou, entendendo onde a outra queria chegar – Não, estou bem. O que você viu naquele dia não vai se repetir nunca mais, eu juro. Já está na hora de refazer a minha vida, e essa transferência é a chance que eu procurava. Estou tomando remédios, me cuidando, e de acordo com o médico, se continuar com o tratamento, minhas chances são boas.

–Que seja assim mesmo – concordou Riza, abraçando a amiga – E eu vou te ajudar, tá bem? Você é uma pessoa extraordinária, e forte como um touro. Trate de se cuidar, viu? Eu vou estar de olho.

–É com isso que eu estou contando, Ri – a alquimista sorriu – Valeu, tá? – e, recuperando o fôlego e se levantando de um salto – Sabe do que eu preciso? De um sorvete. Vamos tomar um?

–Só se for de chocolate. E duplo. E com muita calda – a loura sorriu, levantando-se também.

–E com castanha e um daqueles canudinhos de biscoito! – a morena se empolgou.

            As duas foram, e retomando a animação do passeio, foram até a sorveteria mais próxima e atacaram casquinhas triplas de chocolate com castanhas. Depois, já na casa de Riza, elas reviram cada uma das peças. Os uniformes, como previstos, estavam dobrados perto da porta, e a dona da casa, então, experimentou um.

–E então, como estou? – ela abriu os braços e deu uma voltinha perto de Melissa – O que acha?

–Perfeito – a alquimista de mármore deu um sorriso maroto – Nem as pedras vão ficar indiferentes a você na segunda-feira, garota!

–E o que vai dizer ao seu irmão?

–Nada, vou passar a noite aqui. Preciso esperar que um dos quartos do alojamento seja dedetizado, se você soubesse quantas baratas tem por lá...

            Elas continuaram conversando por algum tempo, acertando detalhes do plano infalível. A primeira fase estava em curso, a segunda também, e na segunda-feira seguinte os resultados todos apareceriam. Então, teve uma idéia. Procurou em sua agenda um número de telefone e o discou:

–Alô? Alphonse, é você? Pode chamar o Ed, por favor? – Melissa se levantou ao ver a amiga ligando, e se quis dizer algo, mas foi impedida – Ah, oi, Ed, tudo bem? É a Riza, preciso de um favor seu... Isso... É, é sobre o plano... Não, droga, já falei, nada de bebedeiras! Preciso que faça outra coisa pra mim... Quer me deixar falar?... Não, eu não vou atirar eu você como fiz com o Havoc, pode ficar tranqüilo. Preciso que espione a noiva do Roy para mim. Ela e a mãe dele estão hospedadas num hotel aqui por perto – puxou um cartão do bolso – Rua Olmo, 519, no centro... É, é sim, é o Hotel Ritz. Pode fazer isso para mim?... Não, não hoje, mas antes de segunda... Tá, eu pago... O quê?! Você quer que eu te apresente a Melissa?!

–Ah, eu pego esse moleque! – Mellie fez menção de tomar o telefone, mas Riza não deixou, e continuou falando ao telefone:

–Te pago cem pratas por hora, tá feito? E a Mellie concordou em ir com você ao cinema na semana que vem... Tá, obrigado... Tchau. – e desligou o telefone.

–VOCÊ DISSE O QUÊ? – agora a alquimista realmente estava ofegante e vermelha.

–Você só vai com o garoto ao cinema, tá bem? – Riza explicou – De outro jeito, ele não faria o que eu preciso. É só um filme, que mal há nisso?

–Tá de brincadeira, né? – a morena pôs as mãos no rosto – Um filme com aquela peste do Ed? Acha mesmo que não há mal nenhum nisso?

–Quer me ajudar? Pense, é um sacrifício pelo bem da pátria! – explicou a loura – Se você não for, o Ed não me ajuda. Se ele não me ajudar, eu não me caso com o Roy. E, se eu não me casar com o Roy, ele se tornar Marechal e ter como primeira-dama aquele zero à esquerda da Trista, nosso país afunda! Estamos falando da segurança e da integridade nacional!

–Tá, tá, tá, mas eu só vou se ele fizer tudo direito. Estamos combinadas?

–É justo. Agora é melhor a gente dormir. Teremos um dia muito cheio amanhã. A fase 1 está quase concluída, mas eu preciso da informação que o Ed vai me trazer.

            As duas se encararam, e um sorriso torto crispou os lábios de ambas. “É hora do show”, pensou a primeira-tenente. “Se tudo der certo, se tudo sair como estamos querendo, nada vai me impedir de ser a futura senhora Roy Mustang! E prometo não ser uma sogra tão intragável quanto a que estou prestes a ter”. O dia seguinte era sábado. Dia de brincar no parque com Black Hayate, de cuidar do jardim e de limpar o quintal. Sorriu, mais uma vez, pensando que, naquele sábado, começaria a operação para tirar definitivamente a última pedra de seu caminho.


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Notas finais do capítulo

Nota da autora: Terceiro capítulo no ar! Só passei para avisar que o próximo capítulo não será centrado na Riza, mas no Ed. Os que amam o Ed vão me odiar, o que amam a Riza vão me amar e os que odeiam a mãe do Roy vão continuar odiando a baranga do mesmo jeito. O próximo capítulo se chama “A motherf---ing princess” (por uma questão de educação, eu omiti umas letrinhas da palavra), e espero que gostem. Ah, sim, e no próximo capítulo, teremos a entrada de mais um personagem no cast da fic. É alguém que vocês conhecem bem, eu garanto. Tchau pra todos!



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