Os vampiros que se mordam 2 escrita por Gato Cinza


Capítulo 36
Famílias, amigos e... caos




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E como tinha sido esperado, o reencontro foi mais pacifico do que o fantasiado. Klaus estava encantando pela filha, a garçonete do bar, Cami, ficou tão surpresa quando soube que Klaus tinha uma filha que deu um tapa nele por esconder a informação, depois foi falar com Hope fazendo aquela vozinha melosa que os adultos usam para falar com criancinhas.  Agora, na casa dos Mikaelson, com todos reunidos no pátio aproveitando a noite enluarada, a família paterna de Hope queria saber o que tinha acontecido com mãe e filha no período em que esteve fora.

— Eu não quero falar sobre isso – Bonnie disse depois da pergunta insistente de Klaus.

— Por que não?

— Eu estava presa e estou livre, isso é o que vocês precisam saber agora.

— Deixem a Bonnie em paz – Rebekah mandou – O que importa é que minha sobrinha está saudável e em casa.

“Em casa” fez Bonnie ficar tensa e se endireitar. Ela abriu a boca para dizer algo, mas foi interrompida pela chegada de uma mulher loira.

— Freya – Klaus a cumprimentou com falso entusiasmo – Onde estava?

— Por ai, ficar o dia todo em casa também é cansativo – ela olhou para os visitantes e sorriu – Boa Noite.

— Esta é nossa irmã Freya – apresentou Elijah – Estes são Damon Salvatore e Bonnie Bennett, e está é nossa sobrinha, Hope.

— A filha de Klaus?

Se Bonnie tivesse a força de um vampiro teria quebrado a mão de Damon pelo modo com que a apertou. Os olhos atentos nos movimentos de Freya que foi até a criança nos braços de Rebekah.

— O que foi? – ele perguntou em voz baixa, não que tivesse diferença falar baixo entre vampiros.

— Tenho que tirar Hope daqui – respondeu ela ficando em pé e anunciando – Foi bom revê-los, mas temos que ir embora.

— Já? Mas... – Rebekah olhou para Klaus enquanto Bonnie se aproximava e tomava a filha nos braços.

— Acabo que conhecer minha filha e pretende leva-la?

— Não seja dramático Klaus, sabe onde moramos pode nos visitar quando quiser.

— Espere – pediu Freya segurando seu antebraço – Precisamos conversar.

— Não, nós não precisamos.

— Mas é sobre a Hope, é algo terrível...

— Esther fez um pacto para engravidar, agora a bruxa que te separou de sua família quando era criança está vindo atrás de Hope por que ela é a primogênita dos filhos amaldiçoados de Esther e Mikael.

A expressão de surpresa deles foi única, como se Bonnie tivesse contado algo que eles ainda não soubessem.

— Achei que não tivesse acreditado em mim – Freya olhou para Klaus, surpresa.

— Eu não acredito e não fui eu quem contei para Bonnie.

A bruxa Bennett se soltou da mão de Freya e se afastou para junto de Damon.

— Eu sou psíquica – contou.

— Psique o que?

— Psíquica – Freya explicou – Quer dizer que ela é uma bruxa telepática muito poderosa.

— Poderosa quanto?

— O bastante para proteger minha filha.

— Não contra a Dália, você não a conhece.

— Klaus, adeus. Vamos Damon.

Mas Klaus não os deixou sair.

— Agora estou interessado em escutar a história da minha família, Freya.

A bruxa Mikaelson contou sobre o pacto feito por Esther e como ela foi criada pela Dália. Damon ouvia com atenção, mas também observava Bonnie que não parecia estar muito preocupada com a possibilidade de uma bruxa de mil anos querer arrancar sua filha para cria-la de algum modo perturbado.

— Não importa o quão poderosa seja Dália não vai desistir até ter a Hope.

— Está errada, sou muito menos impressionável que sua mãe e tenho mais determinação em proteger minha filha do que ela. Agora podemos ir embora?

Klaus ia dizer não, mas foi interrompido por Elijah que sugeriu conciliador:

— Já é tarde, por que não dormem aqui e amanhã conversamos com mais calma.

Bonnie olhou para cada um deles com uma expressão de desconfiança que já não usava fazia muito tempo, depois de virou para Damon:

— O que acha?

Ele disfarçou bem a surpresa dela pedir sua opinião, até então, desde que eles se encontraram com Klaus de manhã, tudo o que ele fez foi ouvir e observar. Ponderou. Já tinha experiência suficiente com aquela família para saber que Klaus não os deixaria ir sem causar problemas. Por isso disse:

— Elijah está certo, vamos ficar aqui e amanhã decidimos como agir.

Bonnie aceitou a hospedagem oferecida.

— Você pelo menos tentou dormir? – Damon perguntou ao abrir os olhos e ver Bonnie em pé olhando pela janela.

— Dormi o suficiente. Estou com uma sensação desagradável.

— Sobre Klaus ou Dália?

— Dália não representa perigo algum para nós e sei lidar com as paranoias de Klaus. É alguma outra coisa. Em casa eu estava convencida de que precisava vir para Nova Orleans, mas não era sobre Hope.

Ela voltou para a cama e sentou-se sobre os pés. Fechou os olhos e Damon soube que ela estava “fora do ar”. Tomou banho, olhou como Hope estava no quarto ao lado. Na noite anterior quando Klaus disse que a filha tinha um quarto pronto Damon achou que fosse modo de falar, mas quando entrou no quarto e o viu decorado com “tudo o que uma ‘princesinha’ precisa” ele teve certeza de que não era único que confiava no retorno de Bonnie da prisão.

— Depois de começar uma guerra contra Marcel e tomar nossa casa de volta, hipnotizar decoradores virou o passatempo dele – disse Rebekah diante do espanto do Salvatore.

O quarto era todo branco com suaves tons de marrom e verde, por que não sabiam o sexo do bebê quando Bonnie foi levada. Rebekah estava no quarto da sobrinha quando ele entrou.

— Não é incrível? – ela sussurrou – É tão cheia de potencial para o bem e para o mal. Ela é uma exceção da natureza, bruxa com sangue híbrido de lobisomem e vampiro.

— Tenho certeza que será uma pessoa excepcional – ele respondeu sem saber o que responder.

Rebekah se virou para ele, tinha uma expressão ligeiramente desconfiada.

— Vocês vão embora?

— Quando Bonnie quiser ir.

— E onde ela está?

— O corpo na cama, a mente não tenho ideia. Ela está procurando alguma coisa.

— O que aconteceu na prisão, com ela?

— Não sei. Bonnie sempre foge do assunto.

Depois de um longo minuto de silêncio estranho ele desceu para buscar alguma coisa para Bonnie comer quando voltasse á realidade. O que levou um pouco de tempo, pelo menos tempo suficiente para ele ter uma conversa com Elijah e Klaus sobre a possível ameaça que Dália representava para Hope. Damon deixou claro que quem decidiria o que fazer no fim seria Bonnie e que a bruxa não via perigo algum na tia do híbrido.

Ela saiu do transe se sentindo voraz, mas depois de meio copo de suco e um pouco de mingau de aveia já não sentia mais fome. Hope estava com Rebekah no quarto e Bonnie se contentou em saber que pelo menos Rebekah estava disposta á proteger a bebê sem entrar nas guerras malucas de Klaus. Bonnie não estava sendo arrogante, ela só sabia o que fazer para parar Dália.

Encontrou Damon conversando com Klaus e Elijah, os Mikaelson pareciam querer o convencer de que ficar em Nova Orleans era o melhor para mãe e filha, felizmente Damon ainda era Damon e estava em desacordo com as ideias que dão de proporcionava qualquer vantagem. Ela se juntou a eles.

— Achou o que procurava? – Damon quis saber.

— Não tenho certeza, mas seja lá quem me trouxe para cá sabe que cheguei então logo vamos descobrir o que estou procurando.

— Do que está falando? – Klaus perguntou.

— Nos últimos dias tenho uma sensação de que tinha que vir para Nova Orleans, achei que fosse por sua causa, mas agora que cheguei aqui sei que não é.

— E o que isso quer dizer?

Bonnie deu de ombros, ela não tinha a menor ideia do que estava a chamando naquela cidade, mas queria sair logo dali por que além da sensação de que alguém pedia por socorro havia a sensação de perigo. Assim que resolvesse aquilo ia para a casa de Abby e depois quem sabe não voltava para Mystic Falls? Ela quando saiu da cidade tinha intenção de não voltar mais, só que Damon fazia com que seus planos mudassem e ela ainda não conseguiu formular os próximos passos. Isso era enervante.

— Que invasão é essa? – o tom ameaçador de Klaus a fez ficar em alerta.

Se levantou ao mesmo tempo em que os três vampiros e ao se virar sentiu vontade de bater no pai da sua filha. Quem tinha “invadido” o complexo era Hayley acompanhada de um vampiro e um lobisomem.

— Meu assunto não é com você então não se meta – disse a lobisomem para Klaus e se virou para Bonnie – Achei que tivesse morrido.

A bruxa tinha a impressão de que o assunto da morena era com ela.

— Só estava presa. O que aconteceu?

— Davina está mal e precisamos que você a ajude.

— Mal? – Klaus deu uma risadinha irônica – Maluca você quer dizer.

— O que houve com ela?

— Surtou – respondeu Klaus debochado.

— Hayley.

— Uns meses atrás, depois de Klaus voltar e começar a causar bagunça em tudo – o híbrido revirou os olhos – Davina teve algum problema com a magia dela. Como não conseguimos ajudar ela hibernou e quando acordou estava completamente fora de si. Está incontrolável.

Bonnie se voltou para Klaus.

— Você não disse que estava tudo bem?

— E está, está tudo bem com quem me importa e sua amiga bruxa não me interessa. Não me olhe assim, Bonnie, eu ofereci ajuda, foi ela quem recusou.

— Que tipo de ajuda? Quebrar o pescoço dela?

— Ah! Na verdade até que a sugestão dele tinha sido boa – disse Hayley num tom que indicava o quão desagradável era admitir que Klaus sabia ser útil – Ele sugeriu que as bruxas terminassem o ritual da colheita que tinha dado os poderes á Davina.

— Mas ela recusou – o vampiro que a acompanhava disse – Davina não queria se tornar marionete das ancestrais. Então se induziu á dormir por um mês enquanto Marcel encontrava uma bruxa que a ajudaria, mas a tal bruxa tinha sumido e quando Davina acordou não conseguiu controlar o poder que tinha.

— Corrigindo – Klaus se meteu novamente – Ela estava bem até resolver me matar e perder o controle.

— Você provocou – Hayley o olhou de modo muito ameaçador – Ela acordou esperando ser ajudada e você estava comemorando o fato de ter acuado Marcel e os vampiros dele.

— Depois do que ele fez para seu clã não devia ser menos admiradora dele?

— Já resolvi minhas diferenças com o Marcel, não guardo rancor por coisas que não posso mudar, diferente de você que destruiu tudo o que ele conquistou por inveja.

Bonnie só registrou o impacto que Hayley sofreu por que ela de chocou contra uma coluna, os amigos delas se colocaram na frente de Klaus que também tinha sido segurado por Elijah.

— Vou considerar sua reação agressiva como confirmação da inveja – disse Bonnie olhando para Klaus – Se eu não estou enganada, houve uma época na história de vocês em que Marcel te admirava e fazia tudo para agrada-lo como á um filho que quer a aprovação do pai e então você se viu ameaçado e fugiu. O abandonou. Espero que seja melhor pai para nossa filha do que foi para Marcel.

— Isso é incomparável.

— Mesmo? Por que pelo que ouvi aqui, em relação á Davina o Marcel está se saindo melhor do que você em relação á ele, já que você está seguindo o exemplo de Mikael.

Isso foi como um soco no híbrido que ficou tão chocado com a comparação que emudeceu. Chama-lo de monstro era aceitável, mas compará-lo ao pai? Bonnie tinha passado horas com ele num jardim-fantasma antes de voltar no tempo onde ouviu muitas coisas sobre como ele tinha se obrigado a ser uma pessoa melhor e ser para a filha o pai que não teve. Ela tinha consciência de que suas palavras o afetariam mais do que chama-lo de invejoso ou incapaz. Os outros que não sabiam quem era Mikael apenas sentiram a tensão no ar. Bonnie deu alguns passos para trás, olhando do mezanino estava Rebekah:

— Vamos cuidar da Davina, você pode cuidar da Hope para mim?

Ela assentiu devagar e seguiu com o olhar para os cinco que saiam.

A antiga igreja que servia de refúgio para Davina tinha uma placa de “Entrada proibida, risco de desabamento” na porta que estava lacrada por uma fita vermelha. Os cinco entraram subindo para o quarto improvisado no sótão onde encontraram apenas Marcel desacordado.

— O que aconteceu? – Hayley perguntou quando acordaram o vampiro.

— Ela desconfiou que tinha algo de errado e me atacou – respondeu – Bonnie, que bom vê-la. Davina realmente precisa de você.

— Acho que precisa mesmo. Para onde ela foi?

— Não sei. É ela quem nos procura quando quer falar com a gente e está cada vez menos acessível.

— Como atraiu ela para cá desta vez? – Damon perguntou.

— Ela quem me chamou, ligou mais cedo dizendo que você estava em Nova Orleans e que queria me ver aqui e que já tinha mandado te buscar. Quando cheguei aqui ela estava irritada e me acusou de estar tentando manipulá-la, me causou um aneurisma e apaguei.

Bonnie se virou para os outros.

— Quem mandou me chamar?

— Eu liguei e pedi para que fossemos te buscar na casa dos Mikaelson – disse Josh – Mas não lembro por que, só que devia fazer isso.

— Esteve com a Davina?

— Não.

— Vocês por acaso andam fazendo coisas estranhas das quais não se lembram de depois, como acordar e de repente perceberem que já estão se preparando para dormir novamente?

Os olhares perturbados deles respondeu a pergunta.

— Ela está manipulando a percepção de vocês – Bonnie disse como se fosse algo muito ruim.

— Imagino que isso não seja bom.

— Ela está apagando informações. É como um vampiro apagar a mente da mesma pessoa todos os dias depois de passar o dia com ela. Os efeitos colaterais á longo prazo são terríveis, se ela continuar assim logo vocês perderão o senso de realidade.

— Vamos enlouquecer?

— Vai dizer que acha normal estar andando na rua e de repente estar noutro lugar sem saber como chegou lá – Damon debochou.

— Temos que achar a Davina logo – pediu Aiden se pronunciando.

Josh concordou com um movimento de cabeça, Davina não estava bagunçando com a cabeça de Aiden, mas nos últimos dias era comum o jovem vampiro simplesmente se esquecer do que fazia, como sair á noite e só aparecer duas noites depois sem memória alguma do que fizera em um dia e meio. E ele sabia que acontecia com Marcel também, ora ele estava dando ordens para sua turma ora ninguém sabia dele ora ele parecia completamente desnorteado.

— Ai meu deus! – a exclamação de Hayley os atraiu para fora do sótão.

Grandes flores de vermelho-escuro cobriam a nave da antiga igreja. Como se tivessem a decorado para uma festa medonha.

— O que isso quer dizer? – Josh questionou – Davina esta nos mandando flores?

— São rosas-dálias – disse Damon – Dálias negras.

Bonnie arfou, sentiu a respiração pesar e o coração pulsar mais rápido. Fechou os olhos com força, não podia perder o foco, Dália era um perigo com qual ela podia lidar, era Davina com quem ela tinha que se preocupar agora. Pegou o celular de Damon e ligou:

— Sua irmã está ai? – ela perguntou antes mesmo de Klaus dizer ‘alô’.

“Aceito um pedido de desculpas” – ele respondeu com grosseria.

— Klaus eu não vou pedir desculpas por estar certa e quando for pedir desculpas por qualquer coisa eu não o farei por telefone. Agora pode me dizer se sua irmã está ai?

“Rebekah? Ela está dando papa sem gosto para Hope. Não precisa se preocupar, nós estamos cuidando bem dela”.

— Não Rebekah, a outra, a bruxa.

“Freya? Por quê? o que aconteceu?”

— Sua tia deixou um recado para mim. Ela sabe que estamos aqui.

“Onde estão?” – Bonnie conseguia ver a postura de alerta de Klaus, conhecia o tom dele.

— Estou bem, preciso ajudar Davina. E Dália não pode fazer nada contra mim, mas não posso garantir a segurança de vocês.

“Ela não vai chegar perto da Hope, não importa o quão poderosa pensa que seja”.

— Eu sei que você, Rebekah e Elijah são capazes de protegerem a Hope, mas nenhum de vocês é uma bruxa. E se ela jogar algum feitiço contra vocês? Ela tem mil anos de conhecimento deve estar preparada para enfrentar um exército de originais poderosos.

“Entendi. Vou chamar a Freya, tome cuidado”.

— Tomarei. Mais uma coisa. Onde está Davina Claire?

A pausa que ele fez do outro lado foi desnecessariamente longa.

“Na cidade dos mortos”.

Ela desligou e se virou para os outros que tinham ouvido a conversa, exceto Hayley e Aiden.

— Ela está no cemitério? – Josh perguntou surpreso – Como você sabia que Klaus sabia onde ela está?

— Por que ele é impulsivo, teimoso, competitivo, paranoico e controlador. Nunca se permitiria ignorar algo importante como a localização de uma bruxa poderosa que o odeia.

— Então vamos salvar a Davina – Marcel estava tão genuinamente otimista que Bonnie não lhe disse que talvez não fosse capaz de fazer nada pela bruxa adolescente.


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