Os vampiros que se mordam 2 escrita por Gato Cinza


Capítulo 33
Um ano depois


Notas iniciais do capítulo

Dei um saltoo no tempo por motivos de bloqueio criativo.



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Outro dia estava começando e ele estava novamente sozinho nas ruinas do cemitério com uma garrafa de uísque em mãos. Essa era as rotina de Damon Salvatore nas últimas semanas, desde que Stefan tomou a decisão de passar m tempo fora da cidade que a vida do vampiro tinha se tornado entediante. Havia momentos em que ele colocava algumas roupas na mochila e largava dentro do carro, mas assim que chegava ao limite de Msistyc Falls ele simplesmente fazia a volta e voltava para o comodismo de sua casa. Quando ele tinha virado aquele ser? Ele era Damon Salvatore, não tinha nada nem ninguém que o prendesse ali, era um vampiro de mais de cem anos, sexy e livre. Seu irmão tinha ido embora. Enzo mal podia ser considerado um aliado no momento. Elena estava na faculdade curtindo os prazeres da juventude mortal. Bonnie... Ah! Ela era a razão dele não conseguir partir. Ainda pairava sobre ele aquela agoniante certeza de que ela estava voltando.

Ainda que todas as probabilidades dissessem o contrario, ele ainda a esperava. Depois de terminar a garrafa e se considerando sóbrio demais para ficar sozinho com si mesmo, resolveu fazer uma visita á casa vazia. Pelo menos uma vez por semana ele ia até a casa da bruxa, era algo meio ridículo de se fazer, mas ele se sentia atraído para lá, como se pudesse sentir-se mais perto dela, mentia para si mesmo dizendo que só estava mantendo a casa arejada e livre de invasores.

Ele foi direto para a cozinha e abriu o armário de mantimentos, pegou uma garrafa de uísque e um copo. Sentou-se a mesa e depois de alguns minutos contemplando o céu claro que se via pela janela abera é que se deu conta de que não tinha aberto a janela. Ficou em pé observando a cozinha, alguém estivera ali recentemente, tinha um sutil cheiro de café no ar, verificou a cafeteira que estava ligada, e a pia onde alguém tinha deixado cheia de água com algo dentro... ele reconheceu o livro dourado de Bonnie. A primeira coisa que lhe ocorreu foi salvar o livro e tentar secá-lo, mas descobriu que a água estava suficientemente quente para causar uma queimadura em sua mão. Não conteve o palavrão enquanto agitava a mão queimada.

Deixou o livro pra lá e foi verificar o resto da casa, quem quer que fosse que tinha entrado ali devia estar por perto ou ter intenção de voltar já que deixou as janelas abertas e café quente. Sem barulho algum que denunciasse sua presença ele verificou o banheiro e os dois pequenos quartos no andar de cima, no primeiro ele achou como estivera da vez anterior que o viu, fechado e empoeirado, no segundo quarto, porém ele encontrou uma pessoa. Uma criança dormia na cama cujos lençóis tinham sido trocados, a janela estava aberta. Seguindo a lógica comum alguém devia ter invadido a casa, deixado uma criança dormindo e ido embora, por isso ele ligou para a xerife.

“Damon? O que aconteceu?”

— Liz, preciso que venha até a casa da Bonnie, alguém abandonou uma...

A criança se mexeu em seu sono e o cobertorzinho que a cobria escorregou ligeiramente, o fitilho fosforescente no pulso dela chamou a atenção do vampiro, a imagem o levou para inúmeras vezes que viu algo similar com aquilo no pulso de Bonnie. Seria possível? Quase um ano já tinha se passado desde que a viu pela última vez e ela estava gravida na ocasião... Aquela criança seria a filha de Bonnie Bennett e Niklaus Mikaelson? Se fosse isso significava que Bonnie tinha voltado para casa?

“Damon?”

— Liz, venha para a casa da Bonnie, sozinha.

Ele desligou sem dar maiores informações e voltou sua busca pela casa. Bonnie estava ali, ele tinha certeza do mesmo modo que sempre soube que ela voltaria. Mas não a encontrou em nenhum cômodo e começou a ficar preocupado. Aonde ela tinha ido? Será que saiu e deixou a filha adormecida? Não, Bonnie era responsável demais para agir desse modo. Então onde ela estaria? Foi então que se lembrou do livro na pia, aquele objeto mágico estava escondido na tumba de sua família se estava na casa era por que Bonnie tinha ido até lá no velho cemitério e o pegou. Voltou para a cozinha e saiu para o quintal. Apurou o ouvido e achou um suave pulsar de um coração humano, seguiu o som para dentro da estufa. Nunca tinha entrado ali antes e achava que ia encontrar uma horta comum e não uma coleção de ervas e plantas usadas em magia.

Bonnie estava caída ao lado de um canteiro de lírios vermelhos. Damon a levou para dentro e aguardou impaciente pela chegada de Liz. Por experiências passadas sabia que seu sangue de vampiro teria pouco ou quase nenhum efeito benéfico na bruxa, por isso pediu a presença de um médico, quando este chegasse ia hipnotiza-lo.

A expressão da xerife Forbes não o surpreendeu, até por que era um reflexo de seu próprio espanto. Bonnie ter simplesmente reaparecido não o surpreendeu tanto quanto a sua aparência. Ela estava muito magra e mesmo dormindo parecia terrivelmente doente, sua pele negra parecia ter desbotado. O médico tinha coletado amostras de sangue para fazer exames no laboratório o que ia demorar algum tempo, e agora ele terminava de examinar a criança.

— É surpreendente que estejam tão saudáveis – ele disse parecendo inconformado com si mesmo por não detectar uma doença de imediato – Obviamente que estão muito abaixo do peso ideal para suas idades e altura, contudo não há evidencias físicas de alguma doença. Terei que esperar resultados laboratoriais para confirmar, claro.

— Saudáveis? – Damon já tinha analisado as duas e como não era especialista nem nada do tipo só notava o que via, uma magreza doentia mesmo para os padrões insanos da moda.

— Sim, saudáveis – respondeu o médico, hipnotizado para não mentir – Meus exames foram externos e não devo afirmar com 100% de certeza, mas elas não apresentam nenhum traço de alguma doença. Aparentemente elas parecem até bem nutridas. Precisam de um pouco de sol e ar livre, e muita água para a mãe que está desidratada.

— Água? É isso que recomenda para duas pessoas que estão obviamente doentes? Água?

— Damon! – ele recuou diante do tom de advertência da xerife.

— Pode ir embora doutor e me ligue assim que o resultado dos exames da Bonnie ficar pronto.

O médico recolheu suas coisas e partiu, alheio á estranheza da situação. Liz voltou sua atenção para a menininha cujos olhos verdes idênticos aos da mãe piscavam pesadamente.

— Durma anjinho, você está em casa – disse a xerife a pegando no braço e cantarolando.

Damon revirou os olhos e saiu do quarto, não importava a farda que usava, mães eram mães. O vampiro se largou no sofá, pensativo. O que tinha acontecido com Bonnie? Ela estava viva e tinha voltado, um lado dele queria acreditar que isso bastava, mas o outro lado queria saber o que aconteceu com ela no ano em que esteve presa entre aquelas bruxas esquisitas do fogo.

— Damon, eu tenho que voltar a delegacia – disse a xerife.

— O que? Voltar? E quem vai cuidar da Bonnie-Júnior?

— Você, quem mais?

— Eu? Liz eu nunca segurei um bebê.

— Ela está dormindo Damon, se acordar a pegue, se chorar de mamadeira, se estiver com a fralda suja, troque. Simples assim.

— Simples? Onde que cuidar de uma pessoinha quebrável que suja fraudas é simples?

— Damon, foi você quem decidiu que ninguém devia saber que elas retornaram. Eu tenho que trabalhar, então você vai se virar até eu voltar.

— Mas é um bebê – disse tão horrorizado quanto teria ficado se pedissem que ele tirasse o anel e ficasse exposto ao sol.

A xerife sorriu e recomendou que ele não destruísse nada enquanto ela estivesse fora. Cuidar de um bebê. Liz sabia que ele era um vampiro? Vampiros não cuidam de crianças, eles bebem sangue, não rocam fralda. Damon abriu a porta do armário da cozinha e pegou a garrafa que tinha guardado ali antes de Liz chegar, na mesa estavam as compras feitas pela xerife enquanto o médico examinava as pacientes.

— Eu vou precisar de mais bebidas – disse a si mesmo enquanto desensacava as compras – E alguma coisa para a Bonnie comer que não seja feita para uma pessoa sem dentes.

Antes de sair para fazer suas compras, ele foi verificar se mãe e filha ainda dormiam.

Pestanejou um pouco, seus olhos se adaptando a falta daquela excêntrica luz vermelha-violeta á qual foi exposta naqueles longos meses. Estava em sua cama, ela ainda era capaz de reconhecer a textura de seus lençóis e a maciez de sua seu colchão. Ela estava novamente em casa, na sua cidade de interior que nem aparecia nos mapas, no seu mundo. Ao seu lado, em sono tranquilo estava aquela que se tornou seu bem mais precioso, sua filhinha coberta pelo manto vermelho-ouro tecido pelas sacerdotisas. Sorriu ao se lembrar da tristeza das velhas senhoras quando souberam que a pequenina ia embora, tinham se apegado á criança, fazia meio século que elas não viam uma criança, nenhuma criança nascia naquele reino há tanto tempo que a presença de uma era quase um milagre.

— Foi sim, a melhor decisão que tomei – disse.

Isso era para si. As sacerdotisas questionaram se ela realmente queria voltar para o mundo da qual foi tirada. Bonnie estranhou ainda estar em duvida á respeito disso, mas agora não tinha volta. Destruiu o Livro da Luz e com ele qualquer possibilidade de ir para Taan ou de alguém daquele lugar vir para este mundo.

— Como ela se chama?

O susto foi tão grande que não conseguiu abafar o grito. Parado na porta, observando-as estava uma das poucas razões por qual ela tinha certeza que precisava voltar.

— Desculpe, não queria assustá-la.

Bonnie ignorou o fato de ele parecer realmente constrangido, saltou da cama e correu para seus braços. As lágrimas vieram livremente, e ela se pegou surpresa por notar que ainda chorava. Fazia tempos que se descobriu incapaz daquele simples gesto emocional.

— Está tudo bem – o vampiro sussurrou – Você está em casa e eu estou aqui com você.

— Hope – disse, se recuperando um pouco.

— Hope?

— O nome dela, perguntou como se chamava.

Não tinha sido proposital, estava presa noutro mundo com quase nenhuma chance de voltar para casa, esperança era a única coisa que permitia se levantar e seguir em frente. Esperança e a filha. Não foi de proposito dar a ela o nome da filha que Klaus tivera noutra realidade, foi apenas uma inesperada coincidência da qual ela se deu conta apenas naquele momento.


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