Os vampiros que se mordam 2 escrita por Gato Cinza


Capítulo 32
Familia




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Gemini. Quem mais ia sequestra-la? Bonnie obviamente podia pensar em diversos de poderosos inimigos, mas a gemini?

— Por quê? – essa foi a primeira pergunta que ela fez ao abrir os olhos e sair do sono induzido.

Os membros do clã estavam encapuzados e formavam um circulo ao redor dela. O Sr. Parker, líder deles estava diante dela numa cadeira de espaldar alto, e ela percebeu com desagrado que estava presa com um par de algemas antigas, possivelmente que bloqueavam sua magia.

— O que a gemini quer comigo? – refez a pergunta.

— Sabe quem somos?

— Os feitiços de proteção e invisibilidade são especialidade de seu clã. Por que me amarraram?

— É uma bruxa poderosa, Srta. Bennett, esta contida para sua segurança.

— Minha segurança? – e mantendo a calma em um nível que julgava ser impossível, perguntou novamente – Por que eu estou aqui? O que vocês querem?

— Queremos saber onde está Tom Avery.

Então era isso, a bruxa relaxou o máximo que foi possível naquela situação. Avery estava seguro num lugar onde nem mesmo os clãs mais poderosos da terra unidos podiam alcança-lo. Nem mesmo se usassem as conexões dos doppelgänger ou a tecnologia dos humanos. Ele estava fora do radar e ficaria assim até que sua existência se tornasse tão insignificante para o mundo sobrenatural quanto o fato dela ser uma Bennett.

— Ele está protegido.

— Disso sabemos, queremos saber onde.

Ela sorriu antes de adotar uma postura debochada.

— O poderoso clã Gemini que guarda a magia há tantos séculos não foi capaz de quebrar pequenas barreiras criadas por uma adolescente solitária?

— Srta Bennett, conheci sua avó e somos aliados de sua família a muitas gerações, não me façam quebrar antigos laços de amizade.

— Eu conheço bem as razões de sua aliança com meus ancestrais, mas sua amizade com vovó não se estende á mim. Não lhes entregarei Avery á menos que justifiquem suas motivações e até que eu esteja convencida que podem mantê-lo a salvo eu me mantenho em completo silêncio.

E cumpriu com sua palavra, não disse nada para ninguém. Sabia que estava sendo infantil ao agir daquele modo, mas não estava se importando muito com isso no momento. Negou a comida e bebidas oferecidas por eles, não sabia até onde eles podiam ir para conseguir o que queriam e ela não queria arriscar. Teria se mantido assim até que Liv e Luke entraram no salão trazendo refresco e sanduiches:

— Precisa comer, Bonnie – disse Luke sentando-se na frente dela – Está grávida, não pode ficar sem alimento por tanto tempo.

Isso a tirou de seu estado de determinação. Comeu devagar, incerta. Atenta aos gêmeos. O salão onde estavam não tinham janelas, apenas uma porta, nenhum móvel ou enfeite ou algo que pudesse ser considerado decorativo, apenas aquelas duas cadeiras a com algema e a de espaldar alto.

— Queremos lhe propor algo – começou Liv quando Bonnie terminava seu segundo sanduiche – Na sua atual condição é...

— Dispenso. Seja lá o que tenham á me oferecer não vale colocar Avery em perigo.

— Ainda não dissemos o que queremos lhe oferecer.

— Avery está protegido, se sua intenção é protegê-lo deixem que ele fique onde está.

— Protegido? Tal como Amara no fundo do oceano pacífico?

Bonnie encarou Liv, ela não devia saber disso. Diante da expressão da garota, os irmãos continuaram:

— Ela foi localizada pelos viajantes e está morta. O mesmo aconteceu com Silas, ele foi assassinado nesta manhã por eles em Mystic Falls.

— Silas está morto?

— Está, e pelo que sabemos temos apenas seu amigo vampiro Salvatore e Avery dentre os doppelgänger masculinos.

— Existem meios radicais que podem usar para acharem Avery – continuou Liv – Meios que os viajantes não temerão em usar.

Bonnie suspirou com ar derrotado e confessou:

— Conectei os três, se matarem um doppelgänger os outros dois morrem. Eles não podem fazer nada, á menos que queriam gastar muito tempo.

Os gêmeos trocaram um olhar e num tom mais conciliatório, Luke afirmou:

— Existem brechas na magia, você não é a única Bennett capaz de usar magia poderosa e que não teme em arriscar-se para ter o que quer.

— A que se refere?

— Uma bruxa chamada Tessa que está por trás da morte de Silas.

— Tessa? Ela saiu do mundo dos mortos?

— Do mundo dos mortos? Ela estava morta?

Num tom preocupante Bonnie sussurrou, como que temendo ser ouvida pelas paredes:

— Qetsiyah é psíquica, ela criou o Outro Lado, o mundo dos mortos para sobrenaturais. Se ela veio atrás de Silas isso significa que as coisas estão saindo do controle.  Acho que preciso falar com o pai de vocês.

O clã podia discordar d bruxa, mas não podiam negar que ela era persistente. Bonnie insistiu na sua liberdade e diante da recusa argumentou que:

— A magia que Qetsiyah usou para criar o mundo dos mortos foi repassado pelas gerações Bennett, meus ancestrais usaram o mesmo feitiço para criar mundos prisões onde gerações de monstros foram aprisionados. Sem a Amara, a âncora que mantinha o Outro Lado ligado á este, tudo vai começar ruir. Como um efeito dominó, primeiro o mundo dos mortos, depois os mundos prisões começarão a colidir, abrindo fendas que permitirão que eles voltem para cá. Eu preciso impedir isso.

Mas como? O que ela podia fazer que não culminasse com os eventos das quais tinha lembrança? Como impedir que Marcus fosse libertado e seus viajantes tomassem Mystic Falls? Como não destruir o mundo dos mortos e ser tragada pelo mundo prisão? Tinha sido imprudente de sua parte tudo o que fez e as consequências tinham causado mais problemas do que os resolvido... mas o que ia fazer agora? Primeiro claro, tinha que sair daquele lugar. Sua teoria do que ia acontecer se não impedissem a destruição d’Outro Lado não surtiu o efeito desejado e ela permaneceu presa onde estava.

Ela precisava de um plano, um que fosse rápido, simples e útil... Quebrar as regras de Mina era tão tentadoras, era só usar um feitiço do livro da luz e estava livre, qual deles seria eficaz naquela situação? Sorte ou destino, ela não sabia dizer, só sabia que o primeiro feitiço que tentou funcionou e estava livre das algemas. Vagou sem rumo procurando a saída da casa que parecia ser imensa, acabou entrando numa sala mobiliada com móveis antigos e lustrosos, sentado atrás de uma mesa estava o líder do clã e diante dele dois homens mais velhos, possivelmente conselheiros pelo modo chocado com que olharam para ela:

— Quem a libertou? – perguntou um deles e usando um tom acusatório para o líder – Há traidores entre nós.

— Não preciso de ajuda de terceiro para me libertar – disse a bruxinha ofendida – Eu sai sozinha.

Ela viu quando o Sr. Parker apertou um botão sobre sua mesa, provavelmente chamando por ajuda. Bonnie revirou os olhos e se explicou antes que a sala fosse invadida por bruxos desagradáveis querendo ataca-la.

— Usei um feitiço de absorção, drenei a magia da sua cadeira com algemas e estou fazendo o mesmo com vocês.

Como aquilo soou uma ameaça, um dos velhos tentou um feitiço (de sono) e constatou que não conseguiu fazer nada além de falar coisas estranhas.

— Não vai funcionar. É para a segurança de vocês – ela repetiu o que lhe foi lhe dito quando questionou as razões de estar presa.

— Como se atreve á nos atacar em nossa casa?

— Como puderam ser estúpidos de me sequestrarem? Arquem com as consequências de se meterem com uma Bennett.

Foi rápido e indolor, absorver toda a magia que estava num pequeno raio de dez metros. Aquilo estava nos capítulos proibidos do Livro da Luz, ela sabia que não demoraria em Mina aparecer furiosa, mas não estava preocupada com isso. Precisava sair dali e já estava se acostumando com a ideia de que teria que lidar com a rainha sinistra toda vez que usasse magia do povo dela. Estava saindo da casa quando a porta se abriu e ela parou no salão de entrada pronta para atacar quem quer que fosse, mas quando viu quem era tudo o que fez foi abrir a boca e fechá-la novamente sem conseguir articular uma palavra útil.

— Ah! – Davina começou soando decepcionada – Viemos salvar você.

— Oh! Desculpe, não sabia disso.

Ela estava mesmo tendo aquela conversa? Se desculpando por ter se salvado sozinha?

— Vocês têm doces? Preciso de chocolate – disse esperançosa enquanto seguia com elas para fora e só parou rapidamente para devolver a magia de modo que quando saiu da casa a mesma desapareceu.

Damon ainda não acreditava no que tinha acontecido, ainda que repassasse cada momento daquela tarde, ele tinha a terrível impressão de estar deixando passar algo importante, algo que a traria de volta.

Bonnie, a outra bruxa e a lobisomem estavam na porta da casa paradas, não estavam conversando com ninguém pelo que se podia observar, mas estavam fazendo algo importante. Do lado de fora, a hostilidade entre os Mikaelson e aquele tal Marcel era quase palpável, de modo que Stefan e Tyler pareciam uma barreira para impedir os três de entrarem em um confronto físico. Quando as três garotas se afastaram da casa esta se tornou invisível.

— O que foi aquilo? – Klaus perguntou antes mesmo de qualquer um dizer alguma coisa.

— Por hora digamos que seja apenas bruxaria, se um dia houver necessidade de contar eu explicarei com detalhes o que foi aquilo. Olá, Marcel.

— Olá, Bonnie – o vampiro de Nova Orleans cumprimentou – Precisamos conversar a sós.

— Eu sei, te devo explicações também. Mas podemos deixas os fatos mais importantes para outro momento? Estou realmente cansada.

— Acho que não, é sobre os favores que fiz para seus amigos.

— Eu já sei, a Amara foi encontrada morta. Mas e o socorrista?

— Protegido – e lançando um olhar incomodado para Stefan – Precisamos falar sobre ele.

Bonnie olhou para Stefan e sua expressão pareceu mais exausta do que nunca. E mais uma vez Klaus se pronunciou antes de qualquer outro:

— Que assunto pode ter com ele? – o hibrido parecia realmente intrigado.

— Coisa de bruxa – Bonnie respondeu – Eu precisava de alguém confiável e como você é instável demais eu recorri á Marcel.

— Confia nele e não em nós – Damon incluiu os Mikaelson na sua soma.

— Lamento Damon, mas a primeira pessoa que ameaçasse a família de vocês conseguiria o que quer.

Ofendido nenhum deles ficou por que estavam cientes de que trocariam um segredo pelo bem daqueles que amam sem nenhum remorso, mas a magoa era evidente nas expressões que eles tentaram com algum êxito disfarçar com indiferença.

— Não me olhem como se eu fosse uma traidora – disse se sentindo ofendida – Se querem saber eu fui atrás de Davina, se ela confia em Marcel então eu também confio. E podemos sair daqui?

— Não antes de explicar o que está acontecendo.

— Klaus, eu passei... – ela olhou para Damon

— Um dia e meio.

— Sério? Pareciam semanas. De qualquer modo estive presa pelo clã dos gêmeos e acho que mereço algum descanso antes de lidar com sua paranoia.

— Eu estava falando sobre o sequestro, quero saber por que te levaram.

— Queriam informações.

— Sobre o que?

— Os doppelgänger.

— O que eles queriam saber sobre nós? – Stefan questionou ignorando o fato que nem todos ali sabiam o que ele era.

— Coisas perigosas demais para ser compartilhado com um clã que acha que não se importa com a vida quando se trata de proteger a magia. Não se preocupe, você e os outros estão perfeitamente seguros, pelo menos até eles descobrirem outro jeito de obter suas respostas.

Deixando claro que não falaria mais sobre esse assunto, Bonnie se despediu dos que voltariam para Nova Orleans os agradecendo por virem ao seu socorro e lembrando-os que se precisassem de algo que estivesse dentro de suas capacidades, ela não hesitaria em ajuda-los. Klaus deixou pairando no ar uma ameaça contra Marcel prometendo uma visita futura á sua cidade assim que Bonnie se explicasse sobre algumas coisas que ele não estava conseguindo encaixar.

No caminho de volta, dentre uma parada e outra – Caroline tinha aconselhado Klaus á fazer paradas durante o trajeto até Mystic Falls para que Bonnie descansasse, Damon sabia que podia esperar de Caroline coisas desse tipo para o bem estar da amiga, o estranho estava sendo ver Klaus ouvir as maluquices que a vampira dizia e as cumprindo –, Bonnie lhes contou sobre a Gemini, sobre os Viajantes e os interesses deles nos doppelgänger. Facilitou as explicações sobre quem era quem dado ao conhecimento dos Mikaelson sobre o assunto, eles eram velhos o bastante para saber.

— Não faz sentido – disse Elijah olhando fixamente para Bonnie – Se os viajantes tinham alguma aliança ainda que passageira com essa sua ancestral, por que não pediram que ela resolvesse o problema do líder deles?

— Por que Marcus está morto, não é apenas abrir uma fenda entre mundos é ressuscitação. Eles vão sacrificar dezenas de pessoas para trazê-lo de volta.

— E como pretende impedir isso? Apenas mantendo o par de Elena escondido?

— Não exatamente. Eles precisam de um casal, por isso conectei os três. Stefan, Avery e Elena. Se um deles morrer outros dois morrem e não haverá mais sangue mágico para ressuscitar ninguém.

— Você fez o que?

— Não grite comigo, Stefan, eu fiz o que foi preciso para proteger os humanos. Desculpe, mas se para manter Marcus morto eu precisar enfiar uma estaca no seu coração eu o farei.

— Mas e Elena? – Elijah questionou olhando para Damon – Pensei que fosse tudo para protegê-la.

Bonnie só deu de ombros.

— O que uma Bennett fez só uma Bennett pode desfazer. Tessa criou os doppelgänger e eu posso interromper o ciclo deles. Não é pessoal Stefan.

Diante do olhar estarrecido do vampiro, ela contou sobre o Outro Lado e os mundos prisões. Isso Damon identificava, ela já tinha mencionado a capacidade de seus ancestrais criarem dimensões onde trancaram sobrenaturais perigosos e sobre a criatura que ela tinha preso numa dessas prisões.

— Há outro meio de impedir os viajantes sem colocar Stefan e Elena em perigo? – questionou.

Infelizmente ele não saberia a resposta, por que naquele momento do outro lado da rua algo lhes chamou a atenção. Primeiro um clarão alaranjado que parecia reflexo de uma fogueira, depois três pessoas apareceram. O gemido de Bonnie que se encolheu ao vê-los denunciou que aquilo não era algo bom.

— Quem são eles? – Elijah perguntou despreocupado.

— Problemas – Damon respondeu pela bruxa – E dos grandes.

Como o trio estranho não se moveu e os olhavam fixamente, eles saíram do pub onde tinham parado para descansar.

— Por favor, não façam nada – Bonnie pediu enquanto atravessava a rua para se reunir ao trio.

De perto ficava obvio que os três não eram bruxos normais, talvez pertencesse ao clã de Mina considerando os corpos de baixa estatura, os cabelos flamejantes, os olhos grandes demais para os rostos magros e brilhantes demais para olhos de um sobrenatural comum. Os homens fizeram uma reverência para Bonnie, e a mulher baixou a cabeça numa saudação formal e a olhou do mesmo modo estranho que Mina olhava para tudo, como se avaliasse algo que estava além de sua visão.

— É a encantriz, Bonnie Sheila Bennett? – perguntou em tom seco

— Sou.

— Somos Escoltas, viemos leva-la.

— Escoltas? Estão levando a Bonnie presa? – Stefan perguntou surpreso.

A mulher olhou para Stefan com desagrado, mas não respondeu diretamente para ele, disse:

— Todos os crimes cometidos por Bonnie Sheila Bennett devem ser julgados e punidos pelo Alto Conselho de Taan.

— Que crimes? A Bonnie nunca cometeu crime nenhum – Damon a defendeu, repassando as ações de Bonnie não via nada que pudesse ser considerado um crime grave.

— Ela transgrediu nossas leis e usou magia proibida, tendo ela o conhecimento das Leis devia ter evitado infringi-las.

— Foi para minha proteção – Bonnie argumentou insegura – A sua Tári permitiu que eu usasse alta-magia em casos de extrema emergência.

— Se está se referindo á Lumina Aürie, ela não é mais nossa rainha. Todas as concessões que ela tenha lhe oferecido foram nulificados, perante nosso atual conselho é apenas uma criminosa e seus crimes devem ser punidos.

Bonnie abriu a boca, mas não sabia o que dizer. Damon sentiu quando as mãos dela se fecharam em seu punho antes que ele fizesse o movimento que estava planejando, assim não pode atacar os prováveis inimigos. Aparentemente ele não foi o único que pensou em atacar, Klaus se moveu com intuito de matar a mulher, mas ela parecia preparada para aquele tipo de reação, pois estendeu o braço e sua mão enfiou-se na carne do hibrido que rapidamente ficou com um aspecto acinzentado, curiosamente aquilo não parecia estar sendo prazeroso para a bruxa-oficial cujas feições se torceram em agonia enquanto o próprio braço adquiria aquele aspecto doentio da morte.

— Chega! – o tom de Bonnie era frio e sues passos determinados quando caminhou para mais próximo do trio – Irei com você.

A mulher largou Klaus e se virou para a bruxa, um estalar de dedos e Bonnie estava com algum tipo de braceletes de vidro.

— Bonnie – ele chamou preocupado.

— Volto assim que eles terminarem – disse e sorriu enquanto se desintegrava em cinzas.


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Notas finais do capítulo

Agradeço sinceramente pelos comentários, prometo que assim que conseguir tempo e um computador descente eu os responderei...



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