Os vampiros que se mordam 2 escrita por Gato Cinza


Capítulo 29
Reunião macabra




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Á respeito de seu relacionamento com Damon, concluiu-se que:

Eles ficariam presos em 1994 com Kai. Eles se aproximariam muito. Damon saia e se decepcionava com Elena. Ela saia e seu afeto por Damon só aumentaria. Ela conhecia Mina e Q’rey. Damon e ela percebiam que o que sentiam não era apenas confiança mutua e amizade, era amor do tipo que só acontecia em livros. Então ficavam juntos enquanto o mundo enlouquecia. De qualquer modo, o afeto entre ela e Damon começava a crescer no mundo prisão e ela não queria passar por aquilo novamente. Por isso, resolveu que abriria mão de seu amor se isso a impedisse de voltar para aquele lugar terrível.

Se ela estava triste?

Claro, ela era humana apesar dos dons sobrenaturais. Sua tristeza era profunda e dolorosa, mas não queria ter que sofrer horrores em nome de um amor, não era personagem dos livros românticos que Caroline devorava com adoração. E agora ela tinha aquele pequeno ser crescendo em seu ventre. Tinha que protegê-lo do caos que era ser descendente de um Mikaelson. E tinha Klaus, ela estava evitando á ele e sua família fazia dois dias. Matt disse que Rebekah anunciou aos irmãos sobre a gravidez e que eles estavam a procurando para conversar, pelo menos Elijah estava. Com Klaus conversar era apenas uma idéia. Conversou com seu pai sobre a gravidez e ele ficou muito irritado pela irresponsabilidade da filha, Abby também não comemorou ainda mais quando soube que o pai era um lobisomem – ela evitou dizer o nome de Klaus. Ela tinha todo um futuro pela frente. Ainda estava terminando o colegial. Agora teria que colocar o bebê antes de todos seus planos.

Apesar da bronca, seus pais já estavam discordando de como o neto seria criado. Os dois já estavam planejando todo o futuro da criança e Abby disse que cuidaria do neto enquanto Bonnie fazia sua faculdade de direito, para irritação de Rudy que não achava certo afastar a mãe do filho, logo, ele quem cuidaria do neto por que era com ele que Bonnie morava. Nessas horas a bruxa ignorava a discussão e ia para o quarto, felizmente tinha convencido Abby que não era necessário ela deixar sua vida para vir cuidar da dela. Por hora estava segura. Só precisava lidar com as intermináveis ligações de sua mãe.

Depois de outro dia de aula, ignorando Caroline que a olhava atravessado o tempo todo e a presença constante de Rebekah, e seu já habitual desaparecimento assim que toca o último sinal – felizmente tinha aprendido aquele útil feitiço de invisibilidade –, tudo o em que ela pensava era chegar em casa, ouvir música, cozinhar e ler. Nada mais justo em sua opinião. Como o bangalô da avó ficava um pouco mais longe que a casa do pai, ela preferia ir para a casa dele, o motivo real era o fato de que ele tinha assumido o cargo de prefeito e passava o dia trabalhando. Então ela tinha a casa só para si. Pelo menos foi o que pensou quando entrou em casa.

Rudy estava desacordado no sofá. Primeiro pensou que ele estava apenas dormindo, era costumeiro ele adormecer no sofá. Então ouviu os passos no andar de cima e sentiu a presença dele. Correu para junto do pai para verificar se ele estava bem, estava apenas adormecido, felizmente.

— O que fez com ele? – perguntou para a pessoa, coberta de manto preto, que descia a escada.

— Não foi esse efeito que eu quis causar – disse ele com deboche – Esperava pânico diante de minha presença.

— O meu pai!

— Esta bem, só dorme. Devia ter percebido isso já que usa feitiços do sono.

Bonnie se levantou, encarando a figura encapuzada.

— O que quer comigo, Silas?

Ele bateu palmas com lentidão e sarcasmo.

— Achei que era consciente de minha presença no segundo em que te vi, você me olhou com a mesma irritação que olha agora e mudou de caminho.

— Eu já te vi antes. Conheço sua verdadeira face.

— Eu sei. Roubou a cura de mim e deu para a garota-sombra. Mas agora que despertei noto essa energia estranha ao seu redor. Pequenas ondulações que se entrelaçam e se dividem formando mais linhas...

Bonnie ficou ofegante. Ele era capaz de ver? Não devia.

— S-sabe o q-que s-sou? – gaguejou temerosa ao mesmo tempo em que Silas questionava:

—... que tipo de bruxa você é?

Eles se calaram. Ela aliviada por ele não saber e ele mais curioso que antes para compreender que poder era aquele que pulsava ao redor dela.

— O que é você Bonnie Bennett?

— Alguém que você não vai querer como inimiga – disse mais confiante diante da falta de conhecimento dele – Agora saia da minha casa.

— Só depois de termos uma longa e necessária conversa – ele se sentou noutro sofá – Vamos começar com algo importante que achei trancado numa caixa no criado-mudo.

De dentro de sua grossa capa, ele tirou a estaca de carvalho-branco.

— Mexeu nas minhas coisas?

Ela tentou pegar a estaca, mas ele a empurrou com um feitiço que a fez ficar entorpecida.

— Sabe que carrega uma abominação no ventre? Meio bruxo, meio lobisomem e com sangue de um vampiro. Não tenho o dom da clarividência, mas pressinto grandes desastres para essa criança. Piores que os do destino de sua amiga Elena que nasceu com sangue maldito.

— Amaldiçoada por sua culpa.

— Minha? Passei os últimos séculos dormindo, nada fiz. Diferente de você.

— Enganou a Qetsiyah, se não tivesse feito isso ela não teria surtado e não haveria doppelgänger algum.

— É. Talvez tenha razão – ele gesticulou com a mão de um modo ameaçador ao se aproximar dela, segurava a estava e pressionou a arma contra a barriga de Bonnie que prendeu a respiração – Vamos fazer um acordo, você me entrega o sangue da sua amiga para que eu possa viver o resto da minha vida e eu vou embora de Mystic Falls.

— O-ou?

— Ou mato você.

Ela ergueu o queixo em desafio e sorriu ligeiramente:

— Mate. E então já não será mais problema meu.

— Tem certeza que quer isso? – ele pressionou mais a estava na barriga de Bonnie – Morrer?

Não seria a primeira vez, só que Silas tocou com a mão enluvada à barriga da bruxa num gesto de acalanto que a fez se lembrar do filho que esperava. Ela tentou se afastar, mas ainda estava enfeitiçada por aquela paralisia desagradável.

— Peça – ele murmurou com suavidade, estava se divertindo.

Foi salva por batidas na porta. A pessoa do outro lado entrou sem esperar convite e Bonnie sorriu ao ver o rosto gentil da xerife.

— Olá Bonnie, Rudy está por aqui?

Os olhos da bruxa relancearam o sofá onde seu pai estava e Silas na sua frente. Ele estava usando seus poderes psíquicos para manipular a visão de Liz Forbes.

— Ele passou por aqui, mas já foi embora.

— O carro dele está lá fora.

— Talvez ele tenha ido com alguém para onde quer que seja. Já ligou para ele?

— Está desligado – informou a xerife, estreitando os olhos – Você está bem, Bonnie?

— Estou ótima.

— Então vou esperar pelo Rudy aqui.

Todos os instintos da xerife anunciando que ela mentia, começou a olhar em volta e entrou com passos firmes e atenta, indo se sentar. Bonnie sentiu o corpo mais leve e Silas sussurrou que livrasse logo da visita antes que ele resolvesse acabar com aquela reunião.

— Eu preciso sair agora, xerife, talvez papai tenha voltado para a prefeitura.

Bonnie seguiu Silas com os olhos, o encapuzado parou atrás do sofá onde Rudy estava desacordado. Ela pressentiu o que ia acontecer antes que se desse sinal da tragédia. Silas matou seu pai numa outra realidade e faria o mesmo agora. Ignorando a segurança, gritou:

— Fica longe dele – as luzes piscaram e alguns objetos caíram.

A ilusão de Silas tremeu e Liz Forbes percebeu sua presença, pegando a pistola de serviço e apontando para a figura sinistra em pé atrás de um Rudy inconsciente. O homem jogou a estaca na direção da bruxa que foi salva pela xerife que se jogou contra ela. Foi mais rápido que se podia acompanhar, ele tirou o coração de Rudy e fugiu com sua velocidade sobrenatural, Liz Forbes tinha certeza que conseguiu acerta-lo, mas infelizmente Silas era imortal e suas balas de metal sequer lhe causava ferimento.

Bonnie ainda tentou de todos os modos o reanimar com sua magia, mas tudo o que conseguiu foi ficar mais desesperada á cada tentativa frustrada. Caroline, Vicki e Elena estavam voltando com ela da funerária quando Abby chegou. Depois do funeral a mãe tentou convencer a filha de ir embora com ela. Deixar a magia e seus transtornos para trás, criar seu filho longe de Mystc Falls e seus eternos conflitos. Bonnie teria aceitado, estava inclinada a aceitar. Seus amigos não estavam completamente animados com a possível partida da garota, mas compreendiam e aceitavam a decisão de partir.

— Então é verdade? – Damon perguntou entrando no quarto dela – Vai embora?

Tinha o visto chegar pela janela, por isso deixou a porta se abrir e ele entrar.

— Quem te disse isso?

— Elena. Disse que vai partir com sua mãe e que vai abrir mão da magia.

— Elena disse isso? Ela não me fez perguntas á respeito de nada. Ninguém fez, só o Matt, mas ele só estava transmitindo as preocupações de Rebekah que...

— Eu já sei – o tom dele nada indicava – Está grávida de Klaus.

Bonnie olhou-os nos olhos, ele se virou para evitar aquele contato.

— É. Rebekah e Elijah estão querendo saber coisas demais sobre isso, mas não sei explicar. Não sou especialista em maldições, só entendo que fiz besteira. Interferi no destino de uma pessoa e as consequências disso foi engravidar por que aparentemente Klaus tem que ter um herdeiro, eu não fiz de propósito. Tudo que tenho feito desde que voltei foi tentar proteger as pessoas que amo, evitar o maior numero possível de sofrimento e dor. Mas nada dá certo. Toda vez que me meto á heroína uma linha se parte e eu entro em colapso, já entendi que minhas tentativas de salvar o mundo não vai funcionar, e já entendi que por causa de uma coisa que fiz todo meu destino foi alterado e de todos que eu conheço como um efeito dominó sinistro.

E pela terceira vez naquele dia, ela chorou. Agora não era por seu pai ou por sua sina em causar o caos. Agora era pelo ser que crescia em seu ventre. Damon a abraçou e deixou que chorasse tudo que lhe atormentava.

— E agora vou ter um filho. Tem idéia do que é isso? Eu mal consigo me proteger sozinha e terei que proteger uma criança. Como posso ser mãe? Não sei nem cozinhar e ainda terei que me virar para não enlouquecer por que todos os dias eu acordo com a chance de ter um surto e mudar de personalidade. Eu queria só impedir que Q’rey destruísse nosso mundo como fez com o de Mina, por isso eu voltei. Se tivesse voltado para o dia certo, teria me impedido de conhecê-los e nada teria acontecido. Mas errei. E agora estou aqui. Perdida com meus fantasmas sem saber como seguir em frente por que sei o que está por vir. Eu não quero morrer e não quero voltar para aquela prisão infernal. Eu escolhi te perder para não perder minha vida e agora eu não sei de nada... está tudo confuso demais. Perdi o controle da situação, não que eu tivesse algum, quebrei regras e estou muito tentada a quebrar as que sobraram.

Ele não tinha menor idéia do que ela estava falando, muito menos falando rápido entre os soluços com voz embargada. De tudo o que ela disse só compreendeu que ela sentia medo do futuro, estava se sentindo insegura. E entendeu aquele nome que ela já tinha mencionado outra vez. Esperou que ela se controlasse para poder perguntar:

— Bonnie quem é esse Q’rey á quem parece temer tanto?

Ela se apartou dele e voltou á dobrar as roupas que colocava em uma mala grande.

— Quando estivemos em Miami, a Vicki carregava com ela um artefato de magia. Lembra-se?

— Ela o chamava de pedaço do inferno.

— Aquilo é a Lança de Ferro. Foi criada para absorver e anular magia. Funciona como um... um... uma horcrux, desculpe eu não consigo pensar em comparação melhor, a Lança guarda mais do que magia e dentro dela foi trancado Q’rey. Achei que tinha sido destruído, então fui visitar Zach Salvatore e ele me entregou o Livro de Mina e comentou sobre as inscrições semelhantes á Lança de Ferro, no Japão. Naquela tarde mandei Vicki e Enzo para o Japão com a missão de recuperar a Lança. Eu sou uma bruxa, meu poder sobre a lança é nulo, por isso o mandei para uma dimensão-prisão, longe do alcance dos humanos.

— Dimensão prisão?

— Meus ancestrais tem aptidão para criar lugares assim. Qetsiyah criou o mundo dos mortos sobrenaturais por pura insanidade. Em 1903 uma ancestral ajudou á criar uma prisão dimensional para alguns bruxos perigosos. Em 1994 vovó e um clã de bruxos criaram uma prisão para um psicopata ladrão de magia. Acho que está no DNA me meter em problemas alheios.

O vampiro ignorou o último comentário.

— Se esse Q’rey já esta preso na lança por que o mandou para outro mundo?

— Por que de algum modo ele estava me afetando. Desde que o mandei pra lá, não tenho mais pesadelos perturbadores, agora só os normais.

— Entendo, mas ainda não me disse quem é ele.

— Ele é um problema resolvido, não importa os detalhes.

— Claro que importa, para mim importa.

Ela fechou a mala e a desceu da cama. Então o vampiro se lembrou do por que estava ali.

— Ainda haverá tempo para se despedir?

— Despedir do que? – ela perguntou sem entender a mudança de assunto.

— De mim, dos amigos.

— Por quê? Você vai embora?

Agora ele foi quem não entendeu. Olhou para a mala e disse:

— Não está indo morar com sua mãe?

— Não. Abby foi embora nesta manhã. Eu só vim pegar minhas coisas para levar para a minha casa, a que era da vovó. Não tem por que eu viver em duas casas.

— Achei que, todos achavam que ia embora para sempre, desta vez.

— Tiraram conclusões de conversas que não deviam ter ouvido. Se tivessem me perguntando em vez de teorizar, teriam poupado tempo e imaginação. Além de que eu tenho negócios inacabados aqui.

— Que negócios?

— Matar Silas. Proteger a cidade. Talvez me tornar presidente ou dominar o mundo, eu ainda não decidi.

Elena não tinha gostado do plano de Bonnie, não mesmo. Ir até Silas e deixa-lo tomar seu sangue? Que estupidez. Infelizmente seus amigos, incluindo os Salvatore, apoiavam a idéia.

— Ele não é telepata? Vai descobrir o plano assim que me aproximar dele – tentou argumentar.

— Sei disso. Mais do que se proteger ele quer ser mortal, a única chance disso acontecer é tomando seu sangue, o resto é consequência.

— E se não funcionar? E se ele me matar?

— Damon está indo com você para te proteger. Confie nele.


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