Os vampiros que se mordam 2 escrita por Gato Cinza


Capítulo 28
O xis da questão




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As semanas passaram sem muitas novidades. Silas estava causando problemas apenas para a xerife Forbes e continuava fazendo seu jogo de mistério sem dar as caras. Bonnie já tinha o visto duas vezes, o que a deixou bem tranquila, já conhecia a face dele e mesmo tendo mexido com a linha do tempo, ainda podia o identificar. Elena ainda dormia, mas agora estava na casa dos Salvatore por que Damon insistiu que era mais seguro assim. O pai de Bonnie tinha sido nomeado prefeito e recentemente a bruxa estava achando que estava sofrendo os efeitos colaterais de alguma coisa que fez. Só que fizera tantas coisas erradas que já nem conseguia acompanhar o ritmo dos castigos.

Como de costume das sextas-feiras, ela estava no Grill com os amigos. Rebekah estava jogando contra alguns adolescentes que frequentavam o lugar, todo instante olhava na direção de Matt e lhe sorria. Pelo menos contra ele, Klaus ainda não tinha feito nada. Talvez por causa da ameaça constante que eram os amigos do rapaz loiro ou por que recentemente o irmão tinha se aliado aos Salvatore na busca por Silas ou ainda por que Klaus tinha um novo interesse amoroso, Caroline. Seja qual fosse a razão, ela estava gostando de usufruir de um relacionamento estável sem ter que temer pela reação impulsiva do vampiro-lobisomem. Mesmo concentrada naquele jogo estupidamente difícil de vencer, ela prestava atenção ao seu redor. Depois dos corredores do colégio, o Grill era o maior centro de fofocas informativas daquela cidade minúscula onde todos sabiam da vida de todo mundo. Bonnie estava conversando com seu grupo estranho sobre as consequências das ações dela, aparentemente ninguém concordava com sua escolha em manter Elena dormindo.

— Está bem, eu tiro o feitiço de Elena – disse vencida – Mas lembre ao seu irmão que temos um acordo e no momento em que Elena despertar minha preocupação para com a saúde dela deixa de existir.

Stefan sabia bem á que acordo a bruxa se referia, mas fez-se de desentendido e questionou:

— Qual acordo?

— O que fizemos quando Klaus sequestrou Elena da primeira vez, jurei que nunca mais os socorreria quando se metessem em problemas. Eu só abri uma exceção por que fui eu quem deu a cura para Elena, mas assim que a tirar do estado de sono-eterno, ignoro a segurança dela. Por que não fui eu quem libertou Silas.

Rebekah errou sua jogada ao ouvir que Elena tinha tomado a cura. Suspeitava que Elena tinha algo haver com o fato de Silas estar na cidade, mas achava que era por causa dessa coisa de ser cópia sobrenatural, nunca imaginou que o motivo fosse a cura.

— Estou de acordo com sua decisão – disse Stefan – Eu assumo os riscos e tenho certeza que Damon também, afinal, ele é o maior interessado em reaver Elena.

Bonnie se aprumou ao ouvir aquilo. Balançou a cabeça negativamente, não ia se apegar mais á seu amor por Damon e nem ao que eles deveriam viver. Tinha tomado essa decisão e não mudaria de idéia, não importava as consequências. Não podia e nem ia ficar á espera de algo que talvez nem acontecesse e se ocorresse quem lhe garantiria que seria igual? Infelizmente suas emoções contradiziam sua razão, ainda que exteriorizasse força, ela queria muito ficar sozinha para chorar. Por isso pediu licença aos amigos e ia se retirar para o toalete á fim de deter as lágrimas antes de chorar. Ao levantar, rápido demais, sentiu uma forte vertigem e teria caído se Stefan não a segurasse, voltou a se sentar e permaneceu imóvel com os olhos fechados até se recuperar.

— Detesto essas crises – resmungou tomando um copo de suco.

— Bonnie, você não está nada bem – disse Caroline – Já pensou em procurar ajuda de especialistas?

— Já disse que o que eu tenho não é problema médico, Caroline, é só exaustão causada por excessos.

— Sei não. Você tem passado mal com uma frequência incomum. Os desmaios nem me assustam tanto, comparado com os enjôos.

— Eu tinha comido uma caixa de bombons sozinha, claro que fiquei enjoada.

— Não, você estava faminta por chocolate e ficou enjoada com o cheiro do perfume de Damon – Caroline riu ao comentar maldosa – Se não te conhecesse diria até que está com sintomas de uma grávida. Quando foi que sangrou pela última vez?

Os olhos de Bonnie se arregalaram.

— Caroline! – repreendeu – Isso é coisa que se pergunte?

A loira começou a rir, divertindo-se com o fato de Bonnie sempre ficar encabulada com esse tipo de conversa pessoal, em público. Stefan, que fingiu não prestar atenção ao que Caroline disse e resolveu se ligar aos outros sons ambientes enquanto as duas terminavam aquele assunto, percebeu algo que o fez arfar de surpresa.

— O que foi? – perguntou Bonnie para se livrar do olhar maroto da loira.

Stefan olhou para os olhos verdes apreensivos e curiosos, depois para Caroline que enrugava ligeiramente a testa tentando adivinhar o que estava acontecendo.

— Escute – ele disse olhando para a barriga da bruxa.

— Ai. Meu. Deus.

— O que foi gente? – Bonnie olhou para baixo e tudo o que viu foi uma mancha antiga na sua blusa preferida, mas aquilo não era motivo de alarme.

— Tem... você está... é um coração...

— O que tem de errado com meu coração? Achei que vampiros gostassem de pescoço – brincou.

— Bonnie você está grávida – Stefan informou direto e surpreso.

A primeira reação dela foi rir. Grávida, ela? Nem que acreditasse em milagres isso seria possível. A única pessoa com quem teve relações foi com Damon e vampiros não tem filhos, é impossível. Enquanto ria, levou de modo inconsciente a mão ao ventre, a barriga lisa indicava no mínimo que ela não tinha comido nada desde a noite anterior e que... espera. O que era aquilo? Bonnie afastou as mãos do corpo. Não. Não era isso. Ela estava apenas projetando. Não tinha a menor chance de acontecer. Voltou a colocar a mão na barriga e fechou os olhos.

— Não. Não. Não...

Sim. Tinha uma vida ali. Uma frágil vida se formando em seu ventre. Como? Damon era vampiro e era um fato sobrenatural que esse tipo de coisa não acontecia. Ele estava morto. Era um morto-vivo e isso não era natural. Como podia estar grávida? A última vez que esteve com o Salvatore foi quando Vicki desapareceu depois disso não ficou com ninguém, exceto por... o dia em que ficou muito bêbada e acordou na cama de Klaus. E ela compreendeu.

— Não.

Era para Hayley ter uma filha de Klaus, mas ela interferiu e mandou a lobisomem para Nova Orleans antes do momento certo. Tinha pensado apenas em resolver seus problemas que esqueceu por completo que o motivo dos Mikaelson saírem de Mystic Falls era a gravidez de Hayley. Klaus tinha que ter uma filha e com a lobisomem longe, a natureza deu um jeito de dar á Klaus uma herdeira.

— O maior erro que eu cometi.

Caroline e Stefan falavam alguma coisa com ela, mas não os ouviu. Se levantou e pegou a bolsa.

— Espera, aonde vai? – a vampira quis saber.

— Estou esperando a cria de um híbrido de mil anos. Vou cometer suicídio.

— O que? – Caroline se colocou na frente dela, impedindo-a de sair – Está dizendo que o pai é o Klaus?

— Caroline, sai da minha frente.

— Não antes de explicar que história é essa de estar esperando um filho de meu irmão – Rebekah exigiu saber se juntado á Caroline no bloqueio.

— Me deixem em paz – Bonnie gritou forçando passagem, mas não conseguiu passar pelas vampiras.

— Não até se explicar.

— Querem os detalhes de como se inicia uma gravidez? Vamos ficar aqui por longas horas.

— Bonnie – Stefan, pacifista, ponderou – Só queremos entender.

— Klaus é um híbrido. Com a maldição do Sol e da Lua quebrado, ele despertou seu lado lobisomem e aparentemente, ele é um lobisomem bem fértil. Querem saber os detalhes de nossa noite juntos? Perguntem para ele, por que eu estava bêbada demais para lembrar os pormenores. E mais uma coisa...

Os três se dobraram, as mãos nas cabeças. Ela os atacou com um aneurisma e foi embora.

O cemitério estava vazio, não que isso causasse surpresa. Com exceção de Elena que gostava daquele ambiente silencioso, poucos iam ali sem uma razão sensata. A razão de Bonnie estar ali era a vela roxa acesa diante do tumulo de sua avó, ela se curvou e assoprou a chama. Aquele era o elo do feitiço usado para manter Elena dormindo, enquanto a chama estivesse acesa a cópia dormia. Depois de retirar o feitiço, ela se sentou e se colocou a conversar com a avó que ela bem sabia, estava do outro lado acompanhando sua vida.

Estava se tornando algum tipo de esquisitão enclausurado que não saia da própria casa. Culpava a Bonnie por isso. Ela tinha dado a cura para Elena e a feito dormir, ele tinha que ficar em casa e proteger sua namorada de Silas, seja lá qual a razão dele querer a cura, afinal era imortal e não fazia muito sentido ele querer voltar á ser um reles bruxo-mui-poderoso. Ficar em casa estava o deixando irritado. Já tinha lido vários livros, inclusive os romances tediosos que Caroline lhe emprestava. Já tinha arrumado toda a adega classificando os vinhos, uísques e demais bebidas por raridade, ano, acidez e coloração. E tinha certeza que estava se viciado em séries de TV e paródias de filmes de terror. Assistia outro episódio de The Big Bang Theory, quando o celular vibrou informando o recebimento de uma mensagem, era de Bonnie.

“Retirei o feitiço de Elena”.

Só isso. Ele tentou ligar para a bruxa, mas não conseguiu mais que uma mensagem gravada da caixa-postal. Subiu para ver Elena, ela estava sentada na cama, confusa.

— Bonnie disse que ia ser provisório, quanto tempo dormi? Silas já foi derrotado?

— Ainda não. Mas não se preocupe, resolveremos isso.

Elena sorriu e o abraçou chorando por causar tanta desavença entre os amigos que não sabiam como lidar com sua segurança. Damon teria dito que estava de acordo com os métodos de Bonnie, apesar de a bruxa parecer se divertir demais com o sofrimento que seus métodos causavam, contudo, preferiu não explicar para Elena as razões de que sempre optaria por aceitar as decisões de Bonnie por mais drásticas que fossem. O que tinha acontecido entre ele e Elena devia ter sido passageiro, queria apenas acabar com aquela paixão fulminante que sentia, queria que o desejo pela humana fosse saciado e quando acontecesse terminaria com ela e seguiria em frente. Mas tinha algo errado com sua decisão. A reação de Bonnie para aquilo foi demasiada desinteressada, como se não sentisse por ele nem a metade do que ele sentia por ela. Talvez tenha se acomodado á presença de Elena.

Estava ficando velho e preguiçoso. Da primeira vez que teve esse pensamento ele riu, soava ridículo um vampiro sentir-se velho. Só que quanto mais pensava em seus mais de cento e cinquenta anos, mais velho se sentia. Não antigo, como algo raro e apreciável, só velho. Desatualizado por mais que acompanhasse as novas tecnologias. Desnecessário, por mais útil que fosse à vida das pessoas. Uma múmia no século vinte e um. Depois concluiu que esses pensamentos lhe eram alheios, pertencia á outra pessoa. Ele era Damon Salvatore e o que estava acontecendo na sai vida era que tudo estava se tornando um tedioso marasmo repetitivo. Elena em perigo. Bonnie com raiva. Stefan se afastando cada vez mais. Seus amigos mais próximos ocupados com suas vidas pessoais. Inimigos poderosos surgindo do nada e grandes sacrifícios. Estava vivendo uma vida que não lhe proporcionava nada de estimulante. Precisava urgentemente de uma longa viagem. Pensava nisso, reviver uma de suas aventuras passadas. Talvez uma temporada na Europa ou quem sabe algo mais divertido.

— Vem comigo para Nova Iorque? – pediu á Elena.

— Por quê? O que tem em Nova Iorque?

— Hotéis caros. Museus. Prédios antigos. Boates e um período de sossego longe da zorra que está se tornando Mystic Falls. Prometo que será inesquecível.

— Inesquecível? Está bem, eu vou com você. Mas tenho que ir em casa fazer as malas.

O vampiro não pode deixar de comparar a disposição da humana e da bruxa para aventuras, Bonnie praticamente carrega uma bolsa de emergência no carro para essas ocasiões, isso quando não deixa para se arranjar com o que acha, Elena precisava se planejar. Diferentes até nos detalhes mais similares.


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