Os vampiros que se mordam 2 escrita por Gato Cinza


Capítulo 30
Supernatural




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THEN.

— Estou saindo da cidade, quer vir comigo?

O lobisomem olhou desconfiado para a bruxa.

— Está me convidando para fugir com você?

— Eu estou sem magia, preciso de um lobisomem emprestado e você precisa de uma folga dos conflitos sobrenaturais que desenrola á nossa volta. Não é uma fuga, parafraseando Gandalf, é necessário voltar para trás para seguir em frente.

— Não entendi.

— Saio da cidade amanhã ao nascer do sol, se quiser entender me encontre no limite de Mystic Falls.

Na manhã seguinte, quando ela chegou ao limite da cidade, o lobisomem a esperava. Somente quando saíram do estado foi que ela disse que estava indo para Nova Orleans. Por que uma viagem tão longa de carro? Por que ela queria assim. Contou para ele sobre as alcatéias de Nova Orleans, sobre os clãs de bruxas, sobre os vampiros e o mais importante, sobre um período sombrio dos Mikaelson naquela cidade quando ainda era uma colônia. Quando chegaram á cidade se separaram, ela foi procurar as bruxas para descobrir como recuperar sua magia – pelo menos fez Tyler crer que era isso – e ele foi para o pântano conhecer uma mulher com genes do lobisomem desativado que podia lhe ajudar com sua transição.

Encontravam para jantar num pub neutro onde magia não funcionava. Não falavam sobre seu dia, onde foram e nem o que faziam. Era como dois estranhos sentados na mesma mesa por falta de opção. Comiam em silêncio pareciam ter um acordo em não mencionar Mystic Falls e seus habitantes. Estavam hospedados em um hotel no bairro francês, para onde seguiam só muito depois da meia-noite, quando voltavam de uma das boates dirigidas por Marcel, o vampiro dono da cidade, onde humanos eram usados como fonte pelos vampiros noturnos. Cada um deles tinha uma razão para ir aqueles lugares, o lobisomem pelos de sua espécie e a bruxa por outras bruxas. Numa dessas noites, Marcel se aproximou deles:

— Juro que tentei, mas depois de debater suas razões cheguei à conclusão que nada justifica a presença de uma bruxa e um lobisomem na minha Casa.

— É a melhor opção para diversão que encontramos deste lado do rio – Bonnie explicou com um dar de ombros – Então você é Marcel Gerard.

— Já me conhece – ele sorriu – Isso é tão injusto, pois gosto de me apresentar ás belas mulheres que despertam meu interesse.

— Se me dissesse isso três noites atrás quando entramos aqui pela primeira vez eu até acreditaria, mas imagino que já saiba tudo sobre mim e Tyler.

O sorriso de Marcel vacilou, e ele mudou de tática.

— O que me denunciou?

— É o que um bom estrategista faria. Descobrir o máximo de coisas sobre alguém antes de tentar uma aproximação, apenas para não ser pega de surpresa.

— Toma um drinque comigo?

— Um ou dois... Tyler!

— Divirta-se e me avise quando quiser ir embora.

Era um jogo. Seja qual fosse a intenção daquela versão estranha de Bonnie Bennett, era apenas um jogo. Tyler tinha percebido que havia qualquer coisa estranha com ela quando chegaram em Nova Orleans, sabia que ela estava passando por uma fase de mudanças, mas não tinha percebido até então que era mudança de personalidade. Seja lá o que ela queria com aquele vampiro estava diretamente relacionado com uma bruxinha da família Claire á quem Bonnie mencionou como talentosa ainda que despreparada. Mais alguns dias na cidade e ela informou que tinha que voltar para casa.

— Vou me fazer um favor para meu bem – disse ela encostada á parede do elevador – Vou me esquecer destes dias, será um grande vazio na minha cabeça.

— Por quê? O que aconteceu?

— Aconteceu que já recuperei minha magia e prefiro não lembrar o que fiz para conseguir isso, você me conhece Tyler, eu sou demasiada altruísta e acabarei me arrependendo de agir com frieza.

— Se sabia que isso ia acontecer, por que então fez algo errado?

— Por que eu precisava. Se algum dia eu dar defeito ou morrer ou sumir ou não sei que coisa terrível possa me acontecer, quero que ligue para esta pessoa e diga que preciso de ajuda.

Ela entregou para ele um cartão.

— Marcel Gerard? O vampiro que pensa ser dono da cidade?

— Um aliado. Não se preocupe com seus amigos lobisomens, que seja paciente e logo eles estarão livres. A Herdeira está voltando.

— Que herdeira?

— Tyler, não estrague minha diversão.

NOW

Tudo estava indo bem, Silas era mortal. Só faltava conseguir mata-lo e seria um problema a menos. Só que ela não podia contar com a ajuda oportuna de sua ancestral maluca que começou toda aquela bagunça sobrenatural. Pelo menos os Salvatore estavam se dedicando a ajuda-la, exceto por Caroline que estava começando a enlouquecê-la, estava tudo bem. Tinha decidido ir até o Grill encontrar os amigos, como sempre, mas seu carro deu defeito no meio do caminho e ela precisou seguir caminho á pé. Por isso estava divagando sobre como sua vida estava constantemente em perigo decorrente á uma tragédia óbvia.

Estava há poucos metros de distancia do pub quando percebeu algo anormal. Parou concentrada ao redor. O que tinha de errado? Procurou alguma coisa diferente na paisagem, mas eram os mesmos prédios de sempre, os mesmos carros, as mesmas árvores... o que estava faltando por ali?

— Estou ficando paranóica – disse em voz alta.

— Falando sozinha, Bonnie?

Ela estremeceu e ficou imóvel se recuperando do susto.

— Quer me matar do coração? – sussurrou num fio de voz.

— Que exagero – Klaus replicou analisando a expressão da bruxa – Viu um fantasma?

— Não, só uma múmia de mil anos. Que idéia é essa de aparecer do nada?

Ele imitou o gesto dela, inconscientemente, olhou de um lado para o outro como que esperando um ataque vindo do escuro ou uma repentina aparição.

— Impressão minha ou esta cidade está quieta demais? – ele perguntou, distraído.

— Silêncio – ela se surpreendeu por não notar antes o que tinha de errado, faltava som pela cidade, como se todos estivessem dormindo.

Bonnie apressou o passo para o Grill, mas foi barrada por Klaus.

— Precisamos conversar.

— Agora?

— Sim, disseram-me que está grávida e que eu serei pai.

— Eu ia te procurar para falar sobre isso, mas ainda não estou pronta para lidar com essa situação.

— Imaginei que não, Caroline disse que me transformaria em Prometheus se eu viesse te perturbar sobre o assunto enquanto você estivesse de luto por seu pai, seja lá o que isso queira dizer.

— Significa ser torturado todos os dias até morrer, por toda eternidade. Eu sei que é parte interessada na questão, mas sinceramente, eu prefiro que não se envolva nisso.

O híbrido tinha todo um discurso preparado para atormentar Bonnie, mas diante da decisão dela em mantê-lo longe de tal criança que podia ser seu filho de um modo sobrenatural que ele ainda não compreendia totalmente, mudou de idéia sobre como agir e, muito ofendido, disse:

— Não me envolver? O que pretende? Matar Silas e sair da cidade com meu filho?

— Como sabe o planejo para Silas? – perguntou desconfiada

— Matt falou com Rebekah que contou para Elijah, eu ouvi a conversa. E ainda não me respondeu.

— Se eu for sair da cidade sua família será a última á saber.

— Não se atreva a fazer isso – ele assumiu uma postura ameaçadora, para qual Bonnie reagiu com desdém.

— Os Mikaelson acumulam séculos de inimizades com sobrenaturais poderosos, não permitirei que esta criança herde seus inimigos por causa de seu sangue.

Ele ia contra argumentar, mas não teve chance. Uma profunda dor atravessou sua cabeça o fazendo se curvar, um grito aterrorizado ecoou no ar ao mesmo tempo em que lhes chegava aos ouvidos um canto antigo e desconhecido. Bruxas apareceram, vindo sabe-se lá de onde. Bonnie olhou para Klaus e para aquelas bruxas de capa e capuz, teria dito eu te disse, se o vampiro tivesse em condições de lhe dar atenção.

— Corra! – ela gritou.

Sua voz chegou ao ouvido do vampiro, no segundo em que um carro estacionado ali perto voava na direção dos bruxos, eles impediram o carro de bater contra eles, e o segundo de distração foi suficiente para Klaus ir para longe, carregando a bruxa com ele. Por questão de proximidade, eles foram para o Grill que estava estranhamente, fechado.

— Tem alguma coisa muito errada aqui.

— Desde quando esse lugar fecha?

Bonnie deu de ombros já ligando para a xerife para perguntar se tinha algum toque de recolher em ação, mas a xerife não atendeu. Nem Caroline, Vicki e Stefan. Klaus ligou para os irmãos e somente Elijah atendeu, estranhando também o silêncio, disse que os encontraria em alguns minutos e desligou. Bonnie tentou lembrar se tinha algum evento programado para aquele dia, uma reunião que fosse, mas não tinha nada. Seria Silas fazendo alguma coisa? Ele tinha poder para prender todos numa grande teia de ilusões.

— Vou á delegacia e depois á prefeitura, tentar descobrir alguma coisa – disse – Tente achar alguém para explicar isso.

Klaus teria discordado, mais pelo tom de ordem dela do que pela idéia, contudo, um furgão branco dobrou uma esquina e os dois prenderam suas atenções á aquilo. Foi um tiro, inesperado, que derrubou o vampiro. Seja lá o que aqueles bruxos jogaram contra ele queimou mais do que verbena e havia aquela musiquinha asquerosa que preencheu o ar noturno, seja lá quem fossem não era á ele quem procuravam, por que dois homens saíram do furgão e arrastaram Bonnie para dentro.

Marcou com o irmão e a bruxa na frente da igreja, mas como nenhum deles se deu ao trabalho de ir até lá, ele foi ao Grill. Klaus estava estirado no meio da rua, na calçada em frente ao Grill tinha garrafas quebradas e o cheiro forte indicava uma mistura de verbena e acônito, isso explicava Klaus estar desacordado. Mas por quê? Quem? E onde estaria a bruxa Bennett? Quando acordou, Klaus estava em sua casa. Foi Rebekah quem o despertou.

— O que?

— Me diga você, acabo de voltar e te achei ai apagado.

— Voltar de onde? O que aconteceu com as pessoas?

— Certo você está bêbado e eu preciso descansar.

Klaus a segurou pelo pulso. Realinhando os últimos acontecimentos da noite.

— Como cheguei aqui?

— Eu te trouxe – ouviram a voz clara de Elijah, ainda no próprio quarto se arrumando para descer – O que foi que aconteceu lá?

Klaus bebeu todo sangue que achou no freezer e sentou com uma garrafa de uísque, enquanto narrava sobre o mistério do desaparecimento dos habitantes de Mystic Falls e o sequestro de Bonnie. Enquanto falava, Rebekah ligou para Matt para saber como ele estava, tinha o deixado na mansão dos Lockwood, onde passaram o dia. Matt nada sabia sobre nada, tal como ela. Mas se prontificou a ajudar a pelo menos encontrar Bonnie.


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