Os vampiros que se mordam 2 escrita por Gato Cinza


Capítulo 27
A Ilha




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Alaric tinha morrido e Stefan levou Elena de volta para casa, a estudante estava muito nervosa com a situação e se sentia culpada pela morte do amigo. Bonnie concordava que a culpa tinha sido dela e deixou isso bem claro quando foi visitá-la á fim de prestar seu pesar pela morte do caçador.

— Oh! Bonnie – ela disse triste, mas sem chorar – Foi tudo minha culpa, se eu tivesse te ouvido em vez de ir com Shane... foi minha culpa.

— Todos sabemos que foi sua culpa, Elena, repetir isso não fará ninguém sentir piedade de você.

Calorine que conversava com Meredith, que teve um breve envolvimento com Alaric, se virou para Bonnie com um vinco na testa. O tom frio da amiga lhe deixou em alerta, ela estava estudando as mudanças de comportamento de Bonnie.

— Bonnie – Elena disse num fio de voz – Você está com raiva de mim?

— Por ser uma garota mimada e irresponsável que tem causado a morte de todos ao seu redor? Por que eu ficaria brava contigo? Sua consciência já é juíz, juri e carrasco.

Elena arregalou os olhos e pela primeira vez em meses, uma lágrima percorreu seu rosto, e ela correu para seu quarto batendo a porta com força.

— Tirou o feitiço dela? – Caroline especulou.

— Não. Ela o quebrou sozinha. Feitiços poderosos tem brechas ridiculas, seja tristeza ou sei lá o que Elena sente, é verdadeiro o bastante para que o feitiço se rompa.

— Quer dizer que toda aquela fase deprimente de causar pena de Elena, nos últimos meses, era só drama?

— Elena é mais dramática que novela mexicana – disse Vicki sentada com o irmão no sofá.

Bonnie olhou para os lados e perguntou para Stefan que voltava do quarto de Elena, sem sucesso em tirá-la do quarto.

— Por favor, diga que os outros não ficaram na ilha procurando a porcaria da cura.

— Caroline não te disse? Rebekah quer a cura para ela e, Enzo e Damon resolveram se vingar pela morte de Ric.

— Silas ou o Clube dos Cinco?

— Clube dos Cinco.

— Menos mal.

— Quem é esse Silas de quem você e o Kol Mikaelson têm medo? – Matt quis saber.

— Um bruxo poderoso que há milênios está dormindo e que aterroriza as histórias das bruxas desde então. É melhor ligar para eles e os mandar voltar antes que Silas os pegue.

Vicki ligou para Enzo. Ele demorou um pouco para atender, a ligação estava sofrendo alguma interferência, mas dava para entender o que diziam:

— Vocês precisam sair daí – disse Vicki.

“Não dá... Vaughn... caçador... Silas... fez alguma... agora... Rebekah... não conseguimos... matar... ilha... Falls...”

A ligação cai e todos os presentes na pequena sala da casa de Elena, olham para o celular de Vicki. Stefan ligou para o irmão, sem sucesso. Permaneceram tentando ligar para eles enquanto Caroline ligou para Klaus e o alertou de que algo ruim estava acontecendo na busca pela cura.

Tudo tinha dado tão desnecessariamente errado. Shane estava morto, o vampiro não sabia e nem queria saber como aconteceu ou quem era o responsável. Alaric tinha sido decepado por dois caçadores que surgiram na ilha – ou talvez já estivessem lá –, eles queriam evitar o ressurgimento de Silas á qualquer preço. Havia um terceiro caçador que era a favor de libertar Silas para colocar um fim nessa história de vampiros, curando todos da maldição, esse se juntou ao grupo na busca. Mas os traiu, quando conseguiram capturar os dois assassinos de Alaric, Vaughn os enfraqueceu com verbena e quando o efeito passou, seguiram o rastro do caçador até uma gruta onde encontraram os três caçadores mortos. Tinham sido sugados até a última gota. A aparente cripta estava vazia de qualquer outra presença. Se separaram para vasculharem a ilha e quando chegaram na orla, onde ficaram os barcos, encontraram apenas Rebekah, sem sinal dos transportes que os levaria para o continente.

Rebekah relatou que Silas tinha mexido com a cabeça dela de algum modo e a induzido á leva-lo até o barco, não como um vampiro faria com uma vitima, mas ele usou algum tipo de ilusão por que quem ela via era seu irmão, Elijah. Felizmente eles acharam o bote usado pelos caçadores para chegar ali e voltaram para o continente. Na noite seguinte chegavam á Mystic Falls. Enzo foi para a casa dos Donovan, Rebekah para a casa dos Mikaelson e ele voltou para sua casa. Ficou surpreso quando chegou em casa e encontrou Caroline e Stefan conversando, falavam sobre uma intervenção.

— Vão intervir em que?

Ele estava cansado e preferia a companhia dos travesseiros, mas por qual razão dois vampiros ficariam de cochichos estando sozinhos? Caroline foi quem respondeu:

— Elena surtou e Bonnie usou algum tipo de feitiço de Bela Adormecida nela. Disse que vai ficar assim até ela terminar o que está fazendo. Estamos tentando ajudar a Elena, mas fica difícil com elas sitiadas na casa do lago.

— Bonnie enlouqueceu? Ela não está tendo outra daquelas crises, está?

— Não – Stefan explicou – Ontem, Elena colocou fogo na casa dela, disse que Alaric merecia um funeral digno de um rei antigo, e que ela merecia morrer queimada como autopunição. Tirei Elena da casa em chamas e Bonnie disse que cuidaria dela até que ela melhorasse. Hoje quando fui visitá-las, soube que elas tinham ido passar uns dias na casa do lago. Eu tentei ir até lá, mas tem um bloqueio no caminho que impede vampiros de atravessar.

— Mamãe foi lá para ver o que estava acontecendo e disse que Elena está sendo mantida em estado de sono e que Bonnie não tem menor pretensão em libertá-la até que esteja segura.

— Por que Bonnie fez uma coisa assim? Como pretende proteger Elena a mantendo prisioneira?

Então foi a vez de Stefan confidenciar uma suspeita que ele tinha. Contou sobre o fato de que talvez a tal proteção que Elena bebeu que inutilizava o sangue de vampiro, fosse a cura. Afinal, Bonnie sumia de vez em quando, antes de ir morar fora com a mãe.

— Acha que Bonnie foi até a Nova Escócia, pegou a cura, voltou e deu para Elena?

— Ela resistiu em nos ajudar a encontrar a cura e só nos disse como chegar á ilha quando estávamos em meio á uma guerra com os Mikaelson. Ela sempre soube muito sobre Shane e as motivações do professor.

— Óbvio – Damon entendeu a relutância da bruxa em ajudar. – Ela sabia que a busca não levaria á lugar nenhum.

— Pior que isso – concluiu Stefan – Ela sabia que ia levar a Silas e que ele viria atrás da cura quando fosse libertado.

— Droga! – Caroline se levantou – Temos que avisar a Bonnie disso.

— Aposto que ela já sabe. É melhor nos prepararmos para enfrentar Silas sem ajuda de Bonnie – disse Damon – Se ela e Elena estão isoladas na casa do lago então ela já deve estar esperando pela chegada do inimigo.

— Só espero que Bonnie não entre em crise e resolva que Elena é dispensável.

Damon olhou para o irmão, irritado. Detestava quando Stefan era realista, preferia o otimismo irritante de Caroline ou o pessimismo flutuante dele próprio. Como que sabendo o que ele pensava, Caroline disse:

— Nada é tão ruim que não possa piorar.

Tinha ficado extremamente irritada com a infantilidade de Elena, por isso decidiu que dormindo ela causaria menos problemas. Não ia tirar a cura de Elena, se Silas conseguisse beber dela nada aconteceria, Elena era humana e ainda não tinha morrido nenhuma vez sequer, nada que a tornasse vulnerável. Quanto ao exagero dos outros, ela assistia com uma calma indiferente. Silas era perigoso sim, mas não o bastante. No momento, ela estava concentrada em algo que aconteceria dentro de pouco tempo, seguindo os acontecimentos daquela linha do tempo já inexistente, sua morte, a chegada dos viajantes e o mundo prisão com Kai. Ela não ia passar por aquilo outra vez, nem que para isso quebrasse todas as regras universais de espaço-tempo e voltasse longe o bastante para impedir seu próprio nascimento. Era só sequestrar um dos pais e o deixar noutro país.

Pensava nessas possibilidades bobas de não nascer como o que aconteceria com seus amigos ou se seus pais teriam outras famílias, quando sentiu uma estranha vibração. Entrou no carro e foi até o limite da propriedade dos Gilbert onde a barreira de proteção começava/terminava. Era Damon. Mas com Silas na área ela preferiu ter certeza.

— É você mesmo?

— E quem mais eu seria?

Ela revirou os olhos, e para ter certeza ligou para o vampiro que atendeu com uma expressão confusa e irritada:

— Está bêbada por acaso?

Damon admirou Elena em silêncio sem se aproximar dela mais que o necessário, deitada na cama, parecia que ia acordar em qualquer segundo. Bonnie o observava com atenção.

— Vai me explicar o que está acontecendo ou insistirá nessa coisa de segredo?

Bonnie se virou e foi para outro cômodo, seguida pelo vampiro. Falou sem olhar para ele:

— Silas é um doppelgänger. Na verdade ele é o imortal que deu origem aos doppelgängers masculinos. Amara é a imortal que deu origem as cópias femininas, como Katherine e Elena. Você já conhece a história da imortalidade de Silas e a burrada feita pela Tessa. Espera.

Bonnie pegou o notebook e abriu uma lista de pesquisas que estava fazendo. Damon olhou um tanto desconfiado e entendeu que era uma espécie de mapa-genealógico de Silas e outro de Amara. Leu uma vez sem entender até chegar ao nome de sua família e ver um marcador no nome de Stefan. Mais abaixo tinha outro nome marcado, pertencente á outro ramo de Salvatore que não usava esse nome devido aos casamentos... Tom Avery, ele estava marcado como o par de... Elena na lista correspondente aos descendentes de Amara.

— Isso é sério?

— É. Amara tinha sido casada quando conheceu Silas e ele por sua vez tinha uma vida sexual bem ativa. Essa é a sucessão deles.

Damon estava lendo tudo com atenção. Era uma árvore grande demais de ambos os lados. Mas ele estava distraído lendo a terceira lista, uma que começava em Qetsiyah e terminava na família Bennett. Haviam nomes marcados que correspondia aos paradeiros dos doppelgängers, como se:

— Impressão minha ou onde tem uma cópia sobrenatural tem uma bruxa Bennett?

— Pela magia de uma Bennett foi feito, só com a magia de uma Bennett será desfeito – ela brincou.

— Eu não falo bruxês, pode traduzir tudo isso? – pediu devolvendo o computador para a bruxa – Como conseguiu todas essas informações?

— Passei o último ano pesquisando, queria entender mais sobre os doppelgängers.

Era verdade, enviou e-mails para professores de história em várias universidades e á pesquisadores e teóricos da conspiração ao redor do mundo, levaram meses para juntar dados das árvores genealógicas usando apenas sobrenomes de suas famílias e as poucas informações históricas que possuía. Na primeira vez se dedicou ao heroísmo-suicida e tudo o que soube sobre todas as coisas foram contados por seus amigos e inimigos, aprendeu muito sobre diferentes assuntos, admitia, mas existiam coisas que ela não compreendia e que agora ao ter uma chance de entender, não se demorou em buscar explicações. Sua maior dúvida era a razão de sempre ter uma Bennett envolvida nos problemas sobrenaturais ligados á uma cópia de Amara.

Quando os vampiros foram criados por Esther, ela usou os conhecimentos de uma bruxa Bennett e o sangue mágico de Tátia. Katherine conheceu Emily que lhe serviu por um breve período e anos depois Lucy. Elena e ela eram amigas desde a infância. Sempre uma cópia e uma bruxa. Foi por essa curiosidade que Bonnie descobriu sobre os Maxwell da qual Matt descendia, mas isso era apenas uma nota histórica com ligação sobrenatural que ela achou interessante.

— Segundo essa pesquisa, Stefan é um doppelgänger, uma cópia do Silas como Elena e Katherine da Amara.

Bonnie explicou para Damon sua teoria de que sempre que uma cópia surgia esta era atraída primeiramente uma para a outra e no caminho sempre encontrava uma Bennett, como se a natureza fizesse esses encontros para que a maldição começada por Qetsiyah fosse quebrada.

— Então o que Elena sente por Stefan é sobrenatural? Resultado do feitiço de sua ancestral?

A pergunta inesperada de Damon fez Bonnie se sentir tola. Não era naquilo que ela tinha pensado quando começou sua pesquisa tão pouco chegou a pensar por esse lado quando optou por relevar o pouco do que sabia para o vampiro. Não negou a afirmação dele, também não queria estar ali. Por isso pediu que Damon levasse Elena com ele para sua casa por que ela tinha outro assunto para resolver e não sabia quanto tempo levaria até poder voltar.

— Que assunto para resolver?

— Primeiro eu vou ao enterro de Carol Lockwood. Depois vou fazer algumas compras, comer tanto chocolate está me deixando paranóica eu preciso de sorvete e pudim.

A mãe de Tyler havia sofrido um acidente de carro, estava cruzando a ponte Wickery quando ela desviou de um cachorro na rua e na tentativa de não bater num carro que vinha no sentido contrário acabou perdendo o controle do veículo e caindo no rio que corta a cidade. Ainda estava viva quando o socorro médico chegou, mas morreu á caminho do hospital. Tyler estava arrasado e a cidade em luto.

— A Elena vai ficar bem? – o vampiro perguntou quando ela estava saindo.

— Claro que vai, que tipo de monstro você pensa que sou? Falando em monstro, o Silas é capaz de entrar na cabeça das pessoas e criar ilusões, além de ser um viajante, tome cuidado. Não sei se minhas barreiras mágicas são poderosas o bastante para detê-lo.


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