Os vampiros que se mordam 2 escrita por Gato Cinza


Capítulo 26
O Livros das Sombras




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Olá diário...

Eu me sinto meio ridícula falando com folhas de papel, mas preciso falar com alguém e como as palavras morrem na garganta quase me sufocando e me matando junto, toda vez que tendo tocar no assunto, resolvi bancar a Elena Gilbert e riscar em papel o que me sufoca e estrangula.

Não sei o que há de errado comigo, já passei por tudo isso uma vez e já devia não ficar surpresa com os rumos dos acontecimentos. Só que. Eu ainda me surpreendo. Não com tudo, me surpreendo apenas com o fato de me sentir ferida, traída. Eu sei que Damon tinha que se apaixonar por Elena ou se apegar á ela ou sei lá que droga ele sentiu em relação á ela uma vez em uma realidade que não existe mais graças á mim. Eu assisti de perto toda a história deles, o amor exagerado que diziam sentir um pelo outro, as burradas que cometeram em nome desse sentimento.

Talvez não me tenha doído tanto por que eu só fui me apaixonar por ele quando aprendi a vê-lo como ele era mesmo, nesta realidade eu já sabia quais eram seus defeitos e suas qualidades, me programei para permitir amá-lo assim que o visse sem ser inteligente o bastante para imaginar as consequências disso. Por que não me detive antes? Por que não imaginei que ele precisava ter Elena antes de me ter? Claro, eu era uma idiota apaixonada e assustada tentando me proteger. Pensei em mim e o obriguei a me aceitar. Contudo, eu não me arrependo.

Certo, eu não me arrependia ontem. Por quê? Vou começar pelo começo do que foi uma sequência de infelicidades para mim.

Durante a curtíssima estadia em São Francisco quando Vicki estava desaparecida – por que Mina a arrastou pelo espaço-tempo para evitar alguma coisa que aparentemente não era da minha conta –, Damon e eu ficamos juntos. Grande coisa. Como se isso nunca tivesse acontecido. Mas desta vez foi diferente, eu fiquei com uma estranha sensação de despedida. Sabe quando você resolve fazer um regime e decide comer todos os doces á qual tem direito um dia antes? Ou quando vai se casar e faz aquela farra com todos os homens gostosos pela última vez antes de se prender á um pelo resto da vida? Não que você saiba, é só um diário.

De qualquer modo é isso. Foi uma despedida. Senti que Damon estava se despedindo de mim. Então percebi, quando voltávamos para casa pelo caminho mais longo, que ele tinha escolhido lutar por Elena ou coisa semelhante. Eu tinha perdido. Torcia, uma parte de mim pelo menos, torcia feito maluca para que fosse um engano de minha parte, que tinha concluído errado e que Damon e eu estaríamos vem.

Esperei para ter certeza que estava sofrendo algum tipo de surto emocional depressivo ou sei lá o que. Esperei para ver o que aconteceria. E como esperado, aconteceu o pior. Stefan e Elena terminaram o namoro em algum momento em que estivemos fora da cidade e quando nós voltamos para casa, aquela traidora miserável, Elena, foi buscar consolo nos braços de Damon que os abriu e a abraçou sem titubear.

Não. Eu não estava imaginando coisas, projetando informações em outra realidade. Eu vi. Estava indo á casa de Elena para conversar com ela sobre Shane, quando os vi. Beijavam-se. Na varanda da casa dela, como se quisesse que todos vissem, que todos soubessem. Meu pobre coração falhou algumas batidas. E desta vez não foi como quando o vi há mais de um ano. Não foi aquela falha que para uma batida, dispara, erra alguns compassos e encontra um ritmo alucinado como se dançasse. Ao vê-los se beijando, meu coração parou de bater aos poucos, como um objeto que cai, quica e despedaça. Dei ás costas para aquela imagem e fui fazer algo bem estúpido. Fui tentar esquecer, entorpecer as sensações.

Depois de quase uma garrafa de... não tenho menor idéia do que eu bebi. Lembro-me de Klaus servindo um liquido ambarino no copo pequeno e largo, brindávamos toda vez que enchíamos o copo e bebíamos, não lembro o porquê ele estava bebendo, se comemorava algo ou se chorava como eu. Depois me lembro de acordar na cama do híbrido, com dor de cabeça, nua e estranhamente satisfeita. Só me dei conta do que tinha feito quando Klaus me ofereceu um copo de uísque dizendo que era o segundo melhor remédio que tinha para ressaca – e ele estava certo.

Minha memoria estava ferrada por causa daqueles flashes causados pelo... como Mina disse mesmo? Realinhamento do Tempo? Deve ser isso. Em resumo entedia que eu sofria o impacto desse realinhamento, de qualquer modo, o espaço que referia á paramnésia que eu sofri estava em branco. Mas meu corpo reconhecia o efeito do corpo de Klaus, então supus que já tinha ido para a cama com ele antes – cama é modo de dizer, segundo Klaus aquela era a primeira vez que usávamos uma cama. Preciso recuperar a memória, não sei se devo confiar em Klaus para preencher as lacunas apagadas.

Um conselho de amiga – para mim mesma por que livros-diários não erram – nunca beba. E se beber fique bem longe de híbridos com sotaques sedutores. Disso eu me arrependo. Por que não esqueci isso? Esqueci tudo o que fizemos durante a noite. Tanto faz. Pelo menos me serviu para esquecer que vi Elena e Damon se beijando... esqueci até a ressaca passar. Depois veio tudo de volta e pior.

Para piorar a situação a primeira coisa que vejo quando estou indo para a igreja – Eu e Matt estamos fazendo um trabalho voluntário com jovens problemáticos, ás vezes caio na tentação e uso um feitiço num deles –, foi o novo casal caminhando de mãos dadas indo para sei lá onde. Apressei-me para não ser vista, mas Elena me chamou e eu resolvi ser a forte, e ir até eles. Elena estava entusiasmada para me contar as novidades trazidas por Shane. A cura. Elena tagarelou sobre a cura por dez longos minutos e contou o que Bonnie já sabia sobre a lenda que originou o primeiro imortal.

— Ele te contou sobre Silas? – perguntei para ela – E Qetsiyah?

Sim, ele tinha contado, Elena estava sentindo-se maravilhada por ter sido escolhida por Shane para compartilhar aquela história incrível sobre a cura, blá, blá, blá. Felizmente fui salva por Matt que parou me apresando para irmos logo.

— Se ele te falou a verdade sobre a Tessa então deve ter uma idéia da razão por qual eu prefiro ficar longe dessa história.

Damon quis saber a razão e Elena perguntou quem era Tessa, Matt me arrastou dali dizendo que depois conversávamos sobre nossos problemas sobrenaturais. Lamentavelmente, na tarde do mesmo dia fomos convocados para uma reunião na casa dos Salvatore. Carol, Liz Forbes e meu pai estavam presentes. Não me surpreendi ao ver Shane, manipular Elena era tão fácil que me peguei pensando em coagi-la para um eventual suicídio. Eu sei, preciso urgentemente de um psicólogo ou um psiquiatra por que ás vezes me sinto num hospício.

Ouvimos Shane por mais de uma hora e viajei no tempo – paralelamente – e me vi de novo sentada no auditório assistindo uma de suas aulas de ocultismo. Klaus entrou e parou ao meu lado, eu tinha o convidado para aquela reunião com segundas intenções.

— Confiável? – ele sussurrou.

— Não – sussurrei em resposta.

— Por que estou aqui?

— Por que é do seu interesse – falei e sai da sala, sabia que estava sendo observada por isso subi para usar um dos banheiros, só que não voltei mais. Eu sumi dali.

Minha intenção em levar Klaus até aquilo? Ele costuma resolver as ameaças as tirando do seu caminho, então ele que cuidasse de Shane, se não fizesse isso, eu pelo menos teria tentado. Se libertassem Silas, eu ia sair da cidade de volta e agora levaria meu pai comigo. Cruel? Eu sei. É a convivência. Eu estava muito má influenciada.

Encontrei Stefan naquela noite, ele estava em companhia de Caroline e minha mente atrevida se lembrou da felicidade deles juntos dali á alguns anos... se eu não fizesse nada errado para estragar isso também.

Os dias passaram, eles fizeram planos e convenceram Alaric a tentar matar o maior número possível de vampiros para conseguirem o mapa. Revirei os olhos quando ouvi o discurso dele Elena pela décima vez em menos de uma semana, pelo amor de Eros. Deixo-a falar e me desligo da realidade pensando em nuvens que são algodão-doce de todas as cores e eu um anjo os moldando e devorando. Ás vezes também penso em coisas normais. Eles tentaram matar Rebekah – devia ser o Kol – e a tentativa deles acabou enfurecendo Klaus e Elijah. O caos imperou em Mystic Falls e fui forçada a pará-los.

Eu sei que disse que não ia mais interferir, mas estavam chamando atenção demais e ninguém precisava passar por aquilo tudo, disse á eles o que eu sabia sobre o assunto e eles partiram esta manhã para aquela ilha amaldiçoada. Eu bem queria ter ido com eles, ver a frustação em seus rostos quando descobrirem que a cura não existe, na verdade existe, e esta correndo nas veias de Elena.

Agora temos que esperar para ver o que acontece. Alaric morre? Silas é despertado? Algum outro dos Cinco vai para a ilha e mata algum de meus amigos? Caroline estava tendo um surto enquanto esperava por noticias, eu sei que ela não liga para essa coisa de voltar a ser humana, mas não recusará se lhe for ofertada. Como não vou dormir esta noite tamanha a ansiedade, vou dar uma volta pela cidade.

Se eu não te queimar, volto a escrever.


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