Os vampiros que se mordam 2 escrita por Gato Cinza


Capítulo 19
A morte convida para dançar




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Estavam procurando pela pessoa que correspondesse com a descrição feita por Elijah sobre Klaus. Infelizmente não estavam tendo muito sucesso, talvez ele nem tivesse ido, mesmo avisado que estaria presente. Elena estava fazendo o drama da década por que temia que os Salvatore se ferissem, Caroline e Matt estavam dançando. Bonnie o encontrou por acaso quando decidiu ir beber alguma coisa, o original estava encostado próximo á uma saída observando as pessoas.

— Finalmente decidiu parar de usar o Alaric como roupa – disse parando ao lado do híbrido.

O homem loiro não se virou para ela tão pouco tentou disfarçar, apenas deu um meio sorriso antes de perguntar:

— Há quanto tempo sabe?

— O bastante para estragar seu jogo se isso fosse a minha vontade.

— Seus amigos estão aborrecidos com sua decisão de ficar contra eles.

— Não estou contra eles, apenas não apoio a decisão deles.

— Eles só querem proteger a Elena, por que discorda disso?

— Sinceramente, alguma chance do plano deles dar certo?

Klaus sorriu arrogante.

— Não.

— Então por que eu devo me desgastar com uma tentativa inútil?

— Lamento por sua amiga, mas você tomou uma sábia decisão em não tentar me impedir.

— Não tentei. Nem cheguei perto de tentar impedi-lo. Se eu quisesse fazer isso teria o impedido – a bruxa se justificou fazendo o original a olhar pela primeira vez.

O sorriso arrogante deu lugar á uma expressão de desconfiança.

— E como tentaria me impedir? Transformando Elena em vampira, também?

— Isso foi apenas uma sugestão maliciosa para perturbar a Elena. Descobri meios menos nocivos para conseguir o que eu quero. Poderia fazer a gentileza de não machucar meus amigos? Eles estão tentando fazer a coisa certa, do modo errado e por motivos estúpidos, mas estão tentando.

— Bonnie! – a bruxa se assustou e derrubou a bebida que segurava.

Caroline que tinha visto a amiga conversando com um estranho que se encaixava na descrição de quem seria Klaus, enviou uma mensagem de aviso para os Salvatore e se aproximou de Bonnie deixando de lado o fato de estar em público e usando sua velocidade de vampira.

— Caroline, quer me matar?

— Você o pegou – disse a loira ignorando a expressão incomodada de Bonnie – Pegou o Klaus.

— Não peguei ninguém – ela respondeu erguendo as mãos – Eu estava apenas conversando com ele.

Caroline olhou surpresa para Klaus que sorriu sedutor e fugiu no segundo em que os Salvatore pararam ao lado das garotas.

— Bonnie estava confraternizando com o inimigo – informou a vampe irritada – O deixou fugir sem nem tentar segurá-lo.

— Bonnie – o tom de Damon soou ameaçador o suficiente para fazer a bruxa encará-lo em desafio – Se não vai nos ajudar não nos atrapalhe.

— Damon, eu estou cansada de discutir com você. Tentem ficar vivos e Caroline, em caso de emergência quebre o pescoço de Elena, dei á ela sangue de vampiro.

Deixando todos com a boca aberta, Bonnie deu ás costas aos amigos e foi embora. Já tinha conseguido o que queria, em vez de atacar Klaus, deixou claro que não tinha intenção de começar uma batalha que perderia.

— O que há de errado com ela? – Damon perguntou pra Caroline assim que Bonnie deu as costas.

— Bonnie não está dormindo – confessou a vampira – Ela tem pesadelos, começou a trocar a tarde pela noite.

Os pesadelos. Damon se preocupava com tais pesadelos que alteravam todo o comportamento de Bonnie, mas naquele momento tinha que manter Elena segura e para isso não podia se preocupar com Bonnie. E a noite ocorreu do pior modo possível, confrontar Klaus só serviu para deixar claro que os Salvatore não estavam preparados para lidar com um inimigo tão poderoso. Sem nenhum esforço Klaus derrubou os adversários e aterrorizou Elena.

— Diga á sua amiga bruxa que ela me deve um favor – sussurrou o original antes de torcer o pescoço do Salvatore.

Tinha sido humilhante a noite anterior e contrariado ele teve que aceitar a sugestão de Stefan em se aliar á Elijah para proteger Elena. Enquanto estavam todos ainda se recuperando da noite, ele decidiu ir atrás de Bonnie. A bruxa tinha muito que explicar sobre “dever um favor” á Klaus. Foi Vicki quem abriu a porta, ela parecia apavorada com alguma coisa.

— Você? – ela mordiscou a unha do polegar olhando por cima do ombro – Não é quem eu queria, mas serve. Bonnie está... tendo um ataque.

Disse e correu para a cozinha. Damon a seguiu. A cozinha pequena estava destruída, os moveis e objetos quebrados, água vazava da pia formando uma piscina rasa no chão onde a bruxa estava caída. Bonnie estava completamente paralisada com os olhos abertos e vidrados, tinha um filete de sangue escorrendo pelo canto da boca e um corte na testa. Estava pálida, suada, respirando com dificuldade e o coração quase não batia.

— Faça alguma coisa – Vicki exigiu batendo o pé e roendo as unhas.

Damon deu seu sangue para Bonnie, mas nada aconteceu. Tentou mais uma vez e outra, então ligou para os serviços de emergência. Ela não podia entrar em coma outra vez. Enquanto esperavam pela ajuda dos profissionais, ele interrogou Vicki.

— O que aconteceu com ela?

— Não sei. Eu tive um sonho estranho e passei aqui para informar a Bonnie. Quando cheguei ela estava bem, comentou sobre a noite passada e do nada ficou estranha. Eu a chamei várias vezes, mas não acho que ela te me visto por que me chamou de vovó e pediu que a ajudasse. Então caiu no chão tendo convulsões e fazendo a água pegar fogo e os moveis vibrarem como num terremoto, caindo e quebrando. Eu tentei fazê-la parar, mas estava tão quente que não consegui nem tocar nela.

Damon conhecia as regras de não tocar num paciente quando este tem convulsão, mas acabou colocando a bruxa no sofá. Ela estava sem sinais vitais quando os socorristas chegaram. Tentaram reanima-la e depois de ouvirem uma versão resumida do que aconteceu com a Bennett, concluíram que tinha sido um terrível incidente considerando o quadro médico conturbado que ela apresentava há alguns meses.

— Lamento – disse a paramédica fechando os olhos ainda abertos de Bonnie – Fizemos o que foi possível, mas chegamos tarde.

— Tarde? Salve ela, agora – mandou Damon compelindo a mulher de cabelos escuros.

— Não há nada que se possa fazer.

— Por favor – pediu Vicki.

Mas Bonnie estava morta. Damon se agarrou ao corpo da bruxa e Vicki olhava para o rosto pálido de Bonnie enquanto enviava uma mensagem para os amigos da recém-falecida que não demoraram em chegar ali. E somente quando eles chegaram foi que convenceram Damon a deixar que a levassem.

— Sinto muito irmão – disse Stefan abraçando o mais velho que começou a chorar, pela primeira vez em décadas.

Seis horas havia se passado desde a morte de Bonnie e estavam todos reunidos na casa dos Salvatore. Os médicos-legistas estavam esperando pelo pai da estudante, que estava voltando de uma palestra na Geórgia, para assinar os documentos necessários para começarem a fazer o que os médicos-legistas fazem.

— Tyler está á caminho – informou Matt que tinha ligado para o amigo para informar a perda.

— Temos que cuidar das coisas Elena – decidiu Caroline – Somos melhores amigas da Bonnie e o Sr. Hopkins não vai conseguir lidar com isso.

— Que coisas? – Elena questionou desviando o olhar que estava em Damon.

— O funeral. Precisamos de algo digno de nossa amiga, digno de uma bruxa Bennett. Digno de Bonnie – encerrou com a voz tremula.

— Claro. Vamos cuidar disso, mas pode ser daqui á pouco? Estou preocupada com o Damon.

— Preocupada com ele por quê? – Caroline olhou o vampiro que estava olhando para o fogo da lareira e segurando a garrafa de uísque no ar como quem faz um brinde – Está arrasado, talvez gostasse de verdade da Bonnie, mas foi ela quem morreu.

Alguém bateu á porta e Jeremy que estava mais perto foi atender. Para a surpresa do jovem Gilbert quem estava ali, era ninguém menos que a xerife Forbes.

— Mamãe? – Caroline que olhava para a porta se surpreendeu – O que aconteceu?

— É a Bonnie – começou a xerife – Ela teve catalepsia.

Todos olharam para a xerife. Damon que secava sua segunda garrafa de Bourbon ficou em pé, estava parcialmente bêbado, mas sóbrio o suficiente para compreender as coisas.

— Ela está viva? – questionou.

— Sim. O legista ia começar a fazer a incisão e quando a lâmina do bisturi perfurou a pele de Bonnie, ela começou a sangrar. Ela foi levada ás pressas para o centro médico, o pulso dela está instável, mas ela está viva.

Uma névoa espessa cobria a superfície áspera na qual pisava. Não era sonho, pelo menos não um daqueles onde ia encontrar outra pessoa. Ela estava morta.  Sabia disso pelo aspecto cinza-azulado de tudo ao seu redor, como lembrava que era quando estava do outro lado. Tentava se controlar, mas estava desesperada. O que tinha acontecido?

Vicki estava contando para ela sobre um sonho estranho envolvendo várias versões de Stefan e Elena que eram sacrificados por uma multidão de bruxos misteriosos para a extinção do sobrenatural. A caçadora estava explicando detalhes do sonho quando Bonnie parou de escutar, depois tudo ficou escuro e sentiu como se o corpo fosse leve demais para poder controla-lo. Será que tinha morrido?

Vagou á esmo por aquele lugar desconhecido que parecia um antigo cemitério numa floresta tão antiga quanto. Estava sozinha. Ela era um fantasma preso n vácuo entre o natural e o sobrenatural.

— Estou perdida – concluiu.

Mal concluiu isso sentiu algo frio tocando seu peito, uma dor característica de corte e viu o sangue manchar a blusa clara que vestia.

Estava dentro de uma sala médica, com luzes e paredes brancas. O doutor que lhe fazia a incisão se assustou com os olhos verdes se abrindo e recobrando a postura médica, correu para ligar para a emergência que ao chegarem, encontraram a jovem desacordada e com um curativo onde o legista começara a cortar. Os médicos de Mystic Falls estavam impressionados com o quadro clínico da jovem que não tinha nenhum histórico familiar de doenças cardíacas, além de ter apresentado uma saúde perfeita. Seja lá o que tivesse afetando a saúde da garota, tinha começado recentemente e ficado mais forte nos últimos quatro meses.

Três dias depois...

Nem se Freddy Krueger fosse real e tivesse gastado seu tempo infernizando o subconsciente de Damon, ele viveria um pesadelo como o que estava vivendo naqueles dias. A única coisa boa que tinha lhe acontecido na semana era o fato de Elena e Stefan estarem num dia romântico longe de seus olhos e ouvidos, por que tudo mais estava bagunçado demais até mesmo para os parâmetros de Mystic Falls. Tyler tinha retornado para a cidade e estava namorando Caroline ou alguma coisa parecida com isso. A trégua entre os lobisomens e os vampiros estava por um fio, praticamente só não entraram em guerra ainda por que Mason estava disposto a não derramar sangue. Matt e Jeremy se tornaram os novos alunos de Alaric no quesito caçadores. Vicki e Enzo tinham se mudado para a costa Oeste e estavam incomunicáveis. Ele estava numa fase libertina que incluía dormir com uma desconhecida e acordar com outra.

E quem importava na conclusão de sua lista bizarra era sua bruxa predileta, Bonnie. Essa tinha sofrido algum tipo de lavagem cerebral. Estava com paramnésia, ou seja, tinha acordado confusa demais sobre tudo ao seu redor e ainda sem explicações do porque, a primeira pessoa com quem ela conversou depois de passar pela avaliação médica foi Klaus que deu um modo de distorcer os fatos e convencer a garota que eles eram amigos e os outros nem tanto.

Bonnie se lembrava de Caroline e Elena de uma fase de sua vida antes do sobrenatural, quando ainda não se lembrava de Damon e nem de sua magia. Os Salvatore tentaram conversar com ela, explicar tudo. Mas já era tarde, segundo Caroline pesquisou (lê-se: hipnotizou alguns especialistas para explicar) a paramnésia podia ser passageira ou duradoura, variava de paciente para paciente. Infelizmente como a vitima em questão tinha uma vida tumultuada, era muito fácil manipular suas lembranças e criar distorções de fatos que realmente aconteceram, como no caso de ter ido á um baile da escola com Klaus e discutido com Caroline por tal razão. É claro que era uma memória distorcida, mas para a bruxa era real e tentar convencê-la de como as coisas realmente aconteceram só a deixava mais confusa. O jeito era deixar que ela se recuperasse aos poucos e permitisse que os amigos se aproximassem novamente.

Não estava sendo fácil para Damon lidar com isso. Encontrou com Bonnie casualmente no Grill e ela olhou para ele como se estivesse diante de um completo estranho. Pediu licença e passou indo sentar-se com Klaus bem como velhos melhores amigos de mil anos fariam. Incomodado com a situação, o vampiro decidiu voltar para casa e quando dirigia para a pensão, atendeu á uma ligação misteriosa de Bonnie que dizia:

“Damon Salvatore? Esta é uma mensagem programada. Se está recebendo esta mensagem é por que ela não foi atualizada e se isso aconteceu é por que eu morri ou estou sofrendo algum colapso bizarro, não se preocupe se for a segunda opção, seja lá o que for é passageiro. Agora tem dez segundos para parar o que faz para prestar inteira atenção em mim”

O vampiro parou o carro no acostamento para ouvir melhor tal gravação.

“Pronto? Eu estou sem magia por isso recorri á ajuda da tecnologia para me ajudar. Diga para Vicki que quer o endereço do Mikael. Quem é Mikael? O pai dos irmãos de Klaus, um vampiro original que caça vampiros e cuja prioridade é exterminar os filhos. Antes de sair correndo atrás da Vicki, saiba que há uma razão para eu não querer que mate o Klaus. Linhagem. A maldição que criou os vampiros é cheia de brechas e uma delas faz com que a Linhagem...”.

A ligação terminou. Damon teria feito a volta e ido questionar Bonnie sobre Mikael, mas lembrou que a bruxa estava sem memória. Sentado ao volante, o vampiro tentou ouvir a ligação novamente, mas o número registrado era do celular da bruxa que não o atendeu. Linhagem. O que Bonnie começou a dizer sobre isso? Será que tinha algo haver com a linhagem Bennett? Se matasse Klaus ela ficaria em perigo? Por que ela não gravou a mensagem direito? A imaginação do vampiro estava dando voltas complexas tentando compreender aquela ligação. Mikael. Era só ligar para Vicki e um Original caçador de vampiros viria atrás de Klaus, mas se Bonnie tinha aquela informação por que demorou tanto para compartilhar? E por que o fez de um modo tão estranho?


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