Tão Perto... Tão longe... escrita por Esmaryn


Capítulo 3
Monstro e intrigas


Notas iniciais do capítulo

Olá gente, é agora que começam as coisas boas!!! Espero que gostem.
Leiam as notas finais, tudo bem?



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Eu estava correndo pela floresta fria e escura, meu longo vestido branco arrastava no chão e se prendia em galhos baixos. O monstro estava perto, eu podia senti-lo respirando em minha nuca. Eu tentava correr mais rápido, porém meu corpo doía e minhas pernas pareciam feitas de algo mole e instável, como se eu fosse ceder a qualquer momento.

Algo se prendeu em meu pé descalço e eu caí. Tentei me arrastar, mas meu vestido estava preso nos galhos. Não tinha mais jeito, minha hora havia chegado.

Com os olhos arregalados eu fitei o monstro atrás de mim. Seus olhos vermelhos me olharam odiosos, sua boca se curvou num sorriso terrivelmente assustador, suas roupas eram tão escuras quanto a noite. Por mais que tivesse a aparência de um homem normal, uma voz gritante na minha mente dizia que ele era um monstro, um ser maligno e impiedoso.

Tentei gritar, mas nada além de vento saiu de minha boca.

— Não está feliz em me ver, Sakura? Sou o homem que você ama... – e num movimento rápido ele se lançou contra mim com uma adaga na mão.

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Praticamente saltei na cama enquanto um grito agudo saía por minha boca. Eu estava suada, todos os meus membros tremiam por conta do pesadelo.

— Sakura? – ouvi a voz do monstro de meu sonho e gritei. Tentei sair correndo, mas algo me prendia a ele.

— Não toque em mim! – eu já estava chorando e desnorteada. Tudo isso era assustador demais pra mim.

As lágrimas escorriam sem parar por meu rosto e eu caí de joelhos no chão. Sentia minha respiração ficar mais pesada, havia começado a hiperventilar. Como médica sabia que isso não era bom e tentei me controlar, aos poucos a respiração voltou ao normal.

— Sakura, se acalme! – sua voz não era exatamente assustadora como no sonho, mas estava longe de ser gentil – estava tendo um pesadelo?

Continuei encarando-o com os olhos arregalados. Como se cada movimento que eu fizesse pudesse me comprometer.

Com um longo suspiro ele buscou algo no pescoço: uma corrente com uma chave presa a ela. Destrancou a algema de seu braço e saiu do quarto. Minutos depois voltou com um copo d’água e me ofereceu. Hesitei, mas quando vi a expressão em seu rosto mudar peguei o copo e engoli o conteúdo.

Quando devolvi o copo meus olhos encontraram os dele. Sustentei o olhar, eu era incapaz desviar daquela imensidão negra. E ele me olhava de uma maneira quase bondosa, como se sentisse pena de mim.

— Durma. – ele disse tão baixo que foi quase um sussurro.

Suspirei e me encolhi na cama sem deixar de fitá-lo.

— Não vou te machucar. – ele falou se inclinando até mim. Encolhi-me mais ainda.

Suavemente ele tirou a algema do meu pulso e colocou sobre o criado-mudo. Em seguida se deitou ao meu lado e fechou os olhos.

Eu não consegui dormir o resto da noite, apenas fiquei observando Sasuke, que tinha um ar angelical e inofensivo quando dormia, mal dava para acreditar que se tratava do mesmo homem que havia me ameaçado. Ele moveu a mão em minha direção e eu recuei o que me fez arfar levemente.

                                                                   ***

— Passou a noite em claro? – a voz dele veio grave e rouca. — não me serve cansada.

Lentamente ele abriu os olhos negros e me fitou. Permaneci imóvel e calada. Ele se levantou e foi para o banheiro. Ouvi o barulho do chuveiro enquanto ele tomava banho.

Havia um pequeno espelho no criado-mudo, eu o peguei e analisei minha situação. Meu rosto estava meio sujo, o cabelo totalmente desgrenhado e embaraçado, meus olhos estava inchados e com olheiras por conta da noite passada. Resumindo, eu estava um horror. Senti-me envergonhada, pois sempre havia prezado a beleza.

Embora fosse ninja, e tivesse cicatrizes de batalhas pelo corpo todo, eu tentava me manter sempre linda, havia prometido a mim mesma que nunca ficaria feia, pois naquela época tudo o que importava para mim era se Sasuke me amava, se me achava legal e principalmente se via todo o esforço que eu fazia por ele. Era uma menina ingênua, de cabelos sedosos demais e treinamento de menos. Quem sabe se eu tivesse me dedicado um pouco mais, talvez não estivesse aqui, talvez fosse forte como o Naruto e conseguisse deter o Sasuke.

A porta se abriu e Sasuke saiu de lá totalmente vestido com uma camisa preta e uma calça da mesma cor. O cabelo estava molhado, e desgrenhado como sempre. Coloquei o espelho de volta no lugar.

Ele andou até o armário e pegou algo, que jogou para mim enquanto dizia:

— Talvez sirva em você. Tem outra toalha lá dentro. – ele foi para a porta sem me olhar e acrescentou – fique à vontade.

Dei uma olhada no que ele havia me jogado: Uma camisa dele cinza e um tipo de short colado que não podia ser dele de jeito nenhum. Era pequeno demais, porém eu tinha certeza de que caberia em mim.

Corri para o pequeno banheiro e me despi. A água era fria, mas eu não me importei, era ótima a sensação de limpeza. A noite passada fora difícil e eu sabia que o dia de hoje seria pior ainda, no entanto, tentei não pensar nas palavras de Sasuke e decidi que hoje não permitiria que ele falasse comigo como na noite passada. Eu podia não ser o Naruto, ser fraca e ter 30 cm a menos que ele e Sasuke, mas não podia me dar por vencida, seria covardia.

Como eu previra o short ficou bom, mas a blusa estava meio grande – fazendo parecer que eu não usava nada por baixo -, fechei o zíper até em cima para evitar mostrar algo, já bastavam minhas pernas tão ao ar livre.

Sasuke’s POV

Parte de mim se arrependia de tê-la trazido para cá, fora algo rude e insano de se fazer. Porém outra parte se sentia bem, como se tê-la ali me trouxesse paz – coisa da qual eu realmente precisava ultimamente – e me deixasse relativamente feliz, mesmo eu não demonstrando isso.

Eu me senti meio mal depois da noite passada, pois no fundo, eu sabia que o pesadelo dela era comigo. E aqueles olhos... Olhos que não a deixaram mentir, que me acusaram silenciosamente e que me temiam. Nunca pensei que me sentiria tão mal por Sakura. Sem falar nas palavras que havia dito a ela, foram rudes e ameaçadoras, mas eram verdade, esse era quem eu era agora, no entanto por algum motivo eu me sentia ridículo.

Eu estava no final do grande corredor escuro, esperando-a se vestir, afinal ela ainda era minha prisioneira e eu precisava ficar de olho.

A porta do meu quarto se abriu e Sakura saiu de lá, ela não parecia muito à vontade com as roupas que eu lhe dera e no momento em que me viu desviou o olhar e enrubesceu. Nunca fui muito de reparar nas mulheres, e embora admitisse que ela tinha pernas bonitas, não começaria a reparar agora.

Eu havia pedido para Zetsu trazer o café da manhã, ele já devia estar chegando.

Ela se pôs diante de mim, me fitou como se quisesse dizer algo, mas não disse apenas continuou encarando. Olhando para ela agora, era impossível imaginar que essa pessoa minúscula tinha medo de mim, já que o modo como esguia a cabeça dizia o contrario.

Virei-me e segui pelo corredor da direita, que dava na “cozinha”, onde todos os armários e a mesa eram feitos de madeira. Todo o silencio da Sakura estava me incomodando, essa figura quieta e retraída não combinava com ela, embora sempre mantivesse o olhar firme. Olhei para ela atrás de mim e falei:

— Espere aqui.

Em seguida fui até a entrada do esconderijo, onde Zetsu me esperava com um saco de papel nas mãos.

— Eu aceito gorjeta. – ele sorriu e eu ignorei.

— Obrigado.

— Quem diria?! O Uchiha sabe agradecer.

Voltei para dentro sem dar moral para Zetsu. Sakura estava sentada numa cadeira quando entrei na cozinha, as mãos sustentando o rosto. Ela não se deu ao trabalho de me olhar.

Dentro do saco havia dangos, onigiri, dois lámens prontos e duas latas de suco. Coloquei a comida na mesa e me sentei de frente para ela. Comecei comendo meu lámen, ela nem olhou para a comida. Suspirei irritado.

— Coma, não quero ter de procurar um médico pra você. – coloquei o lámen na frente dela, que me encarou de um modo diferente, como se estivesse disposta a lutar contra um bando leões pela presa.

— Existem meios mais divertidos para me matar do que colocando veneno na minha comida. – sua voz era tão firme quanto na noite passada quando ela me mandara ir pro meu quarto.

— O quê?

— Não é isso que você quer? Não sei qual é a sua, Sasuke, mas não vou cair no seu joguinho.

— Não há nenhum jogo. – me irritei.

— Claro que não, porque me fazer vestir essas roupas não faz parte do seu joguinho de diversão. – sua voz estava carregada de sarcasmo.

— Você tem sérios problemas, Haruno. Até agora a pouco estava tão calada que eu duvidei se conseguia falar e de repente explode. Eu sei que você quer voltar pra Konoha, mas isso não vai acontecer até eu decidir que permito sua volta. Não se esqueça de Naruto, ele odiaria perder uma amada companheira de time, não é? – um sorriso de lado se formou em meus lábios. Ultimamente era mais fácil me livrar dos problemas com ignorância.

A face rubra dela se contorceu de incredulidade, seus olhos se apertaram para impedir as lágrimas de descerem. Lágrimas de raiva... Por minha culpa novamente. Não, eu não tinha culpa, não tinha nada a ver com essa garota. Ele estava aqui há apenas um dia e já estava me deixando louco. O que era isso afinal?

— Você se tornou um monstro, Sasuke. Itachi ficaria decepcionado com você. – então ela se levantou e seguiu pelo corredor escuro, batendo a porta quando entrou no quarto.

Sakura’s POV

Não sei o que me fez explodir daquele jeito, mas me sinto feliz de tê-lo feito, Sasuke merecia, e eu estava cansada de continuar quieta do jeito que estava. Eu sei que me trancar no quarto dele não era algo muito inteligente de se fazer, já que ele também dorme aqui, mas por enquanto serviria como refugio.

Meu estômago roncou alto e imediatamente me senti idiota por não ter comido nada. Na verdade, eu não comia nada desde que saíra da Vila da Folha. Mas agora isso não importa primeiro eu tinha que arrumar um jeito de sair dali, o que era quase impossível, considerando que o quarto não tinha janela e eu também não tinha a mínima ideia de onde era a saída.

Passei metade do dia trancada no quarto, Sasuke nem se dera ao trabalho de saber se eu estava viva, e eu também não ligava muito. Mas depois de um bom tempo ele já havia perdido a paciência.

— Sakura! – era notável a raiva na voz de Sasuke enquanto ele esmurrava fortemente a porta. – abra isso! Não tenho mais tempo para brincadeiras idiotas.

Não respondi apenas me encolhi na cama e abracei os joelhos.

— Juro que se não abrir isso eu mato você. Vai ser tão fácil quanto quebrar palitos... Não se esqueça que eu estou no comando, eu digo o que você pode fazer ou não! – ele praticamente rosnou.

— Me matar? Poupe-me das suas ameaças ridículas, Sasuke, quantas vezes você disse que mataria o Naruto, e quantas vezes teve oportunidade de fazê-lo? Você não passa de um covarde estúpido que se acha superi-

Fui interrompida pelo barulho da porta de madeira se quebrando e caindo no chão, em seguida Sasuke estava por cima de mim com sua katana em meu pescoço, senti uma ardência quando a lâmina cortou minha pele superficialmente, fazendo o sangue descer por minha clavícula.

— Você acha que uma garota que só sabe chorar vai me intimidar tão fácil? Jamais duvide de minhas palavras, Sakura, se não matei Naruto até agora foi por puro capricho, não era a hora certa. Mas você – ele me olhou com desdém – não é como o Naruto, e se permiti que vivesse até agora, foi por que preciso de suas habilidades médicas.

— Uma ova que você vai ter algo de mim! – falei enquanto chutava-o na barriga, fazendo-o voar pelo quarto.

Levantei-me rapidamente e o fitei, ele já havia se recuperado e me olhava com olhos indecifráveis. A espada empunhada na mão direita estava manchada com o meu sangue. Ele avançou e eu concentrei o chakra nas mãos formando lâminas, também avancei.

Consegui desviar da maioria dos ataques dele, a espada só me cortou em lugares irrelevantes, tipo: bochecha, panturrilha e braço esquerdo. Eram cortes leves. Eu consegui acertá-lo no ombro direito, fazendo com que ele abrisse um pouco a mão que empunhava a espada, eu a chutei e ela caiu perto da porta do banheiro.

Voltei-me para ele com um soco, mas ele se abaixou e puxou minhas pernas, me fazendo cair de costas. Pela segunda vez em menos de dez minutos, ele estava em cima de mim, segurava meus braços com força contra o piso duro e gelado.

— Sabe, se eu resolvesse lutar de verdade com você já estaria morta. Você é patética, achou mesmo que me venceria? – ele sorriu de lado, debochando de mim. – Você não passa de uma garota chorona, que nunca conseguirá superar nem ao Naruto nem a mim, você sempre estará atrás.

— NÃO! – tentei me libertar, mas ele apertou mais os meus pulsos. – Você não sabe nada sobre mim! Nunca soube, nunca quis me conhecer!

— E para que eu quereria?

— Porque é o que se faz quando se ganha amigos, você deseja conhecê-los. – falei depois de um minuto de hesitação.

Há menos de cinco minutos eu sentira que todo o amor um dia sentido por Sasuke se transformara em ódio, mas agora eu não sabia o que sentir a respeito dele, era como se tudo tivesse se misturado e eu não conseguisse mais distingui-lo, isto é, eu o encarava e sentia medo, ódio, carinho, mas nenhum desses sentimentos se prolongava.

Os olhos dele pareceram arregalar um pouco, mas logo voltaram ao que eram: frios, indiferentes e impossivelmente negros e vazios, sem falar que pareciam opacos de mais.

— Como eu disse: Você é patética. – ele se levantou.

Algo começou a se erguer do chão ao lado de Sasuke, era aquele homem estranhamente branco. Ele me olhou e eu percebi que ele só tinha metade do rosto, como se a outra parte tivesse sido arrancada.

— Não queria atrapalhá-los, mas Tobi lhe mandou isso. – ele entregou um papel para Sasuke – ele disse que você tem que comprar essas coisas para ela cuidar dos seus olhos.

Sasuke apenas assentiu e disse para mim:

— Vamos sair.

O homem branco estendeu a mão em minha direção – eu continuava no chão – em sua boca havia algo parecido com um sorriso.

— Não a ajude. – disse Sasuke – ela é nossa prisioneira, trate-a como tal.

— Ela não é minha prisioneira. – eu segurei na mão incrivelmente maciça e me levantei.

— Obrigada. – sussurrei pra ele.

Sasuke fez uma careta e foi até o armário de madeira, pegou sua bota preta de batalha e se sentou na cama para colocá-la.

— Sasuke, não vai deixá-la sair assim, vai? – o homem falou olhando pra mim.

— Assim como? Pra mim ela está normal, Zetsu. – Sasuke me fitou, demorando o olhar nas minhas pernas. Contive o impulso de olhá-lo de cara feia.

— É que não é bom chamar muita atenção, principalmente na sua atual condição, e ela meio que está chamativa vestida assim. – Zetsu sorriu.

—Humpf, como se ela tivesse algo para chamar atenção.

O sangue subiu à minha cabeça e eu me segurei para não socá-lo. Quem ele pensa que é pra dizer isso? Eu tenho alguma coisa sim! Podem não ser tão grandes quanto os da Hinata, mas chegam perto, sem falar que essa camisa larga não ajuda em nada.

Eu o fuzilei com os olhos, mas ele fingiu não notar. Foi até o criado-mudo e pegou a algema da noite passada, colocou-a no pulso esquerdo e se virou para mim. Apenas cruzei os braços e continuei a encará-lo.

— É melhor limpar esse sangue, se não com certeza vai chamar atenção. – ele apontou para minha clavícula, que ainda escorria sangue de onde ele havia me cortado.

Sem desviar os olhos dos dele eu ergui a mão para o local ferido e curei. O sangue, como estava fresco, evaporou, deixando o local limpo, assim como nos outros lugares que sua lâmina havia me cortado. Sem olhar para mim ele prendeu a algema no meu pulso.

Saímos do quarto. Eu estava sendo praticamente arrastada por Sasuke, que não se incomodou em me deixar ver onde era a saída. Zetsu havia ficado de guarda na caverna.

Assim que a luz do dia encheu meus olhos eu os senti lagrimar, já que eu estivera no escuro por um bom tempo. Meus olhos arderam e demoraram um pouco para se acostumar. Sasuke parecia não se importar com a claridade, ele andava a minha frente, nossa distancia limitada pela corrente da algema.

— Será que dá pra andar mais rápido? – ele disse com seu tom frio de sempre e me fitou.

Eu me sobressaltei um pouco ao ver seus olhos, pois diferente do que eu vira no escuro não estavam negros, mas sim, incrivelmente cinzas. E então, como uma pontada na cabeça, eu entendi o motivo de Tobi e Zetsu terem falado dos olhos de Sasuke e entendi o motivo de nós estarmos saindo da caverna. Sasuke estava ficando cego, mesmo que não parecesse, devido à rapidez e agilidade com que se movia, sem falar na elegância e firmeza de seus movimentos.

Apressei o passo e o alcancei.

Nós fomos pra um tipo de vila, era pequena e aconchegante e as pessoas pareciam não se importar em ver uma garota acorrentada a um garoto, mas infelizmente ainda olhavam para as minhas roupas, me deixando levemente desconfortável.

Paramos numa loja repleta de plantas e flores de todos os tipos, onde uma senhora sorridente se encontrava atrás de um balcão de madeira polida com vasos de bonsais por cima. Ela nos olhou alegremente quando entramos.

— Olá, meus queridos! O que desejam?

— Preciso disto. – Sasuke jogou o papel que Zetsu havia lhe dado no balcão e a encarou.

Ela leu atentamente as palavras e em seguida saiu de trás do balcão e foi até uma parte mais reservada da loja, parando apenas para nos dizer para esperar. Quando voltou, trazia algumas ervas e frascos com coisas dentro, entregou à Sasuke e sorriu.

— Aqui está. Creio que seu médico saberá usar.

— Espero que sim. – ele falou me olhando de canto de olho.

Assim que deixamos a senhora sorridente e saímos da loja, uma tontura repentina se apossou de mim, tudo a minha volta girou e minhas pernas fraquejaram. Ouvi Sasuke murmurar algo antes de sentir braços a minha volta. Depois tudo apagou.

Sasuke’s POV

Eu avisei pra essa idiota comer algo, agora eu tenho que carregá-la. Como se já não bastasse o fato de estar parcialmente cego.

Parei num tipo de lanchonete e a coloquei encostada no banco. Uma garota que trabalhava ali perguntou se havia algo de errado com ela e eu apenas pedi que buscasse água e algo para Sakura comer, a garota assentiu e se retirou rapidamente, evitando olhar em meus olhos.

Um grupo de homens de meia-idade fitava Sakura de um jeito que me fez querer apagá-los do mundo. Com um movimento rápido eu retirei a capa que trajava e a joguei sobre a Haruno, que começava a abrir os olhos. Pareceu desnorteada, mas logo percebeu onde estava.

Ela me olhou de modo acusativo, ou pelo menos foi isso que eu enxerguei, mas confesso que numa parte ela tem razão: eu a estou mantendo presa mereço ser olhado dessa maneira.

Depois de “lutar” com ela no meu quarto eu não me senti exatamente arrependido de tê-la cortado – até porque ela é ninja medica, pode se curar com facilidade – mas também não me senti bem. Sakura causava algum tipo de confusão dentro de mim, e por mais que eu tentasse não conseguia controlar.

— Aqui a sua comida, senhorita. – a garota lançou um olhar sorridente para Sakura e se retirou.

— Por que está fazendo isso? – Sakura perguntou enquanto tomava um longo gole d’água.

— Isso o quê? – a encarei... Ou pelo menos tentei.

— Isso de insistir que eu coma algo, por que não me mata logo, sem direito a últimos prazeres carnais.

— Ainda acredita que quero matá-la? – um sorriso sem humor se formou em meu rosto.

Ela deu de ombros e comeu parte do onigiri.

— O que houve com seus olhos? – perguntou.

— Aqui não é um bom lugar para falar disso.

— E por que não?

— Porque eu disse que não! Não seja insistente. – minha voz saiu um tanto rude e ela se encolheu.

Senti uma pontada de culpa, mas ignorei.

Quando ela terminou voltamos a andar, ela não parecia muito bem fisicamente, estava cansada e um tanto abatida, tentei desacelerar o passo para que pudesse me acompanhar.

Por algum motivo pensei na época que fazíamos parte do time 7, Sakura, Naruto, Kakashi e eu. No começo havia ficado irritado, pois tudo o que queria era a morte de Itachi, mas a convivência com eles logo se tornou aceitável e depois de um tempo, eu gostava de cada um deles, embora não admitisse. Naquela época, Sakura era mais ou menos do meu tamanho, talvez alguns centímetros menor e eu me lembro de ter pensado que ela se tornaria uma mulher alta e elegante. No entanto, ela não parecia ter crescido tanto, na verdade, eu ousava dizer que estava do mesmo tamanho. Seu cabelo também estava maior, isto é, da última vez que a vira antes de ir embora ela estava com o cabelo curto. Uma vez eu ouvira dizer que Haruno Sakura amava seu cabelo e o mantinha longo por minha causa e no dia em que acordei na floresta da morte e a encontrei completamente machucada e com seu cabelo cortado eu me permiti ser usado pelo selo amaldiçoado. No fundo eu podia tê-lo controlado, mas eu não quis. Algo em mim dizia que eu precisava protegê-la com toda a força que eu tinha e foi o que fiz. Eu só parei porque a ouvira suplicar, ela estava assustada, mas mesmo assim tentava ser o suporte que eu precisava, ou melhor, que meu antigo eu precisava. Aquele garoto não existia mais, eu estava diferente, tomaria decisões diferentes e não importava o que Sakura ou Naruto fizessem.


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Notas finais do capítulo

Gente, tem umas coisas que vcs precisam saber:
—O cabelo da Sakura está grande nessa fanfic ( mesmo se na capa ele está curto, o negócio é que não achei as imagens que queria com o cabelo dela longo)

—Obviamente, não vai ter aquela coisa de "ah, acabei de descobrir que eu te amo", até pq nessa fic, o amor deles já vem de muito tempo, Sakura sempre soube que amava ele, tanto que ela disse isso, mas já o Sasuke vai ter mais explicação do que ele sente mais pra frente, ok?

Bom, era isso, beijos lindas (e lindos quem sabe).

P.S. é possível que o próximo capítulo demore um pouco pra vir.