A Profecia escrita por Capitu


Capítulo 7
VII - Capítulo Sexto


Notas iniciais do capítulo

Me perdoem mais uma vez pelo atraso! Talvez uam rotina mensal funcione melhor, estou considerando isso.

Esse capítulo é muito mais introspectivo, e inaugura uma fase em que Draco e Hermione aprenderão a enxergar um ao outro de maneira diferente.

Gostaria de agradever a todos que comentam, favoritam e acompanham a história! Como já disse, tudo isso me deixa muito feliz.

Boa leitura!



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Minerva lhe entregava o Vira-Tempo. Dava as instruções, falava sobre os perigos de viajar no tempo e que estava lhe confiando um objeto de "inestimável valor” porque via um "futuro brilhante" para ela. Apesar de aquela cena ser uma lembrança, ela era a Hermione do presente. Se Minerva soubesse do futuro brilhante…era curioso pensar como as coisas foram diferentes do que todos imaginaram. 

 

O sonho se dissipou conforme despertava. Parecia algo num passado profundo agora. 

 

De olhos fechados, ela se deliciou com o calor das cobertas e com a luz do dia que vinha da janela. Por milésimos de segundo pensou estar em sua casa - o que não deixava de ser verdade - durante as férias de Natal. Seus pais estariam tomando café da manhã no andar debaixo, e ela desceria as escadas com seus pijamas de frio e meias. Provavelmente enrolaria um cobertor no corpo também, e escreveria, mais tarde, uma carta para Rony e uma para Harry. Pensaria no que dar para eles de presente, no que pedir. 

 

Mas aquelas não eram férias de fim de ano. Ela não era mais criança. Era início de novembro de 2000, muito cedo para decorações de Natal e muito tarde para as de Halloween. O outono coloria a rua de amarelo, laranja e vermelho e, por mais que adorasse admirar essas pequenas coisas, tudo parecia tão cinza.  E sua boa mente lhe lembrou do trabalho que precisava terminar.

 

Com o que estudou e destrinchou na noite anterior, ela compreendeu com clareza que os versos marcadores de tempo apontavam para eventos que haviam acabado de acontecer, então subentendia-se que estavam no tempo “certo” para agir, por assim dizer. Também não restavam dúvidas de que ela e Draco Malfoy precisavam fazer duas coisas para Harry e Voldemort. Ela também havia feito os cálculos: a última lua minguante do mês quatro ocorreria bem no fim, quase entrando no mês seguinte e, somado ao verso bem explícito “voltam antes do mês seis”, era bem fácil interpretar que a profecia se referia ao mês cinco. 

 

Maio. 

 

Dois de maio. 

 

O dia da Batalha de Hogwarts, quando a profecia sobre Harry e Voldemort não foi cumprida. 

 

As coisas começaram a se conectar em sua mente na velocidade da luz. Draco e Hermione deveriam voltar no tempo com a ampulheta enfeitiçada, um Vira-Tempo, para colocar os ofidioglotas, que são Harry e Voldemort, em batalha, porque um precisava matar o outro, e isso seria decisivo para o futuro da comunidade bruxa. 

 

Ela matou a charada! 

 

Tornou a descer as escadas cheia de euforia, mas refreou-se no meio do trajeto. O que ela estava fazendo? Correndo para contar novidades a Harry ou Rony? É claro que não. Talvez ficar sozinha por tanto tempo, e logo ela, tão desacostumada à solidão, tenha feito sua mente criar expectativas felizes, por mais traiçoeira que fosse sua companhia. 

 

De qualquer maneira, Draco não estava na sala nem na cozinha e, considerando que a residência dos Granger não tinha muitos aposentos para se estar, Hermione o encontrou rapidamente no jardim dos fundos, seu lugar favorito na casa. 

 

A grama precisava ser cortada, as árvores podadas, e o outono não fora nada gentil com as folhagens, mas ainda assim o jardim tinha o sol perfeito, as mais belas flores, as mais coloridas borboletas. Com alguns cuidados, aquele lugar voltaria a ser magnífico. 

 

Draco estava com a cabeça encostada num pilar de madeira, sentado nos degraus da varanda, um copo de uísque vazio. Ele girava uma pedra na mão, com o olhar vago e cansado, as bochechas, olhos, nariz e lábios vermelhos. Ele havia chorado a noite toda, ela sabia. 

 

E, por um instante, Hermione sentiu compaixão por ele, por menos que quisesse. Ela sabia o que era perder os pais, o quanto doía, desesperava.

—  Malfoy, eu sei como se sente… - Hermione começou, mesmo desajeitadamente. Ela não seria quem era se não falasse alguma coisa agora, mesmo para ele.

—  Não, você não sabe! Conforme-se: você não sabe de absolutamente tudo, Granger! - ele atirou, grosseiro, mas com a voz um pouco vacilante.

—  Eu perdi meus pais também, Malfoy, e acredito que você esteja bem consciente desse fato! Então não fale comigo como se eu não soubesse o que é dor. - ela respondeu num tom inevitavelmente irritado.

 

Aquilo era verdade. Ele sabia que Granger era tão órfã quanto ele. Sabia como e quando aconteceu. Mas não sabia como ela se sentia sobre isso. 

 

Um silêncio pesado pairou, um silêncio constrangedor e inquietante, que claramente seria rotineiro, se as coisas continuassem como estavam. O silêncio desconfortável

—  O que aconteceu? - ele indagou certo tempo depois. Draco provavelmente se arrependeria de ter feito essa pergunta, e não sabia bem por que a fez. Talvez quisesse sentir a lembrança de seus pais enraizada em mais alguém além dele próprio.  

—    Você já sabe. - ela respondeu, seca e um pouco ressentida, porém não surpresa. Se a intenção dele era magoá-la através de memórias dolorosas, estava conseguindo. Onde estava com a cabeça quando tentou consolá-lo? Ou talvez, inconscientemente, ela só quisesse ver como o mundo dá voltas, e como o feitiço se volta contra o feiticeiro inevitavelmente.

—    Sim. - ele afirmou, mas seus olhos invernais continuavam a encará-la pedindo uma resposta. 

 

Hermione respirou fundo, murmurando “tudo bem” para si mesma. Ela não sabia das intenções dele, mas não pareciam maldosas. Ela se lembrava de querer a palavra de alguém que a compreendesse por completo naquele momento, ainda queria. Falar do Sr. e da Sra. Granger fazia com que seu muro de racionalidade simplesmente desaparecesse, deixando que seus sentimentos a preenchessem por completo, por mais que não quisesse. E ela queria dizer, queria compartilhar aquilo, e queria que ele mesmo concluísse como a dor que causou agora o abatia.  Então, sentou-se ao lado dele, a certa distância, para tratar de um assunto que não abordava há tanto tempo.

—  Quando os atentados a trouxas e bruxos-nascidos-trouxas se intensificaram, eu troquei a memória dos meus pais...para protegê-los. Fiz com que pensassem que eram outras pessoas, Wendell e Monica Wilkins, um casal feliz, sem filhos, e nem nada que os prendesse aqui, acreditando numa vida próspera na Austrália. Era o plano perfeito: longe daqui, sabendo menos que nada sobre o mundo bruxo, sem nem sonhar sobre a minha existência, com outras identidades. E mesmo tão perfeito como era, foi falho. Seu pai os encontrou, seu pai e sua tia... o resto você já sabe.

 

De fato, a lembrança de seu pai estava com mais alguém, e o que havia acabado de ouvir avivou a sua. Ele se lembrou do lado escuro e maldito de Lucius, de toda a superioridade, do egoísmo, da arrogância, da estupidez e teimosia, de todas as coisas ruins que aconteciam na Mansão Malfoy. Seu estômago afundou e uma sensação fria, como uma corrente de ar polar, se instalou em seu peito e, por um segundo, ele não pôde negar que a morte do pai também trouxe uma pontada de alivio

 

Hermione, ao seu lado, tinha a cabeça em outra coisa, porque não era sempre que falar sobre seus pais a deixava infeliz e com vontade de chorar. A saudade verdadeira, a dolorida e desesperada, batia nos momentos mais corriqueiros, nos dias mais pacatos, e tão repentina quanto vinha, ia embora. 

 

Mas agora ela pensava na profecia, divagava sobre o que poderia acontecer, pesava as consequências. Ela sentia que o tempo, agora, a pressionava contra a parede, sabendo que tinha um prazo. Precisava convencer Draco a colaborar, fazê-lo não estragar tudo, e descobrir onde o Vira-Tempo estava. Ela tinha seis meses.

—  Você chegou toda esbaforida aqui para me dizer algo. Então diga logo. - a voz dele soou fraca e grosseira. Era quase cômico vê-lo disfarçar e vestir a simples pergunta “o que queria me dizer” com uma capa de estupidez. Ele sabia manipular as palavras com maestria, ela tinha que admitir.

—  É sobre a profecia. Eu ent...

—  Não quero saber sobre essa droga de profecia. - ele se levantou e entrou, segundo por ela.

—  Você não entende...

—  Eu não quero saber!

—  PARE DE SER TÃO TEIMOSO E ARROGANTE, MALFOY! - ela não quis se enfurecer, mas acabou o fazendo. Ele estacou no lugar, mas parecia sem forças para brigar. Hermione respirou fundo, e recomeçou sua fala. - Passei a noite destrinchando os versos, e entendi o que ela quer dizer. Eu e você, juntos, precisamos encontrar um Vira-Tempo, voltar para o dia da Batalha de Hogwarts e colocar Harry e Voldemort frente a frente para lutar.

—  Não entendo o que te faz pensar que eu concordaria com isso. - ele disse ainda de costas, e teve o ímpeto de continuar sua caminhada, mas as palavras chave saíram da boca de Hermione bem na hora.

—  Os seus pais. - a bruxa disse por baixo da respiração, meio incerta. Uma ideia se iluminava em sua mente.

—  O que disse? - ele se virou para ela, os olhos congelantes meio marejados, meio surpresos.

—  Os seus pais, Malfoy. Voltar no tempo significa reverter tudo que aconteceu no Ministério, tudo que aconteceu depois da Batalha.

—  Salvá-los. - ele concluiu, num sussurro. Os olhos se desviaram dela, agora cheios de lágrimas por completo, distantes e pensativos. Um segundo depois, eles a encaravam novamente, renovados por esperança. - O que temos que fazer? 

Hermione esperava que sua ideia seria eficaz, mas não tanto. 


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Notas finais do capítulo

Se gostou do capítulo, comente!

Obrigada por ler.

Capitu



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