Ele estava em suas mãos essa noite. Com certeza estava!

Parou em frente ao moreno e passou a mão direita na cintura. Seus olhos passaram a percorrer toda a extensão do corpo masculino. Deu atenção às coxas torneadas e subiu até o peitoral, escondido pela camisa. Suspeitava que por baixo de todo aquele pano escuro, existia o corpo de um adônis.

Um sorriso surgiu quando pensou na hipótese. Desviou sua visão até o rosto dele.

Adorou-o, principalmente os olhos escuros. Ela amava homens de íris negras, pareciam esconder várias coisas. E aquele olhar não era diferente. Mas, naquela noite, estava disposta a descobrir mais sobre ele. Com seu mais novo objetivo em mente, caminhou até o homem. Quando achou estar próxima o suficiente, encostou seu rosto perto do ouvido dele e perguntou com a voz propositalmente rouca

"Posso me sentar?" Sentiu-o se afastar para pôr sua cabeça ao lado de sua orelha.

"Fique à vontade." Notou, pela forma de falar, que ele havia bebido.

Ela seguiu até o outro banco ao lado dele. Ajeitou o vestido para sentar de maneira que cruzasse as pernas, deixando à mostra um pouco de suas coxas torneadas. Apoiou o cotovelo no balcão e direcionou sua cabeça para o bar.

"Prepare-me uma caipirinha, por favor." disse alto, para que o barman pudesse entender.

Enquanto esperava, fez a perna superior a outra balançar. Fingiu estar esperando pela bebida e sem que o homem ao seu lado percebesse, espiou-o. Viu-o olhar para suas pernas descaradamente. Riu de leve, de modo que ninguém notasse. Pensou como o álcool mudava o jeito de uma pessoa.

A taça com a caipirinha apareceu e ela teve de terminar com a brincadeira. Pegou-a e levou a boca. Permitiu-se tomar dois goles e parar, não era muito fã de bebida alcoólica. No entanto, aquele momento era especial. Apoiou o copo na bancada e contemplou o moreno. Ele estava bebendo mais um copo de uísque. Novamente, foi até o ouvido dele e tentou iniciar uma conversa quando questionou.

"Curtindo a noite?"

"Mais ou menos." Largou o copo na bancada.

"Eu sabia." Ela disse.

"Sabia o quê?"

"Você tem jeito de homem caseiro." Sua atenção se voltou ao copo. Tratou de afastá-lo para bem longe de suas vistas. Retornou sua visão ao homem, que apelidara de pedaço de mal caminho, e o viu se aproximar de si.

"O que eu posso fazer para mudar isso?"

Escutou tudo, demonstrando um perfil de surpresa. Então, ele queria jogar consigo. Não sabe com quem estava lidando, pensou ela. Arranhou o balcão do bar e esfregou os lábios para redistribuir melhor o batom. Pousou cada uma das mãos, em cada joelho dele, utilizando-os como apoio para aguentar o peso de seu corpo inclinado na direção do pedaço de mal caminho.

"Que tal uma dança?" Finalizou com um sorriso.

"Aliás, nem perguntei seu nome." Disse ao se levantar do assento e ficar de frente para o moreno.

"Itachi.” Ele respondeu se levantando e quase deixou derrubar o copo por não prestar atenção onde o colocava.

"Itachi... Interessante!" pronunciou devagar enquanto aproximava seu corpo ao dele.

A mão dela formigou de desejo ao ver aquele corpo tão perto. Permitiu-se saciar sua vontade ao alisar, com a palma da mão, o peitoral e os ombros daquele ser viril. Sorriu ao poder constatar ser verdadeira a hipótese de minutos atrás. A música da casa noturna havia parado, todavia, outra melodia logo substituiu o silêncio deixado pelo término da anterior.

Ela se autorizou a escutar as primeiras batidas e seu corpo sacudiu ao reconhecer qual seria a canção que tocaria. Confirmou sua suposição quando a voz do cantor apareceu entre o som dos instrumentos. Tratou, no mesmo instante, de arrastar Itachi para a pista. Seu corpo se envolvia com o som a cada passo que dava. Em certa parte da música, não conseguiu se manter parada.

Soltou o braço do homem para poder dançar com liberdade. Começou a rebolar e descer até o chão, tudo ao mesmo tempo. Após atingir tal proeza, subiu suas cadeiras, empinando o bumbum rumo a Itachi. Como estava de costas, resolveu se virar mexendo os quadris. Ao estar, totalmente de frente para seu alvo, esfregou suas mãos pelo próprio corpo. Completou a cena o chamando com os dedos indicadores. Ela teve seu pedido cumprido quando viu Itachi se aproximar. Percebeu as grandes mãos masculinas envolverem sua cintura fina com possessão. Escapou-lhe das cordas vocais uma gargalhada. Em seguida, deu-lhe as costas. Reclinou-se naquele corpo enorme, comparado ao seu, para continuar dançando.

De repente, um arrepio percorreu todo o seu ser, ao sentir a respiração quente e a boca de Itachi encostarem em seu pescoço. Tentou se equilibrar no salto alto e conter a tremedeira, mas era inútil. A única saída foi levar as mãos até ele e se segurar como podia. Suspirou forte ao sentir a língua dele trilhar a sua pele do ombro, não coberta pelo vestido. A emoção de seu corpo naqueles braços másculos, instigava seus instintos mais profundos. Tateou, subindo pelo pescoço, até encontrar os cabelos compridos dele. Puxou-nos com força, tentando transmitir a mesma sensação que a dominava e respondendo aos seus pensamentos, ouviu um gemido rouco sair da boca dele.

Contudo, ao reconhecer o seu corpo cada vez mais colado ao de Itachi, precisou voltar à realidade. Colocou seus cotovelos no tronco do homem para provocar a separação dos dois. Encarou-o por alguns instantes e percebeu o brilho de desejo na íris ônix.

"Calma!" Ela disse, ao estar com a boca perto do ouvido de Itachi. "Vai devagar tá legal? Apenas me ajude a dançar." Distanciou-se três curtos passos.

Apanhou as mãos dele e as guiou até a lateral de seus quadris. Com destreza, mostrou como queria ser movimentada. No início, tudo foi lento, no entanto, aos poucos foi seguindo o ritmo da música. Até o ponto de a mulher largar seus braços fortes e deixá-lo conduzi-la sozinho. Mas, ao sentir o toque de Itachi ir descendo, teve de interromper.

"Devagar, eu ainda quero me divertir mais." Afastou-se após comentar.

Ela não conseguiu dar nenhum passo depois do que disse. Pois, repentinamente, o moreno a puxou e acariciou a pele do rosto como se topasse em uma boneca de porcelana. E outra vez, a moça se via atraída pelo prazer único daquele contato.

"Porque não deixamos esse lugar." Recebeu um beijo na curva do pescoço. "E vamos para um local mais reservado."

"Para poder dormir comigo e me deixar a ver navios amanhã?" Afastou-se. Olhou-o séria, supondo que ele estava sob forte efeito das bebidas para depois dar risada e continuar. "Apesar de ter gostado de você, não sou de transar com pessoas bêbadas."

Ela observou ao redor e encontrou várias pessoas dançando. Viu naquilo, sua chance perfeita de ir embora. Despediu-se lançando um beijo pelo ar em direção a Itachi e correu se misturando na multidão. Apressou o passo até chegar a entrada, mas antes, verificou se alguém a seguia. Viu Itachi esbarrar em algumas pessoas e trilhar o mesmo caminho que ela fizera há instantes. Com pressa e meio atrapalhada, retirou os saltos e tratou de correr ao mesmo tempo que rezava para não ser apanhada.

Em nenhum momento ousou olhar para trás. Podia ouvir, muito bem, o som dos passos de Itachi cada vez mais próximos de si. Esforçou-se ao máximo para acelerar e ganhar distância. Sem ter outra ideia para fugir de Itachi, ela rezou por um milagre que lhe tirasse daquela situação. Ao virar uma esquina, um táxi apareceu. Suplicou a Deus que o motorista parasse enquanto esticou o dedo.

A adrenalina percorreu todo o seu ser ao achar que o veículo não pararia. Mas, para sua felicidade, ele havia parado. Abriu a porta e se jogou para o banco traseiro do carro. Desajeitada e quase sem fôlego disse:

"Acelera, por favor!"

Como se o motorista fosse funcionário dela, ele balançou a cabeça positivamente e pisou no acelerador. O veículo passou veloz pelo moreno, este se encontrava parado somente observando o automóvel se distanciar.