A praia de Copacabana era ainda mais bonita à luz do luar, pensou Itachi. Enquanto mantinha as mãos no volante do seu carro negro, deixou-se admirar a paisagem por alguns instantes. A pequena linha horizontal formada pela água, a maneira como as luzes dos postes brilhavam para mostrar a areia pálida do local. Porém, o maior charme era aquela calçada cheia de movimento, parecendo ter vida como as ondas do mar.

Retirou sua atenção do ambiente e prestou atenção na avenida. Ao final dela, seguiu reto e girou na segunda esquina à direita. Desacelerou o automóvel ao perceber estar perto da boate, a qual seu próprio irmão indicou. Estacionou seu carro em uma das vagas. Retirou a chave e saiu do veículo, exalando o cheiro da colônia malbec, impregnando tudo ao seu redor.

Em seu corpo, peças de uma das coleções da empresa, composta por uma camisa cinza, calça negra e sapatos cinza escuro. Para completar o visual, seu cabelo meio comprido e negro estava molhado.

Mesmo sabendo que haviam seguranças, trancou a porta do carro e ligou o alarme. Guardou o chaveiro no bolso e com a outra mão, alisou os cabelos. Umedeceu os lábios e começou a caminhar. A cada passo, suas mãos arranjavam alguma coisa para fazer como: mexer nos cabelos, desamassar a roupa ou verificar se as chaves estavam em seu bolso. Há poucos metros do lugar, resolveu parar e avaliar.

A primeira coisa que se destacou em sua visão foram os nomes Boate Love piscando acima da porta de entrada do local. Também haviam luminárias ao redor das suas paredes. Deu uma inspirada forte, colocou os dedos da mão direita no passador da calça e disse.

“Nada mal."

Andou até a pequena fila formada na frente da entrada. Reconheceu duas, das cinco pessoas a sua frente. Mandou-lhes um sorriso desajeitado e ficou à espera de sua vez. Lançou a cabeça para o céu para se distrair. Viu duas estrelas brilharem no meio da escuridão. Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios finos, raramente conseguia enxergar estrelas.

A fila, aos poucos, foi diminuindo e logo já era sua vez. À frente da porta, situava-se um homem moreno, alto e musculoso. Usava óculos escuros que escondiam os olhos. Ele segurava uma prancheta e uma caneta prateada, muito elegante na opinião de Itachi.

“Nome.”

A voz grossa do rapaz alcançou seus ouvidos e fez Itachi quase abrir a boca de susto. Entre toda a situação, notou que o tal segurança sequer o olhara ao lhe fazer a pergunta. Limpou a garganta num pigarro e passou os dedos pelos fios dos cabelos ainda meio molhados.

"Itachi Uchiha." falou.

“Uchiha?” O homem levantou a cabeça. “Você é parente de Sasuke Uchiha?” pronunciou para em seguida lançar a caneta contra a prancheta.

Sua sobrancelha levantou. O som daquele impacto, para Itachi, pareceu um aviso nada agradável. Ergueu os olhos para encarar o homem a sua frente.

"Sim, sou irmão dele."

Após sua resposta, o grandalhão começou a abrir espaço e finalmente liberar a passagem com uma alegria eminente em sua face.

"Pode entrar." Ouviu-o dizer.

Com o choque de ter recebido tal retorno, sua expressão facial se transformou em uma careta. Continuou parado, vendo o funcionário da casa noturna sorrir em sua direção. Balançou a cabeça e puxou a carteira, tirou quatro notas de cem e as direcionou para o rapaz.

“Não precisa pagar.” O indivíduo declarou para o Uchiha.

"Por que isso?" Replicou, seu tom de voz demostrava curiosidade.

"Digamos que... Sasuke Uchiha é o nosso melhor cliente." falou o segurança, dando um pequeno riso.

Claro! Eu já deveria saber. Aliás, foi ele quem me recomendou essa porcaria! Pensou Itachi, atravessando a brecha oferecida de bom grado. Passou pela porta de vidro fumê e percorreu um corredor escuro até, finalmente, estar dentro da boate.

Ao pôr sua visão no local pela primeira vez, seus olhos foram atacados pela iluminação intensa. Colocou o braço na frente de suas vistas tentando protegê-la. Seus ouvidos quase estouravam com as fortes batidas da música. O cheiro daquele lugar era uma mistura de perfumes e bebidas. Quando se adaptou com às luzes, permitiu-se analisar tudo. Reconheceu, no centro, a pista de dança. Nela, já existiam algumas pessoas e casais dançando. Desceu o degrau e começou a perambular o ambiente a procura de um bar. Examinou à sua esquerda e encontrou algumas mesas, já ocupadas. Pôs-se a investigar à sua direita e o alivio o tomou ao se deparar com o que queria. Foi direto se sentar em um dos bancos vazios.

O que eu estou fazendo aqui? Refletiu Itachi ao mesmo tempo em que se ajeitava no banco giratório de madeira e chamava o barman, o qual se engraçava com umas mulheres.

"Quero um uísque." Itachi pediu.

Viu o barman balançar a cabeça e se virar para pegar uma garrafa e um copo. Com isso, o moreno decidiu mudar sua atenção às pessoas ao redor. Seus olhos ônix detalharam tudo naquele lugar, cada coisa, cada pessoa. No entanto, sua atenção foi retirada.

"Aqui está seu drink senhor."

Como se fosse um comando, Itachi se virou e agarrou o copo. Tomou toda a bebida de uma só vez, daquela forma, poderia fazê-lo se animar e tentar curtir o momento. Soltou o recipiente vazio e pediu mais um.

Sentiu seu corpo começar a relaxar ao beber, pelas suas contas, o terceiro copo de uísque. Jogou, pela quarta vez, o copo em direção ao rapaz do bar. Nem precisou falar mais nada, uma vez que o funcionário já sabia o seu pedido. Logo, outro drink já se encontrava ao seu alcance. Segurou-o quase no mesmo instante em que o puseram perto de si. Sem ingerir nenhuma gota do líquido, Itachi se movimentou para dar as costas ao balcão e o usar como encosto. Quando achou uma posição agradável, permitiu-se tomar um gole da bebida.

Como se um imã o atraísse, sua visão foi em direção a entrada da boate. Manteve o olhar fixo na abertura como se não existisse nada melhor para observar. E justamente, naquele momento, alguém lhe retirou toda a concentração. Autorizou estudá-la da cabeça aos pés. Contemplou cada movimento e se deslumbrou com a harmonia de sua beleza.

Fascinou-se com os cabelos, que mais pareciam uma noite estrelada. O vestido negro dispunha de poucos brilhos na parte superior, este mostrava adequadamente as curvas sinuosas da mulher. Os lábios carnudos estavam tingidos de um vermelho semelhante ao vinho que pareciam pedir para saboreá-los. A maquiagem destacou o brilho claro dos olhos.

Itachi reparou melhor nela tentando captar mais detalhes e suspeitou conhecê-la de outro lugar. Todavia, não lembrava de onde. Acompanhou-a com o olhar até a perder de vista ao se misturar pela multidão. Apressou-se em procurar a tal mulher e encontrou-a em um canto mais afastado da pista de dança. Ela conversava, animadamente, com um rapaz. O diálogo entre os dois durou um certo tempo até que ela o conduziu, no ritmo da canção, para dançar.

Ainda sentado no banco de madeira, o Uchiha reparou a rapidez da tal moça em rodear o pescoço do rapaz e remexer o corpo, encostando-o devagar ao dele, no ritmo da música. Viu também a forma como ela girava o corpo para dar as costas ao parceiro, enquanto ele cravava as mãos em seus quadris. Nessa ocasião, ela ficou de frente para Itachi e, por milésimos de segundos, os olhos claros abriram e miraram a íris ônix dele. Testemunhou-a soltar um sorriso em sua direção e depois continuar a dançar com o rapaz. Demorou apenas alguns minutos para a mulher encostar o rosto ao pé do ouvido do outro.

Para Itachi, os dois pareciam conversar sobre algo divertido, porque o formato de risada apareceu nos lábios deles.

Depois desse fato, não demorou muito e eles acabaram se afastando. Porém, o tal indivíduo, continuava com uma das mãos na cintura dela enquanto, com a outra, entregava-lhe o que parecia ser um pedaço de papel. Ela o pegou sorridente e se despediu lhe dando um beijo na lateral do rosto.

Com a despedida finalizada, Itachi teve o privilégio de vê-la concentrar o olhar em si. Ela lhe lançou um sorriso ainda maior que o anterior e deu seu primeiro passo em sua direção. Passo por passo ela se aproximava, em meio a essa caminhada, enxergou-a guardar o papel entre o tecido da roupa e do sutiã.

O Uchiha se entusiasmou ao ver tal cena. Em sua boca se formou o seu famoso sorriso de lado. Sentiu o efeito da bebida se instalar em seu corpo e principalmente em seu cérebro. Mal conhecia a mulher e já começava a ter pensamentos insanos.

"Se eu continuar assim, não vou me aguentar." falou baixo, vendo que a mulher se encontrava perto.