Scream - Survival 2 escrita por The Horror Guy


Capítulo 33
Fright Night - Part 8


Notas iniciais do capítulo

Estamos de volta! E Viemos para ficar! Saudades do banho de sangue? AAAAAA Como eu senti saudades de vocês meus amores ♥ Mas vaso ruim não quebra, vamos retomar nossos gritos!



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A Noite parecia interminável assim como a garoa fina que caía sobre o grupo, causando os calafrios necessários para fazer com até suas almas congelassem.

Caminhavam aflitos pela calçada que contornava o jardim, a mesma por onde Lizzie havia passado com o carro. Eram coisas demais para processar e admirável como o grupo não se entregava ao completo colapso mental. A ideia de ter deixado Clarice à deriva no telhado para seguir em frente não era agradável, mas era isso, ou ver a garota sendo arremessada de lá de cima. Observados, e forçados a performar um jogo de sobrevivência infernal. Na linha de frente, quase que liderando o grupo estava a figura óbvia, Claire.

Desconfiada de tudo e todos inclusive o ambiente, guiando uma passeata da Morte onde até mesmo as árvores ao lado espalhadas pelo gramado eram ameaçadoras. Acompanhada de perto por Edward, que cabisbaixo mantinha Kirstin grudada em si, com seu braço em volta da menina que tremia de frio cobrindo as orelhas com a toalha que já ficara úmida por conta da água que pingava de seus cabelos, a mesma que usou para improvisadamente secá-los.

—Claire? - Chamou Ed, baixinho.
—Hã? - Respondeu avoada, prestando atenção no caminho sem nem olhar para ele.
—Acha que isso foi uma boa ideia? Coitada daquela menina.
—Se foi uma boa ideia ou não, o que importa é que ela está viva, Edward.
—Eu sei. - Concordou falsamente.
—Você não vai querer voltar pra salvá-la e arriscar causar a morte dela, certo?
—Não, de jeito nenhum.
—Então pronto.
—É que... Coitado do Paul...
—Coitado? Ah, por favor. Ele é gay, atualize-se.
—Ainda sim. Pensa como ele deve estar arrasado. Se não fosse por ele, ela não estaria nessa enrascada.
—Exatamente.
—Isso foi cruel.
—É, mas você me conhece. O melhor que temos a fazer é seguir o que a Reese disse e dar o fora daqui. Não vale a pena lutar com ele.
—Não achei que você fosse desistir a essa altura do campeonato.
—Coisas da vida. Eu lutei, corri atrás... Tentei de todas as formas impedir o assassino e o que isso me trouxe? Só decepção. Cansei, eu vou dar o fora daqui e sugiro que todos façam o mesmo.
—Como acha que vai ficar essa situação? Porque sinceramente... Mesmo isso acabando aqui... Não parece ser o fim.
—E não é. Acho que tenho que me contentar que estou praticamente amaldiçoada. Essa merda toda, o que Juliett fez... Eu juro que se encontrar ela no inferno... Satã vai me conceder o trono depois do que eu fizer com ela.
—Amém.
—Sabe quando assistimos filmes de terror, e gritamos com a tela chamando os personagens de burros e dizendo coisas do tipo "Não entre aí", ou "Cuidado!". E nos sentimos frustados porque eles fazem exatamente o oposto do que desejamos, e não há como salvá-los?
—Sei...
—É assim que eu me sinto. O Tempo todo eu fiquei vendo essa galera ser arrebentada, a semana inteira! Me meti na história, tentei ajudar... Entrei no "Filme" por assim dizer. E não deu em nada. Acabei descobrindo que eu era o alvo principal o tempo todo... Imagine o que teria acontecido se eu tivesse ficado na minha. Eu estaria morta agora por não saber que essa coisa tinha a ver comigo? Ou ainda estaria bem e não estaria aqui perambulando no frio nesse monte de sangue? Fica a pergunta...
—Onde quer chegar?
—Que as vezes.. Querendo ou não... O Mal vence não importa o que você faça. Talvez a justiça só exista nos contos de fadas.
—Eu estou com frio.. - Disse kirstin tremendo os lábios, abraçando-se mais forte contra Edward, exigindo calor.
—Calma, amor... Já estamos chegando. Quase lá.
—Aguenta firme, Kirstin. -Incentivou Claire, causando surpresa no garoto. -O estacionamento já está logo ali na frente.
—Eu não sei... Se.. Se aguento... - Respondeu ela, gaguejando de frio.
—Aguenta sim. Você é mais forte do que parece. Confie em mim.
—Claire... -Sorriu Edward. -Obrigado. -Sussurrou.
—Que nada. Ela é importante pra você. O que automaticamente a torna importante pra mim também.


Ele abriu um sorriso de esperança:

—Você é demais, "Diaba".
—Eu sei, me ame. Kirstin, eu te prometo uma coisa. Você vai sair daqui viva nem que eu morra.
—O.. Obri... Obrigada... -Respondeu batendo os dentes de frio, meio sem jeito.
—Relaxa.
—Qual o plano mesmo? -Indagou ele.
—Ah... Ir até o estacionamento de funcionários, entrar numa viatura com Reese e sair daqui. Chamar a polícia e mandarem resgatar a Clarice. O assassino já vai ter fugido até lá. Vai ver que desistimos do jogo indo embora e por isso ele não terá motivos para matar a garota.
—E Como tem certeza disso?
—Porque ele é um exibicionista. Precisa de plateia. Pra que matar a menina se não vai ter ninguém aqui pra assistir ou gritar?
—Faz sentido. Mas como acha que ele vai reagir quando ver que nós demos no pé e que o jogo acabou?
—Ele vai fugir como prometeu. E jamais vamos saber quem ele ou ela era.
—E Depois?
—Depois.. Acredito que ele vai vir atrás de mim mais uma vez, e então será o meu fim.
—Do que você tá falando?
—Estou cansada Edward. Só quero que isso acabe.
—Não está dizendo o que eu acho que está dizendo, certo?

A Diaba apressou o passo, se distanciando da pergunta.

—Claire! -Chamou nervoso, se pondo a tentar alcançá-la.
—Deixa pra lá, Edward!
—Volta aqui!
—Por quê?! -Parou ficando de frente a ele com seu olhar cínico.
—Você não tá pensando em se entregar, neh?!!
—Pensar e fazer são duas coisas diferentes!
—Claire, Me fala!
—Vamos ter que esperar pra descobrir, querido! -Deu-lhe as costas, continuando a seguir mais rápido.
—Droga.. -Resmungou aumentando o ritmo. -Vem, amor... -Insistiu para Kirstin. -Anda um pouquinho mais rápido, acha que consegue?
—Sim...
—Então vem.. -Insistiu trazendo-a consigo carinhosamente, forçando-a a andar mais rápido.

Ao que Claire apressou o passo deixando Ed a poucos metros atrás, chegou enfim ao ponto crucial, virando a esquerda contornando o prédio da diretoria na área do estacionamento. Fez a curva sem olhar para trás, desaparecendo por um instante da vista do grupo que caminhava lá trás tentando acompanhá-la, dando de frente com a porta... A mesma pela qual escapou por pouco a instantes atrás quando a perseguição se iniciou.

Estava escancarada, o que devia lhe dar a vista do interior do estacionamento. Porém, o local estava em completa escuridão, e a porta aberta dando vista a um vasto "Nada" ameaçador, era um convite para o Medo.

Parou com um frio na barriga que lhe impediu de adentrar ao local. "O que fazer?" - Pensou.

— Claire? -A Voz de Edward surgiu chamando sua atenção, desviando seu olhar vago da escuridão.
—Oi.
—Não faz mais isso pelo amor de Deus...
—Ah, relaxa caramba.
—Enfim, o que tem aí? - Se aproximou puxando Kirstin consigo.
—Foi por aqui que eu fugi. Ele me atacou no estacionamento.
—E você correu aí no escuro?
—Não, estava tudo aceso na hora.
—Ah... Tá..
—Entendeu? É isso o que me preocupa.
—Acha que é não é uma boa ideia entrar?
—Por mais que seu palpite seja ridículo de tão óbvio... Acho que é exatamente o contrário.
—Como assim?
—"Jogar pelos clichês para sobreviver", ele disse algo assim. Significa que seguir a opção mais ridícula é a certa. Se está escuro, é porque com certeza representa ameaça...
—Certo. E se representa ameaça.. Ninguém seria tão burro de entrar.
—Exato. A menos é claro que você seja um personagem de filme de terror. -Disse de modo significativo levantando uma sobrancelha.
—Espera... Claire, não.
—Eu vou entrar.
—Não faz isso!
—Você quer morrer, querido?!
—Claro que não!
—Então temos que entrar aqui.
—A opção mais lógica é dar o fora, você mesma disse isso caramba!
—Eu sei. Mas pra dar o fora precisamos ir rápido e ir andando até o portão é uma sentença de morte. E as viaturas da segurança estão aqui.
—Você sabe tanto quanto eu que tem alguma merda aí. Não se atreva..
—Eu tenho que fazer isso, Ed.. -Esticou a mão devagar até tocar no batente da porta, ameaçando adentrar na escuridão do estacionamento.
—Não....


—O Que está acontecendo aí?! -Surgiu Reese fazendo a curva portando a arma.
—Reese! Por favor tenta convencer ela que entrar aí não é uma boa ideia? -Pediu Edward, com sarcasmo.
—Garoto, é pra cá que estávamos vindo. A porta está aberta, Claire?
—Está sim.
—Ótimo, então não precisamos arrombar. Esperem um minuto. -Reese deu um passo atrás esticando o pescoço afim de avistar o restante do grupo que lerdamente se aproximava. -Seguinte, ou vocês correm com esses traseiros brancos pra cá agora, ou vão levar chumbo! Andem!

O infeliz grupinho formado por Kenny, Paul, Lizzie e Quinn se apressou em desânimo. Ao que Reese retomou sua atenção à Claire, abaixou a arma analisando a posição da garota, travada diante da porta de ferro aberta hesitando em entrar:

—Então, Claire... Quer que eu entre primeiro?


Ripley lhe lançou um olhar surpreso:

—Faria isso?
—Não é surpresa ter uma garota magrela assustada.
—Eu não tô assustada. Só... Desconfiada.
—Se quiserem, podem esperar aqui fora enquanto pego o carro.
—Não é uma boa ideia, Reese. Se separar sempre dá em merda.
—Eu vou ficar bem... -Levantou o revólver balançando-o como um amuleto.
—Tanto faz, não é boa ideia uma pessoa só entrar. Vamos todo mundo. Mas se quiser ir na frente... Seja minha convidada! -Afastou-se apontando em direção ao escuro.
—Okey... Mexa-se! -Ordenou para que Claire saísse da frente, a garota "Obedeceu" dando um passo atrás.

Edward lhe abordou com um cochicho :

—Eu sabia que você não ia entrar.
—Vai pro inferno, Ed. - Respondeu irritada.

Reese se prontificou ligando sua lanterna, segurando-a junto ao revólver apontando-o as trevas. A mira da arma se tornava para onde a luz apontava.

—O que está acontecendo? -Lizzie os alcançou, acompanhada do restante, dobrando à esquerda curiosa com a situação.
—Reese vai checar se é seguro entrar.. -Disse Claire cruzando os braços aflita com a espera.
—Oh.. Que merda.

Kenny por sua vez se mantinha de cabeça baixa se distanciando do restante com seu capuz quase lhe cobrindo o rosto, com ambas as mãos dentro do bolso do agasalho. Quietinho, e observador. Ao seu lado, Paul carregava uma respiração pesada, fitando Claire com uma enorme vontade de falar com ela mas sem de fato tomar uma atitude. A Diaba percebeu o modo como ele a encarava, e desviou o olhar lhe tirando a oportunidade de uma comunicação, voltando a prestar atenção em Reese, que cautelosamente adentrava ao estacionamento. Curiosa, e atenta ao interior, podia ver de relance conforme a lanterna da segurança iluminava alguns carros estacionados no local, onde a luz passava por eles bem rápido, mal dando para ver o que a moça vasculhava conforme se guiava para dentro. Temia que o assassino saltasse de algum canto do nada encerrando a jornada da mulher.


Quinn não dizia uma palavra. Assim que chegou e viu a situação, distanciou-se silenciosamente do grupo se afastando um pouco, hesitante. Estava estampado em como o medo consumia a garota ao ponto de talvez ela considerar perigoso ficar no mesmo lugar que Claire ou Edward. Não havia pena em seu olhar, muito menos tensão. Mas sim o modo como olhava para os lados sutilmente sem mexer a cabeça ou se mover, como se procurasse com o canto dos olhos uma saída daquele lugar, qualquer que fosse.

—Reese? - Chamou Ripley, ao perceber que a mesma desaparecera no escuro, sem ter dito uma palavra. A preocupou o fato de não perceber nenhum movimento vindo da segurança.
—Calma aí! -Sua voz ecoou de dentro, o que lhe causou um rápido suspiro de alívio.

Kirstin demonstrava não suportar mais nenhum segundo daquele terror, afundando-se no ombro de Edward em choro silencioso dizendo baixinho:

—Eu não quero mais ficar aqui... Por favor, me leva pra casa...
—Estamos quase lá, amor. Aguenta só mais um pouquinho. -Disse ele em tom carinhoso, abraçando-a com mais força assistindo sem piscar o espetáculo na escuridão que deixava em todos um desconfortável sentimento de antecipação. O Cheiro de catástrofe estava no ar, embora ninguém se oferecesse a acompanhar Reese.

Caminhando determinada a a por um ponto final em uma questão, Lizzie se aproximou de Claire inquieta:

—Claire...

A mesma não esboçou nenhuma reação, mas ouvia o que a garota tinha dizer:

—Eu não vou perguntar se você está bem pois isso seria muita idiotice.
—Então o que pretende, passar a mão na minha cabeça?
—Não. Eu só queria me desculpar pelo jeito que eu agi lá trás quando cheguei. Depois de tudo o que aconteceu... Eu não devia ter julgado você mal. Me desculpa?
—Não esquenta, Lizzie. Eu não te culpo. Eu mesma nessas horas tenho dificuldade de acreditar em tudo o que vocês dizem.
—Como assim?
—Não dá pra confiar, só isso.
—Mas.. Você Confia em mim, certo?
—Eu não sei. Para falar a verdade você sempre foi meio suspeita pra mim.
—Alguma coisa que eu fiz te causou essa impressão?
—Pelo contrário, é o que você nunca fez.
—Que seria?
—Estar presente nas horas críticas. -Sorriu diabolicamente deixando claro o encerramento da conversa.
—Mas estou aqui.
—É mesmo, não é? Todos estamos... Mas ainda sim. Só confio nos mortos. E em Edward.

— Pronto!! - Gritou Reese de dentro levando todos os olhares ao breu, ansiosos observando o nada a espera de alguma coisa.

E nem precisaram esperar muito, pois o resultado chegou quase que de imediato quando todas as luzes do estacionamento se acenderam de uma vez só. Fortemente iluminado por suas lâmpadas Led enfileiradas no teto, o local se tornou finalmente visível a todos que aguardavam impacientemente no lado de fora. Mas Claire não comemorou tanto, pois por mais que o escuro não fosse mais uma possível ameaça, outra havia surgido. Com todas aquelas luzes acesas, só conseguia pensar em como aquilo era um chamado para o assassino, que agora saberia facilmente da localização do grupo.

A segurança apareceu novamente na porta, desta vez sorrindo e fazendo com uma das mãos, o gesto de "Venham":

—Tá tudo pronto, vamos embora desse lugar?
—Deus te abençoe, Reese. -Disse Claire bufando de satisfação, sendo a primeira a dar o passo inicial, adentrando em passos largos e impacientes no local.


Quinn é quem permaneceu parada no sereno não compartilhando a mesma reação "Feliz" do restante. Discreta ali atrás da turma feito uma excluída, apenas observando o modo como Edward puxava Kirstin pela mão carinhosamente para dentro do estacionamento de funcionários, ou como Kenny, Lizzie e Paul foram em frente sem hesitar seguindo os três, deixando-a para trás sem terem sequer olhado para ver se ela os seguiu. Com todos de costas a si, podia ver apenas nucas se movimentando em sua frente num abandono proposital onde Quinn apertava com toda força um molho de chaves que segurava como se sua vida dependesse disso, tremendo de frio e nervoso prestes a tomar uma decisão. Olhou em volta desconfiada mordendo os lábios num sentimento de "O Que estou fazendo?", antes de desistir completamente dos seus impulsos lógicos e seguir seu coração, dando um definitivo passo à frente.


—OK! -Dizia Reese andando até sua viatura. -Vai ficar apertado mas é o melhor que temos. Espero que gostem de se espremer.
—Por mim tudo bem. -Comentou Claire. -Contanto que eu não vá no porta malas, tá valendo.

Viram Reese caminhar até uma das 3 viaturas com o logo "Pendleton Security" estampado na lataria estacionadas no canto direito do local, perto da entrada. Em frente, a segurança retirou do coldre o molho de chaves que se balançava fazendo barulhinhos agudos conforme andava. Moveu as mesmas entre os dedos selecionando um objeto preto de plástico também pendurado junto a elas, onde o apontou para frente mirando nas três viaturas, apertando o botão. A Do meio correspondeu apitando duas vezes o alarme acendendo os faróis brevemente.

—É esta. -Se apressou correndo até a porta do veículo. A abriu depressa sentando no banco do motorista.

O Restante dos jovens se aglomeravam diante do carro esperançosos, aguardando pelo doce som do motor ao ser dada a partida.

Eis que Reese introduziu a chave na ignição, dando um giro com vontade na mesma. E então, veio o engasgo. Como se fosse um velho tossindo em dificuldade, o carro não deu a partida. Ameaçou mas não chegou lá.

—Merda. -Retirou a chave, a introduzindo novamente. Girou. O motor parecia ter desistido de viver. -Anda, filho da puta, anda!! -Gritou de raiva ouvindo todas as chances de fuga se esvaírem. O Carro simplesmente não pegava. -Caralho, inferno!!! -Bateu conta o painel, frustrada.

—Ai que saco! -Exclamou Claire. -Mas ainda podemos tentar as outras duas.
—Acho que não... -Falou Paul em tom arrastado.


E antes que a Diaba pudesse lhe levantar a voz para repreendê-lo, viu como o rapaz olhava fixamente para a viatura num ponto baixo. Seguindo seu olhar, Ripley procurou o que fora responsável pelo comentário pessimista do jornalista, avistando a mancha negra e líquida que existia embaixo do carro.

—Eu não acredito nisso! -Apontou ela ao tal infortúnio.

E foi assim que todos perderam efetivamente as esperanças ao darem de frente com a mancha. O que parecia ser gasolina, estava por todo o chão feito um lençol estabelecendo-se por debaixo da viatura. O "X" da questão seria se fosse em uma, mas todas as três compartilhavam a mesma desgraça embaixo de duas quatro rodas.


—Ah, Claro! Óbvio! -Resmungou a Diaba dando tapas na própria cintura. -Eu sabia que aí tinha coisa. Quando a esmola é grande o santo desconfia! O Assassino não está aqui mas deixou claro que não vamos sair!
—Calma, Claire! -Implorou Lizzie. -Ainda tem outro carros aqui que a gente também pode usar!
—E Como sabemos se eles vão funcionar, querida? Como sabemos se o assassino não sabotou todos?
—Eu não sei!!
—Mas não custa nada tentar, Claire! -Paul entrou na discussão.
—Custa tempo, meu filho! E estamos aqui no meio do estacionamento que tá todo acesso! É uma questão de segundos até o filho da puta aparecer.
—Eu sei que isso é contra as regras, mas temos que chamar a polícia!
—Paul, você ficou louco? Cheirou, foi?!! Chamar a polícia vai matar a todos nós!
—Ah então que se foda, arruma uma escapatória você, então!
—Merda, viu! Edward, vem cá. -Chamou-lhe de lado.


O Garoto atentamente foi em sua direção:

—Kirstin, espera só um minuto, ok?
—Pode ir Ed, são só alguns metros e eu não vou virar churrasco porque você se afastou a alguns centímetros de mim.


Ele parou um tanto incrédulo com a frieza de Kirstin, mas fez vista grossa, querendo acreditar que ela só estava muito assustada e cansada, e que talvez tudo o que aconteceu nesta noite finalmente a tenha esgotado.

—Só um segundo.. -Insistiu com um olhar de pena sobre a menina, passando a acompanhar Claire até um canto para onde ela ia.

O Restante do grupo passou a conversar baixinho conforme a dupla se distanciou um pouco, ficando entre outros dois carros na outra extremidade do local. Assim que chegaram, Ripley o agarrou no braço puxando-o para perto, onde sussurrou:

—Ed, o assassino está aqui.

Sem demonstrar surpresa, olhou para trás analisando os rostinhos jovens que ficaram para trás, que conversavam discretamente num círculo.

—E Como você sacou isso?
—O Carro sabotado. Não tinha como o assassino saber que usaríamos um dos carros da segurança para fugir... Ele foi e sabotou os três só para garantir. Por quê?
—Resposta óbvia número um? Ele não quer que a gente fuja.
—E a resposta óbvia número dois?
—Agora você me pegou.
—Ed, como é que ele sabia disso?

Ao que o garoto parou um segundo para pensar, refletindo na pergunta, Claire lhe deu um estalo com os dedos:

—Hello! O Assassino sabia disso porque esteve conosco o tempo todo! Ouviu todas as nossas conversas!
—É um deles.
—Finalmente, caiu a ficha. Não podemos confiar em ninguém.
—Tá, mas estamos juntos praticamente o tempo todo. Lá na frente do prédio dos dormitórios onde decidimos vir pra cá e usar o carro como fuga.. Tava todo mundo lá. Nenhum deles saiu da nossa vista então não tem como a Lizzie, Paul, Kenny, Reese ou a... -Parou hesitante como se uma luz lhe invadisse a cabeça.
—O quê, Ed?!
—A Quinn... -Se virou olhando diretamente ao grupinho, percebendo a ausência de Quinn na roda. -Ela não está aqui, Claire!

Ripley gelou até os ossos ao não ver a menina ali. Se ela não é uma perfeita suspeita... Possivelmente está morta e ninguém percebeu.

—Temos que encontrá-la!! -Saiu de perto de Edward correndo na direção do grupo em disparada. -Gente!!!

Os olhares se voltaram a ela em grandes interrogações.

—A Quinn sumiu. Ninguém tinha percebido isso?!!

Deram um giro em torno de si mesmos constatando o óbvio, apavorados porém sem dizer uma palavra, portando aquelas caras tontas de estarem surpresos, quando Reese bateu a porta do carro cheia de raiva:

—Desgraçado!!
—Reese! -Alertou Claire. - A Quinn sumiu.
—Quem?
—A Garota magrela... Ah, esquece! Ela não tá aqui, onde será que ela foi parar, gente?
—Desiste, Claire. -Respondeu Reese apontando para o outro lado do estacionamento.
—O quê?... O que foi?
—Acho que sei quem é o nosso assassino.
—Do que você tá falando?
—Aquele é o carro do Heitor. -Apontou para uma BMW vermelha estacionada do outro lado, próximo a onde ela e Ed conversavam a alguns instantes. -Ele não foi embora...
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Corria... Mas corria com toda ânsia que possuía na vontade mórbida de sair dali. Rachel foi sua grande amiga por três anos. E agora... Estava morta num quarto qualquer do prédio dos dormitórios, esquecida e sem ter recebido socorro.

Quinn Mitchell lembra-se bem de como foi ser acolhida na casa da Lambda Kappa após ter virado melhor amiga da presidente, Rachel, que não lhe cobrou um centavo de aluguel após ficar sabendo de sua condição financeira, mantendo segredo de todas as outras garotas da casa onde nem mesmo Minnie sabia que Mitchell não pagava aluguel de quarto.

 

Pensava ser alguém que sempre participou dos protestos e causas da Lambda com fervor, que gritou pela paz todos os dias. E agora, o que tudo isso lhe trouxe? Justo o que tanto gritava contra: A Violência. Só porque você pode protestar contra a fome, não significa que não passará fome. E hoje, Quinn Mitchell se via nas mesmas estatísticas que tanto baseava suas ações. Apenas um número num banco de dados de ocorrências dos crimes hediondos dos E.U.A. Uma vítima, presa no mesmo barco do qual tentou impedir de afundar.

 

Não parou as pernas saltitantes e o fôlego pela mesma razão que a manteve aqui, Rachel, lembrando-se de suas últimas palavras de quando lhe entregou as chaves do carro. Não é seguro ficar... Mas o que ela talvez não saiba é que menos seguro ainda... Tentar sair.

 

Em fuga apressada ela cruzava pelo vazio e frio estacionamento de estudantes a céu aberto. Correndo em direção a um dos dois únicos carros ali presentes. Passando por todas aquelas marcas amarelas no chão em formatos retangulares, tinha em vista no final do local ambos os veículos, estacionados nas últimas vagas, de frente um pro outro, um de cada lado.

 

Reconheceu o da esquerda. Uma caminhonete Blazer que pertencia a Paul. E o outro, um Hyundai de cor vermelha... O Carro de Rachel! Mas ao que suas pernas se apressavam, sua parada imediata se deu numa freada de susto ao ouvir outros passos ecoando pelo local.

 

"Merda!" - Pensou. "Não estou sozinha!" - Parou, ainda respirando ofegante debaixo da fina garoa da noite. Postes finos e entortados nas pontas portavam lâmpadas em formato de discos, cujas luzes apontavam para baixo formando círculos de luzes no chão sob elas. Apesar da fraca visibilidade que tais postes lhe presentavam, notou tudo à sua volta. As muretas baixas que contornavam o estacionamento, enfeitadas no topo com grama e arbustos bem podados.

 

Mas nenhum sinal de que mais alguém estava presente. Ficou estática tremendo sobre seus próprios pés:

—Olá?....

Silêncio absoluto, se não fosse pelo sopro do vento.

—Gente?... -Questionou mais uma vez em vão, levando na possibilidade de estar sendo seguida pelos outros.

Sozinha e atenta. Preparava-se para retomar seu caminho quando mais passos do que parecia ser alguém correndo por de trás de um dos arbustos lhe chamou a atenção, parando novamente, e desta vez dando um giro em torno de si buscando com os olhos o mínimo movimento que fosse.

 

—Isso não tem graça!... -Disse prestes a soltar lágrimas, torcendo para que fosse alguém da galera ou um gato, quem sabe? Olhou para trás com imensa tensão, fitando ao seu redor esperando por mais um som que lhe despertasse um alerta de fuga. No nervosismo, apertou novamente as chaves do carro que carregava na palma da mão a tanto custo, e nisto, sem querer... Acabando por apertar o botão no controle ali acoplado, sendo surpreendida pelo som do alarme alto do Hyundai, que piscou os faróis ao ser destravado num agudo e repentino toque.

 

—Ah!!!!!!!... -Berrou de susto virando-se na direção do mesmo, voltando a apertar o botão repetidas vezes mirando no carro, fazendo-o silenciar. -Ah... Ai meu Deus... -Suspirou engolindo seco. -Caramba... Que susto. -Disse a si mesma aliviada.


Seu próximo passo foi interrompido por um tipo de pancada seca que ecoou do início do estacionamento, seguida por um estranho quicar. Virou-se em espanto olhando na direção que acabara de vir, não encontrando nada:

 

—Quem está aí?!... -Tremia os lábios em pavor, com medo de perguntar de novo. Como poderia haver alguém ali sem que ela visse?

 

Sua visão afiada captou quando lá no início, viu quicar uma pedra grande do tamanho próximo a de um punho. Tinha sido arremessada de Deus sabe onde por o Diabo sabe quem. Não conseguiu ver o autor do ato ou se de fato havia algum, mas aquilo para ela foi um sinal que lhe despertou o terror a ponto de ter certeza que naquela direção, jamais seguiria.

 

—Foda-se isso!

 

Deu as costas em Pânico voltando a correr em direção ao carro. Mais rápida, e com mais medo. Temia ouvir aqueles passos pesados de novo. E pior, temia ouvi-los próximos de si, quem sabe... Seguindo os seus? A sensação de medo lhe provocara a ideia de que uma mão ameaçadora tentava alcançá-la durante a corrida. Não que houvesse uma de fato, mas até sua imaginação a aterrorizava como nunca.

Com os braços esticados para frente feito um zumbi desesperado, cambaleou numa corrida onde finalmente alcançou o veículo, batendo de frente com a porta do mesmo freando-se diante da porta, que destravada, abriu com facilidade diante do seu trêmulo e aflitivo puxar da maçaneta. Bateu a porta ao entrar, tomando um segundo para respirar em baforadas quentes e ofegantes.

Sentiu-se segura enfim.

 

—Obrigada... Obrigada... -Agradeceu em suspiros deitando a cabeça no encosto do banco macio fechando os olhos. Mas ainda cismada, observou pela janela o amplo estacionamento, mirando sua visão no início do mesmo, de onde tinha visto a pedra cair após ser supostamente arremessada. E de fato não havia nada.

 

Apenas o vento soprando e balançando como podia os aparados arbustos em formatos quadriculares. Não havia nada. Recostou-se novamente aliviada sobre o banco, estava pronta para ir.

 

Puxou o cinto de segurança ainda com o coração disparado, se recuperando de toda a tensão. Embora o semblante estivesse calmo, seu organismo lutava para não entrar em colapso de nervosismo, encaixando a fivela.

—Eu tô indo, Rachel.. -Disse pensando na promessa que lhe fez sobre fugir.

 

Levantou o queixo podendo ver parte de seu reflexo no retrovisor, com sua testa preenchendo quase metade do pequeno espelho. Esticou a mão afim de ajustá-lo, movimentando o mesmo para o lado deixando-o mais centralizado, de modo que pudesse ver completamente a parte de trás do carro. E nisso algo lhe chamou a atenção.

 

Espremeu os olhos para ver se estava vendo direito, aproximando o rosto como podia do retrovisor, sendo parcialmente impedida pelo cinto de segurança. Havia uma fresta na porta traseira no lado do passageiro, dava-se para ver claramente. A mesma não se encontrava completamente fechada... Estava entre-aberta, Era mínimo.. Porém, perceptível.

 

Isso a paralisou com um gelo na alma. O Ar entrou mais frio em seus pulmões, e as batidas dentro do peito recomeçaram a recobrar o ritmo anterior. Parada, porém aos saltos como se estivesse correndo. E no completo silêncio, ouviu surgir do banco o que parecia estar vindo do banco de trás... Uma respiração ofegante e pesada que infelizmente sabia o que era. O modo como era áspera e contínua, tampada por alguma coisa que impedia que o som saísse claramente mas que ainda sim preenchia o carro de um modo mais alto que a sua.

 

Chorou em silêncio derramando generosas lágrimas robustas. Olhando para cima mantendo a visão no retrovisor, foram dois ou talvez três segundos de melancolia... Até que, o destino lhe deu o que já estava reservado.

 

A máscara de fantasma saltou por de trás do banco numa agilidade assombrosa, acompanhada de uma mão negra que contornou o banco cobrindo-lhe a boca, segurando sua cabeça para trás prendendo-a no encosto.

 

Seus gritos agudos e escandalosos eram abafados pelo manto negro que lhe segurava os lábios com força e de modo dolorido, onde quanto mais se contorcia e debatia, mais sentia a parte interior de seus lábios rasparem nos dentes, cortando-os entre urros incompreensíveis. Sacudiu as pernas com tudo o que tinha, tentando se livrar do agressor que não demonstrava piedade, chegando a bater contra o volante causando o som agudo da buzina em toques curtos e repetidos a cada golpe dado no mesmo.

 

O Banco parecia estar sob um terremoto, chacoalhando violentamente na luta Quinn para ter o direito de continuar respirando! E então, a outra mão do fantasma surgiu pelo outro lado do banco, portando a imensa faca de caça do qual ele posicionou próximo ao seu rosto.

 


—Eu não quero morrer.. Por favor eu não quero morrer!! -Clamou de voz abafada diante da ponta da faca que lhe encarava com seu brilho mortal. Sacudindo a cabeça de um lado para o outro em negação. -Não, eu não quero morrer!!!

 


O Desespero deu lugar a dor quando a lâmina desceu lhe acertando a barriga, sendo enterrada até o cabo de uma vez só com força bruta, paralisando Quinn no banco fazendo-a soltar um soluço rouco ao perder o ar com o golpe. Olhou para baixo enquanto seu sangue manchava-lhe toda a virilha, escorrendo por entre as pernas começando a ensopar a camiseta. A Faca saiu depressa causando uma pressão agonizante, pronta para descer de novo com os rápidos e atordoados movimentos do assassino, que não perdia tempo em esfaqueá-la repetidas vezes no torso, acertando o tórax na investida seguinte.

E não parava... Não queria parar. Uma atrás da outra, as descidas da lâmina abatiam a estudante feito um porco perfurando sua roupa, deixando para trás uma generosa mancha vermelha assim que saía, onde logo já penetrava outra parte de seu corpo imobilizado.

 

A mão trêmula da garota se pôs contra o vidro, marcando a janela com seus cinco dedos cobertos de suor frio, segurando-se na turbulenta viagem da morte conforme os golpes eram dados estremecendo-a por completo. Grunhidos já não mais saíam, mas ainda estava viva sentindo as infinitas e brutais perfurações enquanto ouvia a respiração medonha lhe baforando na altura do ouvido direito. Sua cabeça pendia para frente e para trás acompanhando o movimento da faca que marcava seu torso banhando-o em sangue.

 

Quando a jovem finalmente parou de se mexer e tentar lutar, seus cabelos foram agarrados conforme a faca fora retirada, deixando seu queixo erguido sobre o encosto, mostrando a fraca pulsação em seu pescoço, que indefeso e exibido... Sofreu um corte rápido e profundo da direita para a esquerda, fazendo espirrar uma enxurrada de sangue no vidro, marcando o fim de seu sofrimento representado pela linha vermelha espalhada na janela, que escorreu ligeiramente em linhas entrelaçadas.

Era o fim.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!! Alguma pista? Quem é o assassino? Quem vai sobreviver? AAAAAI QUE SAUDADEEES!



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