O Calor do Gelo (Hiato) escrita por Kazulake


Capítulo 3
Capítulo 3 - Dia Nevado




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Jack contava sua história para todos. Sobre o que lembrava de sua antiga vida, sobre como salvou sua irmã, dando sua própria vida e em seguida se tornou algo maior pelo poder do Homem da Lua. Ele contou sobre como era antes de ser um Guardião e depois sobre os confrontos com o Bicho Papão. Ele pulou a parte chata sobre o que fez durante os vinte anos que havia se passado como Guardião e foi até a parte que caiu na armadilha de Breu.

— Você é bem velho então? - perguntou Anna, mexendo nas bochechas dele.

— Como está conservado. - disse ela indignada.

— Eu meio que sou... Imortal. Me transformei no Espírito do Dia Nevado, não posso morrer de velhice. Mas comparado aos outros, como Norte por exemplo, sou bem novo.

— Por isso senti um certo ar de maturidade em você. - disse Elsa.

— Maturidade? Eu? - Jack Frost ria.

— Talvez eu tenha meus momentos, admito. Mas travessuras e pegadinhas poderiam ser muito bem meu sobrenome.

— Um pouco de diversão não faz mal a ninguém. - disse Kristoff.

— Diversão poderia ser meu sobrenome também. - disse Jack rindo.

— Jack Travessura Diversão Pegadinha Frost. - disse Elsa, simplesmente, quase como se tivesse pensando alto, em seguida ria.

— É! Essa é a ideia!

Todos riam.

— Então, o que pode me contar deste mundo? - perguntou o guardião.

Elsa então contava ao rapaz sobre o reino de Arandelle, sobre seus poderes e o sobre o que fez para contê-los, com a ajuda de seus pais e em seguida sobre o dia que eles morreram e tudo começou a ir de mal a pior. Após contar tudo o que houve, ela contou sobre o que aconteceu depois que se tornou Rainha.

— Nyx apareceu. Ela disse algo sobre eu ser descendente das bruxas do passado e que eu deveria me juntar à ela para dominarmos o mundo. Eu recusei e ela me atacou. Ela disse que mudaria minha cabeça à força e então nós lutamos. No final, consegui derrotá-la e a congelei para sempre. Ou foi o que eu achei. - disse Elsa.

— Pabbie disse que ela nunca mais nos incomodaria, mas ele suspeita que Hob, depois de ser expulso da aldeia dos trolls, libertou a bruxa. - disse Kristoff.

— E esse Hob pode criar portais? - perguntou Jack.

— Não sei, nunca ouvi falar disso.

— Ahhh... - Anna bocejava — Não sei vocês, mas estou ficando com sono.

— Eu também estou cansada. - disse Elsa.

— Uma última pergunta. Nyx sempre criou aquelas criaturas de areia negra? - perguntou Jack, enquanto eles assentiam.

— Talvez ela tenha alguma ligação com Breu então. - disse se levantando. Anna e Kristoff saiam primeiro, em seguida Jack ia para a janela, sentando-se e fitando a visão da cidade noturna.

— Para onde você vai? - perguntou Elsa se aproximando.

— Acho que vou explorar um pouco por aí.

— Não é perigoso? Nyx está a solta, ela pode te atacar. E você não precisa dormir?

— Eu vou andar pela cidade então. E não, não preciso dormir.

— Nossa... Isso seria bem útil. - disse Elsa, pensando em quantos papéis e reuniões tinha para fazer no dia seguinte e o quanto podia adiantar se não precisasse dormir.

Dormir... Elsa pensava se conseguiria dormir sem ter pesadelos, afinal da última vez que enfrentou a bruxa teve sonhos ruins por dias. E pior de tudo, quando tinha sonhos ruins, acabava soltando gelo enquanto dormia, sem perceber.

— Você está com medo? - perguntou Jack ao ver a expressão de Elsa.

— Um pouco. Tenho medo de que Nyx ataque enquanto eu estiver dormindo. Ou pior, que eu me descontrole e acabe matando a todos. - disse Elsa, suspirando.

— Você está muito tensa, vai dar tudo certo. - disse ele sorrindo.

— Como pode saber disso? Você não pode prever o futuro, pode ser que tudo isso que eu disse aconteça.

— Ou não. Escuta... - Jack segurava nos ombros dela. — Nós a derrotamos hoje, ela está muito fraca para tentar uma revanche. Além disso, eu vou ficar por aqui, eu não durmo. Zelarei pelo seu sono.

Elsa tentava reunir argumentos para discutir contra Jack, porém... Estava cansada demais para aquilo. Além disso, talvez poderia confiar um pouco no rapaz, depois de ouvir sua história e de tudo que ele fez desde que chegou, parecia ser confiável.

— Tudo bem. - disse ela concordando e suspirando. — Qualquer coisa, me acorde.

— Certo. - ele soltava os ombros dela, corado.

Estava bem próximo dela de novo e sentia um pequeno calor em seu peito novamente, mas não entendia muito bem que sentimento era aquele.

— Eu... Vou ficar no telhado, melhor, não é? - ele ria um pouco sem jeito, em seguida ia na direção da janela.

— Boa noite, Jack Frost. - disse Elsa, parando a correria do rapaz.

— Boa noite, majestade. - disse ele em reverência exagerada, em seguida partia voando pela janela.

Elsa se virava em direção ao closet e percebia alguns olhos fitando da porta semi-aberta. Ela cruzava os braços e franzia a testa ao reparar em quem eram: Anna, Kristoff e Olaf. A rainha então se se aproximava da porta apressadamente.

— O que estão fazendo?! - disse ela enquanto os três estavam prestes a fugir.

— Ah! O que? Estávamos de passagem... - disse Anna rindo.

— É! Olaf disse que queria respirar ar fresco, então estávamos indo com ele. - disse Kristoff se abaixando para o boneco de neve.

— Não é?

— Eu disse? - ele colocava as mãos de madeira na frente da boca. - É-é... Verdade. Eu estava com calor, então disse que queria respirar um ar fresco das neves. Nós não viemos para bisbilhotar a conversa nem nada do tipo. - disse ele sorrindo, enquanto Anna e Kristoff batiam as mãos na testa.

— Ah... - Elsa revirava os olhos. - Vou encarar isso como se tivesse preocupados comigo. Obrigada. - disse ela sorrindo. - Agora, vão dormir, é uma ordem! - disse Elsa se virando e fechando a porta na cara deles, deixando-os assustados.

Mas na verdade ela não estava brava, estava rindo da situação discretamente.

No dia seguinte, numa manhã fria e sonolenta, a Rainha de Gelo ainda não saia da cama e estava bem tarde já. Anna havia a deixado dormir por conta da noite anterior ter sido muito cansativa, mas o sol batendo em seu rosto não pensava da mesma maneira. Lentamente ela se levantava, esfregando os olhos e notando uma estranha presença em sua frente.

— Jack?! – exclamou observando melhor e vendo que era um boneco de neve. – Ah... Bom dia Olaf. – ela se sentava e Olaf a abraçava.

— Boooom dia!

— Bom dia, dorminhoca. – disse de Jack segurando uma bandeja com o café da manhã. 

— O que é isso? - perguntou Elsa enquanto se espreguiçava. - Eu pedi a Anna para usar a cozinha e preparei os biscoitos. Receita do papai noel. Prova, você vai gostar. - disse ele colocando a bandeja ao lado dela, pegando um biscoito para si.

— Nossa... Você fez? - disse ela saboreando aquela coisa deliciosamente crocante e recheada. - Que delícia!

— Anos de prática... Literalmente. - ele ria, lembrando-se das experiências desastrosas no passado.

— Está muito bom mesmo... Obrigada. - disse Elsa pegando outro. — Por que está fazendo isso?

— Bom... - ele ficava sem jeito. - Eu não sei. Só senti vontade de... Te agradar. - ele ria, corado. - Eu lembrei que tenho umas coisas para fazer, então... - ele caminhava para trás, em seguida tropeçava no tapete, mas mantinha seu equilíbrio ao flutuar. - A gente se vê.

Ele partia antes que Elsa pudesse terminar de mastigar e fazê-lo parar.

— Que cara engraçado. - disse Olaf.

— É... - disse Elsa olhando para onde ele partiu, como se ainda pudesse enxergá-lo. - Aí que coisa deliciosa! - Ela pegava três de uma vez agora.

— O que está acontecendo comigo? Eu agi feito idiota agora, ela vai me odiar! - resmungou Jack enquanto sobrevoava a cidade.

Elsa então saia finalmente da cama, tomava um banho e começava seus trabalhos diários. Terminava alguns documentos, em seguida ia para uma reuniõs com os conselheiros de Arandelle, em seguida para outra reunião. Era quase três da tarde e ela já estava exausta, porém ainda tinha coisas que tinham de serem entregues ainda hoje.

— Elsa, por que não descansa um pouco? Eu posso terminar os documentos para você. - disse Anna tocando no ombro da Rainha, que estava apoiada na sacada de seu escritório, tirando uma soneca.

— Não... Você já fez muito por mim hoje.

— Isso não foi um pedido. - disse Anna indo até a mesa, pegando os documentos para fazer.

— O que houve? - perguntou Jack Frost descendo na frente dela.

— Ela está esgotada. - disse Anna.

— Hm... - ele se abaixava enquanto segurava no cajado, fitando-a.

— O que foi?

— Você precisa de um Dia Nevado. - disse ele sorrindo.

— O que é um "Dia nevado"?

— Vem comigo, vou te mostrar. - disse ele estendendo a mão.

Elsa sempre evitava contato físico com as pessoas. Mesmo controlando seus poderes, ainda sentia um pouco de medo, ainda sentia receio de algo ruim acontecer. Mesmo não usando mais luvas, ela evitava. Porém tocar Jack Frost era diferente, talvez o único que pudesse tocar sem ferir.

— Vai logo, eu cuido daqui. - disse Anna sorrindo e dando uma piscadela.

— O que você vai fazer? – disse Elsa desconfiada.

— O que faço de melhor, vamos! – ele estendia mais a mão dela e Elsa relutantemente segurava na dele e, de repente o rapaz saia voando.

— AHHH! JACK FROST! – gritou Elsa desesperada por estar voando, ela acabava congelando o braço de Jack sem querer, mas o gelo era praticamente absorvido e o braço dele voltava ao normal. O rapaz apenas ria por sentir seu braço formigando.

— Faz cócegas. – ele disse.

Jack Frost fazia movimentos com o cajado, criando ventos gelados e criando aos poucos o “Dia Nevado”. Uma parte da cidade era soterrada com neve, em seguida caia pequenos flocos lentamente.

— Rainha Elsa está voando?! – disseram às pessoas que só enxergavam Elsa.

— De onde veio essa neve? - perguntou uma mulher erguendo-se da camada de gelo.

— Enquanto uma única pessoa acreditar em mim, eu estarei vivo, não se esqueça disso. Eles não podem me ver porque não acreditam em mim, não me conhecem, então eles acreditarão que isso é obra sua. – disse Jack aumentando os ventos e a neve, congelando mais rapidamente a cidade. — Hoje a Rainha Elsa trará o dia nevado para Arandelle! 

Eles pousavam próximo de um grupo de crianças, em seguida Jack fazia uma bola de neve e jogava no rosto de uma delas.

— Por que fez isso? Todos vão achar que eu... - Elsa recebia uma bola na cara, em seguida as crianças riam dela.

— Vamos lá, entre no clima, é um Dia de Neve! – disse Jack entregando uma bola de neve à ela. Elsa pegava aquilo e observava por alguns instantes, as crianças lhe observavam, assim como alguns adultos ao lado.

— Não posso, eu sou a Rainha, tenho deveres e... 

— Confie em mim, jogue em alguém e espalhe a diversão. – ele disse apoiado em seu cajado, deixando-a ainda mais pensativa.

Alguns nobres passavam pela rua, Elsa pensava em jogar a bola neles, mas não tinha coragem. Jack então criava outra bola e jogava em um deles.

— Jack Frost, para com isso! – disse Elsa boquiaberta, enquanto o nobre a olhava com um olhar sério.

— Hahaha! – ele ria, ao mesmo tempo que a neve deixava um brilho em seu rosto e o fazia sorrir. Ele pegava uma bola e jogava em outro e, de repente uma grande guerra de bola de neve começava.

— O que está acontecendo? – disse Elsa um pouco espantada, desviando de algumas bolas e arremessando outras.

— Eu trago alegria às pessoas e também zelo por sua segurança. – disse Jack retirando uma criança enterrada na neve, deixando um sorriso em seu rosto, mesmo que ela não o enxergasse. — Mas pelo visto neste mundo meu poder funciona até nos adultos aqui.

Alguém acertava uma bola de neve em Elsa, preenchendo seu rosto. Era um taverneiro. Ele suava frio e a guerra parava imediatamente, esperando pela reação da Rainha. De repente, ela criava uma bola de neve com seu poder, mexia um pouco ela em suas mãos e arremessa no homem, na cara dele. As pessoas ficava em silêncio por mais alguns minutos até que caiam em gargalhadas e a brincava voltava, dessa vez com a Rainha deles no meio daquilo. A brincadeira se estendia por um tempo e todos se divertiam bastante, inclusive Elsa, que não se lembrava da última vez que se divertiu tanto antes. 

Ela olhava para Jack, que estava apoiado sobre uma parede próxima. Ela criava uma bola de neve e arremessava na cara dele, preenchendo seu rosto de neve e em seguida ria.

— Ah é? É assim então? Vai se arrepender disso. - disse ele criando uma arma de gelo que sugava a neve no chão e disparando uma rajada de bolas de neve na Rainha.

— Aí! Isso é trapaça! - disse ela se defendendo da rajada, em seguida ela cessava.

— Venha, temos de espalhar a alegria no resto da cidade. - disse segurando a mão dela, puxando-a de lá.

Eles se aproximavam da área comercial de Arandelle, furtivamente, ou tentavam, já que Elsa chamava atenção por onde passava por causa daquele vestido e a coroa. Kristoff estava ao lado de Svan, vendendo gelo para um homem que estava bem mal humorado, parecia que a negociação não estava boa para o rapaz.

Jack Frost oferecia uma bola de neve com um brilho azulado e assentia com um sorriso travesso, dizendo mentalmente "Você sabe o que fazer" e Elsa arremessava no rosto do homem. De repente ele ficava tão furioso que estava até mesmo derretendo o gelo, porém um brilho azul iluminava seu rosto e ele começava a rir, observando Elsa e as pessoas que lhe seguiam. Ele então apertava a mão de Kristoff, sorrindo e em seguida o abraçava.

— Gostei. - disse Elsa sorrindo para Jack, em seguida recebia uma bola de neve no rosto, vindo do homem, o que fazia Jack Frost rir.

— Valeu... - murmurou Kristoff de longe.

Eles acertavam bolas de neve nas pessoas que aparentavam estar de mal humor, em seguida um grupo de crianças se reuniu em volta de Elsa quando chegaram ao parque, com um trenó na mão.

Jack Frost sussurrava no ouvido dela e ela assentia, em seguida criava um escorregador gigante de gelo, na qual as crianças subiam e escorregavam. Algumas davam de cara na neve, mas continuavam rindo e se divertindo.  Com certeza aquele dia maravilhoso ficaria para sempre nas lembranças das pessoas. O dia que a Rainha Elsa saiu pela cidade, congelando tudo e trazendo alegria por onde passava, como mágica.

Já estava de noite, ambos ainda estavam na cidade, mas estavam apenas conversando. Elsa havia criado um boneco de neve parecido com Olaf para ninguém achar que ela maluca, porém o rapaz ainda queria mostrar uma última coisa para ela. Mais uma vez, ele segurava na mão dela e levantava voo.

— É bonito aqui em cima a essa hora da noite, não é? - disse o rapaz, enquanto Elsa assentia, sorrindo.

— Sim... Lindo. Olha! Está vendo aquilo? Estão tocando no centro, eu sempre quis participar nessas danças, mas eles sempre tocam músicas mais “chiques” quando eu chego. Eu queria ouvir essas aí, as comuns e divertidas. - disse Elsa.

— Você não gosta muito do luxo, não é mesmo?

— Sim e não. As roupas são bonitas, mas as vezes é cansativo.

— Entendo... Eu perguntei pois percebi que seu quarto não parecia muito sofisticado. Era relativamente comum e aconchegante. Ah... Você quer ir no centro, dançar?

— Quero sim. - disse Elsa, em seguida se lembrava que ninguém podia ver Jack. - Talvez outa hora...

— Por quê?

— Bom... Ah! Eu tive uma ideia. - disse Elsa observando uma loja de roupas. - Vamos descer, me encontre próximo àquela árvore, ao lado daquela taverna.

Jack se encostava na árvore, observando as pessoas dançando em pares, uma dança bem diferente que estava acostumado a ver no mundo em que vivia. O ritmo era diferente também, mas contagiante. Quando percebeu, estava imitando os passos facilmente daquelas pessoas.

— Olha só, que pé de valsa é você. - disse uma mulher próxima à ele. Jack não a reconheceu a primeira vista. Era Elsa, mas estava com roupas comuns. Uma touca, um casaco leve e um vestido simples e curto, com meia calça e botas.

— Isso é um disfarce? Você está ótima! - ele se corava, Elsa também. - Aliás, o disfarce está bom, entendeu? Er... - ele ria, sem jeito.

— Obrigada- ela estendia a mão. - Vamos dançar.

— Sério? Comigo? - perguntou ele, surpreso.

— Claro.

— Mas... - ele olhava ao arredor, a maioria das pessoas estava na roda de dança e as que não estavam, estavam sentadas ao arredor.

— Tá bom, mas eu não danço muito bem. - disse Jack, segurando na mão dela.

Eles então começavam a sapatear enquanto giravam, igual ao que as pessoas ali faziam.

— Mentiroso, você é ótimo nisso. - disse Elsa.

De fato, estava mentindo. Jack Frost era muito bom dançarino, conseguira executar os pessoas apenas por ter observado as pessoas aquela hora e os passos novos via agora de Elsa. Eles sorriam e se mexiam bastante com aquele ritmo mais alegre, em seguida competiam para ver quem fazia o passo mais engraçado, mas Jack extrapolou na brincadeira quando fez uns passos de break dance, deixando-a boquiaberta e levemente assustada.

— Acho que não estão prontos para isso ainda...

— Que legal! Faz de novo! - disse Elsa, mas em seguida começavam a ouvir uma música mais lenta.

— Talvez outra hora... - disse Jack Frost segurando uma das mãos dela e outra na cintura.

Seus olhos estavam fixos no outro. De repente, não existia mais nada ao arredor, a praça toda era deles. Jack Frost girava Elsa uma vez, em seguida se aproximava mais dela, com um sorriso, em seguida se afastava e a girava novamente, fazendo-a ficar em sua frente, de costas para si enquanto dançava com ela envolvendo seus braços pela cintura e abdômen.

— Onde aprendeu a dançar assim? - disse Elsa seguindo o ritmo do rapaz.

— Eu tenho muito tempo livre, então aprendi uma coisa ou outra.

Eles dançavam por horas, ficavam até os músicos encerrarem a última canção, se despedindo do público. Porém, ambos continuavam dançando, de um lado para outro, com Elsa apoiada sobre o peitoral de Jack Frost.

— Não acha melhor irmos também? - sussurrou Jack, porém se arrependendo de ter perguntado.

— Não. Vamos ficar mais um pouco.

Jack também não queria ir embora. Mesmo estando sempre se divertindo e rindo, aquele dia fora diferente de tudo que já passou na vida. Naquele dia, naquela hora, estava se sentindo vivo. Verdadeiramente vivo. Estar com Elsa o fazia se sentir normal novamente, como se fosse parte do mundo novamente e não um espírito observador.

— Você está quente agora. - disse Elsa, enquanto Jack sentia seu coração bater.

Ela sentia o corpo de Jack tremulo, em seguida olhava para seu rosto, ele estava chorando. Elsa ficava surpresa, sem entender. Ela então limpava as lágrimas do rapaz, porém notava que ele não estava triste. Estava chorando de alegria, ele até começava a rir em seguida. 

— Ei, está tudo bem com vocês? - perguntou um dos músicos próximo à eles, segurando uma maleta.

— S-sim... - Elsa abaixava mais a toca, escondendo mais seus olhos. - Eu pisei no pé dele, só isso.

— Dançar descalço é complicado mesmo, ainda mais com o chão gelado. - disse o homem observando os pés nus do rapaz.

— Dá próxima vez, entrem na roda, não sejam tímidos. - disseram os músicos partindo.

— Ufa...

— Elsa. - disse Jack, boquiaberto. - Eles me viram.

— O que? Sim, claro que... - Elsa prendia a respiração, boquiaberta.

— Como?! Você disse que...

— SIM! EXATAMENTE! - disse ele segurando nos ombros dela, em seguida abraçando-a com força. - É por causa de você! Eles viram por causa de você! - disse ele girando junto com ela no abraço.

— Calma... Como assim? - ela ria, segurando com força para não cair do abraço.

— Eu não sei, mas você me faz sentir algo... Um calor, bem aqui dentro. Me sinto realmente vivo quando estou com você. - ele pensou bem no que disse, era quase como uma declaração aquilo.

Elsa ficava vermelha de vergonha, mas talvez nem tanto quanto Jack, que segurava sua boca, passando a mão no cabelo, de nervoso. Desviando o olhar de Elsa sempre que podia.

— Jack. - disse Elsa, chamando-o.

Ele se virava, em seguida ela segurava no rosto dele, encontrando os olhos meigos e tímidos do rapaz. Ela então fechava os olhos e depositava um selinho nos lábios dele, que em seguida se transformava num beijo. Dessa vez o mundo havia mesmo parado. Não era como nos filmes, em que enfeitavam com explosões e outros efeitos, mas... Era bom. Muito bom. A melhor coisa que ele já sentiu na vida e ficava melhor ainda depois que suas línguas se encontravam. Ainda atordoado com aquilo, Jack sentia os lábios de Elsa se distanciarem pela última  vez enquanto ela sorria, envergonhada.

— Obrigada por hoje, foi maravilhoso. - ela acenava, dando as costas. - Boa noite.

Jack não conseguia dizer nada, nem mesmo acenar. Ele apenas a fitava enquanto partia, aos poucos voltando a realidade e entendendo o que havia acabado de acontecer. Elsa caminhava disfarçadamente pela cidade, sem conter o sorriso e se perguntando se as outras pessoas podiam ouvir seu coração, que estava batendo tão alto. Elsa ouvia um rapaz gritando de alegria, o que a fazia não se conter e soltar a risada.

Ela olhava para trás, observando-o voar em alta velocidade enquanto começava a nevar novamente, uma neve agradável e aconchegante que fizeram todos terem bons sonhos naquele dia. 

Em meio à toda alegria e felicidade daquela noite, também haviam sombras. Estas, fitavam ambos à distancia. Aguardando o momento certo, analisando cada detalhe do que estava acontecendo.

— Interessante... - disse a voz de uma mulher. - O quão mortal ele ainda pode se tornar? Vou aguardar até o melhor momento e então... - ela pegava um floco de neve, transformando-o em areia negra e quebrando-o em seguida. - Me vingarei.


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