Nym-pho escrita por Ugly Duckling


Capítulo 11
Capítulo XI - França


Notas iniciais do capítulo

Hallo ♥
Penso neste capítulo como uma introdução à nova fase da vida da Leo. As coisas vão ficar cada vez mais interessantes daqui em diante, prometo :D
Como sempre, agradeço cada comentário! Continuem a fazer uma pobre autora feliz, obrigada.
Tenho muito sono, ui... tanto sono...
Boa leitora!



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França. O ar era o mesmo, mas, ao mesmo tempo, não era. Respirar era diferente, aqui. Quando fui para a Alemanha, regressar não estava nos meus planos, mas parecia-me agora tão certo. Não podia ser de outra maneira.

A tia Ada apanhou um táxi comigo até ao meu apartamento. Eu dissera-lhe que não havia problema se ela preferisse ir diretamente para a aldeia, mas ela insistira em ir ver o sítio onde eu ia ficar e ajudar-me a deixar as coisas em ordem. Não levava muita coisa comigo, apenas roupa, alguns quadros e uns quantos pincéis. Tudo o resto ficara para trás. A tia Ada não queria quaisquer ligações com a casa que Raimond lhe dera. Eu concordei – não era o meu lugar para a contestar.

 A viagem foi calma. Na minha mão segurava a da minha tia com força, já a sentir a solidão que a sua ausência causaria. Ada tinha sido a base de toda a minha família nos últimos anos.

 Os meus olhos vagueavam pela janela, que nada mais mostrava para além de uma aborrecida auto estrada, os meus joelhos nus e o os estofos novos do táxi. Na minha mente, cores como raios, pensamentos abstratos.

Chegámos, finalmente ao destino. A rua era agradável, soalheira. O prédio ficava numa rua paralela à principal, inclinada como uma rampa, com uma casa mesmo em frente e outra do lado oposto. Gostei instantaneamente dele, que era pequeno, mas robusto, como uma peça de lego expandida. Tinha apenas três andares, ou dois, se se contar a rés do chão, mas o sol iluminou-o em todos os locais certos e eu soube que aquela seria a minha casa por muito tempo. Subimos as escadas, depois de estrear a chave, e comentámos o azulejo e o facto de não haver elevador.

— Bem! É adorável – Disse a minha tia, ao dar o primeiro passo para lá da porta de entrada.

E era, de facto. Estreito, mas acolhedor. Visitámos as divisões todas, que já estavam minimamente mobiladas, e demos um saltinho juntas, celebrando, não sei, a vida?

— É perfeito, tia! Obrigada!

E abraçámo-nos.

Passámos o resto do dia simplesmente a conversar, relembrando momentos divertidos do que parecia ser numa vida passada. Procurámos o mercado mais próximo e arranjámos tudo o que era essencial de imediato, a tia Ada sempre preocupada com o que era preciso, e se eu ficaria bem. Ligou pelo menos cinco vezes a Viktor. Ajudou-me a organizar a roupa nos armários. Fez tudo o que pôde para me deixar confortável. Eu ria-me, agradecida.

O sol já não brilhava quando nos despedimos.

— Fica bem, querida. E manda mensagem.

E, assim, comecei a viver sozinha.

Corri escadas acima e dancei pela cozinha, pela sala, pelo corredor, pela varanda. Havia dois quartos. Escolhi aquele virado para a rua principal e cnectado à varanda para ser o meu atelier. Tinha pouca coisa, somente uma cómoda, mas uma das paredes estava quase completamente coberto por uma janela e achei que a iluminação seria perfeita. Pousei lá aquilo que me coubera na mala e fiz uma lista mental do que tinha de comprar: cavaletes, telas, papel de tela, blocos de papel, tinta, óleo, carvão, grafite…

Voltei-me para o quarto que estava convenientemente mobilado já com uma cama, estante, secretária e armário, e subi as persianas e abri as janelas. Desejava a companhia que só a lua podia dar. Tirei a t-shirt e deixei-a cair no chão. Pousei os cotovelos no parapeito da janela e senti aquele ar da noite nos ossos, olhos fechados e arrepios na espinha. Quando dei por mim, reparei em algo estranho. Apenas dois ou três metros à minha frente, num nível exatamente paralelo ao meu, uma luz acendia-se no quarto da casa seguinte. Era um segundo andar que quase parecia anexado ao meu apartamento. Não admirava que a renda fosse tão baixa, pensei.

Com a luz emergiu também uma silhueta, que reconheci como a de um rapaz, ainda que ele se tenha atirado imediatamente para a cama. Demorou-lhe um minuto para reparar na minha luz e caminhar até à janela.

— Mas que… - Começou.

— Olá.

Assim de repente não me ocorreu uma forma mais esquisita de conhecer alguém do que esta mesma – em roupa interior, cada um na sua janela; nada seria tão estranho. Nada seria tão excitante, no entanto.

— Hm, chamo-me Leonie. Mudei-me hoje. E tu…?

— Castiel – Sorriu meio de lado. Tinha um rosto muito atraente, quase erótico. Imaginei o seu corpo contra o meu de mil maneiras.

Estendi o braço no ar para um cumprimento em vão. Ele desatou a rir com o meu gesto, visto que seria impossível chegar à sua mão. Acompanhei-o e ri-me com ele, com a rua, com a lua.

— Nunca tinha estado aí ninguém a viver. Vai ser uma aventura. – E olhou para o meu sutiã – Exibicionismo?

— Vai, sim. Não, não particularmente – Desapertei os calções e fiquei quase despida – Mas roupas, numa noite destas, são certamente um desperdício.

Durante uns segundos fixei somente os seus olhos, que pareciam ser cinzentos, mas não podia ter a certeza. Ficar nua perante estranhos não era particularmente novo, mas não assim. Estava entusiasmada.

— Não posso discordar – Levantou um pouco a t-shirt, que só então reconheci.

— Espera! Winged Skull? Adoro essa banda. – Referia-me ao padrão desenhado na sua roupa, que era vermelha. Como o seu cabelo.

Assobiou antes de a tirar por completo: - Gostas de grunge? A sério?

— Adoro.

Castiel sorriu então um sorriso que iluminou a noite mais do que toda a luz pública na cidade. Engoli em seco e suprimi a vontade de o pintar assim como ele estava, com o cabelo vermelho pelos ombros, o torso musculado, o rosto cínico, num minuto, e de o possuir no seguinte.

 - É a minha banda favorita. – Comentou.

— Boa escolha.

— Não me digas! – Retorquiu sarcasticamente.

— Digo sim!

— Sim, sim… tábua.

— Muito te enganas, desculpa lá – Apertei os meus seios, indignada. A verdade é que não eram enormes, mas cabiam numa mão e eram perfeitos.

Durante umas boas duas horas ficámos ali plantados a discutir rock. Trocámos várias impressões sobre tudo: desde música ao sarcasmo sobre as mamas/cabelo um do outro. Quando ambos decidimos ir dormir, combinámos muito casualmente ir passear no dia seguinte, a começar pelo pequeno almoço, em parte também para ele me mostrar aquela parte da cidade.

Caí na cama e morri até de manhã.

*

Quase nada bate a sensação de tomar banho pela primeira vez num novo lar. Deliciei-me com o chuveiro, com as toalhas. Perdi algum tempo a admirar a pessoa que o espelho me mostrava, as curvas subtis, os mamilos pálidos. Toquei-me. Toquei-me imenso, mas nem o meu conhecimento íntimo sobre mim mesma se comparava ao toque de outrem. Perguntei-me se seria doente, já desesperada pelo conforto do sexo.

Vesti um vestidinho curto, amarelo e com um discreto laço no decote. Calcei sapatilhas cómodas, peguei na mochila e saí, depois de espreitar e ver Castiel já à espera lá em baixo.

— Hey!

A luz da manhã ainda o tornava mais bonito, se isso fosse possível. Senti-me jovem, livre. Respirei aquele ar de início de verão. Cumprimentámo-nos. Tocámo-nos pela primeira vez, e senti eletricidade a percorrer-me. Algumas pessoas fazem aquele clique, enfim.

Íamos falando enquanto nos dirigíamos à padaria que ficava no fim da rua.

— Então e o que te fez mudar para aqui?

— Voltei ontem da Alemanha, onde morava com a minha tia. O meu tio faleceu e ela decidiu que não queria ficar lá mais.

— Que marado. A tua tia também está a viver no apartamento? – Reparei que tentou mudar de assunto depois de ouvir falar em morte. Agradeci-lhe mentalmente.

— Não, só eu. Ela foi para a aldeia onde eu cresci, onde moram os meus pais. E tu, és mesmo daqui?

— Sim, criado e crescido. Emancipei-me há um ano e tenho vivido sozinho desde então.

 - Emancipaste-te? – Questionei.

— É… uma longa história.

— Certo – Não achei correto pressioná-lo por detalhes, considerando que nos conhecêramos há umas horas. Mas fiquei curiosa.

A padaria era muito boa. Passava despercebida como só mais uma casa, pintada de creme e com uma esplanada coberta. Tomámos o pequeno almoço enquanto falávamos de tudo e de nada, mas a conversa era sempre acesa. Castiel falou-me da sua guitarra e de como se juntava com o seu amigo que gostava de compor e cantar e faziam uns projetos engraçados. Ficou a promessa de me levar a um dos seus ensaios. Contei-lhe da minha paixão por pintar.

Foi um dia excelente. Com Castiel podia dizer o que me viesse à cabeça sem restrições. Os únicos pensamentos que mantive para mim foram aqueles que praticamente gritavam que o levasse para a cama ime.diata.mente.


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Notas finais do capítulo

Que tal?



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