O Bailarino escrita por Maravilhisa


Capítulo 2
What Song Is This?


Notas iniciais do capítulo

Olá, amorinhas!

Então, venho aqui com mais um capítulo pra vocês sz este que vai ser mais focado na vidinha do nosso bailarino super amor, Mylo.

Mas então, é isso, espero que gostem! Converso mais com vocês nas notas finais 'u'



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Terça-Feira, 6:00 A.M

—Dóbraie útra!— Mylo exclamou, descendo as escadas de sua casa e cumprimentando sua mãe com um beijo no rosto. —E ohayou também!— O menino disse, após perceber que seu pai também estava sentado à mesa do café da manhã, lendo seu jornal calmamente.

 

—Um “bom dia” só e em inglês já basta, querido.— O sotaque russo de Yekaterina ecoava pelas paredes da ampla cozinha. Seu tom era brincalhão e um sorriso carinhoso iluminava todo seu rosto.

 

—Pelo menos isso deve ser um sinal de que ele acordou de bom humor, o que é uma coisa bem rara.— Kazuya comentou, ainda sem tirar seus olhos do jornal, mas agora um pequeno sorriso de canto ocupando seus lábios podia ser visto.

 

—Nossa, do jeito que você fala até parece que eu acordo todos os dias desejando o extermínio da raça humana!— Mylo retrucou, em um tom de falsa indignação. —Mas sim, eu acordei de bom humor mesmo, e vocês querem saber por que?— Perguntou animadamente, deixando a pergunta no ar com antecipação, e encarando seus pais com um sorriso no rosto.

 

—Por quê?—Kazuya foi o que fez as honras, finalmente tirando os olhos do jornal para olhar para seu filho.

 

—Porque eu finalmente acabei a minha coreografia! — Mylo respondeu, dando pulinhos de alegria. —Eu pensei no finalzinho ontem de noite e agora vou ensaiar ela inteira hoje!

 

—Oh, que ótima notícia, filho!— Disse Yekaterina, acariciando os cabelos do filho com uma das mãos. Ela sabia o quanto aquela coreografia era importante para ele, já que (a) era a coreografia que Mylo tinha programado para apresentar aos “jurados” da escola, que iriam decidir se ele seria uma das apresentações da cerimônia de formatura naquele ano e (b) o garoto estava se dedicando a isso há meses, sempre ensaiando e mudando passos aqui e ali, querendo que tudo fosse perfeito. —Estou ansiosa para ver a dança completa!

 

—Eu também estou, mãe! — Mylo exclamou, com um grande sorriso no rosto, que foi se esvaindo e se tornando em uma expressão de nervosismo poucos momentos depois. —Eu só estou com medo do que eles vão achar. E se reclamarem porque a música não é clássica? Ou se não gostarem da coreografia, ou da minha aparência...

 

—Ah, não, não, não.— Kazuya entrou na conversa de vez, esquecendo o jornal em cima da mesa. —Vamos esquecendo essa insegurança. Você sabe que é o melhor bailarino daquele estúdio, não tem motivo para eles não gostarem, só se forem muito estúpidos. — Disse, enquanto colocava uma mão acolhedora no ombro do filho, arrancando um pequeno sorriso do mesmo.

 

—É o que eu espero. Obrigado, pai.

 

—Não há de quê. Agora vamos, eu vou  levar. Tenho que ir para a editora mais cedo hoje. Acabei de revisar o livro, ele está pronto pra publicar.

 

—Okay. Você vem junto, mãe?

 

— Só vou ir lá pelo horário das aulas de alongamento. Você sempre chega cedo demais naquele lugar. —Comentou Yekaterina, com um tom repreensivo, começando a tomar seu café calmamente.

 

—Ah, você sabe que eu tenho meus motivos. — Falou o menino, dando um beijo rápido na bochecha da mulher, pegando uma maçã da cesta de frutas e seguindo seu pai, que já se encontrava esperando pelo mesmo fora da casa.

 

—Mylo, Mylo!— A voz chorosa e sonolenta de Haru, sua irmãzinha, chamou a atenção do mesmo. — Você está indo pro balé? Eu quero ir junto! — A menininha desceu correndo a escada, correndo para abraçar seu irmão —ou pelo menos as pernas dele—, direcionando um olhar pidão a sua mãe. —Posso, mamãe?

 

—Ah, a Harulinda pode agora, né mãe?— Ele perguntou, pegando a pequena garotinha asiática no colo e ganhando uma risadinha como resposta. —O aniversário de 6 anos dela foi mês passado, deixa ela ir vai, por favorzinho.—Mylo agora imitava a expressão pidona da garotinha, fazendo com que Yekaterina desse risada.

 

—Ela vai poder ir sim, mas não agora.— A expressão dos irmãos foi de animada para frustrada ao escutarem o começo e o fim da frase. —A aula para crianças é às 6:00 da tarde. Inclusive, querido, você pode buscar a Haru pra mim quando sair da escola? Eu tenho que ficar no estúdio até as 8:00 da noite.

 

—Busco sim. Bom, então até mais, Harulinda. —Mylo colocou a garotinha no chão, esta que protestou com um gemido frustrado. Após ouvir a buzina do carro de seu pai ecoar pela casa, o garoto apressadamente deu um beijo na bochecha da irmã e passou correndo pela porta de casa, sentando-se ao lado de seu pai no carro momentos depois.

 

A viagem até o estúdio foi bem quieta e calma. Ambos pai e filho estavam tão submersos em seus próprios pensamentos que nem prestavam atenção um ao outro.—Chegamos. — Kazuya disse, estranhando o fato de ter que avisar Mylo que haviam finalizado a viagem, já que o mesmo sempre se despedia dele e saía do carro antes que o oriental pudesse falar qualquer coisa.

 

—Uh? Ah, sim. Obrigado, pai.— O garoto disse, demorando um pouco para entender o que seu pai havia dito. Passara o caminho inteiro pensando na coreografia, e em como os jurados da escola reagiriam a ela. Também pensava nas condições de seu corpo, principalmente em seu peso, que sempre foi algo com que Mylo tinha problemas. Deu um abraço breve em Kazuya e saiu do carro,se preparando para começar mais uma rotina de ensaios.

 

—Bom dia, Joan!— O garoto cumprimentou a recepcionista do local, que no momento parecia estar dependendo do copão de café que estava em sua mão para se manter acordada, enquanto descansava a cabeça no balcão.

 

—Hmm— A mulher respondera, sonolenta, arrancando uma risada de Mylo, que apenas ignorou e andou em direção à sala 3, que sempre usava para ensaiar a coreografia.

 

Depois de adentrar o pequeno vestiário que existia dentro do lugar— assim como em todas as outras salas— se trocar e fazer um breve alongamento ali mesmo, Mylo voltou para o quarto, se posicionando em frente de uma das paredes repletas de espelhos depois de colocar o pen drive com a música Take Me To Church no aparelhinho de som se fazia presente no local.

 

Mylo nunca percebia o tempo passando quando dançava. Era como se a melodia que entrava em seus ouvidos fosse mágica e o fizesse se mover sozinho, realizando a coreografia. Quando ele dançava, era como se todos os seus problemas evaporassem, e a única coisa que importava era realizar todos os movimentos com perfeição e delicadeza, e isso era um dos vários motivos do porquê de Mylo apreciar e amar tanto o balé. Porque este fazia com que ele se esquecesse do mundo lá fora.

 

A música —que já havia sido tocada diversas vezes— estava chegando ao seu fim novamente, e Mylo se preparava para começar a dançá-la de novo quando um baque forte o chamou a atenção. Levantando o olhar para procurar a fonte do barulho, o menino percebeu um rosto novo, que ele nunca tinha visto antes por ali, o observando pela pequenina janela de vidro da porta(janela esta na qual ele parecia ter batido a cabeça, a julgar por sua expressão de dor e a mão massageando a testa). Achando a situação estranha, mas ainda assim engraçada, o garoto se moveu rapidamente até a porta. “Será que ele gostou da coreografia e resolveu parar para olhar?” O pensamento fez com que ele sorrisse abertamente antes de abrir a porta, observando o garoto com olhos curiosos.

 

—Oi! Posso ajudar?— Ele perguntou, com um sorriso simpático. O garoto vestia roupas um tanto quanto “peculiares” para balé, o que reforçou o pensamento de Mylo de que ele era um aluno novo. Adorava quando alunos novos chegavam, e conhecia cada rostinho que já havia passado por aquele estúdio afinal, era filho da dona do lugar, e estava lá desde sua inauguração.

 

—Eh… Pode, pode. E-eu gostei da música, p-parei aqui para ouvir e pra te perguntar qual era o nome dela, mas eu acho que não notei essa… Porta no meio do caminho.— O garoto gaguejava e fazia gestos exasperados com as mãos,  mostrando nervosismo, o que fez com que Mylo risse levemente, por mais que no fundo tenha ficado um pouco triste com aquilo. Então o menino só havia parado por causa da música, e não por que gostou da dança? Será que estava tão ruim assim?  —Mas, ahn… Então, qual o nome?

 

—Take Me To Church, do Hozier.— Respondeu o garoto de prontidão. —Você tem um bom gosto, essa música é maravilhosa. —Ele sorriu novamente. —Mas eu nunca te vi por aqui. Qual o seu nome?

 

—Ah, é que é o meu primeiro dia aqui. E-eu vim para as aulas de alongamento, sabe. Meu nome é Aiden.— Ele parecia um pouco mais calmo, por mais que continuasse com os gestos afobados com as mãos.

 

—Oi, Aiden. Eu sou o Mylo. Prazer em conhecer.— O garoto estendeu uma mão amistosa para Aiden, que pareceu ter demorado um pouco para entender que deveria apertar a mão em sinal de educação. Mylo até poderia ter rido, se o contato da mão áspera do menino com sua pele macia não tivesse o deixado um tanto quanto atordoado por alguns momentos.

 

O menino estava prestes a tentar começar uma conversa casual com o tal Aiden quando a figura delicada de sua mãe passara rapidamente pelos dois, voltando atrás depois de alguns momentos para cumprimentá-los:

 

—Olá, meus queridos. O que estão fazendo aqui parados? A aula começa daqui a pouco, vamos!

 

Com uma olhada para o relógio de parede da sala, Mylo percebeu, com espanto, que já eram 7:25. Ao notar tal fato, saiu correndo atrás da mãe, puxando o aluno novo —que parecia ter sido grudado ao local no qual estava parado— pelo braço.

 

A sala de alongamento já estava cheia de meninas, estas que no momento estavam se aquecendo brevemente. No meio daquele mar de garotas, Mylo avistou o rosto de sua melhor amiga, Amanda, que estava sentada no chão do local e o encarando com um sorriso no rosto. Rapidamente correu até ela.

 

—Mandyzinha!— Um abraço repentino na menina fez com que a mesma soltasse um gritinho surpreso, acompanhado de uma risada. —Como você tá? Melhorou da gripe?

 

—Melhorei, não tá vendo que eu vim hoje?— Ela falou em um tom brincalhão. Amanda havia sido uma das primeiras alunas a se matricular no estúdio, além de estudar no mesmo colégio que ele.Isso fez com que Mylo e a mesma desenvolvessem uma grande amizade com o passar dos anos, sempre dormindo um na casa de outro e frequentando as aulas da escola juntos. —Mas menino, me conta aí, o que você tava fazendo com Aiden por aqui hein? Não me diga que ele é gay também e vocês tavam se pegando?— Um sorriso sacana brotou em seus lábios, depois de ela ter o cutucado com o cotovelo.

 

—Ué, você conhece o Aiden de onde?— Perguntou o garoto, confuso. Ele tinha certeza de que era um aluno novo. A expressão confusa em seu rosto apenas aumentou quando Amanda deu um tapa na própria testa, como se não estivesse acreditando que Mylo estava perguntando isso. —Que foi?

 

—Como assim “você conhece ele de onde”, Mylo do céu? Ele é do time de futebol americano da escola! Mais precisamente ainda, o capitão dele. Super popular, tem um monte de menina querendo dar pra ele, e você não sabe quem ele é?

 

—E eu tenho cara de quem sabe de alguma coisa desse maldito time de futebol? — Perguntou Mylo, sarcástico. —A única coisa que eu sei é que metade da verba dos clubes da escola é investida para comprar uniformezinho novo para esse time, enquanto o pessoal dos outros clubes tem que se contentar com o que sobra. E futebol nem é tudo isso.— Comentou, ficando irritado só de pensar no assunto. Ele nunca iria entender o porquê de 22 pessoas tentando fazer um touchdown pareciam ser muito mais importantes e talentosos para a Bayshore High School do que alguém que passava anos treinando para conseguir dançar majestosamente nas pontas do pé.

 

—É, eu sei, eu sei. Mas você não respondeu a minha pergunta... —O sorriso sacana voltou para o rosto de Amanda, fazendo com que Mylo desse risada e revirasse os olhos.

 

—Não, Mandy, nós não estávamos nos pegando. Ele nem gay é. Quer dizer, eu não sei mas, pelo que você me falou dele, ele parece ser o famoso #OrgulhoDeSerHétero.— Brincou o menino, fazendo o símbolo de hastag com as mãos.

 

—Ei, ei. Eu disse que tem um monte de meninas querendo dar para ele, não disse que conseguiram. Muito pelo contrário, de acordo com as fofocas do colégio acho que ele ficou com só umas três ou quatro. E isso não descarta a possibilidade de ele ser bissexual, olha só.

 

—E por que você tá tão interessada na sexualidade dele, senhorita? Porque se você estiver pensando em tentar empurrar ele para mim, pode ir tirando o seu cavalinho da chuva. Mesmo se ele gostasse de garotos, aposto que ele iria ficar com um garoto popular, e eu com certeza não sou esse garoto. —Disse ele, com uma risada seca. O garoto havia se assumido gay —tanto para sua família quanto amigos— muito cedo e, por mais que seus pais tivessem o aceitado com todo o carinho e amor, assim como a maioria do seu círculo de amizades, ele com certeza não poderia ser considerado popular naquela escola. Muito longe disso, na verdade, já que ele ainda continuava sendo avacalhado por alguns idiotas —incluindo alguns idiotas do time de futebol americano—, que insistiam em ofendê-lo com piadas homofóbicas, por mais que sempre recebessem uma resposta sarcástica de Mylo ou de um de seus amigos como resposta. Mas ele duvidava que alguém como Aiden fosse olhar para ele daquele jeito, isso se ele pelo menos fosse gay também.

 

—Ai, para de se rebaixar. Você é muito lindo. Mylindo. —O trocadilho com seu nome fez o garoto rir. —Mas eu agora eu estou confusa. Se ele não veio pegar com ninguém, então o que ele está fazendo aqui?

 

—Sei lá. Ele disse pra mim que veio fazer as aulas de alongamento. Vai ver ele percebeu que futebol é pombo. —Comentou, rindo.

 

—Chegou de moleza, gente. Vamos começar!— Yekaterina chamou a atenção de todos, batendo palmas fortemente, fazendo com que ambos Amanda e Mylo se levantassem e se organizassem entre os vários outros alunos que estavam ali, incluindo Aiden, que ficou do lado dos dois.

 

A aula correu normalmente, só que dessa vez Mylo e Amanda tiveram que se segurar para não rir muito alto com a situação de Aiden, que parecia estar sofrendo com cada movimento que fazia.

 

—Tadinho, eu fiquei meio mal por ter rido da cara dele.— Mylo comentou, enquanto assistia grande parte dos alunos deixarem a sala, provavelmente apressados para a escola.

 

—Ah, foi engraçado, vai! E no final então, quando ele nem conseguia ficar em pé direito, coitado.— Exclamou Amanda, abaixando o tom de voz ao perceber o olhar reprovador de Mylo, que tinha medo de que o menino pudesse escutar a conversa. —Tá, tá, parei.

 

—T-take Me To Church, né?— A voz grossa do capitão do time de futebol americano surgindo do nada deu um susto em Mylo, que se virou rapidamente para perceber que o menino estava a poucos centímetros de distância dele —e que continuava um pouco nervoso, a julgar pela gagueira—.Corando um pouco, o bailarino logo sorriu e respondeu:

 

—Sim, isso mesmo!

 

—Obrigado. Ei, você é da escola, não é? Amanda, eu acho.— Disse o garoto, apontando para a própria. Por mais que fosse amiga de Mylo, quando se tratava de popularidade, eles eram opostos. Amanda era conhecida por todos, tanto por chamar a atenção dos garotos com seus cabelos longos e negros, pele bronzeada e corpo curvilíneo, quanto por ser uma pessoa muito acessível e simpática com todos, o que faz com a mesma seja convidada para todas as festas.

 

—Sou sim! Nós dois somos. Você é do time de futebol, né?— Amanda disse, com um sorriso.

 

—É, sou. Ah... Vocês não vão pro colégio agora?

 

—Nós vamos ficar para as aulas de balé. Começa daqui a pouco.— Mylo explicou.

 

—Oh, sim. Bom… Vejo vocês mais tarde, eu acho. Até mais, Amanda e… Mylo, eu acho?

 

—Sim, Mylo.

 

—É, Mylo. Até mais!— Acenando levemente e com a mochila apoiada nos ombros, o menino se retirou do local, deixando para trás um Mylo corado e uma Amanda sorridente.

 

—Ele é muito legal para ser do time de futebol.— Comentou o garoto momentos depois, com um sorriso tímido.

 

—Own, muito viadinhos vocês. Adorei, já shippo.

 

—Cala a boca.


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Notas finais do capítulo

Amanda representa todos nós

E aí, o que acharam? Me deixem comentários e digam no que eu posso melhorar, vou ficar super feliz sz

Mylo é meu personagem favorito, admito. Ele é um mestiço de japonês com russo, olha que coisa mais linda! E o núcleo da família dele também é lotado de gnt fofa, não tem como não amar, sos



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