Sair no meio da noite não era uma das cosas que eu costumava fazer.

            Desculpe, eu não posso. Meus pais não deixariam.

            Podemos sair pela janela – disse ele olhando para baixo.

            Eu não tenho escada e pular do segundo andar seria maluquice.

            Não tem problema.

            Ele me agarrou no ar me tomando nos braços e saltou pela janela, caindo no chão levemente. Corremos pela sombra atravessando o jardim ate a rua.

            E então o que queria me dizer?

            Não sei mais. Esqueci.

            Ah não! Poxa!

            Desculpe-me – disse ele abrindo um grande sorriso e colocando as mãos nos bolsos.

            Agora eu notava realmente que eu estava horrível. Meus cabelos lisos não eram o problema e sim o modo como sai de casa, com um vestido de seda velho, que eu usava pra dormir. Agradeci que fosse tarde demais para que houvesse pessoas na rua.

            Você me deixa intrigado sabia? – disse ele andando sem virar o rosto para me olhar.

            Por quê?

            Eu não sei. No primeiro momento no Café-Café eu tinha outra idéia de você. Mas você a mudou completamente.

            Como?

            Ele parou e suspirou fundo.

            Você é complicada pra mim. - respondeu e ele e continuou a andar.

            Eu não iria aceitar seu convite – disse a ele – eu não poderia ir a uma festa sem saber por quem fui convidada e se você era um psicopata.

            Ele deu um grande sorriso.

            E você se arrepende de ter ido?

            Não... Na verdade não. – perguntei seria – você se arrependeu de ter me convidado?

            Não... Talvez.

            Por quê?

            Eu sei que te causo medo. Meus olhar te assusta. – disse ele parando novamente e me encarando.

            A lua iluminava profundamente seus olhos, dando um brilho maior a eles. Mas consegui negar firmemente. Sem hesitar.

            Não. Você não me assusta.

            Não? – perguntou ele desconfiado.

            Não. Por que assustaria?

            Não sei. Porque sim.

            A lua começava a ficar coberta pelas nuvens. Ele parou novamente e começou a olhar para o céu.

            O mundo é diferente do que você imagina sabia?- disse ele agora olhando para o chão.

            Sei

            Você acredita em contos de fada?

            Talvez.

            Acredita em vampiros?

            Não

             Eu não sabia aonde ele pretendia chegar.

            E se existisse?. E se você amasse um vampiro?

            Eu não sei. Se eu o amasse, nada mudaria não é?

            Mudaria?

            Não. – respondi.