-Então? Perguntou Seth de um dos lados da janela.

-Ela não vai se meter nisso. - reclamou Jim aproximando se de Sophia  e a beijando na testa.

 - Ela não vai se machucar Jim. – avisei.

- o que... Ta... Acontecendo... De verdade?  - perguntou Sophia gaguejando.

- Sophia. Vai haver uma guerra entre anjos e vampiros. Acho que não convém lhe explicar detalhado agora. Mas eu sei que você pode nos ajudar.

- Não. Ela não pode. – rosnou Jim.

- talvez sim. Escolhidos sempre sabem alguma coisa. – interveio Seth.

- Já disse: ELA NÃO VAI SE METER NISSO. – disse Jim fechando as mãos em punho.

- querida tem alguém ai? – ouvi alguém gritar.

- não mamãe... Esta tudo bem.

Tava difícil fazer dar certo.

- Eu posso ajudar. – disse Sophia segura.

-Não. - falou Jim dando um passo em direção a ela.

- Eu ouço os anjos.  – continuou ela sem parecer se importar com Jim. – e eu soube da guerra. Aconteceu muita coisa esquisita comigo. Eu posso ouvir o pensamento dos anjos, das pessoas e alguns vampiros.

Seth já ocupava a cadeira de balanço. Tudo parecia melhor do que eu esperava. Sophia era minha radio com os superiores de cima.

- hum – Seth suspirou...

- O que você pretende fazer? – perguntou Jim já abraçado em Sophia.

- Bom eu andei pesquisando e realmente Marcus disse a verdade. Não há aparecimento de anjos em nossa espécie. E não podemos fugir de brigar. Mas se você foi mesmo escolhido pra acabar com isso, só temos uma idéia.

-Qual idéia? – perguntou os três ao mesmo tempo.

- como vocês sabem nada foi testado, nada já aconteceu – disse fitando cada um deles – os anjos não falaram com nenhum de nos vampiros, à não ser que seja com Marcus. Não falaram com Sophia, pois ela não tem nenhuma comunicação com eles, só os escuta. E tenho quase certeza de que não ouviram Seth.

- Diga de uma vez. – rosnou Jim aborrecido.

- Você tem que ser o equilíbrio – respondi seria.

- Eu já sou. Não é isso? Eu mudei – disse ele

- O equilíbrio. – continuei - você tem que ser meio anjo, meio vampiro.

Todos calaram se por um momento. Sophia não respirava mais. Soprei levemente seu rosto.

- Respire.

  Ela puxou o ar para seus pulmões e sentou se na cama.

- Essa é a única provável solução - respondi.

-E como posso fazer isso? – perguntou Jim

            -Você tem que morder Seth.

            - Não. Não. Não. Você pirou? Não vou deixar ele me morder. – bufou Seth

- Só é isso que podemos fazer. A guerra será daqui a dois dias na praça.

- O conselho dos anjos vai se reunir lá. Eles pretendem um acordo. –disse Sophia por fim – eles chamaram todos os decaídos, mas não sabem que muitos se rebelaram por estar a tanto tempo na Terra

- Você ouviu todo isso dos superiores?- perguntou Seth interessado.

- Não. Pessoas, anjos e vampiros estão a todo tempo na rua. Alguns me perseguindo e eu sei o que estão pensando. – disse ela deixando uma raiva transparecer.

- Seth isso pode machucar varias pessoa. – disse segurando o rosto dele. – você tem que ajudar Jim.

Ele suspirou, mas nada disse.

- Isso pode machucá-lo? – perguntou Sophia preocupada.

-Não Sophia. Não sei o que pode acontecer, mas sei que isso o deixará forte o suficiente pra acabar com isso.

- Tudo bem. – disse Seth encostando mais na janela. – os arcanjos estarão ocupados e nem perceberam o que esta acontecendo. Podemos fazer isso. – disse ele dando um longo suspiro.

- Então vamos?

- Pra onde? Perguntou Sophia.

- Não podemos fazer isso aqui. Desculpe.

- Se importa se eu ficar um pouco? – disse Jim calmamente.

- Não. Vamos Seth. Estaremos no parque ambiental.

Pulei a janela seguida por Seth. Jim e Sophia precisariam conversar durante um tempo. Eu agradecia cada momento que ele a tivesse encontrado.

Corri rapidamente. Seth não precisava correr, ele já estaria lá quando fechasse os olhos. Não me importei de olhar para trás. Minha cabeça já não estava tão bagunçada, e eu já não tinha raiva de mim, de ser quem eu era. Eu estava feliz porque de algum modo eu tinha algo importante pra fazer, sendo quem eu sou.

Seth estava sentado nas pedras quando cheguei. Ele não se virou, não fez nenhum movimento. Mas ele sabia que eu estava ali. Ele apenas observava as ondas se quebrarem.

- Não se preocupe. Vai dar tudo certo. – tentei animá-lo.

- Não sabemos se vai dar certo – disse ele monótono

- Mas temos que tentar. Se sangue é forte, nada vai acontecer a você.

- Eu não estou preocupado com isso. Estou com medo de falhar.

- Vai dar tudo certo.

-Como?

Virei-me e vi Jim atrás de nós encostado-se a uma arvore.

- Tecnicamente, em força, temos o mesmo nível. Mas os anjos têm um sangue forte.

Seth se levantou e puxou a longa manga da camisa ate o cotovelo.

- Então vamos logo acabar com isso. – disse ele estendendo o braço a Jim.

Jim fez uma careta. Suspirou pesadamente e mordeu o punho de Seth, que gritou de dor. Alguns segundos depois Jim fez o mesmo, mas caindo sobre os próprios joelhos, como se algo o queimasse por dentro. Ele estava em choque, seu corpo tremia impulsivamente, como se sofresse uma overdose, enquanto se contorcia de dor.

Depois ele foi se acalmando, e permaneceu de olhos fechados e imóveis. Seth apenas coçava o braço de ardência e dor no local onde Jim havia mordido. E eu observava.

Jim então abriu os olhos de uma vez,. E eu vi que ele não era o mesmo. Seus  olhos demonstravam um azul fascinante, tão azul quanto os olhos de Seth ou Miguel. Demonstrava poder. Ele não era mais só um vampiro, dessa vez ele era também um anjo.

Jim levantou-se meio perturbado.

- Esta tudo bem – disse ele. Vou ver Sophia. Prometi que estaria lá quando tudo acabasse.

E se moveu tropeçando pelas arvores.

Deixei que meu corpo caísse no chão. Havia dado certo. Estava tudo como eu esperava. O braço de Seth estava marcado já com uma cicatriz.