Like a Rolling Stone escrita por MrsSong


Capítulo 4
Imposters (little by little)




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— Bom dia, família bonita que me isolou em um apartamento com um cineasta em pleno processo criativo! - disse animado entrando na casa da Malu e encontrando todos os que me importavam na sala.

Eles me encararam como se eu estivesse completamente maluco e eu comecei a ficar desconfiado que alguma coisa horrível estivesse acontecendo. Por exemplo, Bárbara ter arrumado um novo marido e ele ter a idade da Luz ou ela ter decidido que Dorothy era de alguma minoria que ninguém nunca tinha ouvido falar... Nunca se sabe com Bárbara Ellen.

— Você não olhou seu nome na internet hoje? - Dorothy perguntou, mexendo em seu notebook por alguns segundos antes de me entregar. Seria uma pergunta engraçada se nós não fôssemos relacionados em algum grau com Bárbara.

Tenho calafrios de lembrar da entrevista que ela deu dando a entender que eu tinha um problema sério com drogas e que, por mais que isso partisse seu coração, ela tinha preferido que eu me afastasse dos filhos dela.

— Olha só, eu estou namorando! - debochei e então olhei para Malu que estava tensa. - O que foi?

— A Amora saiu furiosa de casa assim que viu as notícias de hoje. - ela respondeu, enquanto Kevin pegava o notebook do meu colo e começava a digitar. - Ao que parece o noivado dela se tornou uma nota de rodapé nas colunas sociais.

— Ah… Já fizeram apostas sobre quem vai ceder quarto para o novo closet da it-filha? A Luz tem mais idade, mas eu era pouca coisa mais velho que o Kevin quando fui expulso. - brinquei, já sabendo que era melhor ficar um tempo longe da casa da Malu. Até Bárbara e Amora esquecerem que elas eram menos importantes que um filho de Plínio Campana. - Mamãezinha está em casa também?

— Até parece. Sumiu para algum spa depois de nos chamar de ingratos. - Luz disse, se inclinando na tela que Kevin via, Dorothy também olhava.

Malu também percebeu essa curiosidade toda na internet.

— O que tem de tão interessante aí, hein? - perguntei, puxando o computador do colo de Kevin ao mesmo tempo que Malu se inclinava do meu lado.

Giane. O assunto tão interessante para meus irmãozinhos postiços era Giane.

— Vocês estavam stalkeando a sócia do Bento? - Malu perguntou observando as fotos de ontem, então reparou em outras fotos da galeria de imagens. - Essa é aquela modelo que a Amora odeia, né? Nossa, elas são bem parecidas mesmo.

— Elas são a mesma pessoa, Malu. - Luz explicou. - A gente ficou observando ela durante a festa da Amora e, primeiro uma simples florista não ia deixar a Amora tão furiosa, por mais bonita que a garota fosse, e segundo desde quando uma florista ganha tão bem para ter um vestido como o que ela estava usando ontem, assim de bate-pronto.

— Hoje de manhã as fotos com o Fabinho só provam que era ela. - Dorothy concluiu animada como se eles fossem detetives.

— Fotos do Fabinho tentando a sorte com ela, você quis dizer. - Kevin riu enquanto eu revirava os olhos.

— Que tentando a sorte o quê, moleque! Estava conversando com uma amiga e virou esse circo. - me defendi, enquanto Malu continuava a olhar a pesquisa dos irmãos sobre Giane. - O que foi?

— Você está na mídia internacional, maninho. Olha, tem até uma lista dos supostos ex-namorados dela… Quer ver? - Malu comentou e os menores correram para ver. Crianças curiosas.

 

— Sério, Malu, o que está acontecendo com você? Nunca se importou com isso! - perguntei, enquanto a seguia para o quarto.

— Você não acha estranho que uma modelo de fama internacional tenha mudado completamente de aparência e esteja trabalhando numa floricultura na Casa Verde? - ela perguntou me olhando. - E de onde você conhece ela?

— Conheci na minha última viagem. Conversamos num banco de praça por um tempo. Ela era uma garota legal, mas parecia meio cansada daquilo tudo.  Vai ver se encheu de fazer biquinho para a câmera e quis trabalhar com flores qual o problema disso? - respondi dando de ombros torcendo para que Malu não percebesse quem Giane era.

— Banco de praça? - Ela tinha percebido. - Você não disse que o nome dela era Jean?

— Eu a apelidei de Jean Shrimpton? – respondi sorrindo amarelo e coçando a nuca com cara de culpado. Malu arregalou os olhos.

— Fabinho… - ela começou como se tivesse medo de que eu fosse me envolver com a garota.

— Já ouviu falar em amizade, maninha? É o que eu quero com a Giane. - eu disse mesmo que não acreditasse totalmente nisso. Ela era uma mulher atraente e eu não fingiria que não sabia porque ela sabia tão bem quanto eu quão bonita era.

Malu só balançou a cabeça como se acreditasse que eu estava mentindo para mim mesmo e eu tenho certeza de que ela sabia tudo o que se passava na minha cabeça, mas fingia não saber para que eu pudesse me sentir menos transparente.

— O que você vai fazer? - ela perguntou depois de um tempo.

— Sobre o quê? Estou pensando em ficar por um tempo por aqui. Curtir São Paulo como um paulistano de verdade, que tal? - respondi sem entender sua pergunta.

— Sobre a fofoca? - ela disse, sarcástica. Malu estava muito estressada com isso para ser sarcástica e eu percebi naquele instante.

— É uma fofoca sem fundamento. Semana que vem uma mulher-fruta faz alguma coisa mais digna de nota que eu supostamente namorando uma modelo. - disse e eu não tinha muito interesse pela questão. Não fazia sentido para mim ficar pensando em fotos que não diziam nada. - Se a Giane está mesmo trabalhando de florista na Casa Verde o que te faz pensar que a mídia vai conseguir encontrá-la ou que ela queira ser encontrada?

— Isso é verdade. - Malu concordou se jogando na cama. - Mas, sabe, tirando o clima tenso aqui em casa foi até engraçado ver minha mãe e a Amora surtando porque foram ignoradas pela mídia para eles especularem sobre quando e onde você e a Giane se conheceram.

— Só aceito fofocas que digam que ela está grávida de trigêmeos meus. - brinquei me jogando ao lado dela na cama e percebendo que a criançada toda estava na porta escutando tudo para variar.

— Gravidez de trigêmeos não tem ainda, mas eu vi uma nota que afirma que vocês se conheceram porque vão atuar juntos num longa do Plínio que terá cena de sexo explícito, serve? - Dorothy me informou deitando entre Malu e eu.

— Virei ator pornô, maninha! - disse fingindo irritação e me levantando da cama rapidamente. - Sabe o que vou fazer? Vou para balada que vai chover mulher querendo me roubar da Giane de Sousa. – avisei dando uma risada safada. Malu balançou a cabeça, revirando os olhos.

— Posso ficar com a sua namorada, então? - Kevin perguntou e Luz revirou os olhos enquanto Malu e eu o encarávamos sem entender nada.

— Ele viu algumas fotografias dela para um álbum de uma banda indie que a gente mal conhecia e está assim agora. - Luz explicou nos mostrando uma foto no celular.

A foto de capa de um álbum em que Giane usava meias pretas até o começo das coxas e uma camisa masculina desabotoada até a barriga. Ela só encarava a câmera com um cigarro aceso na mão esquerda e o dedão pressionando o canto esquerdo do lábio inferior e o cabelo loiros caíam na frente dos seios. Era a típica foto que não mostrava nada, mas eu desejei que mostrasse. Imaginei como Kevin devia ter desejado bem mais que eu por sua idade e os hormônios à flor da pele que vinham junto com a idade.

— Pena que ela é velha demais para você, né? - lembrei enquanto Luz e Dorothy riam da cara de indignação de Kevin e fui em direção à porta do quarto.

— Onde você vai, Fabinho? - perguntou Malu e eu abri um sorriso sacana.

— Vou na Galeria do Rock procurar esse álbum que a minha namorada serviu de musa. Presente de aniversário adiantado do Kevin. - respondi debochado. - Ou quer versão pôster da imagem, moleque? Posso até ver se descolo um autógrafo para você... Melhor não, né? Você ia fazer usos errados dessa fotografia.

Antes que Kevin pudesse retrucar, Malu se adiantou e me olhou nos olhos antes de dizer:

— Mande um abraço meu para o Bento, por favor. - ela riu quando eu nem me dignei a responder.

Fui embora daquele hospício em formato de mansão antes que as malucas maiores chegassem.

Dei partida na moto pensando que seria legal encontrar a tal floricultura da Casa Verde.

 

— É o que eu estou dizendo, pai! Ele deve estar procurando a Acácia Amarela a essas horas. - Malu disse ao telefone.

— E você acha que essa garota é uma boa pessoa, Malu? - Plínio perguntou preocupado.

— Ela parece odiar a Amora, serve? - Malu ofereceu. - Ela é sócia do melhor amigo de infância numa floricultura e largou o mundo da moda para isso. Eu acredito que ela seja uma pessoa boa.

— Você acha que… - Plínio começou uma pergunta que ele não sabia como frasear.

— O Fabinho pode acabar se apaixonando por ela? - Malu completou. - Sabe, eu não duvidaria. Mas não agora. Ele se faz de durão, mas é um menino perdido e você sabe.

 

Meu celular tocou o dia inteiro e eu estava pronta para matar um. As perguntas variavam entre porquê eu mudei meu cabelo e quando comecei a sair com Fábio Campana. Tinha desligado meu celular antes das 10 da manhã e a loja seguia em atividade normal, o que era maravilhoso, porque isso significava que eles ainda estavam me procurando em outro lugar.

Até Socorro aparecer. Socorro idolatrava Amora e, por consequência, me odiava com todas as forças. Ela passou os últimos meses me ignorando como se não existisse Giane naquela rua, o que era bem legal da parte dela.

— Você é muito invejosa, hein? Não se importa em roubar toda a atenção do noivado da Amora com suas mentiras deslavadas! - ela veio me atacando e eu arqueei uma sobrancelha segurando a gargalhada.

— Ao contrário de você, eu fui convidada para a festa pela sua amada Amoríssima, pode conferir. Agora, se o herdeiro do Plínio Campana supostamente querendo ficar comigo dá mais audiência que Amora Campana noivando a culpa não é minha. - A regra número um em lidar com a Socorro é deixá-la mais e mais irritada que ela vai embora reclamando.

— Você comprou a mídia com o dinheiro que fez lá fora “sendo modelo”. - ela me atacou e eu rosnei, me segurando para não arrebentar a Socorro de pancada.

Fechei os olhos por alguns segundos, respirando fundo enquanto sentia a felicidade de Socorro em me atacar.

— Garota, o que você anda consumindo? Ou algum dos totens para Amora caiu na sua cabeça e você ficou maluca? Eu não ralei por anos naquela indústria cheia de cobra criada para você vir falar essas merdas na minha cara, não. Agora chispa daqui que se eu te ver nos próximos dias, Socorro, eu vou te lembrar porque o Lucindo me chama de demônia. – eu ameacei com um sorriso maléfico.

Enquanto ela fugia para porta toda assustada eu sussurrei:

— E a Amora teve é sorte que me fotografaram com o irmão dela “tentando a sorte” que podia ter sido o noivo. E aí eu estaria mais do que ferrada com uma fofoca dessas.

— O que você disse? – uma voz masculina perguntou da porta da loja.

— Olha só quem está aqui, o cara que me prometeu que não ia me perseguir. – disse em resposta, cruzando os braços.           

Fabinho me encarou por alguns segundos antes de se aproximar do balcão e sorriu debochado para mim. Tive certeza de que ele entendeu muito bem o que eu tinha dito, mas só retribuí seu sorriso debochado.

— Até noite passada éramos só dois conhecidos. Hoje de manhã descobri que namoramos e vamos gravar uma cena de sexo explícito no filme do meu pai, não ficou sabendo? Vai ter nu frontal e tudo. – ele respondeu e eu comecei a rir.

— Vamos, é? Quando eu fiz o teste para esse filme que eu não me lembro? – perguntei e ele se inclinou no balcão com um sorriso safado.

— Ainda não fez, mas, se quiser fazer, posso ter crescido com a Bárbara Ellen, mas sou um ótimo ator. – ele sugeriu e eu tive que rir mais uma vez.

— Algum dia essa cantadinha cretina funcionou em alguma garota ou você achou que eu era tão boba a ponto de cair? – perguntei divertida saindo do balcão e regando algumas plantas.

— Primeira vez que tento essa, pelo jeito não funciona. – ele respondeu olhando as flores. – Suas flores são bonitas.

— Se acrescentar uma cantada de que eu sou mais, eu juro que nunca mais falo com você. – avisei e ele riu debochado.

— Deixa de se achar, modelete. Até parece que você é tudo isso! – ele me disse e eu o observei com um sorriso divertido.

— Quem se abalou dos Jardins para a Casa Verde me procurando foi você. – eu lembrei e ele me olhou da cabeça aos pés.

— E foi bem decepcionante, viu? Pensei que ia ver a mulher deslumbrante da Espanha ou de ontem à noite, não o moleque de rua que encontrei quando cheguei na casa da minha irmã. – ele comentou sarcástico se aproximando de mim.

— Aquela mulher nem existe mais, garoto. Que tal ir embora agora? – sugeri e então percebi que ele estava muito mais próximo do que supus.

Ele abriu a boca para me dizer alguma coisa quando Bento entrou na loja com Wesley cada um segurando uma caixa cheia de plantas.

— Giane, o que ele está fazendo aqui? – Bento perguntou confuso e, antes que eu pudesse expulsar Fabinho da loja, ele mesmo respondeu à pergunta de Bento.

— Vim ajudar na loja! Acho que vocês estão precisando de ajuda para descarregar, certo? – e ele foi indo em direção à van como se fizesse isso sempre.

Fabinho me encarou segurando uma caixa e eu achei que ele ia ser legal, mas foi um sonho idiota achar que ele conseguia ser legal.

— Ei, vai ficar aí olhando? Eu não vou trabalhar de graça, ouviu?

Fui carregar caixas com eles, enquanto o olhar de Bento me dizia que eu teria que explicar algumas coisas para ele assim que as coisas acalmassem.

Esperava que fosse logo.

 

Bento e eu deixamos Fabinho com Wesley na estufa, porque ele disse que nunca tinha visto tantas plantas juntas e se recusava a ir embora, e arrumávamos alguns arranjos na loja. Engraçado foi que quando Bento foi até o estoque pegar mais fita, Amora entrou feito um furacão na Acácia.

— É típico de você fazer isso, né, Giane? – ela veio me atacando e eu até entendia a frustração dela. O noivado era o momento dela. – Quanto o Fabinho te pagou para você se prestar a esse papel, hein?

— Que papel? De florista? Olha só, garota, eu só quero ficar em paz aqui, não está vendo? – me defendi, cansada. 

Eu não queria a mídia inventando mais mentiras a meu respeito. Tinha decidido que eu não precisava mais disso, nunca tinha precisado.

— É fácil pedir paz depois de tudo o que você fez! – ela exclamou furiosa vindo na minha direção. Eu só pensava que eu precisava do Bento ali urgentemente.

Não que eu tivesse medo de brigar com a Amora, mas eu queria que ele visse que era autodefesa e não a minha fúria contra ela. Vai que eu precisasse de uma testemunha de defesa no tribunal.

— Giane, Bento, eu já vou indo e... – Fabinho foi saindo da estufa e parou ao ver Amora ali. Abriu um sorriso vitorioso e foi andando na minha direção, enlaçando minha cintura com um braço e eu não sei porque permiti o abuso, mas na hora eu permiti. – Amorinha, maninha! Veio abençoar nosso namoro, foi?

— Quer dizer, vir ver você pagar a Giane? – ela perguntou com um sorriso malicioso. – Foi serviço completo ou ela só deixou você na mão?

Que se danasse o Bento, eu ia partir a cara daquela vagabunda e ia ser naquele momento. Pulei para bater na Amora até ela ficar da cor de uma amora silvestre quando fui segurada pela cintura e erguida para logo em seguida ser virada para Fabinho que olhava com fúria a irmã adotiva, mas logo mudou a expressão para sacana e eu não entendi nada até ter meus lábios esmagados pelos dele com uma língua invadindo a minha boca.

Meu plano naquele instante era matar o garoto abusado e a patricinha mimada e, depois de uma pequena compostagem dos dois, enterrar no canteiro do Bento. Ou, sei lá, jogar eles no Tietê que era mais fácil. Não tive como realizar meus planos porque logo em seguida a voz da Sueli Pedrosa soou nas minhas costas.

— Então é aqui que a modelo internacional Giane de Sousa está se escondendo? Vocês estão gravando isso? O primeiro beijo do casal do momento, meu Brasil! Giane e Fábio Campana, poderiam dar alguma declaração à imprensa? É verdade de que vão atuar no novo filme do Plínio? Vocês têm planos de ir morar juntos? – Ela falava rápido enquanto eu me soltava de Fabinho. Só então ela notou Amora. – Amora Campana, o que você acha do envolvimento do seu irmão de consideração com uma das suas melhores amigas?

Antes que eu pudesse dar um escândalo e sair em fúria, Bento veio do estoque com uma vassoura e enxotou a Sueli dali, olhando Fabinho como se também quisesse mandar ele para fora.

— O que foi isso? – exigi saber me afastando daquele moleque metido. Quem ele pensa que é para vir para cima de mim?

— Um beijo. Não conhece? – ele respondeu enquanto Amora se fazia de vítima para Bento e ia embora agora que Sueli já não estava por ali.

— A verdade, por favor, antes que eu decida fazer o que estou com vontade de fazer com você. – disse fria.

— Era melhor Sueli Pedrosa me pegar te beijando do que te pegar quebrando a cara de Amora Campana. A fofoca de nós dois juntos morre logo e podemos seguir nossas vidas gloriosamente separados. – ele explicou dando de ombros. Bento pareceu considerar o que ele disse e eu quis bater nos dois.

— Ou fazer com que nos tornemos foco de mais fofocas por muito tempo. – eu notei e ele pareceu perceber a situação. – E, eu não sei se notou, mas eu não quero nada com a vida dos famosos.

— É bem estranho você dizer isso e ir na festa de noivado da Amora, mas também é estranho a Sueli Pedrosa te encontrar tão rápido, principalmente com a Amora por perto e você prestes a fazer uma torta da minha irmãzinha. – ele comentou dando de ombros. – Mas não importa, o que está feito, está feito e eu tenho que voltar para casa.

Ele foi saindo da loja com um sorrisinho quando eu decidi que aquilo não ia ficar assim. Caminhei até ele e o chamei para acertar em cheio um soco no olho esquerdo dele com toda a força que eu tinha. Batendo as mãos como se tirasse poeira logo em seguida.

— Isso é para você não esquecer que eu não aceito ser beijada à força, fraldinha. – ameacei e ele me encarou assustado.

— Isso não é uma mulher, é um maloqueiro! – ele gritou para Bento que ria na porta da loja e já ia embora, quando se virou para Bento. – A Malu mandou um abraço e pediu para você ligar para ela.

Eu estava em paz na loja, arrumando os lírios cantarolando algum tom de música irrelevante quando Bento se aproximou.

— Eu te disse que ia ter riquinho vindo atrás de você. – ele disse e eu bufei muito irritada com o abuso daquele garoto.

Eu lido bem com flertes, tive como profissão flertar para a câmera, mas eu odiava quando homens achavam que eu ser modelo significava que eu não me importava com o que faziam com meu corpo. Odiava quando achavam que eu era um pedaço de plástico ali para satisfazer as outras pessoas.

Ninguém era meu dono e ninguém seria meu dono.

— A irmã dele não te pediu para você ligar para ela? Vai atrás da patricinha e me deixa em paz com meus lírios. – mandei, esguichando água em sua direção. Bento riu, pegando o celular e ligando para Malu.

 

— Fabinho, você mandou o Bento me... O que aconteceu com seu olho? – Malu se assustou correndo até mim.

— Fui atacado por um maloqueiro, maninha.  


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Notas finais do capítulo

Esqueci de dizer no capítulo anterior que David Bailey foi o fotógrafo das lendárias fotos de Jean Shrimpton em Manhattan.

Imposters (little by little) título de uma música da banda The Fratellis



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