Like a Rolling Stone escrita por MrsSong


Capítulo 3
I bet that you look good on the dancefloor




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Bento é muito mais filosófico que eu a respeito das flores, eu acho. Ele sabe a linguagem secreta das flores e, uma vez, me lembro de ter perguntado o motivo do nome da loja ser Acácia Amarela e ele me olhou por tanto tempo antes de dizer que era uma flor bonita que eu soube que existia um significado secreto.

Apesar da internet, deixei que ele me dissesse a seu tempo. Como cada tipo de flor precisa de um tempo certo para florescer.

— Encomenda grande, sócia! - Bento disse animado ao desligar o telefone. - Vamos entregar flores para um evento importante da Para Sempre lá no Jardim América.

Estávamos animados, a loja vinha crescendo cada vez mais e nossa cooperativa deixava a Casa Verde muito mais bonita. Um ponto de calmaria na loucura que é São Paulo. Era por isso que deixar a Casa Verde jamais seria uma opção.

— Isso, sim! ‘Bora deixar essas grã-finas todas apaixonadas pelos nossos buquês… Ou pelo nosso entregador que é um príncipe! - brinquei e Bento esguichou água em mim enquanto ele e Wesley riam.

— Mais fácil todos os grã-finos quererem comprar rosas para nossa entregadora. - Bento me cutucou e, se eu fosse a mesma menina com quem ele cresceu, eu diria que ele estava sendo um idiota, mas eu tenho consciência de que sou atraente. Gastaram horas e mais horas do meu tempo me dizendo exatamente isso.

— Aí nós vendemos e vendemos de novo as mesmas rosas. Lucro dobrado! - respondi, montando um arranjo e balançando a cabeça.

Trabalhar com quem se gosta num ambiente leve faz tudo muito mais produtivo. Eu sei porque já estive em ambientes em que a tensão só não explodia por milagre. Tudo era muito sufocante nesses lugares e estar na Acácia com suas flores e seu ambiente calmo fazia tudo valer a pena.

— Oi, eu poderia falar com… Giane, querida, é você?  - a voz de Lara Keller soou em meus ouvidos e toda a tensão do mundo invadiu a Acácia. Aquilo poderia matar minhas plantas e eu estava completamente sozinha para protegê-las.

Soltei todo o ar nos meus pulmões e revirei os olhos torcendo para aquilo fosse um pesadelo daqueles que logo acabam. Amora Campana e Lara Keller numa mesma semana? Já estava esperando Sueli Pedrosa a qualquer instante.

— Sim, Lara, sou eu. Vai querer alguma coisa ou eu vou ter que te enxotar? Estou trabalhando, não está vendo? - respondi já irritada.

— Agora quero muito conversar com uma das minhas amigas mais antigas. Faz tempo que não nos vemos, querida. - Lara dissimulou e sorriu como se tivesse uma câmera nos filmando.

— Isso porque somos amigas. - debochei, mas ela não se abalou.

— Podíamos fazer uma sequência de “depois da fama” pro Luxury em que você mostra que largou as passarelas para encher as unhas de terra enquanto sua melhor amiga de todos os tempos vai ficar noiva do herdeiro da maior agência de publicidade do país… Que tal? - ela sugeriu sacando o próprio celular como se já quisesse a gravação.

— Quer que eu te lembre sobre sua gravidez, querida? - Lara abriu a boca para se defender. - Manolo sugeriu a mesma coisa para mim pouco antes de você engravidar, então eu sei muito bem como aconteceu.  - avisei e ela se calou. - Não abrirei minha boca se você me deixar em paz. Me deixa fora dos holofotes, Lara, e eu mantenho seus segredos bem guardados.

— Você está me chantageando? - Lara perguntou impressionada.

— Estou me defendendo. Eu quero o anonimato e você vai garantir isso para mim. E se eu desconfiar que você passou a minha localização para a Sueli Pedrosa ou qualquer outro abutre da mídia, eu vou te mostrar o que é superexposição e, acredite em mim, não vai ser bonito. - respondi inclinando o corpo na direção dela com um sorriso vitorioso. Eu sabia jogar muito bem o jogo de Lara e ela sabia disso.  - Fica para você essa questão: Quer bater de frente com quem não tem nada a perder?

É claro que Lara não queria perder nada para ninguém, principalmente para mim. Ela foi embora furiosa, mas estávamos livres dela por um tempo. Até ela descobrir uma forma de minimizar o que eu sabia.

— Vamos, Giane! Você sabe que vamos pegar trânsito e a entrega é para o começo da noite! - Bento disse estressado.

— A culpa não é minha que a encomenda é trabalhosa e somos só três pessoas! Em vez de ficar estressado, vem ajudar para terminarmos mais rápido! - retruquei batendo as mãos sujas nas pernas do meu jeans.

Se eu soubesse quem era a cliente nem teria ido na entrega com Bento.

 

— Não, eu não vou, Malu! - bati o pé, enquanto ela revirava minhas roupas para encontrar alguma coisa certa para a ocasião. - Eu não sou o maior fã do Mauricinho e nem quero passar a noite celebrando o futuro casamento dele com a it-filha.

— Se você não for, vai ser pior. Fabinho, você quer a minha adorada mãe dando declarações para a mídia como o filho do ex-marido que ela criou com tanto amor não suporta ver o grande amor dele ficando noiva de outro?  - Malu imitou Bárbara e eu fiquei com medo por um instante.

Eu odiava quando Malu tinha razão e eu não. Principalmente quando era para me forçar a alguma coisa. No caso, eu realmente sabia que a Bárbara me usaria para aparecer na mídia, ela sempre queria me usar porque ela dizer que ela me recebeu como um filho quando eu era só um bastardo do marido dela foi seu maior trunfo até ela começar a adotar crianças e se casar compulsivamente.

Depois ela me expulsou da casa da Malu quando descobriu que eu era tanto herdeiro de Plínio quanto a Malu, mas ela nunca admitiria isso para ninguém que pudesse publicar a história.

— Tudo bem, eu vou. Mas se pedirem para eu ficar sorrindo feliz vai ser demais. - me resignei sabendo que seria pior eu não ir. Só de pensar em ter que participar daquele circo dava vontade de correr até o aeroporto e sumir por mais alguns meses.

— E nós lá somos úteis para Amora ou Bárbara? Só quero evitar fofoca sobre o porquê dos irmãos Campana que não irem ao noivado da irmã adotiva. - Malu disse desistindo de arrumar alguma coisa para eu vestir na festa e se jogando na minha cama.

— Viver para evitar nosso nome nas fofocas sobre Bárbara Ellen é uma baita forma de viver. Recomendo para todo mundo. Melhor vida não há. - disse e Malu riu porque não tinha mais nada para se fazer.

Estávamos presos à Bárbara de um jeito ou outro. 

 

— Vamos, Bento. Quero voltar para casa logo! Hoje tem jogo, poxa! - apressei Bento que riu, enquanto carregávamos caixas.

— Não era você que não estava com pressa? - ele perguntou.

Resmunguei alguma obscenidade que fez Bento rir mais ainda e bagunçar meu cabelo. A verdade é que alguma coisa me instigava a sair dali o mais rápido possível. Desci o zíper de minha blusa pois o esforço estava me esquentando.

Alguma coisa ali estava errada e eu precisava tirar o Bento dali antes que alguma coisa tenebrosa acontecesse, ir embora e esquecer aquele lugar, mas Bento tinha decidido que tínhamos que ajudar a equipe de organização do evento com as plantas.

— Ei, garoto, tem como você… - uma voz conhecida disse às minhas costas. Eu me virei e dei de cara com um rosto conhecido. - Não acredito! Giane?

Maurício Vasquez me encarava como se eu fosse uma alucinação para logo abrir um sorriso simpático, estendendo a mão para que eu a apertasse.

— Oi, Maurício. - disse apertando sua mão e ele abriu mais ainda o sorriso. - Sinto em informar que sou eu e que não sou um garoto.

— Claramente. - ele ainda não tinha soltado a minha mão.

Antes que eu pudesse responder qualquer coisa, Amora saiu de dentro de casa e travou ao ver quem estava entregando flores para o que parecia ser a festa dela.

— Bento? - ela perguntou assustada, Bento segurava um arranjo e eu admito que foi bem simbólico para os dois, ela o encontrar com um sorriso feliz em meio às flores. Por mais que eu ache que ela não merecesse aquele sorriso.

Bento abriu a boca para dizer alguma coisa para Amora, quando ouvimos barulho de moto se aproximando e dela desceu uma moça e um rapaz de capacete. A moça tirou o dela primeiro e abriu um sorriso lindo para Bento que diminuiu ao ver que Maurício segurava a minha mão.

Foi uma encarada esquisita para alguém que tinha acabado de chegar com o namorado, mas tratei de soltar a mão de Maurício. Eu já não entendia mais nada ali e só queria sumir da vista de todo mundo porque eu sabia que não tinha nada a ver com aquilo.

— Bento, tudo bem? - a moça da moto disse indo até ele e voltando a sorrir.

— Malu, que surpresa te encontrar aqui. - Bento disse abrindo um sorriso para a moça que eu agora sabia que se chamava Malu. Era estranho porque eu tive a impressão que não era uma surpresa para Malu encontrar o Bento ali.

— Eu moro aqui. - ela explicou. - Fiquei tão encantada com sua loja lá na Casa Verde que recomendei para a Verônica, a mãe do Maurício e dona da Para Sempre.

Eu podia claramente ver que tinha uma coisa a mais nos motivos da tal Malu pela forma que seus olhos pareciam conter um sorriso, mas a movimentação do homem ao lado da moto atraiu a minha atenção.

Ele tinha tirado o capacete e encarava Maurício e eu como se quisesse entender. Quando eu o encarei de volta, gelei.

Tanto lugar no mundo para reencontrar David Bailey – afinal, ele não tinha me dado nenhum nome e eu não desejava chamá-lo em minha cabeça de Desconhecido do Banco da Praça – e eu encontro numa festa da Amora em São Paulo. Era demais para minha cabeça.

Eu definitivamente precisava sair dali antes que a tensão, que era crescente, explodisse ou David Bailey me reconhecesse… Porque parecia que não importava o que eu tivesse feito com a minha aparência todos conseguiam me reconhecer.

— Vamos, Bento. Já entregamos tudo o que tínhamos para entregar e amanhã a Verônica acerta conosco que a festa já está para começar e temos que ir para casa. - disse me aproximando de Bento que olhava de Malu para Amora que pareciam estar próximas de sair nos tapas.

Gente rica também faz barraco, quero que saibam. A única diferença é que eles podem quebrar a casa inteira que no outro dia está tudo arrumadinho de novo.

Como se despertasse de um transe, Bento assentiu que era melhor irmos; porém, assim que ele disse isso, Verônica apareceu com nosso cheque de pagamento e, ao saber que tanto Bento quanto eu éramos amigos de infância de Amora, nos convidou para a festa e Bento, sempre inocente quanto a maldade do mundo, aceitou.

Eu já estava pronta para ir para casa sozinha de metrô se fosse preciso para sair dali quando Amora deu um tiro no próprio pé:

— Adoraria ter vocês na festa, mas vocês estão com roupas de trabalho e não vão se sentir confortáveis ao redor de todo mundo arrumado.

E, como eu não resisto quando tenho a oportunidade de incomodar Amorinha Campana, decidi ficar.

— Ah, mas nós podemos voltar e nos arrumarmos para voltarmos que tal? - sugeri e Bento me olhou confuso. Ele achava que eu não tinha mais nenhuma roupa do meu passado não tão distante.

Só sei que já devia ter percebido que não era uma ideia muito boa ficar fazendo coisas impulsivas para irritar a Amora.

 

A primeira coisa que noto ao descermos da moto é o Mauricinho de mãos dadas com um moleque, volto a reparar no moleque porque Malu pareceu abalada ao notar esse fato… Era uma garota e ela, que ainda não tinha soltado a mão de Maurício, a solta rapidamente ao perceber o olhar de Malu.

Então reparo em Amora com cara de quem quer esfolar o rosto de Malu no asfalto e ela não podia estar mais bonita, mas a garota ao lado de Maurício atrai novamente meu olhar… Como se eu a conhecesse.

Tento vincular a imagem dela a alguma das estagiárias de Nathan na Class Mídia mas não faz sentido. Ela não parece ser publicitária. Também não parece estar feliz em estar na casa de Amora Campana, então eu descarto uma daquelas garotas sem vida que seguem a Amora em tudo que ela faz.

A garota me encara e parece me reconhecer. Continuo olhando para Maurício buscando uma pista quando ela decide se livrar da situação fugindo dela e propondo ao tal Bento que Malu tanto falava que fossem embora.

Então reconheci minha Jean Shrimpton e ela estava completamente diferente da modelo exuberante que eu tinha visto naquele parque. Quase impossível de associar todo aquele longo cabelo loiro e maquiagem pesada a uma menina vestida de moleque.

Quis rir. Talvez essa fosse a real Jean Shrimpton e dessa vez ela teria que me dizer seu nome, mesmo que ela estivesse pronta para desaparecer numa nuvem de fumaça.

Verônica, sempre elegante, convida os dois para ficar e, apesar da clara expressão de quem não queria estar ali, Jean aceita. Sorrindo para Amora ao aceitar e logo parte com o sócio dela prometendo voltar para a festa.

Eu precisava dar um jeito de conversar com ela e sabia que ela voltaria. Ela queria incomodar a Amora e sabia que a permanência dela na festa faria isso. Gostei mais ainda de Jean ao saber que ela não tinha medo da it-filha. 

Fui até Malu, pegando o capacete dela e colocando na moto, eu teria que tirá-la dali mais tarde, mas só faria quando a mamãe Bárbara desse escândalo exigindo.

— Malu, explica. - exigi e ela riu, me puxando para dentro de casa em direção ao quarto dela. A festa começava a ter convidados e eu notei que a van da loja de Jean e Bento saía da casa.

— Amigos da Amora da Casa Verde. Eu indiquei a loja do Bento para a Verônica. - ela disse, olhando para o jardim. - Eles têm muito talento com flores. Olha como ficou linda a festa.

— Tirando o fato que a Amora é alérgica a pólen e… Você disse amigos da Amora? - eu olhei para Malu abrindo um sorriso enquanto ela corava. - Quem é você e o que fez com a minha irmã bondosa?

— Está aqui! Não fiz nada para prejudicar a festa.  - ela se defendeu. Isso era verdade. Bem, mais ou menos verdade pois o Mauricinho estava bem interessado na Jean, mas não diria isso à Malu. Poderia magoá-la perder até para uma desconhecida com roupas de moleque.

Mesmo que eu tivesse quase certeza de que era minha Jean.

— Malu, me diz onde é que você me arrumou uma florista que é a cara daquela modelo que a Amora odeia? - Dorothy entrou no quarto rindo.

— O quê?

— A Amora estava encarando a garota como se ela fosse roubar todos os holofotes para ela.  - Kevin complementou. - A it-filha está prestes a gastar mais do que uma pequena fortuna no shopping.

— Que modelo, gente? - Malu encarou todos e eu senti como se um peso saísse dos meus ombros. Mais uma confirmação de que a florista era a minha Jean. Precisava falar com ela, mesmo que não entendesse o porquê da necessidade.

— Ela só pensou em matar a it-filha com reação alérgica. Nem reparou na aparência da florista, mas pergunta da aparência do florista para você ver. - eu disse e Malu me olhou brava.

— Você só inventa histórias, Fabinho! Não é assim… - Malu foi interrompida por Bárbara aos gritos para que eu tirasse a monstruosidade daquela moto do local de festa.

Desci lentamente até o jardim, passando por uma Amora com cara de nenhum amigo por conta das flores. Bárbara tentava convencê-la a tomar um remédio, ao que parecia. Abri um sorriso debochado.

— Você está adorando isso, não é? – Bárbara disparou ao me ver. – Não consegue deixar ninguém feliz desde que nasceu!

— Bárbara, querida, você conseguiu pensão dupla graças a mim e me trata tão mal. Machuca meu coração, mamãe do coração. – debochei e ela bufou furiosa. – Melhoras, maninha. Só toma cuidado com o noivo que pode fugir com a florista.

— Você ia adorar isso, não é? Esperando assim que eu fique com você. – Amora se defendeu ácida. – Olha só, nem metade da fortuna de Plínio Campana me faz querer alguma coisa com você. Triste, não?

— Não é? – pus as mãos na cintura, mesmo me sentido machucado por ela. Nunca veja nem a Amora nem a Bárbara perceberem os danos de seus ataques. Essa é a primeira regra na vida da família Campana. - Eu podia ficar com você e te ver comprar casas cada vez maiores para caber todos os seus sapatos ou eu podia ir atrás daquela florista que seu noivo estava tão interessado. Qual o nome dela, mesmo, Amorinha?

Saí dali rindo enquanto ela falava alguma coisa sobre eu correr atrás da favelada. Tirei a minha moto do gramado rindo e pensando que eu iria atrás de Jean. Principalmente agora que percebi que ela se tornou modelo para irritar minha adorada it-irmã.

 

Ela voltou em pouco tempo para quem morava na Casa Verde. Foi engraçado perceber que o efeito dela em mim era muito similar em roupas de moleque, roupas conceito e o vestido preto que usava. Ela brilhava sem precisar de muitos adereços e sorria com lábios vermelhos que me lembraram da garota na Espanha.

Depois de horas tentando separá-la do sócio, consegui parar na frente de Jean que me olhou assustada e depois tentou desviar de mim, mas segurei seu pulso para que me olhasse.

— Eu te disse que se nos encontrássemos de novo você teria que me dizer seu nome. - disse e ela me encarou, mordendo o lábio inferior. Fui atraído para seus lábios na hora.  

— Meu nome não é tão difícil de descobrir assim, principalmente considerando que sua namorada é irmã da Amora. - ela me respondeu e eu tomei um choque ao ouvir que Malu e eu éramos um casal na cabeça dela, soltando seu pulso.

— A Malu não é minha namorada, é minha irmã. - esclareci. - Só não entendi o porquê de envolver minha potencial namorada nessa conversa… - ela abriu a boca para retrucar. - Só me diz seu nome. Não vou te perseguir, prometo.

— Não sabia que você conhecia a Giane, Fabinho. - Maurício disse quebrando todo o encanto do momento. Giane... combinava com ela e eu quase ri ao notar a semelhança no som do nome que a chamava.

— Nos conhecemos na Espanha. - disse simplesmente e ela começou a olhar ao redor como se buscasse uma fuga.

— Surpreendente você conhecer uma modelo famosa nas suas viagens. Pensei que seu objetivo era viajar sem o dinheiro do seu pai. - ele continuou implicando comigo. Maurício e eu tínhamos um relacionamento complicado por causa da Amora e da Malu… e, bom, porque não éramos muito amistosos um com o outro.

— Nos conhecemos em um parque, se é que você precisa saber. - Giane me defendeu e sorriu para nós dois. - Bom reencontrar vocês, mas eu tenho que encontrar meu sócio e ir embora para casa. Trabalho cedo amanhã… - ela mordeu os lábios como se tentasse segurar um pensamento. - ao contrário de vocês dois. Parabéns pelo noivado, Maurício. Foi um prazer, Fabinho.

Ela saiu com pressa dali e logo reparei na mídia que tinha se aproximado querendo uma fotografia do noivo com um dos irmãos da noiva.

Ignorei e fui atrás dela. Não ia deixar ela ir embora depois de tão pouco tempo. Ela ia na direção do sócio que conversava com Verônica do outro lado da pista de dança montada. Já tinha muita gente importante em São Paulo dançando ali. Todas aquelas patricinhas que viviam ao redor de Amora.  Toda aquela gente que eu não tinha paciência para fingir que gostava, mas que me aturavam porque eu era filho de quem era.

Giane estava pronta para interromper a conversa de Bento e Verônica quando segurei seu cotovelo e a puxei para mim levemente.

— O que é? – perguntou impaciente.  – Você não disse que não ia me perseguir? Já sabe meu nome, agora me deixa em paz, cara!

— Você não me disse seu nome. O Maurício disse. Então eu acho que mereço uma compensação pelo momento arruinado. – respondi com um sorriso animado. Ela me olhou confusa e olhou para os lados, vendo câmeras vindo na direção de Verônica. Tive uma ideia. – Uma dança, que tal?

Ela olhou para a pista e me arrastou até o meio. Reclamando como se sempre fosse perseguida por homens que quisessem dançar com ela.

            Se ela me dissesse isso, eu muito provavelmente acreditaria.

— Me explica uma coisa? – disse em seu ouvido pois o barulho estava um pouco alto e eu estava querendo me aproveitar disso. Ela me olhou como se me incentivasse a perguntar. – Como uma garota que estava trabalhando de modelo na Europa há alguns meses trabalha de florista na Casa Verde agora?

— Você é um Campana e, pelo que me lembro, estava trabalhando de garçom. – Giane respondeu dando de ombros.

Ela me encarou abrindo lentamente um sorriso e, de perto, era ainda mais tentadora. Sorri de volta enquanto ela olhava ao redor vendo que Bento e Verônica estavam sem jornalistas por perto. Ela foi se afastando de mim, então se virou e disse:

— Obrigada.

Nunca tinham me agradecido por uma dança.

 

— Bento, podemos ir para casa? - me vi pedindo como uma garotinha. Nunca pensei que eu fosse ter que quase implorar para Bento.

Ele finalmente reparou a quantidade de repórteres se juntando ali e decidiu que estava na hora de irmos para casa. Reparei quando ele olhou para Amora que estava dando entrevista e procurando Maurício com o olhar. Ele pareceu triste e eu fiquei triste por ele, mas eu já tinha problemas demais me alcançando para evitar os dele. Por exemplo, alguns flashes que foram disparados em minha direção.

Fui puxando ele até nossa van e partimos para casa, pegando trânsito para variar. Estava livre de vez, nenhum jornalista enxerido se meteu comigo. Não tive que dar declarações à imprensa. 

Percebi na manhã seguinte que talvez devesse ter dado declarações à imprensa quando a primeira página do maior site de fofoca do país levava uma foto minha dançando com Fabinho e o título: “GIANE DE SOUSA MUDA OS CABELOS E CONQUISTA HERDEIRO DE PLÍNIO CAMPANA”.

Talvez a pessoa mais incomodada com isso que eu fosse a Amora, porque mal falaram de seu noivado.


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Notas finais do capítulo

Tem alguém aí?

I bet that you look good on the dancefloor é uma música do Arctic Monkeys



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