Like a Rolling Stone escrita por MrsSong


Capítulo 5
Midnight Kiss




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/718296/chapter/5

Após o vídeo do beijo – que, admito, parecia bem apaixonado para ser só uma forma evitar que parássemos nas páginas policiais – fui deixada em relativa paz: não apareceram repórteres querendo exclusivas sobre meu relacionamento com Fábio Campana (“Ele é um fraldinha que me beijou à força segundos antes da Sueli Pedrosa aparecer!”), mas Douglas me mostrou várias contas em redes sociais criadas só para as pessoas shipparem Fabinho e eu para depois me dizer que Dougiane era melhor que Fabine e tirar uma selfie me beijando a bochecha.

Douglas sofreu as consequências, ele não devia ter me beijado e não devia ter me colocado em sua rede social... As minhas estavam cheias de mensagens de pessoas falando que adoravam meu namoro ou que eu combinava mais com “insira seu artista favorito aqui”. Então eu, que nem era tão ligada assim em rede social e que desde que voltei para São Paulo não tinha postado nada novo, ignorei a avalanche de comentários.

Algumas empresas tinham entrado em contato para que eu estrelasse campanhas para eles, mas eu dispensei todas. Ninguém via que eu estava curtindo minha aposentadoria desse mundo e vivendo como uma pessoa comum?

Mesmo que eu ainda tivesse muito da garota que eu fui e não era só a conta bancária ou o closet guardado... Eu ainda me sentia perdida durante a noite e acabava escrevendo frases sem sentido em cadernos largados pelo meu quarto. Às vezes, saía de casa sem ninguém ver para fotografar a vida noturna de São Paulo. Nunca ninguém me reconheceu às três da manhã com uma câmera na mão e vestida de moleque enquanto fotografava qualquer coisa que me interessasse e eu sei que sou sortuda porque nunca nada de ruim me ocorreu nesses passeios.

Admito que, apesar das bufadas e da reclamação de que eu queria só vender flores sem me preocupar com maquiagem, eu tinha lido algumas das teorias sobre quando e onde eu encontrei Fabinho pela primeira vez. A minha teoria favorita era a que dizia que estávamos secretamente casados e a festa da Amora era uma forma de celebrarmos nossa união sem que ninguém soubesse.

Enquanto eu passava meus dias vivendo para a floricultura: plantando mudas com Bento e mantendo a loja funcionando, Bento se envolvia com duas patricinhas do Jardim América: Malu eu até entendia (não gostava, mas entendia), ela era uma pessoa querendo mudar o mundo uma criança de cada vez e os ideais românticos de Bento fariam de Malu a mulher perfeita... se ela fosse Amora que, apesar de ter um noivo, vivia correndo atrás de Bento.

Eu acabava com muita coisa para fazer e, ainda assim, com muito tempo para pensar. E pensar é complicado quando se está à deriva. Quero dizer, ser anônima novamente era maravilhoso, não precisar me preocupar com quem eles queriam que eu fosse e sim em ser quem eu era me enchia de uma alegria real e eufórica, daquelas que parece que temos gargalhadas borbulhando no fundo da garganta, mas eu sentia falta da movimentação, das pessoas diferentes... E então saía no meio da noite para fotografar desconhecidos.

— Você devia vir comigo na Toca do Saci qualquer dia desses. – Bento sugeriu enquanto arrumávamos vasos de margaridas. – A Malu pergunta tanto de você.

— A garota deve achar que sou uma piranha safada que seduziu o irmão dela para sair na Sueli Pedrosa e bateu nele depois que conseguiu o que queria. – disse bufando, meu cabelo começava a cair nos olhos e incomodava.

— A Malu tem internet em casa e pode ver que você não precisa usar o irmão dela para sair na mídia. Sem contar que você se esqueceu quem é a mãe dela? – Sempre a voz da razão, Bento colocou uma margarida no meu cabelo suspirando.

— Fala logo o que foi que aconteceu. – mandei, enquanto Bento andava pela loja.

— Fico pensando na Amora, ela não se dá bem com os irmãos adotivos e...

— Ela não se dá bem com ninguém. Acredite em mim. – o interrompi. – E para de pensar na Amora, cara. Ela vai casar com o filho do maior publicitário desse país e você esteve no noivado e, pelo que eu me lembre, foi completamente ignorado por ela.

— Ela veio se explicar e pedir desculpas naquele dia que a Sueli Pedrosa invadiu a Acácia. – Bento me explicou. Eu soltei uma risada pelo nariz pela inocência de Bento. Em que mundo aquele homem vivia?

— Mas não deixa de estar de casamento marcado. – lembrei com um sorriso triste indo abraçá-lo por trás. – Ela te faz muito mal e eu te quero com alguém que te faz bem, cara.

Bento olhou nossos reflexos na vitrine da Acácia e bateu nossas têmporas de leve, antes de me soltar.

— Sabe o que me faz bem? A Toca. Sabe quem me faz bem? Você. Que tal ir comigo na Toca? – ele propôs novamente e eu não pude evitar o riso.

 

— Acordado a essa hora, Fabinho? Pensei que estava curtindo a noite paulistana? – Malu brincou quando me encontrou no escritório de nosso pai.

— Sou um homem casado agora, Malu, ficou sabendo não? – respondi sarcástico, enquanto continuava a fazer um retrato de Irene Fiori a partir de uma das fotos que eu tinha dela. Eu sempre tentava envelhecê-la para ver como estaria minha mãe.

Malu me encarou por alguns segundos e depois encarou meu desenho como se ele tivesse mais significado do que eu gostaria que tivesse. Ela tinha dessas, às vezes. Malu tinha um jeito de encarar as coisas que me assustava, ela via tudo e não contava nada para ninguém enquanto você não estivesse pronto para contar.

— Você desenha tão bem que eu fico me perguntando por que nunca fez faculdade de artes plásticas. – ela mudou de assunto. Ao longo dos anos, eu fiz inúmeros retratos de Malu, Luz, Kevin e Dorothy... e incontáveis de Amora.

Era engraçado pensar que eu gostava tanto dela e a odiasse na mesma intensidade. Por muito tempo, ela me destruía quando queria por puro capricho, porque eu deixava ela fazer o que quisesse. Eu acredito que ela só não tinha ficado comigo porque sabia que assim continuaria a me torturar.

Um dia eu acordei e decidi sumir pelo mundo. Eu me sentia tão sozinho naquele dia que achei que ninguém ia notar minha ausência. Eu mal me lembro de onde eu estava quando lembrei de Malu, que nesse ponto já estava morta de preocupação, e, longe da presença de Amora, eu não sofri e consegui pensar com clareza pela primeira vez em anos e, mesmo estando num lugar sem nenhum conhecido, não me senti sozinho no mundo.

Então vi todas as coisas que Malu dizia que Amora fazia de errado e que eu ignorava, mas continuei meu exílio porque eu me sentia muito mais seguro sabendo que estava a quilômetros de distância da it-filha.

— Porque seria muito fácil estudar arte sendo filho de cineasta. Eu deveria ter sido médico. Que tal? Doutor Fábio Campana. – respondi largando o lápis e sorrindo.

— Ah é? – Malu riu. – E qual seria a sua especialidade médica, posso perguntar?

— Psiquiatria, porque eu já tenho mais de 20 anos de experiência em gente louca. Sem contar que eu ia poder interditar a Bárbara! Malu, perdemos nossa chance de liberdade porque eu fui um fraco e não fui fazer medicina! – zombei e Malu balançou a cabeça.

— Uma pena que essa epifania tenha acontecido só agora, mas ainda há tempo. – nosso pai disse da porta do escritório.

— Veja só o que a convivência com a sua mãe faz com uma pessoa, Malu! Plínio Campana está me estimulando a fazer medicina só para poder interditar a ex-mulher. – debochei, enquanto meu pai e Malu balançaram a cabeça como se não acreditassem no que ouviam, mas sorriram como se concordassem. – Agora podem começar a conversar sobre o que quer que seja que vocês dois tanto falam nas minhas costas que eu ficarei aqui para poder comentar com a Emília mais tarde. – avisei ao perceber que Malu estava ali para falar com nosso pai.

— É sobre a Toca, Fabinho. Está interessado? – Malu perguntou me encarando.

— Talvez. – respondi começando outro desenho sem me importar com o que estava desenhando. – O que foi que aconteceu com a Toca?

— Nada ainda, mas pode. Eu não posso ampliar sem dinheiro e queria ver se conseguíamos mais investidores que só o papai.

— Mas para atrair investidores você precisa de gastar dinheiro. – nosso pai concluiu.

— Como sustentar a Toca por um ano: roube meia dúzia de sapatos da it-filha e venda. – sugeri, me distraindo logo em seguida. Estava ficando difícil desenhar aqueles olhos.

Poderia jurar que Malu estava planejando um bazar de caridade com nosso pai.

 

 Plínio entrou no escritório no meio da noite e seu filho não estava mais ali, sorriu ao ver o rosto de Irene desenhado pelo filho deles, então reparou no outro desenho que viu o filho fazendo durante a tarde que passou com Fabinho e Malu.

Um início de rosto de uma mulher que ele nunca tinha visto na vida. Fabinho tinha dedicado muito tempo para os olhos e lábios da mulher. Era um belo desenho e Plínio começou a procurar a fonte de inspiração pelo escritório não a encontrando.

Sorriu. Podia não saber se era quem achava que era, mas tinha certeza de que não era Amora e isso faria ele dormir mais tranquilo naquela noite.

Até perceber que o filho não estava em casa.

 

Insônia me fazia querer vagar por aí, então me vesti e saí andando pela noite como se fosse a atitude mais normal a se fazer. A noite chama às vezes. Me lembro que parei em um mercado e comprei duas garrafas da vodca mais cachorra que eu encontrei por ali. Era só um estímulo para eu voltar para casa, acho.

Ou me encher de uma bebida terrível para acalmar a mente em fúria. Para que tomar um porre de bebida cara se as mais baratas são as que dão o melhor porre? Caminhei e bebi pensando em tantas coisas que acabava dando mais um gole para ver se entorpecia os pensamentos.

Nas minhas andanças, acabei percebendo a van da Acácia parada perto da porta de uma balada cheia de gente alternativa. Do lado da van, percebi a movimentação de um pivete e quando ia segurar o moleque e ligar para a polícia, vi que era Giane e uma câmera fotográfica.

— Virou detetive, foi? – perguntei e ela bufou me empurrando e sentando na calçada.

— Virei. Não está vendo que estou seguindo um marido traidor? – ela respondeu sarcástica enquanto eu sentava ao seu lado e lhe oferecia da minha garrafa.

Por incrível que pareça, ela aceitou e sorriu.

— Ah é? Onde? – perguntei fingindo procurar esse marido.

— Segundo o Mexerico.com, você é meu marido e está pelas ruas com uma garrafa de uma vodca de botecão. – ela respondeu dando um gole na minha vodca cachorra sem engasgar. Mulher forte.

— Não sabia que lia fofocas sobre você. - disse e ela me encarou por alguns segundos como se eu fosse maluco.

— Eu não vivo debaixo de uma pedra, Fabinho. - ela me entregou a garrafa.

— Ainda. - completei, dando um gole e a encarando.

Giane era uma mistura de personalidades que eu estava começando a achar que eu nunca entenderia aquela mulher: eu via uma maloqueira com roupas de menino, mas ela podia ser deslumbrante quando queria. Além disso, ela parecia saber beber, o que não condizia com a imagem da florista inocente que eu tinha formado a respeito dela.

— Ainda. - ela concedeu com uma risada sem humor e voltou a olhar para a rua.

Tomei mais um gole para ter o que fazer naquele instante.

 

— O que os homens tanto veem na Amora, afinal? – ela perguntou bufando. Hoje, a fúria de seus olhos dominava a tristeza habitual e eu me perguntei se ela teria olhos tão expressivos assim para sentimentos bons. – Ela nem é tudo isso!

— Eu pensei que perguntassem isso sobre você. – evitei a resposta. Nunca soube o que me atraiu para a Amora nessa vida.

— Eu fui praticamente moldada para ser uma versão mais bem-comportada na Kate Moss. – ela riu pelo nariz e tomou um gole, me passando a garrafa. Tomei outro gole. – É claro que isso vende, tanto que fizeram mais meninas no estilo. As bad girls estão na moda, porque moda é principalmente atitude.

— Vende para meninas e meninos. – concluí. – Cigarros e sexo. – brinquei e ela me olhou antes de encolher os ombros.

— Odeio cigarro. Odiava ver meninas novas fumando para emagrecer. Odiava o cheiro de cigarro das semanas de moda. – Giane comentou, enquanto eu sentia uma vontade forte de abraçá-la.

— Mas você fumava, não? – perguntei lembrando da foto daquele álbum.

— Vou adivinhar: Você viu a capa de Overdrive do Parsonage e acreditou que eu era fumante? – ela perguntou rindo e percebeu que me constrangeu. – Vergonha de ter sido pego me stalkeando? Ou curtiu muito o que viu nas fotografias?

— Você sabe que era uma foto bem diferente de uma de catálogo de moda e foi bem difícil associar o pivete maloqueiro que eu conheço com aquele mulherão sensual que vendia ter acabado de ter sexo. – me defendi e reparei que ela não se importou com o que eu disse sobre ela.

— Porque você não viu a versão que não foi aceita: eu só de casaco e lingerie num dos corredores do Hotel Chelsea com a maquiagem borrada... Bem estilo da tal prostituta que inspirou Dark Eyes do Dylan, sabe? – ela comentou sem muito interesse. - Acharam meio informação demais para capa de primeiro álbum em um selo grande.

— Garota, você me surpreendeu agora. Nem pensou no seu pobre pai vendo uma coisa dessas, não? Ou nos garotinhos da idade do meu irmão! – zombei e ofereci minha garrafa para ela, que aceitou, tomando o último gole.

Peguei as duas garrafas vazias e joguei numa lixeira próxima. Naquela luz, Giane parecia bem menor do que se fazia passar normalmente. A noite tem dessas coisas, nos ilude se não ficarmos espertos.

— Ou nos garotinhos da sua idade que eu bem sei, Fabinho.– ela completou rindo. - Não dizem que vale tudo pela arte? – ela deu de ombros. – Qual é a diferença entre uma foto dessas e ser uma angel? Nenhuma.

— E sexo vende bem. – por um motivo era disso que eu queria falar. Giane não parecia incomodada com o assunto, talvez já estivesse meio alcoolizada ou não se importasse com a minha opinião. Era exatamente como no banco daquela praça.

— E como! - ela só revirou os olhos. - Meu maior orgulho foi que a foto saiu na capa como foi tirada. Eles não colocaram, nem tiraram nada. – ela me contou como em segredo.

— É de se orgulhar, mesmo. Bate até uma curiosidade para ver pessoalmente. – comentei, enquanto entrávamos na van, pois tinha começado a garoar.

— Cara, você está muito bêbado! – ela respondeu com voz de sono. Não acredito que estivéssemos bêbados, mas entendi a dica para não entrar naquele tipo de conversa.

— Se eu estou, você também está.

— Estou cansada, não bêbada. – seus olhos foram se fechando e ela foi caindo no sono.

Tranquei a van, marquei o local onde o veículo estava, coloquei Giane no primeiro táxi que passou e a levei para minha casa, pensando que algumas horas de sono poderiam fazer bem para Giane.

 

Acordei numa cama que não era a minha e olhei ao redor. Estava completamente vestida, inclusive de sapatos na cama, o que era uma coisa boa. Levantei e fui abrindo a porta, andando pelo corredor do que parecia ser um apartamento muito bem decorado.

— Já acordada? - Fabinho disse do sofá, desligando a televisão. - Pensei que dormiria até mais tarde.

— Tenho que voltar para casa. Meu pai deve estar preocupado. - lembrei e olhei as horas no meu celular. Bem antes do meu pai ir ver se eu já estava acordada, daria tempo de chegar em casa sem muitos dramas.

— Sabe onde deixou a van? - Fabinho me perguntou se levantando. Estávamos muito próximos.

Eu sabia onde tinha deixado a van, só não sabia onde estava e Fabinho se ofereceu para me levar até lá de moto. Eu preferi um táxi e ele aceitou porque ele também estava claramente exausto.

— Foi um prazer dividir garrafas de vodca ruim com você. - ele me disse quando eu ia saindo do táxi. Sorri um sorriso tímido que nem lembrava mais que possuía.

— Nunca pensei que fosse ver um fraldinha como você bebendo vodca de pé sujo sentado na calçada. - ele riu e eu dei um soquinho em seu braço. - Foi um prazer poder conversar com outro insone.

— Um insone tem que apoiar o outro. Já que não vamos dormir, melhor conversar com outros perdidos.

— Já vou. - eu me despedi e entrei na van, partindo logo em seguida. Vi Fabinho entrar de novo no táxi e voltou para o apartamento em que morava.

 

— A garota de hoje de madrugada vai voltar? - meu pai perguntou na mesa do café da manhã. Eu mal tinha dormido e eu percebi que meu pai sabia muito bem disso.

— Você sabe muito bem que não é nada disso que você está querendo dizer, não é? Ela adormeceu enquanto conversávamos e eu não ia largar a garota dormindo sozinha na rua. - expliquei e notei meu pai escondendo um sorriso por trás de sua caneca de café.

Tomei um gole de café preto e sem açúcar para ver se a minha cabeça parava de latejar. Não sabia se era uma forma de ressaca ou pelas noites mal dormidas. São Paulo tinha desses efeitos em mim.

— Uma garota bonita conversa com você noite adentro e acaba adormecendo ao seu lado, acordando nesse apartamento? Isso é novo nessa casa. - meu pai comentou com um sorrisinho esperto.

Eu ri e me levantei da mesa.

— Nem tanto, Plínio Campana. Só fui mais discreto das últimas vezes. - retruquei piscando um olho e meu pai soltou uma risada.

— Nem tanto, Fábio Campana. Os porteiros sempre avisam. - ele piscou um olho, enquanto eu me dirigia ao meu quarto rindo.

 

Eu amava Bento de maneira muito intensa, mas eu o odiava todas as manhãs. Era frustrante ver o raio de sol que era Bento enquanto eu só queria rosnar e morder quem me irritasse até um horário humanamente possível.

— Bom dia, pessoal… Giane, o que aconteceu com você? - ele perguntou assustado.

Não julgo, para cobrir as enormes olheiras que eu tinha naquela manhã, eu teria que adotar maquiagem pesada. E eu, com a cabeça doendo, só conseguia pensar que o mundo podia explodir antes que eu levantasse mais cedo para cobrir os efeitos da minha insônia e ressaca.

— Não dormi nada essa noite. - respondi irritada.

— Estranho que foi como se você nem estivesse lá. - meu pai comentou me encarando por alguns segundos. Ele obviamente tinha reparado no meu sumiço.

Tinha me esquecido como era morar com os pais. Acho que meu pai também se esqueceu que eu era uma mulher adulta que sabia se cuidar sozinha.

— Porque eu não quero te acordar por conta da minha insônia. - expliquei e era verdade. Eu odiaria acordar meu pai porque eu preciso extravasar meus pensamentos e ele está morando no mesmo lugar que eu.

Mas morar longe do meu pai estava fora de questão. Eu passei muito tempo sofrendo sem colo de papai para não querer o meu agora que tinha oportunidade.

— Acho melhor ir dormir se você não dorme à noite, Giane. O Wesley e eu tomamos conta da Acácia, porque você parece pregada. - Bento disse, me dando um beijo na testa e me empurrando na direção da minha casa antes que eu pudesse reclamar.

Caí num sono sem sonhos. O que foi maravilhoso.

 

— O Fabinho me deu uma ideia para arrecadarmos fundos para Toca! - Malu disse depois de dar um gole em seu suco.

— E o que seria? - Bento perguntou animado. Eles iam conseguir ampliar a Toca, ele tinha certeza.

— Bazar Beneficente! A gente junta gente com peças de grife de gente famosa e vende com renda totalmente revertida para a Toca, que tal? - Os olhos de Malu brilhavam com a ideia. - Meu pai está entrando em contato com atores e cantores amigos dele para cederem peças e…

— A Amora podia ajudar doando peças e chamando as amigas modelo, não é? - Bento sugeriu e Malu pareceu constrangida.

— Na verdade, eu queria ver se você me ajudava a convencer a Giane com as modelos e dando peças se ela tiver. - ela disse, abaixando o olhar.

— Eu acho que a Giane não tem quase nada daquele momento da vida. Ela nunca foi de se importar com essas coisas e não acho que na casa dela tenha espaço para um closet de modelo. - Bento deu um gole em seu suco. - Mas vou ver com ela.

 

— Como assim ela tem uma ficha criminal?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Caso alguém não saiba, o Hotel Chelsea é o hotel em que o Sid Vicious matou a namorada Nancy. Muita gente famosa já morou ali.

Midnight Kiss é o título de uma música de uma banda chamada Propellers



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Like a Rolling Stone" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.