I Will Survive escrita por Iphegenia


Capítulo 14
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Olha o note de quem ressuscitou o/

Boa tarde, queridinhos. O capítulo está grandinho para compensar a ausência.
Leiam as notas finais.
Boa leitura!



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Regina e Emma caminharam lado a lado rumo à biblioteca onde, o que a loira chamava de “força tarefa da missão”, já estava aguardando. Apenas uma rua as separavam do destino quando uma nuvem de fumaça cinza transformou-se em um homem bem diante delas. Aquele que acompanhava o rei Dionísio quando chegaram à cidade aproximou-se alguns passos com os olhos fixos em Regina. Emma passou um braço para frente da morena, protegendo-a, e buscou concentrar-se em sua magia, para um eventual combate.

Regina tocou o braço de Emma e gentilmente o afastou. Emma mirou Regina e encontrou seus olhos conectados ao do homem em uma conversa silenciosa da qual ela fora excluída. Apenas o que a loira conseguiu capturar foi o reconhecimento. Definitivamente Regina e o tal homem se conheciam, mas nada além disso ela conseguiu descobrir pelo tempo em que permaneceram se encarando. Em dado momento, o homem desceu os olhos pelo corpo da rainha e iniciou uma caminhada com seus sapatos barulhentos, até estar há apenas um palmo de distância de Regina.

— Majestade! - O homem esticou o braço tomando a mão de Regina sobre a sua e beijou seu dorso.

— Sylvanus. - Regina afastou a mão da boca do homem que ainda a tocava.

Emma soube, pelas faíscas que saltavam das íris de Regina, que aquilo significava mais do que nomes ou títulos. O homem desceu os olhos pelo corpo da rainha, novamente, mas dessa vez sob o olhar atento da loira, que enrijeceu a postura sentindo a irritação subir por sua espinha. Seja quem fosse aquele homem e qual o passado que tinha com Regina, Emma o desaprovou. E desaprovaria qualquer um que olhasse para a morena daquela forma, especialmente um aliado de alguém que lhe queria morta.

— Acho que deveríamos nos livrar de olhares curiosos para termos a conversa que tenho esperado por tantos anos.

— Eu não vou a lugar algum. - Emma deu um passo de lado, aproximando-se mais de Regina, e travou o maxilar.

O homem encarou Regina erguendo uma sobrancelha. A morena manteve-se impassível e eles travaram uma batalha de intimidações, até que ele friccionou os lábios e libertou um suspiro cansado.

— Como quiser, majestade. Mas creio que não seria prudente termos tal conversa aqui, aonde podemos facilmente ser vistos.

Regina demorou mais alguns segundos analisando-o até que afastou-se alguns passos e voltou o corpo caminhando para a direção contrária que seguiam. Emma grudou seus passos ao lado dos da rainha enquanto os olhos não abandonaram o homem. Sylvanus caminhou alguns passos atrás, indiferente à desconfiança de Emma, concentrado apenas da rainha. Caminharam por alguns minutos até que Regina girou nos calcanhares e ergueu os braços.

— Reservado o bastante para você?

Emma tirou os olhos do homem apenas tempo o suficiente para varrer o local. Estavam no porto onde os últimos raios de sol ainda podiam ser vistos. Quando voltou os olhos para o homem, ele a encarava pela primeira vez. Um arrepio subiu por seu corpo como se sua alma estivesse sendo tocada por mãos gélidas e agressivas. Por mais que estivesse tentando, era estranhamente difícil sustentar o seu olhar. Emma agarrou-se à manga de sua jaqueta vermelha, buscando nela alguma força que a fizesse vencer aquela estranha batalha que acontecia, mas, inevitavelmente, seus olhos correram para longe encontrando os de Regina, que lhe ofereceu um sorriso contido de lábios apertados, mas tranquilizador.

— Eu estava quase desistindo de encontrá-la quando soube dessa pequena viagem que o rei planejava fazer. - Sylvanus passou por elas e sentou-se no banco que proporcionava a imagem do mar calmo de Storybrooke.

— Não sabia que estava me procurando. - Regina girou o tronco para encará-lo. - E também não sabia que era do tipo que se tornaria o bichinho de estimação de alguém.

Um riso debochado arranhou pela garganta do homem enquanto levou as mãos ao bolso e tirou uma palha perfeitamente cortada com um pequeno pacote de fumo.

— Você é mais esperta do que isso, majestade.

Regina soltou o ar e o observou condensar ao entrar em contato com a brisa fria do início da noite. Os olhos de Emma saltavam de um para o outro, atenta a todas as palavras ditas. Ela observava a interação de ambos e, demorando-se um pouco mais em Regina, se perguntou quantas vidas aquela mulher já tinha vivido para estar atrelada a tantas histórias. Regina sentou-se ao lado do homem cruzando as pernas e os braços, enquanto ele preparava o cigarro em silêncio.

— O que te trouxe aqui?

— Eu preciso que me devolva aquilo.

Aquilo você perdeu em uma aposta.

Sylvanus prendeu o cigarro entre os lábios e tragou sem pressa.

— Vamos, majestade. Não tem serventia nenhuma para você, mas terá para mim.

Regina pegou o cigarro e o levou ao nariz, cheirando-o, e depois à boca.

— E o que me faria voltar atrás em uma aposta?

— A minha ajuda com essa guerra ridícula.

— Hum. - Regina sorriu com deboche e tragou mais uma vez. - Eu vou vencer com ou sem você.

Sylvanus recuperou o cigarro e levantou-se caminhando até a ponta do cais e observou as pequenas ondas do mar antes de virar-se novamente.

— Mas por que não vencer hoje? - Abandonou Regina para encarar a salvadora antes de continuar. - Por que não minimizar as mortes?

A expressão de Regina endureceu com o que o homem sugerira. A conversa com Henry reproduziu em sua mente como se estivesse acontecendo naquele momento.

— Cuide da mãe, por favor. Ela pensa que tem a obrigação salvar a vida dos outros, mesmo que isso custe a dela.

— Eu sei, querido. Eu não vou deixar que nada de ruim aconteça com ela. Eu prometo.

“Eu prometo”. Regina havia prometido para o filho que cuidaria de Emma, que não deixaria que nada de mal lhe acontecesse e se tinha alguém que poderia fazer com que ela falhasse, esse alguém era Sylvanus.

— Garanta que os meus fiquem bem e terá o que deseja.

— Não… - Antes que Emma pudesse completar sua primeira frase naquela conversa, o homem desapareceu exatamente como havia surgido, envolto à fumaça cinza. - Regina, o que aconteceu aqui? Quem é esse homem? O que ele quer?

— Se você fizer uma pergunta por vez estabelecendo prioridades, eu posso até responder.

Regina levantou-se e se pôs a caminhar novamente rumo à biblioteca. Emma a seguia com os olhos espantados. Aquela conversa a havia deixado preocupada. Seja lá quem fosse aquele homem, Emma sabia que era perigoso, poderoso e capaz de coisas impronunciáveis para conseguir o que queria. Era apenas algo que via em seu olhar. Aliás, ela não via nada além.

— Quem é ele?

— Alberico Sylvanus.

— E? - Emma tocou o braço de Regina fazendo-a parar e lhe dar atenção.

— Ele é um feiticeiro poderoso com habilidades especiais que envolvem a natureza, as florestas. - A expressão da loira permaneceu assustada, com os olhos arregalados ilustrando o medo do que aquilo poderia significar. - Tudo o que precisa fazer é que deve ficar longe dele.

— Se ele é perigoso assim por que fazer um acordo com ele?

— Swan… - Regina levou as duas mãos até os braços de Emma na tentativa de acalmá-la. - Ele não é uma pessoa ruim. Ele não veio aqui para machucar ninguém. Eu tenho algo que ele quer de volta e cumprirá com o acordo para receber. - Regina voltou a caminhar com a loira em seu encalço. - Se existe uma pessoa que leva seus acordos tão a sério quanto Rumple, é Sylvanus.

— E que coisa é essa que você tem?

— Uma bússola.

— Uma bússola? - Emma tocou novamente o braço de Regina obrigando-a a parar mais uma vez. A rainha revirou os olhos e suspirou frustrada.

— Uma bússola mágica.

— E o que ela faz?

— Indica em qual mundo está aquilo que você mais deseja. – Regina retirou a mão de Emma de seu braço e voltou a caminhar.

— E de que aposta é essas que vocês falaram?

— Essa bússola era dele até que eu a consegui em uma aposta que fizemos.

— O que vocês apostaram?

Dessa vez Regina parou sem que Emma se inclinasse. Seus olhos refletiam muitos sentimentos e o primeiro deles, a sheriff identificou com facilidade, era vergonha. Mas o fato de Regina realmente se envergonhar de algo era ainda mais preocupante do que se transmitissem raiva ou mágoa.

— Vidas.

***

O resto de café preto refletia o rosto de Regina enquanto ela o encarava por tempo o suficiente para que já estivesse frio. Após a reunião na biblioteca, onde estudaram e definiram quem lidaria com cada criatura mágica, Regina caminhou até o Granny’s Diner e por lá permanecia há mais de uma hora. O som do sino tocando cada vez que a porta era aberta já não a incomodava tanto quanto no momento em que sentou-se debruçada no balcão. Mais uma vez ele sinalizou a entrada de alguém e Regina ouviu os passos aproximarem-se e ocuparem o assento ao seu lado.

— Com tudo que aconteceu, eu não tive tempo de te agradecer.

Regina olhou de soslaio para David, que batia a ponta dos dedos no balcão em sinal claro de desconforto.

— Pelo quê?

— Por não entregá-la. A decisão era sua, afinal, você é a rainha.

Regina franziu o cenho com aquelas palavras. Ela era, de fato, a rainha, mas essa não era uma coisa que David admitia com facilidade. Regina o encarou por alguns segundos antes de voltar sua atenção para seu reflexo no café. Ela abraçou a xícara com seus dedos e a levou até a boca. Quando o líquido frio entrou em contato com sua língua, Regina fez uma careta e o depositou na mesa, arrastando-o para longe.

— Nós passamos por muitas coisas, foi um início complicado, mas agora estamos bem e devo admitir que faria tudo que está ao meu alcance para protegê-la.

David puxou a xícara que Regina abandonou e a levou até a boca, sorvendo o líquido despreocupado. Quando o gosto lhe abateu, entortou os lábios em uma careta semelhante à de Regina e a depositou novamente no balcão.

— Eu não saberia seguir a minha vida sem ela.

— Se te conforta, a minha não seria muito melhor também. - Regina girou no assento e tocou a mão de David no intuito de tranquilizá-lo como uma mania recém descoberta. - Não se preocupe, entregar a Swan nunca foi uma opção.

David levou alguns segundos para compreender o que estava sendo dito, mas quando finalmente o fez, suas sobrancelhas uniram-se em uma expressão ainda mais confusa.

— Eu falava de Snow White.

Regina interrompeu o toque de suas mãos e endireitou a postura enquanto repassava a conversa que acabara de ter. Era mesmo óbvio que David só pudesse falar de Snow, afinal, a recente proximidade dela com Emma e a felicidade de Henry a impediriam de fazer mal à loira mesmo que quisesse. Então, por que em momento algum ela pensou que pudesse ser qualquer pessoa além de Emma? Sem obter uma resposta, Regina maneou a cabeça encerrando seus pensamentos incertos e voltou a encarar o homem.

— Isso também não me passou pela cabeça.

Eles permaneceram ali compartilhando um silêncio que não era absolutamente desagradável. O sino da porta se fez novamente presente e Emma e Snow passaram por ela até estarem ao lado dos dois. Inevitavelmente Regina e Charming se olharam recordando a conversa anterior. Em outra ocasião ela seria capaz de notar a pequena curva que se formou nos lábios do príncipe, mas naquele momento ela apenas correu os olhos pelo ambiente até encontrar a garçonete e elevar um dedo solicitando uma nova xícara de café.

— Está tudo correndo como planejado. - Emma arrastou um banco e sentou-se ao lado de Regina. - Os anões estão extraindo pirlimpimpim extra.

— Pó de fada. - Snow corrigiu e trouxe o braço do marido para sua cintura, escorando-se nele.

— Foi o que eu disse.

Permaneceram em silêncio pelo tempo necessário para que todos já detivessem seus pedidos.

— Do que vocês estavam falando?

Regina olhou para Emma que fizera a pergunta e posteriormente para David. Suas bochechas ruborizaram quando os olhos do príncipe demoraram-se nela.

— Apenas jogando conversa fora. - David desviou os olhos da rainha e tombou a cabeça no peito da esposa. - Vamos nos sentar em uma das mesas?

Quando o casal afastou-se, deixando as duas mulheres sozinhas, Regina envolveu a xícara de seu segundo café e sorveu o líquido. Seu celular apitou anunciando uma nova mensagem, ela o alcançou no bolso e sorriu identificando o remetente. Quando abriu a mensagem, sua primeira reação foi reprovar a cena, mas no segundo seguinte o sorriso já havia brotado em seus lábios e crescia a medida que analisava a imagem.

— Ele está estragando meus filhos.

Regina virou o celular para Emma. Na tela era exibida uma foto de Henry e Júlia sentados em um tapete felpudo, a menina vestia uma grande fantasia do Batman enquanto Henry trajava uma do Darth Vader. Ambos seguravam grandes fatias de pizza e sorriam brilhantes.

— É a coisa mais adorável que eu já vi.

***

Quando aproximava-se do nascer do sol, todos aqueles que lutariam marcharam para a floresta. David os guiou e conferiu o posicionamento de cada um de acordo com a estratégia traçada por Regina inicialmente. Gordon coordenou os Cavaleiros Negros e Blue instruiu as fadas pela milésima vez naquela noite. Enquanto isso, Emma e Snow conferiam os arredores, certificando-se de que não haviam armadilhas.

— Onde está Regina? - Emma atirou uma pedra em um montante de galhos.

— Eu não sei. Mas ela estará aqui no horário combinado, não preocupe. Provavelmente está apenas se preparando. - Snow arrastou um galho por onde a terra parecia mexida.

— Ela precisa disso? - Emma escorou-se no tronco de uma das árvores. - Digo, ela já tem muito domínio sobre sua magia.

— Não sei, filha, eu apenas supus. - Snow andou até Emma e escorou-se ao seu lado. - Mas independente disso, acho que todos precisam se preparar para uma batalha dessa importância. Até mesmo uma pessoa poderosa como Regina.

— Está quase na hora, é melhor voltarmos. Não tem nenhuma armadilha por aqui.

A salvadora caminhou ao lado de seu mãe e quando estava aproximando-se do local, onde aqueles que lutariam ao seu lado já estavam posicionados, puderem ver os soldados inimigos chegando. Elas correram até o local indicado pela rainha, onde deveriam ficar, atrás dos Cavaleiros Negros e a frente dos civis, onde não seriam facilmente identificadas. Emma não concordou com aquilo em momento algum, mas Regina não estava interessada no que a salvadora pensava sobre isso; ela simplesmente tomou a decisão como autoridade máxima.

Quando os soldados invasores pararam diante do exército que defendia Storybrooke, abriram passagem para o rei Dionísio. O monarca estava exatamente igual, com mesmos trajes, o manto ainda lhe cobrindo as costas e a coroa sobre sua cabeça. Quando ele finalmente parou, correu os olhos por todos que estavam ali e abriu a boca exibindo os dentes em um gesto que Emma tinha certeza que em canto algum do planeta poderia ser considerado um sorriso, por mais que fosse a tentativa de um, mesmo que debochado. O rei permaneceu em silêncio até que o sol finalmente pode ser visto.

— Espero que a rainha de vocês não tenha o costume de se atrasar ou serei obrigado a tomar a força o que ela poderia simplesmente me entregar. - O homem falou tocando o cabo de sua espada.

— Eu não te deixaria esperando.

Assim como os outros tinham feito, o exército formado por civis e Cavaleiros Negros se afastaram para que Regina pudesse chegar até o rei. Quando Emma conseguiu encontrar a mulher entre tantas pessoas, seu queixo imediatamente caiu, ainda mais do que na primeira vez que ela surgiu assim, duas noites atrás. A rainha usava um conjunto de calça e corpete de couro pretos, botas de saltos, um manto também preto em suas costas e no topo de sua cabeça ela sustentava uma coroa prateada, exatamente igual à que Emma viu no livro de histórias tantas vezes. Aquela a sua frente era, definitivamente, uma versão da Evil Queen.

— E então, onde está a princesa e a filha?

— Snow e a pirralha dela… - Regina caminhou de um lado para o outro enquanto seus olhos corriam pelo ambiente. Ela tentava distrair o rei enquanto analisava o posicionamento dos soldados e as possibilidades de defesa e ataque. - Eu pensei bastante sobre o assunto e não acho que vale a pena.

— Perdão? - O rei uniu as sobrancelhas genuinamente confuso, mas, ainda assim, com um deboche intragável.

— Se é Snow e sua filha que você quer, então terá que tomá-las de mim.

Regina, subitamente, deu as costas ao homem e caminhou até uma grande pedra localizada ao lado direito de seu exército. Com facilidade, sustentou-se sobre ela e usou sua magia para retirar a espada da bainha de um dos Cavaleiros Negros. Erguendo a espada pesada diante de si, gritou firme:

— Atacar!

Emma precisou de um fôlego novo para seguir os comandos de Regina. A salvadora empunhou a espada que havia ganhado do pai, embora não pretendia, de fato, usá-la. Seus olhos correram o ambiente confuso pela batalha até encontrar a mulher que chegou acompanhando o rei, ao lado de Sylvanus. Desviando-se do combate, Emma aproximou-se. Quando estava passos de distância, pode ver alguns civis, claramente, em desvantagem contra alguns soldados inimigos. Emma olhou novamente para aquela lhe foi indicada por Regina e voltou seus olhos para os civis. Sabia que Regina a recriminaria por ir contra o plano, mas ela simplesmente não conseguiria deixar aqueles homens para morrer. Quando seus calcanhares giraram para ir até eles, viu o chão próximo estremecer, raízes surgirem e laçarem os rivais. O olhar de Emma correu pelo ambiente buscando uma explicação e pode ver Sylvanus se divertindo com o que fazia. “Ao menos ele está cumprindo com o combinado”.

Quando chegou até a mulher, e antes que pudesse ser notada, invocou sua magia e atirou contra ela. Travaram uma batalha acirrada entre magia negra e a magia da salvadora. Emma sentiu o corpo enfraquecer rápido demais e se viu perdendo aquele embate, mas quando lembrou-se dos olhos de Regina sobre ela quando lhe confiou aquela oponente, a resistência cresceu em seu âmago. Regina confiara nela para derrotar aquela mulher, seja ela quem fosse, e desapontar a rainha não era uma opção.

Ainda do alto da pedra, de onde usava sua magia para afastar os invasores, Regina conseguiu uma boa visão de Emma em seu embate. Naquele momento Regina não saberia dizer se deveria agradecer por isso ou fingir que não sabia o que estava acontecendo. Por um lado ela conseguiria vigiar a salvadora e ir ao seu socorro caso fosse preciso. Por outro, ela sentia-se aflita a cada expressão dolorida que Swan fazia. Mas ela não poderia estar em dois lugares ao mesmo tempo, seu foco era outro, era o rei, e Emma precisava lutar e vencer sozinha dessa vez. Mas Regina confiava nela. Podia ser menos experiente que a adversária, mas era imensuravelmente mais poderosa, pelo que a rainha pode observar, desde que a loira conseguisse acessar toda sua magia.

Mais alguns minuto se passaram até que Regina encontrou o rei absolutamente disponível para uma nova combatente. De onde estava, chegaria a ele facilmente e o teria feito se não tivesse olhado para Emma. A loira mostrava sinais claros de cansaço, sua magia enfraquecendo rapidamente enquanto a de sua rival crescia. Entre o rei e ajudar Swan, Regina não precisou pensar muito para escolher. Esgueirou-se o mais rápido possível até aquela que prometeu proteger e foi notada imediatamente. Emma olhou para ela desculpando-se com os olhos, visivelmente frustrada. Regina lançou uma bola de fogo na mulher morena e correu para junto de Emma, posicionando atrás dela.

— Magia é emoção, Swan. – Regina envolveu Emma dentro de seus braços, unindo suas mãos e as direcionando para a combatente que ainda se recuperava do ataque da rainha. – Pense em coisas boas. Pense naquilo que ama. Confie!

Dessa vez a magia fluiu de Emma com facilidade, unida à de Regina. A confiança de Emma cresceu e sua magia intensificou-se. Regina separou suas mãos e afastou-se após sussurrar um “bom trabalho” no ouvido da salvadora. Agora, Regina sabia, que aquela guerra estava próxima do fim. Com Emma tendo acesso à toda sua magia, ela derrotaria a mulher com facilidade e tantos quantos desejasse, e Regina estava apenas alguns metros de distância de declarar vitória.

— Ora, eu pensei que a parte divertida nunca chegaria. – O rei virou-se para Regina com sua espada em mãos, razoavelmente manchada de sangue. A morena olhou em volta procurando a quem aquele sangue pertencia, mas não havia nenhum corpo ali.

— Já conseguiu se machucar sozinho? – Regina endireitou a postura e seu tom automaticamente encontrou o deboche tão característico da Evil Queen. – Isso é o que acontece quando o pai não está presente na criação de um filho.

O rosto do monarca contorceu-se e imediatamente apontou a espada para a rainha.

— Ouvi muito sobre vossa majestade e sua caçada à Snow White. Me diga o que eu perdi nessa história para agora ela ser uma de suas protegidas.

— Snow White é minha inimiga e se for para ela sofrer ou morrer nas mãos de alguém, será nas minhas e não nas de um rei com complexo de mártir.

— Hum... – O rei endureceu o braço que segurava a espada e afastou as pernas em um gesto que Regina imediatamente reconheceu como o que antecederia seu ataque. – Lembro-me de que vossa majestade não era uma grande fã de seu marido. – Passou os dedos da mão livre na garganta simulando um corte. – Não seria, então, mais fácil me entregar a princesa e deixar que eu finalize o trabalho?

— Como eu já disse, majestade, meus inimigos são apenas meus. Não os divido.

Regina conjurou uma espada e posicionou-se para o embate. Cada uma de lado do campo de batalha, Regina e Emma lutavam contra seus rivais, pelas suas vidas e daqueles que eram importantes. Uma lutando no ambiente da outra. Emma com magia, especialidade de Regina; e Regina com espadas, algo com qual Emma tinha mais familiaridade. Mas ela era uma rainha afinal de contas, ela sabia como lutar, sabia como empunhar uma espada e atravessar o corpo asqueroso de um inimigo. E Swan era a salvadora antes mesmo de nascer, sua magia existia muito antes dela e, quando a reconheceu como um hospedeiro em potencial, se tornou uma das feiticeiras mais poderosas, embora inexperiente.

Emma não precisou de muito mais tempo para derrotar a mulher. Não a matou nem pretendia, mas aquilo a manteria inconsciente por tempo suficiente para que alguém vencesse e a guerra chegasse ao fim, e, Emma pediu aos céus, para que fossem eles. Quando recuperou parcialmente sua energia, Swan passou a ajudar os civis a enfrentarem os soldados.

As espadas de Regina e rei Dionísio se chocavam e o som ecoava pela floresta misturando-se aos outros em um cenário inimaginável. Ele era forte, mais do que Regina julgou pelos músculos que ele possuía, mas ela era ágil, habilidosa e com muitos anos de prática. Não tanto quanto em magia, mas Regina conhecia as regras de uma luta justa entre governantes onde a arma deve ser a mesma. Em um relance, a rainha conseguiu visualizar Swan lutando ao lado dos civis, isso a tranquilizou e sua respiração quase voltou ao normal, não fosse pelo cansaço da luta. Tudo que ela precisava fazer agora era derrotar o rei e tudo estaria acabado. Porém, seus pensamentos a distraíram e o homem aproveitou-se disso para atingi-la. Agora, com um arranhão fundo na perna, Regina perdeu ritmo e o rei avançou. Regina viu a espada de seu oponente cortar o ar algumas vezes, até chocar-se com a sua. A iminência de morte, porque esse seria o único fim que aquela guerra poderia ter, a assustava mais do que jamais imaginou. Não era a primeira vez em que se encontrava nessa posição, mas era a primeira vez, no entanto, que tinha Henry e Júlia no meio de tudo isso. Tanto quanto o rei, Regina tinha algo pelo qual lutar, mas isso também significava ter algo que ele nunca conheceu, o amor, mesmo que ela não soubesse disso. E foi o amor pelos filhos que fez Regina se reerguer quando já se encontrava ajoelhada com a espada do homem pressionada contra a sua, e, em um único movimento, Regina girou e ficou a espada no tórax do rei. Ele sustentou-se nos joelhos diante dela, com a mão circundando a espada ainda atravessada em seu corpo, e caiu em seus pés.

— Meu marido matou o pai, eu derrotei o filho. Não éramos um casal tão diferente, no fim das contas.

Regina cuspiu as palavras enquanto firmava o pé sobre a cintura do homem para retirar a espada e ele sentiu o coração bater pela última vez. Magicamente, a rainha retornou para a grande pedra onde ordenou o primeiro ataque, levando o corpo do monarca com ela, e tomou a coroa do homem em suas mãos. Quando, finalmente, todos puderam vê-la, ela chutou o rei para fora da pedra e ergueu o rosto, olhando para cada um dos inimigos com superioridade.

— Acabou! Eu derrotei o seu rei e exijo que deixem a minha cidade assim como exijo que se mantenham distantes das minhas terras na Floresta Encantada. Acatarem a isso é a única chance de saírem vivos daqui.

Após o choque inicial, alguns soldados avançaram contra Regina, mas foram imediatamente presos contra o chão por Sylvanus. O feiticeiro subiu na pedra onde Regina se encontrava e a analisou durante segundos antes de tomar a palavra.

— Não temos aqui um herdeiro óbvio do rei Dionísio e nem tenho a intenção de sê-lo, mas ouso representá-lo nesse momento. – O homem olhou com indiferença para os soldados. Não havia empatia ou compaixão. Regina sabia que a única coisa que lhe interessava ali era colocar fim à luta para que recuperasse a bússola. Essa obstinação era uma das coisas que Regina admirava nele quando se conheceram, anos atrás, e foi através disso que nasceu a amizade que compartilharam. Mas, nesse momento, tudo que ela podia pensar era em como alguém pode ser tão frio diante da morte, sem perceber que essa era uma pergunta que cabia perfeitamente a ela não muitos anos atrás. – Tivemos uma luta justa da qual Evil Queen saiu vencedora. Sejamos, então, tão nobres quanto o rei e apenas acatemos a sua vontade. Tenho certeza de que o rei gostaria que saíssemos vivos daqui.

O silêncio durou alguns minutos até que uma das mulheres com asas, que, segundo Blue, eram fadas, mesmo que aparentemente muito diferentes e com poderes mais escuros do que os delas, usou uma varinha de um modelo que Regina nunca viu antes, para começar a abrir um portal. Atrás dela uma criatura da mesma espécie, carregando uma terceira no colo, apanhou uma varinha idêntica e passou a ajudar no processo que acontecia lentamente.

— Meus homens ficarão aqui certificando-se de que saiam todos. – Regina lançou um olhar para Gordon, que assentiu com a cabeça imediatamente. – Quero todos fora da minha cidade até o anoitecer. – Regina aproximou-se ainda mais de Sylvanus, como alguém que não tinha conhecimento sobre espaço pessoal, e sussurrou contra seu ouvido. – Se quiser ver aquela bússola novamente é melhor garantir que todos cumpram as minhas ordens.

Sem esperar por qualquer resposta ou dirigir a palavra a qualquer outra pessoa, Regina desapareceu em sua fumaça púrpura.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado.
Agora, com esse problema resolvido, o envolvimento de Emma e Regina começará a ter um desenvolvimento mais rápido. Continuem acompanhando ♥

Comentem, deem ideias, façam suas críticas, fiquem à vontade. Beijosss!!!



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