Atos da Vida escrita por Isabella Cullen


Capítulo 4
Ato 4


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora meninas e obrigada pela recomendação e comentários, suas palavras tocam meu coração. Eu sei que é um tema complicado, mas obrigado pela presença. Isso me inspira demais meninas!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/715042/chapter/4

ATO 4 –  A vida

Eu entrei na minha casa depois de uma tarde sentada olhando Edward fazer aquela ligação com a filha. Ele parecia uma criança fazendo perguntas e querendo entender cada movimento das enfermeiras. Nessa hora eu percebi que passei um dia todo com ele e sua filha, eu precisava voltar para minha vida.

Que eu acho que tenho nesse momento sentada olhando para minha televisão e comendo algo que pedi em restaurante. Alice ligou mil vezes e as mil eu não atendi porque não tinha o que falar para ela naquele momento.

Pensando em Tânia e seu descaso com a gravidez eu estava comendo legumes, verduras e mais algumas coisas saudáveis e deliciosas que tinham no menu. Pedi uma sopa para mais tarde e fiquei ali em frente a televisão. Eu esperava que a filha de Edward passasse uma noite tranquila, que tivesse uma boa recuperação ou que ele conseguisse lembrar de avisar a família dele que o bebê nasceu. Em nenhum momento ele cogitou essa possibilidade, mas pensar no clã Cullen invadindo aquele hospital me dava arrepios.

Não que eu não gostasse deles, eu os amava. Mas a paz que Edward precisava estava em não ter ninguém ao redor fazendo mais perguntas do que ele. Mexi no meu celular vendo a foto que uma enfermeira me mandou do bebê, eu tinha pedido a Jane para tirar uma foto dela antes de sair. Eu só esqueci de mencionar que Edward não precisava estar nela. Mas ele estava, e sorrindo. Seu sorriso mais doce e gentil.

O barulho me fez despertar de uma forma nada agradável. Abri e fechei os olhos tentando me acostumar com a luz, eu dormi na sala e alguém estava batendo na minha porta.

— Já vai! – gritei esperando que a pessoa desesperada parasse de tentar entrar invadindo minha casa. Alice tinha essa mania quando eu não atendia suas ligações e deveria ser ela querendo notícias.

Andei até a porta ainda meio zonza querendo voltar a sentar e abri a porta me voltando para o sofá.

— Alice eu realmente não tenho nada para falar. Você deveria parar com essa mania de tentar invadir minha casa quando não atendo o celular. – me sentei no sofá abaixando a cabeça e esperando meu corpo parar de rodar, ou o mundo para de girar.

— Que bom que ela cuida de você.

A voz de Edward me fez levantar novamente a cabeça e girar para vê-lo parado atrás do sofá. A porta estava fechada.

— O que você está fazendo aqui?

Ele foi para minha frente sentando no outro sofá. Passava um programa de comida na televisão e eu procurei o controle para desligar ela, achando ele com muita dificuldade entre os papeis na mesa baixa e pequena a minha frente.

— Eles querem um nome.

Respirei fundo tentando calcular quanto tempo fazia que o bebê tinha nascido.

— É o procedimento. – falei tentando controlar as emoções. – Ela está bem?

— Oh sim.. ela está.. Lukas disse que ela ganhou gramas... isso pareceu pouco... mas ele disse que é bom...

A sua voz continha aquela insegurança que temos nos médicos quando achamos que eles só querem amenizar o problema. Lukas era um profissional muito bom, se ele disse era porque seria verdade.

— Ela é pequena, gramas fazem a diferença. Você já ligou para seus pais?

— Sim... mas ela não pode receber visitas e meu pai junto com Emmett estão cuidando para que Tânia seja processada por abandono e a guarda seja minha.

— Isso é ótimo... – isso era realmente um alívio. Porém, senti por Emmett e Rose serem atrapalhados em sua lua de mel mais do que esperada. – Ela ainda pode ganhar algum direito sobre o bebê?

— Não sabemos. Mas ela abandonou um bebê, pode alegar depressão pós parto, mas ela negligenciou a filha durante a gestação e Lukas já fez um laudo médico para anexar no processo. O médico de Tânia disse que nunca mais a viu desde que ela soube que estava grávida. Não tem registros médicos de Tânia em consultório nenhum do Estado ou receitas prescritas por qualquer médico em nome dela no sistema. Isso está nos dando aquela esperança que possamos provar que ela foi negligente com a bebê.

— Bom... muita coisa para... que horas são? – muita informação e o nome de Tânia não soava bem aos meus ouvidos, seja porque ela transou com meu marido ou porque ela abandonou aquele bebê lindo na maternidade sem olhar uma segunda vez para ela.

— Sete da manhã.

— Eu dormi isso tudo? – fiquei espantada olhando para a janela e vendo o dia realmente lá fora. Não lembrava de mais nada depois da comida. – Preciso... tomar café...

Eu ia dizer tomar as vitaminas, mas me calei levantando e indo para a cozinha.

— Você não vai me contar não é mesmo?

Então eu parei no meio do caminho sentindo todo meu corpo gelar com as palavras de Edward.  Não me virei com medo de mim mesma. Respirei fundo mais vezes que o necessário, mas eu sabia do que ele estava falando. Não conseguiria mentir para ele.

— Você não tem família. Seus pais morreram e eu nunca fui opção para te ajudar?

Sua voz era sofrida e tão culpada. Culpa porque ele sabia que aquilo tudo tinha sido culpa dele.

— Não pensou em pedir ajuda a minha mãe? Ela te ajudaria em tudo...

— Eu... fiquei com medo de Tânia. -confessei trazendo aquele silêncio mais uma vez para nós.- Ela ficava me ligando e mandando cartas... por algumas semanas depois que assinamos os papéis... eu pensei até em sair da cidade.

— Por que nunca me falou isso? Ela poderia ter feito algo a você!

Me virei para encarar ele.

— Porque você transou com ela Edward! Porque eu não sabia e nem queria saber de vocês dois! Porque a porcaria dos jornais falaram de nosso divórcio e só não continuaram com isso porque seu pai entrou com uma ação. Porque ela estava grávida e aquilo me feria mais do que qualquer outra coisa! Um filho seu! Um filho do meu marido. Do homem que eu amo e do homem que vou amar até o fim dos meus dias!

Edward se levantou rapidamente e veio até mim me abraçando. Eu chorava de soluçar alto colocando para fora tudo que eu mais guardava dentro de mim.

— Me perdoa... me perdoa por isso...

E nossos choros se misturavam. Sentia as lágrimas de Edward caírem e sabia como aquilo estava acabando com ele como estava acabando comigo, a distancia e a incerteza do futuro.

— Eu só tinha o bebê Edward. O nosso bebê. Só o bebê... talvez você tivesse ela e um filho. Eu só tinha meu filho....

Edward me fez olhar para ele naquele instante, seus olhos vermelhos e sofridos, mas havia aquela conexão que eu tanto amava. Parecia que não era apenas um olhar, mas um encontro de algo muito mais forte como nossas almas. Isso aconteceu em nosso casamento, quando descobrimos do nosso primeiro bebê e agora.

— Eu nunca teria algo com ela novamente. Eu estava tão bêbado e destroçado que foi difícil lembrar o que realmente tinha acontecido. Eu não sabia como começar a conversa e por semanas eu fiquei mais distante ainda porque me sentia imundo perto de você... você não merecia alguém como eu Bells... eu implorei no dia do divórcio para você, mas eu sabia que não merecia. Sabia que cada palavra minha não voltaria atrás em nada. Eu não merecia o que fez por mim ontem com minha filha. Só que eu queria saber como você estava... – sua voz ficou preocupada e ao mesmo tempo carinhosa. Eu sentia falta disso. – Eu queria saber se estava correndo tudo bem... porque se não estivesse eu queria estar do seu lado nem que fosse só para estar lá.

— Como você soube? – eu perguntei voltando a abraçar ele. Não queria sentir falta do calor dele. Eu senti a risada baixa de Edward e lembrei de quando engravidei a primeira vez, ele disse que estava com um brilho diferente e comprou um teste de gravidez todo feliz. Edward era o tipo de homem que simplesmente sabia.

— Eu sabia desde a hora que te vi em pé. Eu sabia que não era a hora de falarmos sobre isso, mas eu sabia. Eu não queria invadir sua privacidade ou algo assim, mas olhando aquele bebê pequeno e frágil eu fiquei pensando em você passando por coisas como enjoos, consultas  e medos sozinha. Eu fiquei pensando que mesmo que você não me quisesse do seu lado talvez você precisasse. Liguei para mamãe e disse que você estava grávida.

— Oh meu Deus...

Edward sorriu quando o olhei.

— Eu pedi para ela vir cuidar de você porque depois de tudo talvez você não me quisesse perto.

— O que ela disse?

— Que você teria toda razão em não me querer por perto e desligou o telefone na minha cara.

Essa era Esme. Ela odiava injustiças ou traições, ela deve ter feito Edward passar por um purgatório para voltar a ser a mesma Esme de antes da traição. Ela apoiou cada passo nosso, do namoro ao casamento. Esteve conosco quando perdemos o bebê e nos aconselhou como uma verdadeira mãe diante das nossas dores. Ela dizia que a vida tinha um jeito estranho de separar e aproximar as pessoas, mas que ela fazia isso muito bem.

A vida estava fazendo isso nesse exato momento e eu queria aproveitar. Não conseguia mais mentir para mim mesma dizendo que era forte e conseguia superar isso, a maior mentira de todas. A vida estava ali como uma mãe nos dando opções e eu queria a melhor delas. A minha família.

— Eu quero suas panquecas. – falei deixando meu desejo fazer seu trabalho. Edward sorriu e pediu que eu esperasse sentada vendo televisão enquanto ele preparava tudo e nesse tempo eu sabia exatamente o que fazer. Abri o livro de nomes que tinha comprado e sentei folheando suas páginas sem muita pretensão.

— Charlotte Cullen. – falei olhando para ele a bandeja quando ele voltou quinze minutos depois. Edward sorriu e eu sabia que a vida estava dando um jeito de nos reaproximar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Honestamente? O capítulo que mais gostei de escrever. O Ato 5 sai de noite meninas, finalizando ele. Beijos lindas.