Atos da Vida escrita por Isabella Cullen


Capítulo 2
Ato 2


Notas iniciais do capítulo

É uma short princesas! Então são 5 ATOS. Vou postar mais um hoje! Obrigada pela presença. Obrigada pelos comentários e eu fico mais que feliz em saber que vocês estão aqui comigo!



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ATO 2 –ENCONTROS

Alice me encontrou quando eu estava indo atender uma emergência, uma das últimas porque a partir deste plantão eu só iria trabalhar em períodos determinados pela minha médica.

— Foi tranquilo?- ela perguntou me olhando com preocupação.

— Sim.

— Você está bem? – ela era uma ótima amiga, sorri para Alice tentando passar confiança – Temos um caso chegando, grávida de oito meses a bolsa já rompeu. Pelo menos ela está de oito meses... Você deve conhecer a paciente, ou já ter atendido ela.

— Por quê? – estranhei. Grávidas na emergência era algo comum- Alguma em especial?

— Ela está querendo ser atendida por você. Na verdade ela chegou perguntando por você. O médico acha que a agitação não irá fazer bem a ela, então...

 - Qual o quarto?- não queria uma grávida sofrendo mais do que já estava porque demorei a ir até ela.

— Obstetrícia, quatro cinco.

Era o quarto mais exclusivo do hospital. Alice foi chamada por uma médica e eu fui andando com uma certa pressa e apreensão. Não conseguia lembrar de nenhuma grávida em especial, mas eu sabia como estava dispersa e esquecida. Eu sabia como meu sofrimento estava me deixado até mesma relapsa.

Tinha dois estagiários na porta olhando para dentro e eu por experiência sabia que aquilo estava virando um circo de internos, estagiários e médicos. Foi quando entrei que paralisei olhando a figura deitada na cama hospitalar com aquela expressão de dor e ao mesmo tempo autoritária. Ela me olhou e sorriu, o sorriso mais cruel que eu já recebi em minha vida.

Só tínhamos nos encontrado uma vez em todo esse tempo. Foi quando ela fez questão de anunciar que estava grávida na minha casa em uma manhã de domingo, eu lembro ainda da expressão de horror de Edward. Eu esperei ele negar, esperei ele falar algo que contra atacasse as palavras dela, mas nada aconteceu. Tânia entrou e sorriu mostrando a primeira ultra do herdeiro da fortuna Cullen. Edward brigou com ela falando algo sobre não fazer isso, sobre eles terem combinado algo diferente, mas eu não fiquei para ouvir mais nada.

A ferida tinha sido aberta de uma forma que sangrava a cada vez que eu relembrava tudo. Olhando para ela sentindo dor e claramente atrapalhando o trabalho dos médicos que estavam atendendo ela eu senti o sangue correr do meu corpo.

— Está vendo? – ela disse entre a dor da contração – O filho de Edward está vindo e querida sou eu que estou carregando. Eu que vou dar um herdeiro a ele!

Ela gritou de dor e todos correram para ela. Olhei ao redor tentando entender o que estava acontecendo, mas a experiência estava ali me chamando para detalhes pequenos como uma equipe médica pediátrica, ela estar de oito meses e dois médicos discutindo um exame no fundo. Tinha algo errado.

— Minha filha... minha filha... – então a mãe de Tânia entrou fazendo barulho com seus saltos altos e sua roupa elegante demais para o ambiente que estávamos vivendo. Ela passou por mim sem perceber quem eu era. Tânia estava pálida e seus lábios perdiam a cor a cada segundo. O que estava errado?

Eu senti alguém me puxar para fora e só me dei conta como estava quando Alice gritou meu nome no corredor. Olhei ela pela primeira vez.

— Eu não sabia... eu não sabia... só me contaram quando estavam chamando a segurança para conter os repórteres. Bells...

— Preciso... me tira daqui.

Alice pegou na minha mão e fomos andando pelos corredores e as lágrimas desciam repensando nas palavras dela. Repensando em como cruel ela era, ela já tinha um filho de Edward, já tinha conseguido divulgar e esfregar na minha cara tudo que podia sobre o bebê. O Times fez uma retrospectiva da minha vida com Edward a pedido da mãe dela em uma coluna de fofoca e só não me perseguiam porque gentilmente Carlisle colocou seus advogados em cima deles. Edward contratou seguranças e eu fiquei em casa sentada esperando a tormenta passar.

— Bells...Bells...

— Ela é a pessoa mais cruel que já conheci. – falei pensando alto.

— Não sei como Edward conseguiu isso! – Alice falou revoltada. Muito menos eu sabia, Esme ficou tão estarrecida que parou de falar com ele e eu sabia por Carlisle que eles não tinham mais contato. Edward estava sozinho. Por conta de tudo que aconteceu Tânia tinha apenas o dinheiro que ele depositava e uma vez Rose me disse que ele nunca foi a uma consulta e que Esme foi convidada para uma ultra pela mãe de Tânia e ela só faltou matar a mulher por telefone.

A família de Edward nunca aceitaria Tânia. Não porque ela não era uma dama da sociedade, tivesse dinheiro e posição. Mas porque eles não aceitavam a traição de Edward. Eles não conseguiam entender como tudo aconteceu, nem eu se pensar bem.

— Vai para casa...

— Tem algum quarto vazio? – não tinha condições de ir a lugar nenhum. Não com esse abutres na porta, com Tânia gritando sobre o herdeiro Cullen. Toquei minha barriga querendo proteger meu bebê com pena do filho de Edward e Tânia. Essa criança seria apenas uma gorda poupança para ela e um sofrimento sem fim para ele.

...

Abri meus olhos vendo o quarto dos enfermeiros. Sentei na cama me sentindo ainda um pouco sonolenta, Alice tinha me dado algo que não faria algo prejudicial ao bebê. Lembrei do bebê de Tânia e senti a dor em meu coração, não pelo bebê, mas pelas lembranças do sofrimento. Fui até os armários, troquei de roupa e pensei que em vez de trocar a emergência por outra coisa eu queria me mudar, para bem longe de Tânia e esse filho. Mordi os lábios pensando em meu próprio bebê e que era um sonho tão lindo estar grávida, mas estar longe de Edward nesse momento era penoso, tinha toda uma solidão desagradável demais, tinha toda uma vitória que eu queria compartilhar e pensar em como seríamos felizes se nada disso tivesse acontecido. Porém, aconteceu.

Peguei minha bolsa e abri a porta vendo a movimentação da troca de turno. Enfermeiros entrando para trocar de roupa, outros apenas concentrados em alguma coisa no celular, e a vida de uma certa continuava, mesmo meu mundo sendo remexido e abalado a cada passo que eu dava. Cumprimentei algumas pessoas no caminho e vi a divisão do corredor. O quanto uma pessoa pode ser masoquista e querer se torturar mais?

Andei uns passos na direção errada e conferi que não havia ninguém ali além de umas poucas pessoas desconhecidas com máquinas na mão e sorrindo. Ninguém conhecido. Fui até a entrada de funcionários e vi a enfermeira de plantão segurando um prontuário e lendo ele com cuidado.

— Oh Bella não a vi querida.

Sorri colocando a bolsa mais perto de mim.  O que eu estava fazendo ali? Ela olhou para os berços atrás dela e sorriu com compaixão.

— Não está aqui. UTI neo natal.

Respirei fundo mentalmente me dizendo que eu não tinha nada haver com aquilo.

— O que aconteceu? – ela olhou ao redor verificando que uma outra enfermeira estava longe demais para nos ouvir.

— O bebê nasceu prematuro de peso e bem... eles estão desconfiados de uma má formação no coração.

A notícia me abalou mais do que eu poderia esperar. A cena de todos os médicos, enfermeiros e todas as máquinas preparadas para o parto me veio a mente. Alguma coisa estava errada, eu sabia, mas não imaginava isso.

— Prematuro de peso?

— Má alimentação... ouvi a mãe dela explicar para o médico que ela não queria engordar mais que o necessário por conta da carreira.

Essa era Tânia. Essa era a mulher louca e fria com quem Edward dormiu para fugir dos nossos problemas. Da nossa vida quebrada e destruída pelo nosso filho que se foi.

— Obrigada.

— Dizem que ela não vai nem ao menos amamentar. – olhei novamente para a enfermeira – Já pediu o remédio que seca o que leite e não foi ver o bebê nem ao menos uma vez...

Um bebê doente e sozinho. Onde Edward estava? Ou Esme? Ou todos os especialistas que o dinheiro deles poderiam comprar. Por que um bebê estava sozinho na UTI e sem ninguém para ajudar ele?

Me virei saindo de lá e com passos firmes indo até a UTI neonatal. A ala mais calma e ao mesmo tempo uma das mais incertas. Vida  e morte estavam ali como irmãs gêmeas. Tudo poderia acontecer na UTI, nós já tínhamos visto de um pouco. Respirei fundo me preparando para entrar na sala, lavando as mãos com mais cuidado que o normal, colocando a luva e todo a vestimenta que deveria ser para proteger os pequenos de qualquer coisa. Uma gentil enfermeira prendeu meus cabelos porque tinha esquecido e então olhando as incubadoras eu sabia. Eu simplesmente sabia.

Todo meu lado racional me dizia para não estar ali, as enfermeiras me cumprimentaram de forma suspeita , mas ninguém me impediu de ir até o bebê. Talvez seja porque o Diretor do hospital era um grande amigo dos Cullen e eu já fui uma, seja porque elas entendiam que eu precisava ver o bebê ou porque ninguém se interessava se quilo era uma facada em mim.

E ali cheio de tubos, respirador e cateter estava o bebê de Edward. Olhei a placa para ver o nome, mas não havia. Apenas um “ menina Cullen”. Deixei as lágrimas caírem vendo aquele frágil bebê sozinho na UTI.

— Você precisa melhorar pequena...

Os batimentos cardíacos estavam fracos, mas estavam ali. Ela era tão pequena e frágil, um sopro parecia levá-la para longe de nosso mundo.

— Você definitivamente não deveria estar aqui.

As lágrimas caiam mais ao ouvir a voz de Lukas.

— Por que ela está assim? – ignorei o tom de repreensão dele.

— Não posso...

— Lukas, por que ela está aqui?

— Má formação cardíaca e está abaixo do peso. E quase como desnutrição fetal...

— Vão operar ela? – me virei olhando para ele.

— Não tem ninguém para assinar a operação Isabella. A mãe foi embora de madrugada quando soube que o bebê poderia morrer. Nas palavras dela: não preciso de um bebê com defeito, ainda mais uma menina.

Coloquei a mão na boca simplesmente horrorizada com suas palavras.


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Notas finais do capítulo

E então meninas? No próximo estamos com mais encontros... encontros cheios de emoção!