Atos da Vida escrita por Isabella Cullen


Capítulo 1
Capítulo 1 ATO 1


Notas iniciais do capítulo

Meninas eu ia postar essa fic para o Halloween, mas não deu. Então estou postando só agora, desculpa o atraso.
Eu sempre posto uma fic de Halloween com algum toque de sonho ou fantasia, esse ano eu resolvi externar algumas coisas em mim. Medos, desejos e até mesmo superação. É um drama e como todo ele terão partes lindas e outras nem tanto. Espero que gostem.



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ATO 1 – REALIDADE

Eu cheguei no hospital meia hora antes do esperado. Eu não aguentava mais ficar em casa. Tinha algo na agitação e talvez no sofrimento das pessoas que eu me identificasse e que me ajudasse a ajudar eles com mais intensidade.

— Boa noite Bells... – Alice veio até mim sorrindo e me abraçando. – Como você está?

— Bem, eu estou bem. O que temos hoje?

— Jasper me convidou para sair. – eu ri indo até a sala das enfermeiras para trocar de roupa.

— Eu perguntei quais pacientes temos hoje. – ela riu. Eu abri meu armário e troquei de roupa enquanto ela falava de Jasper e seu pedido nada convencional. – Não acredito que no meio da cirurgia ele falou isso.

— Eu também não acreditei, chamei ele de idiota insensível. Mas aceitei sabe.

Ela deu um sorriso feliz e eu fiquei por vê-la finalmente se acertando com Jasper. Eles estavam nesse jogo de olhares e troca de indiretas há meses, mas ele era da diretoria do hospital e se envolver com uma enfermeira não caia bem aos olhos da diretoria. Por mais que todos se envolvessem com todos, algo tão aberto ainda era visto com desconfiança.

— Ele deveria estar afetado, quantas horas de cirurgia?

— Mais de dez... deve estar arrependido, mas eu não vou perder essa oportunidade.

Sorri para ela pensando que um dia eu já estive assim e foi muito bom. Eu a deixei falar enquanto me atualizava dos pacientes que estavam internados e dos novos casos tínhamos.

— Irina mandou um recado, ela pediu que fosse tomar as injeções assim que chegasse. Ela está de plantão.

Assenti para Alice me dirigindo até a sala de Irina. Eu bati e ela gentilmente mandou entrar. Alice se despediu antes que alguém percebesse que estávamos conversando há mais tempo que trabalhando.

— Como você está se sentindo? – ela perguntou sorrindo.

— Bem, os enjoos estão melhores com a medicação.

Eu sentei na cadeira a sua frente.

— Você já está com três meses, eu vou precisar comunicar o hospital. – eu sabia que chegaríamos nesse ponto. – Não pode mais fazer plantões tão grandes e nem noturnos, vou recomendar que esse seja seu último e que você saia da emergência.

Suspirei olhando para ela.

— A emergência pode ser muito agitada e não podemos prever o que vai entrar por aquela porta, eu não quero arriscar. Alguma área que deseje?

— Já trabalhei na maternidade. Foi há muito anos atrás, mas eu trabalhei.

— Isso seria ótimo não?

Irina levantou e preparou tudo para aplicar as injeções de imunidade que eu precisava para continuar trabalhando.

— Prontinho... amanhã eu espero que já tenham reorganizado seus horários, se alimente muito bem e me ligue se sentir algo.

— Obrigada.

Eu saí do consultório dela respirando fundo e encarando que não dava mais para esconder isso. Eu precisava enfrentar meus medos.

TRÊS MESES ANTES

Eu estacionei meu carro em frente a casa pequena que agora era minha. O plantão tinha sido desgastante, meu corpo inteiro doía e a tarde eu iria assinar o divórcio. Eu queria chorar até fechar meus olhos e dormir.

Saí do carro, fechei ele e o vi sentado na porta da minha casa. Ele estava mais magro e muito abatido, suas roupas não eram tão bonitas como os ternos que ele usava e nem seu cabelo estava arrumado como eu gostava. Estávamos mesmo uma bagunça, os dois.

— O que faz aqui Edward?

Ele me olhou e se levantou, era como se ele nem soubesse que eu havia chegado.

— Vamos conversar? Apenas conversar....

— Já falamos tudo que havia para ser dito... Não vai mudar nada...

— Me perdoa... por favor me perdoa...

E então ele chorou. Edward chorou feito criança e me vi deixando as lágrimas caírem de meus olhos também.

— Entra... algum daqueles repórteres malucos devem estar loucos atrás de uma foto sua desse jeito.

Então ele entrou e assim que eu abri a porta para ele era como se aquela casa ganhasse vida. Não era mais uma simples casa com móveis qualquer que eu fui comprando aleatoriamente só para ocupar espaço, um espaço que na verdade estava dentro de mim.

Edward olhou os móveis e se sentou no sofá, eu via como ele estava desconfortável com a situação. Há meses atrás havia uma casa muito maior que essa, uma casa com um jardim lindo que nós mesmos todo sábado cuidávamos, havia quartos vazios esperando as crianças que não vinham, havia empregados e uma felicidade que preenchia cada cômodo.

— Quer café? – perguntei e ele apenas assentiu.

Eu fiz o café dando pequenas olhadas para ele da cozinha. Ele não se mexeu e ficou com a cabeça baixa o tempo todo. Era impossível não me comover com a cena, ele era um homem alto, importante e sempre bem vestido e agora ali estava ele sem nada disso. Apenas alguém claramente sofrendo por seus atos. Fui para sala com duas xícaras na mão e estendendo uma para ele, seus tinham aquele ar grato que eu não saberia descrever ao certo o que ele estava agradecendo.

— Obrigado.

E me dei conta que ele não estava ligando para o fato de que alguém poderia pegar ele naquela porta sentado todo descabelado e abatido. Não que ele se importasse com isso, mas havia um protocolo e eu o decorei ao longo dos anos de casados.

— Bella...por favor me perdoa...

— Eu já disse que não é isso.

Nós íamos novamente ter essa conversa.

— Eu errei... eu sei que errei..

— Edward, ela está grávida. Não foi um erro. Foi um tiro em mim e em tudo que passamos.

Edward sabia do que eu estava falando. Nós tínhamos tentado nos últimos dois anos um bebê. Foi duro encarar que eu era o grande problema, mas nós estávamos quase conseguindo superar quando eu engravidei. Foi lindo, nós estávamos felizes e vivíamos de sonhos e planos. Ele ia nas consultas, comprávamos roupinhas e então o bebê se foi.

Ele se foi tão rápido que eu não consegui lidar com isso. Edward não conseguiu lidar com isso. Nós nos afastamos, talvez porque precisávamos de um tempo, talvez porque fomos fracos. Nós nem ao menos sabemos quando foi que nos afastamos ao certo, um dia quando eu abri meus olhos, nós éramos dois estranhamos vivendo ou convivendo.

Ela entrou em cena tão sutilmente que mesmo eu não vi o que estava acontecendo, foi naquele jantar na casa da mãe dele? Foi no evento de caridade? Foi na festa da empresa? Eu não sabia dizer e não sabia como alcançar Edward e nem se queria, mas então uma noite eu levantei e sentei na cama vendo o lado vazio e sabia que o pior tinha acontecido. O pior aconteceu e eu nem ao menos reagi.

— Não assina o divórcio... por favor...eu te amo tanto..

Olhei para Edward sabendo que era verdade. Não era questão de amor. Nós nos amávamos. E eu sentia falta dele, eu sentia falta do que éramos antes de tudo. Eu sentia falta da nossa casa e do nosso jeito de levar a vida. Nós nos olhamos e eu sabia que não resistiria a ele.


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Notas finais do capítulo

Então meninas.... o que acharam desse primeiro ato?