Beau Swan and Edythe Cullen escrita por Mrs Darcy


Capítulo 32
Capítulo 32 - Charlie


Notas iniciais do capítulo

Olá olá voltei e trouxe mais um capitulo rápido. Postarei mais um na próxima semana.
Até lá ♥



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Edythe

O carro acelerava contra aquela estrada congelada. Eu não precisava ter o dom de Jess para saber que Beau estava muito ansioso ao meu lado. Ele não tirava os olhos da janela desde que deixamos a casa dos Denali para trás há muito tempo.

Archie havia dito que nada aconteceria se fossemos vê-lo. Ele havia vasculhado as inúmeras possibilidades do que poderia acontecer se nós assumíssemos aquele risco. Eu sabia perfeitamente o quão desesperadamente Beau queria ver seu pai, mesmo que ele não manifestasse aquele desejo. Pensei que seria bom para ele, sair um pouco daquele ambiente e refrescar a sua mente. Uma visita ao seu pai seria algo positivo.

Em um impulso muito bem calculado, decidi pegar o meu carro e levar Beau para ver seu pai. Claro que ele não iria entrar dentro da casa e falar com Charlie, mas ao menos eu achei que seria um pouco tranquilizante para ele se eu o levasse para ver seu pai nem que seja de longe.

Na velocidade em que corríamos, não demorou para que logo eu adentrasse com o carro nos limites da cidade. De vez em quando, eu o checava rapidamente pelo canto dos olhos para ver como ele estava.

Foi uma viagem silenciosa, eu não estava esperando muito. Estávamos há pouco tempo juntos, mas nesse pouco tempo eu já era capaz de ler todas as entrelinhas, mesmo que não fosse capaz de ler seus pensamentos.

O tempo estava nublado e o sol estava escondido por trás de grossas camadas de nuvens cinzentas. Logo começaria a chover.

Logo a casa de Charlie surgiu há alguns metros de nós e eu fui desacelerando o carro, até pararmos completamente e eu estacioná-lo na rua em frente à casa.

Olhei brevemente para ele, umedeci os lábios e suprimi um suspiro que desencadeava pela minha garganta.

Estiquei minha mão e toquei levemente a sua.

—Beau, chegamos. – Falei com os olhos nele.

—Oh, sim. – Ele suspirou pesadamente. Seus olhos vagaram pela rua e eu notei que ele lutava contra o desejo de sair do carro para ir ver seu pai.

A viatura de Charlie estava estacionada em frente a casa. As luzes interiores estavam acesas e eu conseguia ouvir claramente o som da TV com o jogo de Baseball que passava. Charlie estava sentado no sofá com uma garrafa de cerveja em mãos, assistindo ao jogo.

Vaguei por sua mente naquele momento. Ele estava cansado, ficar o dia todo em uma delegacia conseguia ser claramente exaustivo. Porém, mas um dia normal na delegacia de Forks sem muitas complicações.

Olhei brevemente para Beaufort. Eu conseguia ver claramente a tristeza estampada naqueles olhos dourados que antigamente costumavam a ser azuis. Aqueles azuis que eu amava e que não há muito tempo atrás, eu havia perdido, substituídos pelo cor-de-mel.

—Eu me pergunto como ele e minha mãe andam lidando com tudo isso. Deve estar sendo tão difícil para ambos. – Ele observou com os olhos em seu pai.

—Charlie está tentando seguir em frente. Eu o admiro muito, ele é muito teimoso, mas ele te ama muito. Pensa em você todos os dias e todas as noites. – Falei tentando ser gentil com ele. – Ele e sua mãe conversam no telefone semanalmente. Apenas para ver como o outro está.

Beau deixou escapar um suspiro.

—Talvez... Você gostaria que eu fosse conversar com ele? – Perguntei com os olhos nele, esperando uma resposta dele. Os olhos de Beau foram até mim e ele me olhou surpreso.

—O quê?

—Bom, eu não tive a oportunidade de conversar com ele desde que tudo aconteceu. Se você permitir, eu poderia ir até ele e falar com ele.

—Você faria isso? – Ele perguntou hesitante, mas com um sorriso no rosto. – Não teria nenhum problema? Archie não previu nada de ruim que poderia acontecer?

—Não se preocupe. Não vai acontecer nada de ruim. E eu faria qualquer coisa por você. – Sorri para ele.

—Eu ficaria muito grato se você fizesse isso por mim. – Ele disse sorridente acariciando minha mão. Não contive o sorriso em resposta, o sorriso dele era simplesmente contagiante.

Inclinei-me e beijei seus lábios.

Beau sorriu para mim.

—Bem, eu vou lá. – Mordi os lábios e me afastei. – Você gostaria que eu perguntasse algo em especial para ele? – Eu sabia que ele tinha milhões de perguntas a serem feitas, mas eu poderia fazer apenas algumas que não levantassem suspeitas.

—Pergunte como anda a minha mãe, se ela anda se cuidando, como ela e Phil estão em Jacksonville. E como ele está ultimamente. Acho que isso é mais do que o suficiente para não levantar muitas suspeitas. – Ele disse.

—Está bem. Farei isso. – Falei com um sorriso confiante.

Inclinei-me para sair do carro, mas senti sua mão em contato com a minha.

—Ei, Edythe. – Ele disse e eu me virei para olhar para ele. Seus olhos estavam cautelosos e apreensivos. – Certifique-se de que ele esteja bem. Por favor.

Deixei escapar um sorriso.

—Claro. – Sorri para ele. – Agora, acho que eu preciso ter uma conversa com o meu sogro, hm? – Falei e ele riu sem graça.

Beijei levemente a bochecha de Beau e me inclinei para sair do carro.

Os vidros escuros do carro estavam levantados, então não teria nenhum risco de ninguém vê-lo lá dentro. Andei com passos firmes em direção a residência do Chefe Swan.

Atravessei a rua e caminhei em passos humanamente possíveis até a porta da casa. Bati levemente com o nó dos dedos e aguardei por ele.

Notei Charlie levantar do sofá e diminuir o som da TV. Tirei a minha aliança de casamento do meu dedo e a guardei no  bolso da minha jaqueta de couro.

Respirei fundo algumas vezes. Eu conseguia sentir claramente o seu cheiro, a fragrância de sua pele. Senti a queimação da minha garganta protestar.

Umedeci os lábios e aguardei até ele vir atender a porta.

Charlie me olhou surpreso.

Ele usava uma camisa de flanela, jeans e tênis.

Milhões de coisas passavam pela sua mente nesse exato momento, mas o pensamento que mais lhe veio à cabeça foi a surpresa em me ver ali em frente a ele.

—Boa tarde, Sr Swan. – Eu o cumprimentei com o meu melhor sorriso, aquele que eu sabia que sempre atordoava Beau e os outros humanos. Um sorriso simpático e amistoso.

—Edythe? – Ele olhou por cima do meu ombro a procura de Earnest, Carine ou Archie. – Oh, hum... Olá. – Ele deu um meio sorriso sem graça.

—Eu estava fazendo algumas compras ao redor e decidi que seria bom se eu desse uma passada aqui. Eu queria ver como o senhor estava. Não tivemos a oportunidade de conversar. – Continuei com um sorriso.

—Oh, sim. Entre, por favor. – Ele disse dando passagem e eu agradeci entrando.

A casa estava como eu me lembrava. Perfeitamente do mesmo jeito, apenas um pouquinho mais bagunçada do que antes. Sem Beau com a sua mania de limpeza incessante, Charlie estava se virando com o melhor do que podia.

—Por favor, fique à vontade. – Ele disse seguindo na frente e me guiando até a sala de estar.

Sentei no sofá ao lado da poltrona de Charlie. Ele sentou ao meu lado com uma distância segura entre nós.

—Eu posso te oferecer alguma coisa? Um suco? Um café ou água? Tenho certeza de que ainda tem refrigerante na geladeira. – Ele disse.

—Oh, não. Obrigada, estou bem. Eu acabei de tomar um café. – Menti espontaneamente. Permiti meus olhos vagarem ao redor do cômodo.

Charlie deixou escapar um suspiro.

—Fiquei sabendo que você e seus irmãos estavam viajando. A Doutora Cullen tirou férias do hospital aparentemente, não é?

—Ah sim. Meus pais estão comemorando o aniversário de casamento deles com uma viagem. Então eu e meus irmãos decidimos que seria melhor... Com tudo o que houve, se voltássemos para o Alaska por um tempo.

—Ah, entendo. – Ele disse por fim.

Suspirei.

—Como o senhor está? – Perguntei.

—Bem, essa é a pergunta que todos andam fazendo, mas com o tempo eles param. – Ele respirou fundo. – Estou indo na medida do possível. Trabalhando muito e ocupando a mente. Bonnie e Julie andam vindo me visitar com bastante frequência.

Sorri gentilmente.

—Foi uma grande perda para todos nós. Eu não tive a oportunidade de dizer o quão eu sinto muito. – Falei. Aquelas palavras eram verdadeiras, por trás de todo o fingimento de tudo aquilo, aquelas eram as palavras mais sinceras que eu já tinha dito desde o velório de Beau.

—Não foi culpa sua o que aconteceu. Renee e eu andamos conversando sobre Beau. A forma como ele nos deixou e como isso tem afetando nós dois ultimamente.

Errado. Foi sim minha culpa. Tudo o que aconteceu foi minha culpa, do começo ao fim. Ele não teria perdido o filho se eu não tivesse entrado na vida do filho dele e tirado sua vida.

—Eu sinto muito mesmo. Se eu não tivesse levado Beau para aquele jogo, se eu não tivesse discutido com ele... Ele não teria ficado zangado e ido embora. Eu lamento muito. Beau significava muito para mim e significa até hoje.

Ele olhou nos meus olhos e pude ver que ele via a sinceridade nos meus olhos. Seus pensamentos foram de angústia para entendimento e de entendimento para compreensão.

—Edythe, não se culpe. O que houve com Beau foi um acidente, não é culpa de nenhum de nós o que aconteceu. Eu sei o quanto você gostava dele e eu imagino que ele sentia o mesmo. Acidentes acontecem.

Não acontecem não. 

Suspirei.

—Muito obrigada pelas suas palavras. Elas significam muito para mim. – Sorri agradecida. Agradecida por ele ser tão compreensivo, mas se ele soubesse a verdade ele não seria tão compreensivo. Ele me odiaria, pois Charlie só via o que estava por trás da cortina de fumaça. Ele não via o que ela realmente representava.

—Como andam os seus pais? Carine? – Ele perguntou.

—Ah, ela está ótima. Estão aproveitando muito.

—E você anda melhor?

—Ah, bem... Estou aceitando devagar. Sinto falta dele todos os dias. Nós tínhamos uma ligação muito especial. Beau era uma ótima pessoa e ele faz muita falta.

—Ele faz sim. – Charlie deixou escapar um sorriso. O primeiro sorriso que eu vi naquele dia. – Eu estava vendo algumas fotografias dele. – Ele se inclinou para frente e pegou o que parecia ser um álbum de fotografias que estava na mesinha de centro.

Charlie abriu o álbum de fotografias e me mostrou uma foto antiga, porem muito conservada de Beau.

Sorri involuntariamente ao ver a foto daquele bebezinho de cabelos escuros e olhos azuis.

—Ele era tão lindo. – Eu ri boba e peguei a foto.

—Ele era sim. E quase nunca chorava. – Ele disse com um sorriso no rosto.

Charlie me passou outra foto.

Beau estava maior, deveria ser com uns cinco ou seis anos de idade e ele estava na praia de La Push com uma garotinha de olhos e cabelos escuros. Julie.

Não consegui conter o ciúmes. Aquela garota conseguia ser incrivelmente irritante.

Eu devo ter ficado com Charlie por uma meia hora. Conversamos bastante, eu pude perceber que ele estava melhorando apesar da dor. E eu queria muito fazer algo para que ele se sentisse melhor, mas não havia muito o que eu pudesse fazer para ajuda-lo a superar a dor. Ele nunca conseguiria superar a dor de perder seu único filho.

Quando o horário da visita acabou e eu percebi que era a hora perfeita para ir embora e deixa-lo jantar, eu levantei e disse que tinha que ir.

—Eu agradeço pela sua visita. – Charlie disse ficando de pé e me acompanhando até a porta.

—Eu fico grata por ter vindo. E eu adorei ver as fotos de Beau, ele era adorável. – Falei com um sorriso.

—Bem, você vai ficar na cidade por muito tempo?

—Só essa noite. Estou voltando para os meus irmãos.

—Foi ótimo vê-la, Edythe. Mande lembranças ao seus pais.

—Mandarei. Fique bem, Charlie. – Sorri.

—Você também. – Ele sorriu em resposta.

Charlie fechou a porta e eu segui pela rua.

Eu conseguia ver Beau ansioso do outro lado do vidro.

Andei até o carro e tomei a vaga do motorista.

—E então? Como foi? Você ficou lá por quase duas horas. – Ele disse ansioso.

Eu sorri.

—O seu pai é incrivelmente adorável. – Falei ligando o carro. – Eu tive que vir embora. Ele iria jantar e eu não queria ser um incômodo. Sempre me esqueço que os humanos precisam se alimentar.

—E como ele está? – Ele perguntou.

—Eu te conto no caminho. – Falei com um sorriso.


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