Beau Swan and Edythe Cullen escrita por Mrs Darcy


Capítulo 33
Capítulo 33 - Fica


Notas iniciais do capítulo

A/N: Primeiramente peço perdão a todos que continuaram comigo nessa longa jornada através desses anos e que esperaram por uma continuação dessa história. Quando comecei a escrever estava no fim do ensino médio e começando faculdade, e só deus sabe como estudante de direito sofre, hahaha. Enfim, estou de volta.

Quando Beau toma uma decisão que pode mudar o rumo de seu casamento, Edythe será capaz de aceitar?



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Pov Beaufort

Edythe dirigiu silenciosamente por mais alguns minutos, sem tirar seus olhos da estrada. Eu a observava atentamente, engoli o seco tentando imaginar o que ela deveria estar pensando naquele momento. Às vezes, eu a invejava por seu dom. Desviei os olhos dela, envergonhado, quando vi nossos olhares se encontrarem.

—Você pode perguntar, sabe? - Edythe disse com um sorrisinho ao perceber que eu a encarava de uma forma não tão discreta. - Posso não saber o que você está pensando, mas vejo que você está se sentindo atormentado de alguma forma. - Senti seu toque em minha mão.

—Eu só.... Eu só queria saber como você está se sentindo ou pensando. - Eu disse baixinho, ainda com vergonha por ter sido pego espiando. 

Ouvi sua risada carinhosa. 

—Ah, Beau. Não é comigo que você deve se preocupar. Honestamente, única coisa que eu estou pensando nesse momento, é como você realmente está com tudo isso. 

—Eu estou bem. - Eu minto, ela sabe que é mentira, nós dois sabemos. Quanto mais tempo passamos juntos, mais eu perco a minha capacidade de mentir para ela, eu nunca fui um bom mentiroso, no fim das contas.

Percebi que paramos o carro. Edythe ainda olhava para frente, suas mãos firmes no volante. Ela suspirou, forçando o ar entrar dentro dela, como se estivesse relutante com aquela conversa, eu sabia que no fundo ainda havia um sentimento profundo de culpa entre nós. Talvez nós nunca tivéssemos escapado daquele velho estúdio de ballet, afinal. Talvez nós dois ainda estivéssemos presos naquela noite. 

—Sabe que sempre pode ser sincero comigo quanto aos seus sentimentos. - Edythe disse baixinho, virando-se para mim com os olhos suplicantes. 

—Eu estou sendo. - Eu minto novamente. Não quero que ela se sinta culpada, não quero sentir no dever de ter que conforta-lá por algo que no fundo, eu sei que ela não teve culpa. 

—Ah, por favor, Beau. - Ela revirou os olhos, eu sei que ela está chateada por eu omitir a verdade. Mas falar sobre meu pai era pior do que pensar nele, e como eu nunca poderia vê-lo novamente. Mas era a minha escolha, eu escolhi isso, e agora tinha que saber conviver com as consequências, independente do quão doloroso elas seriam.

Edythe olha para mim com frustração, e eu tento evitar olhar nos olhos dela a qualquer custo. No momento, eu sei que ela está me escaneando silenciosamente, tentando encontrar alguma falha no meu escudo e saber o que é que se passava na minha mente. 

Mas se ela pudesse ver, tudo seria ainda pior entre nós. Não queria que ela soubesse como eu me sentia, pois se ela soubesse, ela iria querer compartilhar o fardo, mas aqueles era o meu fardo, que apenas eu tinha que carregar.

—Você te que me dizer o que está pensando. - Edythe sussurrou para mim com aquela voz que eu conhecia perfeitamente. Ela não desistiria, independentemente das circunstâncias.

—Nada demais. Podemos ir para casa?

—Beau.

—Me conte o que conversaram. - Finalmente eu virei para ela. - Eu pude ouvir tudo, mas não pude vê-lo, não pude vê-lo pessoalmente, quero me conte como ele estava.

—Quebrado. Ele estava quebrado, mas ele está tentando se reerguer. Ele é resiliente, assim como você é. Você herdou isso dele. Meu amor, você fez tantas coisas boas.

—Eu não fiz não. Você e meu pai tem essa visão desse Beaufort bonzinho que fez coisas boas enquanto estava vivo e ainda continua fazendo, mas é uma mentira. Eu não sou bom, fui egoísta. - Suspirei encostando minhas costas no banco com força. 

Edythe permaneceu me olhando sem dizer uma palavra, eu sabia que ela viria me dizer algo reconfortante. Era o que ela sempre fazia, tentava me fazer sentir bem, apesar de tudo. 

Mordi os lábios e sai do carro. Estávamos parados em um acostamento na rodovia ao lado as árvores. Não havia ninguém naquela estrada deserta, exceto nós. 

Estava ventando. Ventando fortemente, o tempo estava fechando e logo iria começar a chover, seria apenas questão de minutos. 

Eu dei alguns passos em direção à terra fofa, tentando reprimir aquele sentimento de perda. Eu não estava lidando bem com isso há tempos e talvez aquilo havia sido a gota d’água de um trem que já estava se desencarrilando. 

Estou de costas para o carro com as mãos nos bolsos encarando a floresta a minha frente. Percebo que Edythe desceu do carro e está atrás de mim de braços cruzados. Ela quer dizer algo, eu sei que quer. 

—Beau. - Ela diz após uma longa pausa de um silêncio torturante. - Não faça isso consigo mesmo. Eu já estive aonde você está e eu posso te ajudar, mas você tem que me deixar. Olhe, não faça isso, não odeie a si mesmo por suas escolhas, a culpa foi minha, mas... 

—Não faça isso. Não vamos fazer isso, não vamos jogar o jogo da culpa. - Eu me viro finalmente para ela. - Nós dois sabemos que eu fui bem responsável por tudo, não você.

A imagem do meu pai sentado em sua velha poltrona com aquela expressão de dor em seu rosto volta a minha mente. E é tão torturante como eu imaginava que fosse ir até minha antiga casa para vê-lo.

—Nós não deveríamos ter ido vê-lo. Eu deveria ter intervido essa ideia. Ainda está muito cedo. - Edythe balançou a cabeça.

—Nunca vai ser muito cedo. - Eu respiro com força, puxando o ar para dentro dos meus pulmões mesmo que eu sei que não vou precisar dele. 

—O que está dizendo? - Edythe se aproxima lentamente, como se estivesse calculando seus passos para não assustar um animal selvagem. 

—Não vê, Edythe?! Eu sou o único responsável por toda essa situação! Meu pai está miserável por minha causa, e não importa o quanto eu tento viver fingindo que está tudo bem, eu sei que nunca vai estar. - Balanço a cabeça com força, mordendo os lábios e encarando seus olhos cor de mel, incertos.

—Todos nós cometemos erros, Beau. Humanos... Vampiros. Não importa que raça somos, ainda continuamos a cometer erros, isso nos fazem ser melhores pessoas ao aprendermos com eles. Me deixe te ajudar!

—Isso não torna as coisas melhores, Edythe. Eu estava tão obcecado com a ideia de que eu precisava de você na minha vida e ainda preciso. Eu nunca amei ninguém tanto como eu amo você. Eu me casei com você.

—Beau.

—...E mesmo com todos os atos egoístas que eu cometi, todo o dia eu tenho que acordar sabendo que eu acabei com a vida dos meus pais. 

—Você iria morrer! - Edythe aumentou seu tom de voz. Eu a olhei e vi sua expressão de dor em seu rosto. -Você iria morrer, Beau. Eles teriam perdido você de qualquer maneira.

—E isso torna as coisas menos piores?! Eu entrei naquele salão de ballet por minha escolha, eu selei o meu destino naquele dia. 

—O que está querendo dizer? - Edythe perguntou hesitante.

Eu abro a boca para responder, mas nada sai e eu percebo que começou a chover. A chuva é forte e nos atinge com força e em questão de segundos estamos encharcados. Edythe continua me encarando, esperando uma resposta.

—...Talvez eu devesse ter morrido. - Eu respondo e eu sei o quão egoísta isso soa e eu sei que eu acabei de partir o coração da minha esposa nesse exato momento pelo olhar que ela lança para mim. Era um olhar misturado entre tristeza e ódio.

—Não se atreva dizer isso, Beaufort Swan. - Edythe diz entredentes, eu sei o quanto ela está se controlando agora. - Eu me casei com você porque eu te amo. Eu o transformei. Quer odiar alguém, odeie a mim! Não a si mesmo! - Edythe agarra em minha blusa com força. 

Balanço a cabeça novamente. 

—Você sabe que eu nunca seria capaz de te odiar. - Eu digo com tristeza. 

—Se você tivesse morrido naquela noite, eu teria feito o mesmo comigo! Como pode dizer que prefere ter morrido?! Você faz a menor ideia do quanto eu ficaria destruída se isso acontecesse?! Você não pode... Não pode. - Edythe volta olhar para o chão, a chuva não para e naquele momento, eu sei que nós dois estamos quebrados. Eu a quebrei, assim como eu estava. 

Eu não consigo ver outra solução. Estamos parados, eu não consigo lidar com isso. Não consigo lidar com esse sentimento dentro de mim. Ela estava se sentindo um caos, assim como eu estava há muito tempo.

Mas negar há tanto tempo não estava ajudando, não iria ajudar a superar aquela situação. Eu tinha que lidar com aquilo sozinho.

—...Talvez seja melhor se eu fosse embora. - Eu digo e ela levanta o rosto, Edythe ainda está segurando firmemente em minha camisa. Eu percebo o quão seu coração está partido só de ver a expressão em seus olhos. Eu quero abraçá-la e beija-la, ela é minha esposa e sempre vai ser. Mas eu precisava lidar com isso e não via um caminho no momento em que poderíamos fazer isso juntos. - ... Por uns tempos. Não é para sempre.

—Me diga aonde você quer ir. Nós iremos. Voltamos para os Denali, pegamos o carro e vamos para qualquer lugar. - Edythe diz. 

Eu balanço a cabeça. 

—Só eu, Edythe. Eu tenho que fazer isso... Sozinho. - Cada palavra que eu solto é como um soco em minhas costelas. Edythe abre a boca sem entender, mas não consegue pronunciar uma palavra sequer. 

—Não, Beau. As coisas não funcionam assim. Você e eu fizemos uma promessa um para o outro. Você não pode ir embora, não sem mim. Você não pode me deixar.  

—Eu amo você, você sabe disso. - Eu digo.

—Não é o bastante.

—Se você for eu vou. - Ela repete firme.

—Edythe. - Eu tento fazê-la parar. 

—Eu sou a sua esposa! Estamos conectados para sempre, você sabe disso! Se você pular, eu pulo, se você for embora, eu vou também. Eles vão entender.

—Eu não quero que você vá. - Eu digo pausadamente. - Eu tenho que ir para longe e tenho que lidar com a minha dor sozinho. 

—Beau.

—Não espero que entenda, mas que respeite minha escolha.

—Você está partindo meu coração, Beaufort. - Ela diz e eu sei o que eu estou fazendo. E me sinto culpado por cada palavra que sai de mim. - Você sabe que se você for embora, eu não vou deixar de pensar em você, e vou tentar te procurar de todas as formas.

Eu dou um sorriso triste. Ela é a mulher da minha vida, mas no momento eu não me sinto como merecedor do amor dela. 

—Eu não esperaria outro jeito. - Eu respondo e me inclino deixando um beijo em seus lábios. - Eu amo você e sempre vou amar você. Não importa o quão longe eu esteja, você tem um pedaço de mim com você. 

—Beau. - Sua voz é fraca.

—Me desculpa. - Eu digo antes de desaparecer entre as árvores deixando o amor da minha vida para trás.

Pov Edythe

 

—Me desculpa. - Beau diz e de repente, ele não está mais na minha frente. Eu o vejo partir, minhas entranhas se retraem, minha cabeça começa a girar com os inúmeros pensamentos que passam pela minha mente, antes mesmo que eu possa ir atrás dele, eu escuto a voz do meu irmão atrás de mim. 

—Não faça isso, Edythe. - Escuto a voz de Archie atrás de mim. - Ele não irá te perdoar se você o seguir. 

—Ele não pode me deixar. Não pode.

—Ele tem que fazer isso sozinho. Você sabe disso. - A voz de Archie é calma e eu me viro lentamente para ver o meu irmão parado com o carro estacionado ao lado do meu. Ele sabia.

—Você sabia que isso aconteceria. Sabia que se eu levasse Beau a Charlie, ele teria essa reação. Você me garantiu que tudo ficaria bem, mas estava dizendo quanto ao Charlie, não era sobre Beau. Você sabia que ele iria embora e ainda sim, não me contou. 

—Me desculpe, irmã. 

—Salve suas desculpas, Archie. Meu marido acabou de me deixar! E você está me impedindo de ir atrás dele!

—Ele tem que passar por isso sozinho. Você sabe que sim. E eu o vi no futuro, ele vai voltar. Eventualmente. 

Me viro novamente para aonde Beau partiu. Sinto a mão de Archie em meu ombro. 

—Deixe-o partir, Edy. 


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Notas finais do capítulo

Aproveitem!