De Repente Papai escrita por Lady Black Swan


Capítulo 4
Rin da uma volta de carro


Notas iniciais do capítulo

Demorei?
É... Mas no fim eu sempre volto.



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Eles saíram logo depois de comerem as enchiladas, Rin não saia do apartamento desde que ela e seu tio Inuyasha haviam pegado o dinheiro do pai dela para irem fazer compras no supermercado, e agora o mundo do lado de fora parecia estranho e hostil aos seus olhos, por isso já no corredor ela agarrou a mão de seu pai.

Ele não correspondeu, mas pelo menos não a puxou também, na verdade não demonstrou reação nenhuma, e Rin considerou isso como um pequeno avanço.

Havia doze apartamentos por andar, alinhados lado a lado no lado esquerdo do corredor, seu pai morava no último apartamento da esquerda — o número 5-12,  e exatamente no meio do corredor, entre os apartamentos 5-6 e 5-5 estava o elevador e, à esquerda e a direita dele, estavam as escadas que levavam respectivamente ao andar de baixo e ao andar de cima.

Rin chegou a pular de susto e se esconder atrás das pernas do pai quando a porta do apartamento 5-5 se abriu, e de lá saiu uma senhorita com um cachorrinho na coleira.

A senhorita seguiu pelo corredor sem parecer notá-los e desceu as escadas com o cachorrinho, enquanto o pai de Rin chamava pelo elevador.

—Papai. — chamou entrando no elevador juntamente com o pai — Aonde vamos?

—Preciso falar com meu redator. — ele respondeu observando os números no painel do elevador.

Rin franziu o cenho.

—Mas por que eu tenho que ir junto?

—Não posso deixar uma criança sozinha no apartamento. — ele lhe respondeu — Seria irresponsabilidade de minha parte.

Secretamente Rin sorriu consigo mesma, então ele se preocupava com ela? O.K eles definitivamente estavam tendo algum progresso ali e isso era bom.

—A garagem. — seu pai anunciou saindo do elevador — Venha.

Ela apressou-se para segui-lo antes que as portas do elevador se fechassem com ela ainda dentro.

—Papai. — chamou correndo atrás dele — Papai eu quero te fazer uma pergunta!

—Então faça. — ele respondeu parando ao lado de um quatro portas azul — Mas só se parar de me chamar de “papai”.

Rin fez uma careta, tudo bem, eles estavam progredindo, mas nem tanto assim.

—Eu vou fazer a pergunta, mas vou continuar a te chamar de papai de um jeito ou de outro. — afirmou petulante. — Por que sempre trata Kagome-chan e os outros por apelidos?

—Entre. — seu pai chamou entrando no carro azul.

Ela deu a volta e entrou pelo outro lado sentando-se no banco do passageiro.

—Você sempre chama a Kagome-chan de Domadora, a Sango-chan de Gata Selvagem e o Miroku-kun de Pervertido... Hum ás vezes você chama o tio Inuyasha de imbecil ou idiota, mas geralmente o chama só de Inuyasha mesmo. — insistiu.

Como se não a tivesse escutado seu pai ligou o carro, na verdade Rin estava surpresa que ele tivesse um, afinal ele trabalhava em casa e desde que ela chegara, ela não o vira sequer chegar perto da varanda, era como um fugitivo condenado se escondendo da policia.

E na única vez que ela o vira fora de casa — mais de três meses atrás quando o vira pessoalmente pela primeira vez na vida — ele havia usado o metrô para voltar ao prédio, e Rin tinha certeza que não estava se confundido, porque nunca esqueceria o dia em que, do outro lado da rua, avistara o homem que um dia fora o adolescente do medalhão que Mariko tinha em volta do pescoço — e que agora pertencia a Rin — ela sabia que era ele, pois sua foto e seu nome estavam impressos em centenas de livros que estavam à venda nas livrarias. E ela irresponsavelmente o seguira até aquele prédio... Mas não tivera coragem o suficiente de se aproximar e falar com ele.

Mas então, Mariko morreu.

—Por que você me chama de “papai”? — ele perguntou subindo a rampa para a rua.

—Porque você é meu pai. — respondeu imediatamente.

—Você acha que sou seu pai. — ele a “corrigiu” subindo com o carro pela rampa que levava à rua — É por isso que chamo aqueles parasitas dessa forma, Inuyasha é um idiota em vários aspectos, e Miroku é mesmo um pervertido, e com certeza todas as meninas do colégio dele vão concordar comigo,Sango é folgada, flexível e trapaceira como uma gata, mas também é muito violenta, quer uma prova? Jogue Twister contra ela. E Kagome esta acostumada a dar ordens e ser obedecida, a dobrar os outros à sua vontade se for preciso, ela é uma domadora de pessoas.

A janela do lado de Rin do carro passou rente a guarita do porteiro, que havia aberto o portão elétrico para que eles saíssem, e o mesmo ficou olhando-a com ar curioso enquanto eles passavam, para falar a verdade aquele não era um porteiro muito atento, prova disso era o quão fácil havia sido para Rin entrar no prédio pela primeira vez: tudo que ela tivera de fazer fora esperar que algum morador chegasse dirigindo ao prédio para entrar escondendo-se ao lado do carro. Mas mesmo assim ele a fez sentir-se desconfortável.

—Mamãe sempre disse que é feio chamar os outros com apelidos. — disse cruzando os braços.

Seu pai encolheu os ombros.

—Mariko-Senpai me dizia isso o tempo todo também.

Internamente Rin ficou feliz, porque isso significava que seu pai estava admitindo, talvez até sem perceber, que se lembrava de Mariko.

—E o que você respondia? — perguntou cheia de expectativa.

Ele trocou a marcha e respondeu:

—Simplesmente lembrava-a de que ela era babá de Inuyasha, não minha.

Rin olhou feio para seu pai.

—Você era mesmo um adolescente muito grosseiro. — afirmou.

—Foi isso que sua mãe falou de mim para você? — ele quis saber.

Ela deu de ombros.

—Entre outras coisas.

Na verdade, na maior parte das vezes que Mariko falava de Sesshoumaru ela falava sobre o quanto ele era inteligente para sua idade, mas também muito quieto e isolado, do quanto gostava de ler e, principalmente, do quanto era bonito, mas Rin preferiu não mencionar isso por enquanto, para não alimentar o ego dele.

—Eu a chamava de “Professorinha”. — ele comentou do nada, parando para abastecer em um posto de gasolina.

—Quem? — perguntou sem entender.

—A sua mãe, é claro, eu a chamava de “Professorinha”. — e virou-se para falar pela janela com o frentista do posto, que se oferecia para encher o tanque, esvaziar o cinzeiro, entre outras coisas.

Rin ficou feliz ao ouvir isso, pois era algo de que Mariko nunca tinha lhe falado e descobrir uma coisa nova sobre o passado junto de seus pais fazia Rin sentir-se como se estivesse novamente sentada na varanda com sua mãe, vendo-a apontar para a casa em que seu pai morava antes e contar coisas de quando eles eram jovens e apaixonados... Bem, ela mais apaixonada que ele.

—E por que você a chamava desse jeito? — perguntou cheia de vontade de saber mais.

Seu pai franziu o cenho, teria ele se esquecido de por que chamava Mariko daquela forma ou havia acabado de inventar aquilo?

—Em que sua mãe trabalhava antes de morrer?

Rin mexeu-se desconfortável.

—Em tudo um pouco. — respondeu — Durante a semana ela era garçonete de um restaurante chique à noite, mas de dia ela era atendente de uma confeitaria, e aos fins de semana ela passeava com cães durante a manhã... Esses eram os empregos fixos dela, mas ela sempre arrumava alguns temporários também.

Pelo canto dos olhos ela o percebeu cerrando o maxilar, mas o frentista do posto de gasolina estava de volta e ele virou-se para pegar as chaves e o troco.

—Ela era muito trabalhadora. — ele elogiou de maneira forçada, e ligou o carro novamente.

—Era sim. — Rin concordou baixando o olhar.

Mariko havia trabalhado até morrer, o trabalho havia matado sua mãe.

—Eu também a chamava de Mariko-senpai. — ele mudou de assunto, talvez percebendo que ela havia ficado desconfortável — Sabia que ela tinha dois anos a mais que eu?

—Não eram dois anos, era só um ano e meio. — ela corrigiu-o.

Seu pai encolheu os ombros.

—É quase a mesma coisa. — afirmou.

—Seis meses faz muita diferença. — insistiu teimosa como só ela podia ser.

—Crianças — seu pai suspirou ao seu lado, como se já estivesse cansado de discutir com ela — Você sabe do que eu deveria chamá-la?

—Rin? — arriscou esperançosa.

Ouvi-lo dizer seu nome era uma das coisas que Rin mais queria — isso e, claro, ouvi-lo admitir que fosse seu pai, mas primeiro o mais fácil — já que desde que chegara seu pai ainda não a tinha tratado pelo nome, na verdade mal falava diretamente com ela, e quando o fazia sempre a tratava por “você”.

—Não.

—Então do que?

Irritante.— respondeu estalando a língua.

Imediatamente ela virou a cara para o outro lado.

—Mariko detestava apelidos, e eu também não gosto nenhum pouco deles.

—É o que você diz, mas continua insistindo em me chamar de pai.

Rin virou-se por dois segundos sem palavras, não acreditando no que ele havia acabado de dizer.

—Mas “pai” não é um apelido, é o que você é!

Ele girou os olhos fazendo uma curva e argumentou:

—Então sendo assim “irritante” também não é um apelido, é o que você é.

Rin olhou-o de forma irritada, mas sem argumentos para aquilo — afinal ela realmente era irritante quando queria —, isso não era justo, ele estava jogando sujo! Rin olhou-o com o rosto rubro e os punhos cerrados, estava tão irritada que sentia como se fosse capaz de bater nele, por que ele tinha que ser tão arrogantemente chato e teimoso?!

Em outras palavras: por que ele tinha que ser tão... Parecido com ela?!

Ela piscou ao dar-se conta da realidade, ela e seu pai eram... Parecidos? Sim! De certa forma, e cada um a sua maneira é claro, mas sim! Eles, de fato, eram parecidos!

Ele estava até mesmo tentando chateá-la só porque estava irritado com ela, exatamente como ela costumava fazer na escola – mais especificamente quando as outras crianças apontavam e cochichavam sobre ela, o que, diga-se de passagem, acontecia com alguma frequência.

Perceber isso a deixou tão feliz, que sua raiva dissipou-se com um suspiro, e ela recostou-se ao banco, cansada de discutir com ele.

—E se fizéssemos um acordo? — sugeriu olhando pela janela novamente, ele não respondeu, mas ela prosseguiu mesmo assim. — Eu paro de te chamar de “papai” e você começa a me chamar pelo nome. Que tal?

—Você detesta apelidos tanto assim mesmo? — ele respondeu-lhe com outra pergunta — A ponto de abrir mão de me chamar de “papai”? Porque eu venho te dizendo para parar de me chamar assim desde o dia em que você chegou, mas você simplesmente cismou com isso.

Rin percebeu que estava fazendo careta e tratou de desfazê-la e encolheu os ombros fingindo indiferença quando se virou novamente para ele.

—Eu prefiro ser chamada pelo nome. — até porque Mariko escolhera esse nome especialmente para ela — Mas não me incomodo com apelidos carinhosos, mamãe me chamava de “Minha pequena” às vezes.

Ele deu um meio sorriso.

—Então que tal se eu a chamar de “Pequena Irritante”, você se sentiria melhor assim?

Ela cruzou os braços.

—Também não acho que tio Inuyasha e os outros gostem de se chamados como você os chama, papai. — Soltou.

—E eu com isso? — respondeu indiferente.

—Eu paro de chama-lo de “papai” se o senhor parar de dar apelidos aos outros também. — propôs firmemente. —É pegar ou largar.

Foi quando ele saiu do carro e ela percebeu que eles já tinham chegado, mas aquela não parecia de jeito nenhum o prédio da editora que publicava os livros dele, e ela sabia porque no dia em que o vira pela primeira vez — e o seguira até em casa — ele estava justamente saindo da editora, na verdade aquilo estava mais para uma...

—Delegacia de policia! — exclamou agarrando sua mão quando o alcançou — O que viemos fazer numa delegacia de policia? Você disse que precisava falar com seu redator.

—É. — ele disse — Mas primeiro preciso resolver algo aqui.

Rin arregalou os olhos.

—Não me diga que seu redator foi preso e ele te ligou para vir pagar a fiança!

—Claro que não. — ele respondeu girando os olhos e abrindo a porta da delegacia.

Claro que não era isso, o telefone nem tinha tocado afinal.

—Então o que é?

Ao invés de responder sua pergunta ele apontou para algumas cadeiras plásticas no canto da delegacia e disse:

—Sente-se e espere ali, eu preciso trocar umas palavrinhas com uma pessoa.

Obediente ela suspirou e arrastou seus pés até onde estavam as cadeiras plásticas.

Por que ele gostava tanto de ignorar as perguntas dela?

Adultos!

Delegacias de policia não eram nada emocionantes como faziam parecer nos filmes, ela não sabia exatamente por quanto tempo acabou ficando ali, mas foi tempo o suficiente para contar todas as tábuas do teto, assistir dois policiais chegarem à delegacia com um meliante, e ver uma aranha prender uma mosca em sua teia, até que uma mulher, que usava terninho cinza e rabo de cavalo, sentou-se ao seu lado e sorriu-lhe gentil.

—Oi. — disse.

—Oi.

Respondeu desconfiada, e cautelosamente moveu-se para o assento mais no canto, deixando uma cadeira vaga entre ela e a estranha recém-chegada.

—Eu sou Hana. — ela apresentou-se de maneira tranquila.

—Ah.

Rin olhou em volta de forma nervosa. Onde é que estava seu pai?

Hana — se é que este era mesmo o seu nome — colocou a mão em seu ombro.

—Não precisa ficar tão assustada querida, vai ficar tudo bem agora, você está em boas mãos.

Na mesma hora Rin afastou sua mão dali e saltou para longe da cadeira.

—Quem é você?! Veio para me sequestrar?!

—Fique calma. — Hana começou a se levantar — Eu só quero ajudar...

Rin virou-se e tentou correr, mas Hana a apanhou pelo pulso.

—Papai! — gritou — Estão tentando me levar!

Hana estava com uma mão em seu ombro e outra ainda em seu pulso, segurando-a e tentando mantê-la quieta, as duas já estavam começando a chamar atenção das poucas pessoas que estavam na delegacia.

—Vai ficar tudo bem agora querida, eu vou te levar para um lugar seguro, não precisa se assustar...

Rin puxou o pulso que Hana segurava para perto da boca e mordeu a mão dela, que gritou surpresa e a soltou dando-lhe a chance de que precisava para escapar, mas como não viu seu pai por perto correu direto para um policial que vinha em direção as duas e escondeu-se atrás dele.

—O que está acontecendo aqui? — perguntou olhando dela para Hana.

Rin apontou acusadora.

—Essa dona está tentando me sequestrar!

Hana sorriu-lhe calidamente, uma reação um pouco estranha considerando que Rin havia acabado de arrancar um pedaço de sua mão com os dentes.

—Não pequenina você entendeu errado, vamos recomeçar? — ela limpou a garganta — Olá, eu me chamo Hana e sou assistente social.

—Assistente social? — Rin interrompeu-a — O que uma assistente social quer comigo?

—Bem querida, o jovem senhor que a trouxe aqui disse que você é órfã e não tem onde ficar, por isso eu...

—Mas de que jovem senhor você está falando?! — agitou-se olhando em volta e não encontrando seu pai.

Ele não podia, de jeito nenhum, ter feito o que ela achava que tinha feito!

Hana olhou-a confusa.

—Hum... Ele era alto e loiro, estava usando uma camisa verde e uma calça jeans preta.

—Não! — Rin gritou afastando-se do policial também — Esse é meu pai!

—Seu pai? — a assistente social repetiu — Mas ele disse...

—Onde ele está? — Rin olhou exasperada para os lados — Onde ele está?

—Ele já foi, saiu pela porta dos fundos, mas... Espere Rin-chan! — chamou quando Rin saiu correndo do prédio.

O policial também a chamou, mas ela não quis ouvir, foi correndo até o local em que seu pai havia estacionado o carro e desesperou-se ao não encontra-lo mais lá.

—Papai! — chamou olhando para os dois lados da rua, tentando descobrir pra que lado ele tinha ido — Papai!

Por fim acabou escolhendo o lado direito e saiu correndo naquela direção, chamando por seu pai, mas tropeçou e caiu no chão, foi nesse momento que Hana a alcançou.

—Rin-chan! Rin-chan! — chamou levantando-a — Você está bem Rin-chan?!

—Não! — Rin tentou empurrá-la — Eu quero o meu pai! Papai!

Por fim Hana acabou vencendo-a, óbvio porque era mais forte, e abraçou-a passando a mão por seus cabelos na tentativa de acalmá-la.

—Calma Rin-chan. — disse suavemente — Vai ficar tudo bem.

—Papai. — Rin soluçou no ombro de Hana — Eu quero meu pai: Taisho Sesshoumaru-Sama!


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Notas finais do capítulo

Quem é que ficou com vontade de acertar um soco na cara do Sesshoumaru depois desse final?
Sinto em informar (na verdade não sinto não XD), mas vocês ainda vão passar por muitos momentos assim de raiva com ele até as coisas melhorarem.
E lembrem-se, aquelas que quiserem saber sobre o andamento das fics, ou apenas me perturbar pela demora basta me seguir no Twitter:
https://twitter.com/Fl0r_D0_De5ert0



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