De Repente Papai escrita por Lady Black Swan


Capítulo 14
Os problemas escolares de Rin.


Notas iniciais do capítulo

Espero que aproveitem a leitura, e até a próxima. ^_^



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O apartamento de Sesshoumaru-Sama era terrivelmente frio, mas nenhum cômodo era mais frio que seu próprio quarto.

E no quarto de Sesshoumaru-Sama havia uma cadeira que parecia ser feita de vidro.

Quando estava em seu quaro era lá que ele passava a maior parte do tempo: sentado em sua cadeira de vidro ao lado de uma grande estante suspensa de livros, onde ficava lendo livros e fumando, sempre com um cinzeiro posto em cima do braço esquerdo da cadeira e um pequeno caderno em cima do braço direito.

Rin tinha certeza que aquilo ainda ia matá-lo.

Ele costumava manter a janela aberta também — não importava o quão frio estivesse lá fora — talvez porque gostasse de fumar no quarto, e manter a janela aberta deixava o ar mais arejado — embora ele a houvesse fechado na noite em que Rin passou ali —, às vezes ele também se debruçava na janela para fumar.

O quarto de Sesshoumaru-Sama também era o único cômodo do aparamento cujo chão era de tatame e na maior parte do tempo ele gostava de andar descalço pelo quarto, e sequer punha meias.

Rin achava que, num frio daqueles, os dedos dos pés de Sesshoumaru-Sama acabariam endurecendo e caindo.

Apesar de bem grande, com pouco mais de quatorze metros quadrados e meio — Rin havia feito os cálculos com base nos tatames dispostos no chão — havia uma escassez gritante de mobília ali dentro, nada de televisão, nada de mesa, nada de tapete nem nada... Apenas o tatame, a cama, o guarda-roupa — quando não estava usando, Sesshoumaru-Sama costumava deixar o notebook em cima dele —, a estante de livros e a cadeira de vidro.

Frio e vazio.

Esse era o quarto de Sesshoumaru-Sama.

—Diga de uma vez o que você quer. — Sesshoumaru-Sama disse por detrás do livro que lia, apagando seu cigarro no cinzeiro.

Ele falou tão repentinamente que Rin, que o estivera observando até então por uma brecha da porta, até mesmo se assustou.

—O-o que... O que eu quero? — repetiu ainda em estado de surpresa.

—Você está ai há horas me observando, e nem sequer reclamou dos cigarros ainda. — ele fechou o livro e o pôs sobre o colo — Diga logo o que quer ou pare de me amolar, estou trabalhando aqui e você tira minha concentração.

Rin arregalou ainda mais os olhos com essa declaração, pois em momento algum Sesshoumaru-Sama dera qualquer sinal de estar consciente de sua presença ali, e mantivera-se o tempo todo praticamente imóvel em sua cadeira de vidro — fazendo um ou outro movimento ocasional para tirar ou levar o cigarro aos lábios, ou anotar algo em seu caderno ou virar a página do livro — de forma que ela acreditava piamente que ele realmente ainda não a havia notado ali.

Sesshoumaru-Sama a encarou.

—Você fez a mesma coisa ontem. — então ele também a notara no dia anterior! — Diga de uma vez o que a está incomodando, porque agora você está me incomodando.

Rin mordeu o lábio inferior.

—Bem, é que eu... Eu preciso... — Sesshoumaru-Sama arqueou uma sobrancelha — Eu preciso fazer o jantar!

Gritou batendo a porta e correndo para a cozinha, ela não estava mentalmente preparada para aquilo, não ainda.

Cerca de quarenta e oito horas atrás Rin havia batido na porta do quarto do pai para dormir com ele, mas não por estar com frio como havia dito para ele — embora ela realmente estivesse com frio —, mas sim porque tivera um pesadelo.

Em seu pesadelo ela acordava ouvindo alguém tossir, era uma tosse incessante, seca e feia, que a fazia sair do quarto e caminhar, pé ante pé, pelo corredor, e quanto mais ela andava mais a tosse aumentava, e então ela chegava à sala e lá encontrava Sesshoumaru-Sama.

Sesshoumaru-Sama estava sentado no sofá e segurando firmemente no braço do sofá ele curvava-se para frente e tossia, e tossia, e tossia sem parar, e a cada vez que tossia uma fumaça negra e espessa escapava de seus lábios.

Aquilo a assustava. Muito.

E Rin corria até ele.

—Papai! — chamava agarrando seu braço, esquecendo completamente da promessa de não chamá-lo mais de pai — Papai!

Mas ele não conseguia respondê-la, apenas continuava a tossir e tossir, e então... Parava.

Súbito assim.

E ficava parado lá, sentado de olhos arregalados e boca escancarada, completamente imóvel e silencioso.

Mas o silêncio era ainda mais aterrorizador que a tosse, e os olhos de Rin enchiam-se de lágrimas.

—Papai! — ela gritava.

E foi quando acordou.

De qualquer forma o sonho a deixara tão aterrorizada que, sem pensar, ela correra para o quarto do pai, com a desculpa de estar sentindo frio, o que era, diga-se de passagem, uma desculpa bem tosca já que, como já mencionado antes, o quarto dele era o cômodo mais frio de todo apartamento, ela só queria estar perto dele, sentir sua respiração e seu calor, e ouvir as batidas de seu coração, pare ter certeza de que ele estava vivo, e não morto como em seu sonho.

Mas mesmo assim Sesshoumaru-Sama a deixara entrar, fechara a janela, lhe dera um cobertor extra e a deixara subir em sua cama para dormir junto a ele.

Como poderia então, depois do que ele fizera por ela, ela ter coragem de trazer-lhe problemas dizendo-lhe que a professora queria vê-lo?!

Suspirou. Se ao menos ela soubesse como amarrar o cabelo corretamente...

...

No dia seguinte antes de entrar na sala de aula Rin parou ao lado de fora e deu uma espiada, ótimo Abi-Sensei ainda não estava em classe, suspirou aliviada e entrou, se dirigindo diretamente até Souten.

—Souten. — chamou ponto a mão em seu ombro.

Inazuma Souten não tinha pais e era criada, desde muito pequena, por seu irmão mais velho — a quem ela parecia simplesmente idolatrar — e por isso era uma das poucas colegas de classe que Rin tinha, já que desde muito pequenas as crianças — por influencia de seus pais — preferiam se manter distante da “pobre menina que não tinha pai e era filha de uma mãe adolescente”.

—Rin-chan...! — Souten virou-se sorrindo, mas assustou-se com o tamanho da seriedade com a qual a garota a olhava — O-o que foi?

—Penteie meu cabelo! — pediu.

Souten piscou.

—Como é?

—Meu cabelo! — repetiu com urgência — Preciso que o penteie!

—Mas... Como assim? Por que está me pedindo isso tão de repente?

Rin sacudiu a cabeça e agarrou a ambos os ombros de Souten.

—Apenas penteie-os e os prenda adequadamente antes que a sensei...!

—Kimura Rin-chan.  — chamou Abi-Sensei, de pé com os braços cruzados bem atrás de Rin.

Rin estremeceu.

—S-sim... Sensei...? — gaguejou virando-se temerosa.

Abi-Sensei arqueou uma sobrancelha, olhando diretamente para a chuquinha em seu cabelo.

—O seu responsável não apareceu ontem. — observou.

—Ah isso, é... — Rin gaguejou nervosa.

Abi-Sensei estalou a língua.

—Por favor, Kimura-chan, aguarde no corredor até que a aula acabe.

—Sim sensei. — Rin suspirou.

E desanimada arrastou seus pés para fora da classe.

—Oh e Nanjo Shiori-chan faça companhia a Kimura Rin-chan também. — a sensei acrescentou.

A razão para Shiori sempre ser posta para “fazer companhia à Rin” no corredor era seus cabelos claros herdados do pai estrangeiro, um cabelo assim chamava muita atenção e desviava a atenção dos alunos em sala, portanto ou ela os escurecia ou não assistiria mais às aulas, era o que Abi-Sensei dizia, mas, diferente do que fora feito com Rin, Abi-Sensei deixara Shiori de sobre aviso por três meses antes de começar a deixá-la definitivamente fora de classe.

A mãe de Shiori já havia até mesmo vindo à escola para explicar que sua filha ainda era muito nova para tingir os cabelos, mas Abi-Sensei estava irredutível.

Rin parou para esperar pela amiga, e então ambas saíram juntas.

—Muito bem classe, levantar. Isso. E cumprimentar. — ouviu a sensei dizer enquanto fechava a porta ao sair — Ótimo, podem se sentar.

Isso era o que estava ocorrendo com Rin na escola desde a segunda-feira passada.

Acontece que na última segunda-feira, ao chegar à sala Abi-Sensei dera uma boa olhada na chuquinha do cabelo de Rin e, ao final da aula a chamara à sala dos professores para falar em particular.

—Seu penteado é inadequado. — Foi como começou aquela conversa — Por favor, certifique-se de vir adequadamente penteada amanhã, ou não assistirá mais minhas aulas.

Naquele momento Rin não soube o que dizer, ela não sabia como prender o próprio cabelo, e tão pouco Sesshoumaru-Sama o sabia fazer, o máximo que ele podia fazer por ela era lhe amarrar parte do cabelo naquela chuquinha para que não lhe caísse na cara.

—E também avise a... Ao seu responsável, que quero falar com ele.

Se antes Rin estava, ao menos, balbuciando algumas coisas — mesmo que sem sentindo — agora ela havia ficado completamente muda, como ela poderia dizer aquilo ao Sesshoumaru-Sama?!

—Isso é tudo. — Abi-Sensei encerrou — Você vai para casa agora?

Lentamente, e ainda em estado de choque, Rin balançou a cabeça.

—Não... — disse — Hoje... Sou uma das que ficará para limpar a sala.

Abi sensei assentiu.

—Certo, então pode ir. — dispensou-a.

No dia seguinte Rin voltou a ir para a aula com seu “penteado inadequado” e seu responsável não aparecera para conversar com a sensei, ao que Abi-Sensei a mandou, gentilmente, esperar no corredor até que a aula terminasse, e assim havia sido no dia depois do dia seguinte e hoje também.

E o corredor era tão frio...

—Me desculpe Rin-chan, de verdade, me desculpe mesmo!

Souten desculpou-se completamente arrependida algumas horas depois quando Rin e Shiori puderam finalmente entrar na sala de aula, embora apenas para almoçar.

—Está tudo bem Souten, você não fez nada de errado. — Rin garantiu sorrindo.

—Mas eu devia ter me dado conta da situação antes! — Souten ainda se culpava. — Mas... Mesmo assim eu acho que não poderia tê-la ajudado.

Rin a olhou.

—Por que não?

—Não... Não sou eu quem arruma meu cabelo. — Souten respondeu parecendo constrangida — É o meu irmão.

—O seu irmão?! — Rin repetiu de olhos arregalados — Mas ele é um garoto! Como ele sabe arrumar o seu cabelo?!

—Bem... Ele toma conta de mim desde que eu tinha três anos de idade... Então é natural que depois de tanto tempo ele já tenha pegado o jeito de como arrumar os cabelos de uma menina. — respondeu — E também... Ele também tem cabelos compridos.

—Ah entendi. — assentiu Rin.

—Rin, Rin! — Shiori a chamou sorrindo — O seu bento sempre parece tão bonito e gostoso, sua mãe deve realmente ser uma ótima cozinheira!

Shiori era uma menina que tinha tanto pai — embora ela só o visse algumas vezes por ano devido ao trabalho dele em outro país — quanto mãe, mas ela era extremamente tímida, o que dificultava — e muito — para que ela se entrosasse com as outras crianças da turma, especialmente tendo sido transferida para aquela escola no meio das férias de verão...

—S-Shiori! — alarmou-se Souten — A mãe... A mãe de Rin-chan... Ela...!

Shiori olhou sem entender de Rin para Souten.

—O que? — perguntou preocupada — Eu disse algo de mal?

Ainda alarmada Souten agarrou o braço de Shiori com ambas as mãos e a puxou de lado.

—A mãe de Rin-chan morreu no começo do verão! — surrou-lhe agitadamente.

E justamente por ter sido transferida no meio das férias de verão é que Shiori não sabia de uma coisa daquelas.

Os olhos verdes da delicada menina se arregalaram e automaticamente ela largou seus hashis para cobrir a boca com as mãos.

—Oh minha nossa, Rin eu não sabia!

—Tudo bem. — Rin esperava que seu sorriso não aparecesse tão doloroso quanto ela pensava.

—Me desculpe. — Shiori estava à beira das lágrimas.

—Tudo bem. — Rin repetiu — Sou eu mesma que faz os meus bentos, mas você tem razão, eles são mesmo muito gostosos.

—Oh... Coitadinha da pobre Rin-chan! — disse Rika parando ao lado da mesa onde as três comiam. — Ela já não tinha pai, agora também não tem mãe, por isso que precisa fazer os próprios bentos.

Rika era uma garota que estudava junto com Rin desde a pré-escola, e também era umas das crianças que se mantinham afastada dela por ser uma “menina sem pai e filha de uma mãe adolescente”, mas nos últimos dois anos, pelo menos, não vinha mais a ignorando... E sim a atormentando constantemente.

Souten olhou com raiva para a recém-chegada.

—Rika vai embora! — mandou entre dentes.

Rika olhou inocentemente para Souten, ela gostava de incomodá-la também por causa da falta de pais.

—O que? Eu só estava dizendo a verdade Souten-chan.

—Na verdade Rika-chan eu tenho um pai. — Rin afirmou no momento em que Souten se levantou.

Rika olhou quase com pena para Rin.

—Ah sim, claro, o pai que ninguém nunca viu nem ouviu falar, Rin-chan minha mãe disse que a sua mãe só inventou isso para você se sentir melhor.

—Pois diga à sua mãe que eu tenho pai sim, e estou morando com ele agora. — Rin afirmou ainda sorrindo calmamente — Mas preciso fazer meu próprio bento porque ele aparentemente não é muito bom com crianças ainda.

Não só Rika como também Souten ficou boquiaberta, pois Rin não havia dito aquilo a mais ninguém que não fosse estritamente necessário — isto é, os professores, porque precisava avisá-los que tinha se mudado de endereço — ficaram boquiabertas.

E Shiori também teria ficado se conhecesse Rin há mais tempo e soubesse que ela nunca tivera um pai antes.

—I-isso é mesmo verdade Rin? — perguntou Souten.

—Claro que sim. — Rin respondeu sorrindo.

E dessa vez não estava se forçando.

—E... E qual o nome dele?

Perguntou Rika, pois ela podia ser uma agressora em desenvolvimento, mas ainda era uma menina de nove recém completados anos de idade — seu aniversário havia sido na semana passada e todos da sala haviam sido convidados, com exceção de Rin e Souten.

Foi nesse momento que Rin notou o livro de capa negra que Rika tinha a mão, e mais do que isso ela reconheceu aquele livro.

Era “O ocaso sob a cerejeira — um assassinato em Hokaido” de T.S. ou seja, Taisho Sesshoumaru-Sama.

Ela sorriu.

—Pois ele é o autor desse livro que você tem na mão. — afirmou apontando para o livro em questão — Taisho Sesshoumaru-Sama.

Rika vacilou.

—T.S-Sama é seu...? Como isso pode ser possível...?

—Sendo! — Rin sorriu orgulhosamente.

Por dois segundos Rika pareceu tão surpresa que não conseguia falar, mas então lentamente seu rosto foi se tornando vermelho e se contorcendo de raiva, as bochechas inflaram-se e ela abraçou protetoramente ao livro.

—Isso é mentira! Rin-chan você é uma mentirosa! — acusou.

E o pequeno coro de crianças, que já se agrupava ali ao redor para assistir ao “show” do dia, começou a apontar e cantar em conjunto:

—Mentirosa! Mentirosa! Mentirosa!

Rin ergueu-se com raiva.

—Não sou mentirosa! — negou batendo as mãos na mesa — Sesshoumaru-Sama é mesmo o meu pai! Estou dizendo!

Rika abraçou ainda mais forte o seu livro, e inflou ainda mais as bochechas.

—Se... Se o que você diz é mesmo verdade então... Então prove Kimura Rin!

Rin ficou calada, e, nesse momento, Souten levantou-se para defendê-la.

—Rin não precisa provar nada! — afirmou — Eu acredito nela!

—Mas se ela não tem como provar... — Rika começou a dizer.

—E-eu também acredito nela. — Shiori murmurou timidamente.

Os nós dos dedos de Rika começaram a ficar brancos de tanto que ela apertava o livro.

—Não me importa se vocês acreditam ou não! — reclamou — Eu continuo dizendo que se ela não tem como provar é porque é uma mentirosa!

Por cima da camisa Rin agarrou o medalhão em seu pescoço.

—Eu tenho como provar! — afirmou obstinada.

Todos os olhos se voltaram em sua direção.

—É mesmo? Então prove! — Rika desafiou-a.

—Eu tenho aqui a foto dele! — ela arrancou o medalhão do pescoço e abriu-o diante dos olhos de Rika.

Por um segundo os olhos de Rika se arregalaram... E então ela franziu o cenho.

—E daí que você tem uma foto? Eu tenho um pôster do Kamenashi Kazuya, no meu quarto, mas não quer dizer que ele seja meu primo ou irmão...

—Mas você está cega? — irritou-se Rin — Essa é uma foto de anos atrás de quando Sesshoumaru-Sama ainda não era escritor!

Rika afastou-se um passo para trás, ainda inflando as bochechas.

—Então sua mãe o conheceu antes dele se tornar escritor? G-grande coisa! I-isso não quer dizer nada, eu ainda não estou convencida! — exclamou com muito pouca convicção.

—Ah é?! — Rin fechou os punhos — Pois então espere só! Todos os dias Sesshoumaru-Sama vem me buscar de carro na escola, então hoje eu vou fazê-lo sair do carro e você vai ver que ele é mesmo o meu pai!

—P-pois é o que veremos! — Rika gaguejou virando-se e fugindo dali.

Rin piscou sem conseguir acreditar.

Ela... Tinha mesmo vencido Rika?

Um sorriso surgiu lentamente nos lábios de Rin.

Isso... Isso nunca tinha acontecido antes!

E era tudo graças ao Sesshoumaru-Sama.

—Muito bem Rin, você colocou mesmo a Rika no lugar dela! — elogiou Souten passando o braço sobre os ombros de Rin.

Rin olhou-a, ainda sorrindo meio abobalhada, enquanto o resto das crianças já se dispersava, pois tinham perdido o interesse ali.

—Eu coloquei. — concordou — Eu coloquei mesmo, não foi?

—Rin. — Shiori chamou baixinho — Seu pai é mesmo um escrito famoso?

—Bem... — Rin sorriu constrangida — Na verdade ele nem é famoso ainda...

—Você... É mesmo incrível Rin. — Shiori sorriu timidamente.

Não, Sesshoumaru-Sama é que era.

...

Rin já tinha ficado ansiosa antes para sair da escola e ir logo para casa — e quem nunca tinha ficado ansiosa para sair logo da escola? — mas nunca daquele jeito. Ela queria que a hora da saída chegasse logo, para que Sesshoumaru-Sama viesse buscá-la e então ela pudesse calar de uma vez a boca daquela chata da Rika...!

—Rin-chan! — Sango-chan a chamou, acenando para ela de frente da escola com uma bicicleta ao seu lado — Aqui Rin-chan!

—Sango-chan! — Rin parou surpresa à sua frente — O que você está fazendo aqui?

—Eu vim buscá-la, é claro. — Sango-chan respondeu sorrindo — Vou levá-la para a casa da Kagome.

Atrás de si Rin ouviu risadinhas e virou-se.

—Eu não menti! — exclamou batendo o pé no chão. — Sesshoumaru-Sama é mesmo o meu papai!

—Claro que sim. — debochou a chata da Rika por entre risadinhas, ainda de dentro dos limites da escola — É só que ele parece tão diferente nas fotos do que é pessoalmente...

—Eu sempre achei que ele fosse mais alto... — zombou um dos garotos do grupinho de amigos de Rika.

Mas ele provavelmente nunca tinha sequer ouvido falar de Sesshoumaru-Sama até aquela manhã.

O sangue de Rin ferveu.

—Rin-chan? — Sango-chan a chamou, pondo a mão sobre seu ombro — Vamos?

Rin cerrou os punhos, mas sabia que de nada adiantaria ficar discutindo com aquelas crianças cabeças de vento.

Mas um dia, jurou, um dia ainda iria fazer com que todos eles calassem a boca.

Mas por agora ela virou-se para Sango-chan e acenou-lhe concordando com a cabeça.

Com um sorriso Sango-chan estendeu-lhe um capacete cor de rosa com adesivos negros em forma de flores grudados nele.

—Afinal não queremos ser detidos pela policia. Certo? — e deu-lhe uma piscadela.

Rin aceitou o capacete com os dentes trincados e o colocou na cabeça por sobre o gorro de lã.

—Sango-chan. — chamou algum tempo depois, passados já vários minutos na garupa da bicicleta de Sango-chan — Por que foi você quem veio me buscar hoje ao invés de Sesshoumaru-Sama?

—Parece que Sesshoumaru tinha algum lugar para ir hoje. — Sango-chan lhe respondeu — Eu acho que ele ia ligar para Inuyasha para pedir isso a ele, porque estava com o celular na mão quando nos encontramos, mas eu não fui à escola hoje e acabamos nos encontrando no elevador quando eu estava de saída para a casa de Kagome, acho que eu estava apenas no lugar certo na hora certa, ele vai passar lá mais tarde para te buscar.

Mantendo a cabeça baixa Rin segurou um pouco mais firmemente nas roupas de Sango-chan.

—Por que vocês não estão mais visitando o apartamento de Sesshoumaru-Sama? — perguntou — É porque tio Inuyasha não está lá?

Sango-chan ainda demorou um pouco antes de responder:

—Em parte, talvez, mas não é totalmente por isso, acredite, mesmo que Inuyasha estivesse lá o apartamento de Sesshoumaru ainda continuaria vazio a maior parte do tempo, é sempre assim nessa época.

—Por quê?

—Você não sabe? — Sango-chan perguntou-lhe de volta — Não sabe mesmo? Vamos, pense bem.

Rin pensou um pouco.

—O frio? — tentou.

—O frio. — Sango-chan confirmou, e suspirou. — Sinceramente eu não sei se Sesshoumaru realmente ama ao frio ou se apenas tem uma resistência maior a ele e usa isso para nos afastar, mas sei que, de qualquer forma, funciona. Durante a maior parte do ano nós fazemos do apartamento de Sesshoumaru o nosso QG, mas, conforme o inverno se aproxima e avança, aquele lugar fica cada vez mais frio e Inuyasha é obrigado a subir para o meu apartamento só pra conseguir se esquentar, daí a Kagome acaba ficando por lá também, tanto pela companhia quanto pelo calor, só o Miroku é que continua indo ao apartamento de Sesshoumaru nessa época, mas só por tempo o suficiente para pegar alguma “comida pra viagem”, do contrário congelaria lá dentro, bem, pelo menos ele não consegue carregar tanta comida quanto seria capaz de comer se ficasse por lá.

—Então todos esses dias vocês estiveram lá em cima e nem se importaram de descer uma vez sequer? — perguntou com a voz abafada por estar com o rosto pressionado contra Sango.

—O que? Não! — respondeu a mais velha — Agora que Inuyasha está na casa de Kagome ele não tem necessidade de ir até o meu apartamento para se esquentar, nem Kagome sente necessidade de sair por estar solitária, então eu acabo indo pra lá pra não ficar sozinha...!

—E Miroku-kun? — perguntou afastando o rosto de suas costas — Você disse que, mesmo no inverno, ele sempre aparece para pegar comida...

—Ah isso... — Sango-chan fez uma pausa — Bem, a casa de Kagome tem muito mais comida do que o apartamento de Sesshoumaru pode sequer sonhar em ter um dia, e essa é a primeira vez que ele (na verdade todos nós também) tem a oportunidade de ir até lá, então ele está aproveitando essa chance ao máximo...

  —Entendi. — Rin cortou-a — Então no fim Miroku-kun é realmente apenas um parasita morto de fome que vai pra onde tiver mais comida.

—V-você falou igualzinho ao Sesshoumaru agora, acho que foi uma má ideia te deixar tanto tempo sozinha com ele. — gaguejou Sango-chan. — Escute Rin-chan, se você estiver se sentindo solitária você pode subir a hora que quiser para o meu apartamento, eu moro no oitavo andar, numero 8-03, mesmo que eu não esteja em casa, porque eu tenho um irmãozinho que é quase da sua idade, tenho certeza que vocês se dariam bem... Não precisa ficar chateada, tá? Até porque vamos ver todo mundo hoje.

—Estar sozinha com Sesshoumaru-Sama não me faz sentir solitária ou ficar chateada. — Rin negou firmemente.

E, quando voltou a se agarrar com força às roupas de Sango-chan e pressionar o rosto contra suas costas, ouviu Sango-chan perguntar:

—Então por que você parece tão chateada? — mas parecia que estava mais era pensando em voz alta.

Rin fechou os olhos com força.

Por quê? Por que é que justo hoje Sesshoumaru-Sama não pudera vir buscá-la?!


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Notas finais do capítulo

Hellou pessoinhas!
Isso já foi mostrado antes em algumas lembranças, mas agora pudemos ver ao vivo como é a relação de Rin com outras crianças, e agora, como se já não bastasse, ainda tem essa professora falando sobre seu cabelo.
Ai, ai, ai, Rin devia contar logo ao Sesshoumaru o que está acontecendo... E por falar em Sesshoumaru, onde será que o homem foi que não pôde ir buscar Rin na escola, não é?
Bem, pelo menos ele não a deixou lá plantada e mandou alguém em seu lugar.

Curiosidades japonesas:

1- Embora o governo japonês tenha estabelecido em 1992 que todas as escolas devem dar dois dias de folga semanal aos seus alunos (sábado e domingo), muitas escolas ignoram isso e seguem dando suas aulas normalmente de segunda-feira a sábado (como é o caso da escola de Rin, por exemplo).
2- As escolas do Japão em geral tem um rígido “código de vestimenta”, que inclui não apenas a padronização do uniforme, como também a proibição de qualquer coisa que altere a aparência, como o uso de acessórios, maquiagens, esmalte de unha, lentes de contados coloridas, tatuagens (sendo possível, até mesmo a expulsão em caso de tatuagens) e cabelos tingidos de forma que cabelos em tons claros ou coloridos são expressamente proibidos, devendo assim manter o padrão preto ou castanho escuro, em caso de franja, o cabelo não deve cobrir-lhe os olhos, é proibido inclusive fazer as sobrancelhas e depilar as pernas, e no caso dos homens é obrigatório ter barba e bigode sempre bem feitos.
3- Outro fato sobre as escolas japonesas é o cumprimento ao professor, sempre que um professor entra em sala os alunos devem se levantar e cumprimentá-lo em uníssono e logo depois se curvarem, também é comum fazerem isso na saída.
4- E por último uma curiosidade sobre o uso das bicicletas no Japão: lá é expressamente proibido que duas pessoas dividam a mesma bicicleta, mesmo que ela possua garupa, havendo uma exceção apenas para o transporte de crianças, mas nada de levar a criança sentada no varal, é preciso haver garupa ou aqueles apoios para o passageiro ficar em pé, e o uso de capacete é obrigatório para a criança.



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