De Repente Papai escrita por Lady Black Swan


Capítulo 12
A briga de Kagome-chan e tio Inuyasha.


Notas iniciais do capítulo

Nem acredito que deixei esse capitulo programado com três semanas de antecedência! :O
E então, como estão passando depois do último capitulo? Todo mundo bem? Ótimo, então segue o bonde!

GLOSSÁRIO:

Yunomi: típica xícara de chá japonesa.

Tayaki: Um típico bolinho japonês com formato de peixe e geralmente recheado de alguma coisa, mais comumente pasta de feijão

Ah, e antes que eu me esqueça, também deixei algumas curiosidades interessantes nas notas finas (que podem explicar outras palavras que deixei de fora do glossário) ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/713754/chapter/12

Naquele dia Sesshoumaru-Sama havia tido de sair por ter negócios para tratar — algo como assinar autógrafos em uma livraria — e não pudera levar Rin à escola, de forma que ela ficara sozinha em casa com o aviso expresso de não abrir a porta para ninguém e o lembrete de que seu almoço estava no aparelho de microondas — o que era meio engraçado, porque geralmente era ela quem deixava o almoço dele pronto no aparelho de microondas para ter certeza de que ele se alimentaria direito mesmo enquanto ela estivesse na escola —, embora certa vez ele lhe dissera que seria irresponsabilidade da parte dele deixar uma criança sozinha no apartamento.

Mas ela não se incomodava realmente por ter ficado em casa naquele dia, lá fora a temperatura estava caindo a uma velocidade assustadora e ela não se sentia realmente com vontade de sair, principalmente para ir para a escola — Mariko dizia que ela sempre ficava mais preguiçosa no frio — de forma que estava até satisfeita em ficar sentada no sofá toda enrolada em um edredom enquanto assistia televisão.

Só de pensar que no inverno seria muito pior a menina estremeceu e encolheu-se um pouco mais debaixo do edredom, apertando entre as mãos a caneca de chá para tentar se aquecer um pouco mais.

—A temperatura está em torno de 12°C e estamos novamente naquela época do ano... — dizia animadamente a reporte na televisão, apesar de estar com as bochechas vermelhas pelo frio, e mal conseguir abrir os olhos nem poder largar a boina que usava na cabeça por causa do vento forte — A segunda época mais esperada no ano pelos japoneses depois do Hanami: O Koyogari. É realmente lindo...!

Koyogari... Rin suspirou.

Aquele seria o primeiro ano que ela não iria sair para apreciar as folhas outonais com a mãe, assim como também fora o primeiro ano em que não apreciara o Hanabi ao lado dela no verão, mas, de alguma forma, saber que nunca mais veria o Koyogari com sua mãe... Soava muito mais triste.

—... Todos os anos nessa mesma época as folhas de Momiji assumem uma linda coloração vermelha que...

Mariko amava a cor vermelha que as folhas de Momiji tinham nessa época do ano, eles tinham uma delas no quintal de casa e todos os anos sua mãe assava batatas debaixo dela em uma fogueira que ascendia com as próprias folhas caídas da árvore.

Seu avô sempre reclamava e dizia que Mariko ainda provocaria um incêndio, mas as batatas eram sempre gostosas...

Rin encolheu-se mais um pouco sob o edredom, ela também... Nunca mais comeria as batatas assadas de Mariko.

Tomou um gole de chá.

Ela queria comer batatas assadas.

—Se está sentindo frio agora mal posso esperar para ver no inverno. — Sesshoumaru-Sama comentou entrando na sala.

—Sesshoumaru-Sama, o senhor voltou! — Rin surpreendeu-se quase derrubando sua caneca de chá. — Como foi no seu compromisso?

Sesshoumaru-Sama levou uma mão à gravata que usava e começou a afrouxá-la.

—Minha mão está doendo — arqueou uma sobrancelha. — E você queria mesmo me convencer que conseguiria passar o inverno só com aquelas roupas de verão?

Rin corou.

—E-eu não estou sentindo frio. — mentiu descaradamente.

—Ahã. — ele respondeu se aproximando, parou por um momento para ver o que passava na televisão, deixou uma sacola de papel em cima da mesinha de centro e depois foi embora. — Aproveite.

Disse antes de sair.

Rin olhou sem entender para a sacola de papel em cima da mesa.

—E o que é?

—São batatas assadas que me deram na livraria. — ele respondeu de algum lugar do apartamento.

O rosto de Rin abriu-se num sorriso.

—Obrigada Sesshoumaru-Sama!

—Apenas as coma logo antes que Inuyasha chegue.

Mesmo com alguma dificuldade — pois havia ficado naquela mesma posição por tanto tempo que seus membros pareciam ter ficados rígidos de tanto frio — ela conseguiu se levantar para, embrulhando-se ainda mais no edredom, sentar-se no chão e abrir a sacola de papel.

Lá dentro as batatas esperavam por ela, todas embrulhadas e protegidas do frio com papel alumínio.

Rin pegou a primeira delas e a desembrulhou, o calor emanou imediatamente dali aquecendo seu rosto e a fazendo inspirar o mais fundo possível para absorver o máximo que podia daquele delicioso cheiro.

—Isso é cheiro de batata assada?! — ela ouviu tio Inuyasha gritar antes mesmo de conseguir dar a primeira mordida.

Foi como se uma manada inteira de cavalos tivesse invadido o apartamento e, no momento seguinte, ali estava ele no batente da porta da sala.

—Senti... Cheiro... De batatas. — ofegou.

A menina piscou surpresa e, em choque, estendeu a batata que tinha na mão em direção ao tio.

—O... O senhor quer?

Tio Inuyasha sorriu.

Agora estavam os dois sentados no chão tomando chá e dividindo as batatas assadas que Sesshoumaru-Sama trouxera enquanto assistiam televisão, embora tio Inuyasha parecesse muito mais interessado nas batatas.

Na televisão a reporte passava agora por um parque parando, ocasionalmente, um turista ou outro para entrevistar, ela estava justamente entrevistando um turista — que parecia ser de algum lugar da Europa — perguntando o que o levara a decidir vir passar o outono no Japão, quando Rin pensou ter reconhecido alguém que estava sentado lá no fundo.

—Kagome-chan! — sorriu.

—O que? — tio Inuyasha olhou para trás achando que ela estava no apartamento — Kagome? — chamou.

—Não tio. — Rin tocou seu braço e apontou — Na televisão, ali atrás, está vendo? Ela esta sentada bem ali.

Tio Inuyasha voltou-se para a televisão, cerrando os olhos para se concentrar melhor e, de fato, Kagome-chan realmente estava sentado em um banco ao fundo da filmagem... Rindo enquanto dividia um saco do que pareciam ser nozes ou castanhas com um garoto que estava sentado ao seu lado, e nenhum dos dois parecia se dar conta da câmera logo adiante.

Aquele garoto com Kagome-chan... Rin a conhecia de algum lugar,

—É o garoto que atendeu ao Sesshoumaru-Sama e a mim no Maid-Invertido-Café! — lembrou-se estalando os dedos. — Kouga!

—Mas o que aquela idiota pensa que está fazendo?! — tio Inuyasha exclamou se levantando e assustando Rin com sua fúria repentina.

—Tio Inuyasha, onde o senhor está indo? — perguntou.

Mas ele nem pareceu ouvi-la, estava concentrado em pegar o celular, andar e vestir o casaco, tudo ao mesmo tempo.

—Sango? — ele foi dizendo no corredor — Me encontre no estacionamento agora, eu preciso das chaves do cadeado da sua bicicleta... Eu não quero saber se você está tomando banho, é urgente!... Então manda o Kohaku levar, mas isso é pra ontem!

E saiu batendo a porta.

Rin piscou.

—O... O que foi que aconteceu? — perguntou-se.

Cerca de quase uma hora depois de tio Inuyasha ter chegado e saído Sesshoumaru-Sama retornou à sala, dessa vez vestido com calças e camisa de tecido moletom e meias nos pés.

—Achei que Inuyasha já havia chegado. — comentou entrando na sala carregando uma caneca de café numa mão enquanto com a outra secava os cabelos com uma toalha.

Rin ergueu os olhos de seu dever de casa.

—E chegou. — confirmou — Mas já foi.

Sesshoumaru-Sama girou os olhos sentando-se no sofá, e deixando a toalha de qualquer jeito sobre a cabeça para pegar o controle e ligar a televisão.

—Aquele idiota nunca para quieto. — censurou.

Com um aceno de cabeça Rin concordou que seu tio era realmente uma pessoa sempre muito inquieta e virou-se para frente.

Na televisão o ancora do jornal se despedia do público enquanto sua imagem era lentamente substituída por imagens em tempo real de paisagens outonais do Japão, entre elas uma imagem de um parque cheio de árvores coloridas de outono, ela não ficou por mais de três segundos na tela, mas mesmo assim Rin pôde ver claramente ao fundo da cena, entre os vários pedestres e turistas que transitavam por ali, tio Inuyasha tentando puxar Kagome-chan para si pelo braço ao mesmo tempo em que empurrava Kouga para longe que, por sua vez tinha um braço fortemente atado em volta da cintura de Kagome-chan enquanto tentava empurrar tio Inuyasha para longe.

Rin virou-se para Sesshoumaru-Sama, mas não precisou perguntar nada, as sobrancelhas minimamente erguidas e os lábios levemente entreabertos já diziam tudo: ele também havia visto.

—Sesshoumaru-Sama. — chamou.

Em um segundo ele retornou a sua expressão impassível de sempre — talvez imaginando que ela não havia reparado — e a olhou:

—O que foi Rin?

—Em quanto tempo acha que isso vai parar na internet?

Sesshoumaru-Sama voltou sua atenção novamente para a televisão.

—Isso depende.

—Do que?

—De o Pervertido ter visto ou não a esse programa. — respondeu.

...

Kagome-chan deve ter ficado realmente muito irritada com o que tio Inuyasha fez, porque nem sequer deu as caras no apartamento até a semana seguinte, que foi quando tio Inuyasha, que parecia ser realmente um completo sem noção, jogou aquela bomba:

—Como assim eu não posso ir à viagem escolar?! — Kagome-chan repetiu incrédula.

Ela e tio Inuyasha estavam na cozinha, mas Rin, mesmo estando na sala, podia ouvi-los perfeitamente bem.

—Alguém tem que ficar para proteger a Rin. — ele justificou.

Rin, que estava naquele momento passando um esfregão molhado no chão, parou assim que ouviu aquilo.

—Proteger Rin? — Kagome-chan repetiu ainda incrédula — Mas tomar conta dela é a função do Sesshoumaru que é o pai!

—Mas é justamente do Sesshoumaru que eu quero protegê-la! — exasperou-se tio Inuyasha.

Assim que o nome dele foi mencionado Rin voltou-se para Sesshoumaru-Sama, mas ele estava tão concentrado digitando em seu notebook que nem sequer pareceu ter ouvido, tio Inuyasha disse que isso acontecia às vezes: Sesshoumaru-Sama se engajava tanto em seu trabalho que não percebia nem ouvia nada nem ninguém ao seu redor.

Na cozinha a conversa continuou:

—Do que está falando Inuyasha? Por que teríamos que protegê-la dele?

—Kagome você já esqueceu? — tio Inuyasha perguntou — Ele não a quer aqui! No momento em que subirmos para o ônibus escolar ele vai dar um jeito de se livrar dela, e nem vai adiantar ela nos ligar porque vamos estar muito longe, e quando voltarmos já vai ser tarde.

Kagome-chan calou-se por alguns segundos antes de responder:

—É... Nisso você tem razão.

Não querendo mais ouvir aquela conversa, Rin voltou a concentrar-se em limpar o chão, mas mesmo assim as palavras ainda vinham flutuando da cozinha até os seus ouvidos:

—Então, justamente por isso...! — dizia tio Inuyasha.

—Mas sendo assim é melhor que quem fique seja você. — interrompeu Kagome-chan — Já que é você que mora aqui.

—Sim, mas...! — por um momento tio Inuyasha pareceu ficar sem palavras — Mas não pode ser eu, tem que ser você!

—E eu por quê?

—Porque de nós quatro você é a única que tem carro.

—Isso não quer dizer nada. — ela retrucou — Basta que eu deixe o meu motorista a sua disposição.

—Não, isso também não vai dar! — tio Inuyasha negou na mesma hora.

—E por que não? — Kagome-chan pressionou.

—Porque... Porque... Porque eu não me sentiria a vontade chamando o seu motorista sempre que o Sesshoumaru tentasse dar um fim na Rin, e acredite, ele vai tentar! — ele claramente estava tentando arranjar alguma razão, qualquer uma, para fazer Kagome-chan ficar.

—Então deixamos a Sango, ela também mora no prédio e tem uma bicicleta, vai dar conta do recado. — Kagome-chan resolveu — E também, desde aquela primeira e única vez que ele tentou se livrar dela deixando-a na delegacia que Sesshoumaru nunca mais tentou nada, e isso já tem meses que aconteceu!

De repente os dois se calaram.

Sim era verdade, nenhum deles havia descoberto sobre a vez em que Sesshoumaru-Sama tentara devolvê-la para a avó, mas mesmo isso já fazia algum tempo também e desde então Sesshoumaru-Sama realmente não havia tentado mais nada.

Secretamente Rin sorriu.

—É estranho, não é? — tio Inuyasha voltou a falar — Sesshoumaru não é de desistir assim tão facilmente... O que você acha que ele está armando?

—Não sei... Talvez ele tenha finalmente assumido que Rin é sua filha e só não quer admitir em voz alta? — Kagome-chan sugeriu.

As vozes deles estavam se aproximando.

—Duvido que seja isso. — tio Inuyasha respondeu descrente — Ele deve ter é se acostumado a ter uma empregada de graça.

E as cabeças dos dois surgiram pelo vão da porta no exato momento em que Sesshoumaru-Sama erguia os pés para deixar Rin passar o esfregão por ali também, mas enquanto Sesshoumaru-Sama pareceu nem notá-los Rin congelou, os dois encararam a cena por alguns segundos e então voltaram a sumir.

—É, você tem razão. — concordou Kagome-chan se afastando pelo corredor com tio Inuyasha — Deve ser isso mesmo.

...

Mas a briga não parou por ali, pois ainda havia uma viagem escolar marcada para o final da próxima semana e tio Inuyasha definitivamente não queria que Kagome-chan fosse nela.

—Eu só estou dizendo que você não pode deixar a Rin sozinha com o Sesshoumaru, você foi a responsável por ela entrar no apartamento, quer ser a responsável por ela sair dele também? — tio Inuyasha dizia ao celular em seu quarto — Não...! Eu não estou tentando usar Rin como um pretexto! E não tem nenhuma outra razão para eu não querer que você vá.

Rin, que estava sentada no corredor ao lado da porta entreaberta, suspirou e levantou-se.

—Sesshoumaru-Sama, por que o tio Inuyasha quer tanto que a Kagome-chan fique?

Perguntou entrando na cozinha, onde seu pai virava hambúrgueres com uma espátula para o jantar.

—O que se passa ou não na cabeça de Inuyasha não me interessa. — ele respondeu — Isto é, se é que se passa alguma coisa pela cabeça dele.

Rin sentou-se pensativa à mesa.

—Naquele dia que o tio Inuyasha viu a Kagome-chan com o Kouga ele ficou realmente muito bravo, e desde aí os dois não param de brigar. — refletiu — Ele não quer que ela vá à viagem escolar e diz que é por minha causa, mas a Kagome-chan está muito desconfiada para que isso seja verdade, hum... — ela cruzou os braços — É uma viagem escolar e Kouga é do mesmo ano que tio Inuyasha e Kagome-chan então ele provavelmente também vai estar lá, mas o tio não quer que a Kagome-chan fique perto dele, então... — de repente ela arregalou os olhos — Ele está me usando de desculpa para fazer a Kagome-chan ficar aqui e mantê-la longe do Kouga! — concluiu — Mas então isso significa que ele tem ciúmes dela, e se ele tem ciúmes ele... — Rin franziu o cenho e direcionou o olhar as costas do pai, que ainda fazia hambúrgueres — Sesshoumaru-Sama, o tio Inuyasha está apaixonado pela Kagome-chan?

A espátula de Sesshoumaru-Sama parou no ar e por um segundo Rin ouviu algo vindo dele que com alguma imaginação — ou muita, na verdade — poderia parecer-se vagamente com um riso:

—Hum. — ele fez, voltando a virar os hambúrgueres como se nada tivesse acontecido — Até uma garotinha se dá conta disso, e apenas ele que não, o quão estúpido pode realmente ser Inuyasha?

Rin apertou as mãos sobre o colo.

—Então ele está mesmo apaixonado?

—Está. — Sesshoumaru-Sama respondeu se aproximando com a frigideira em mãos e colocando um dos hambúrgueres em seu prato, já preparado com arroz e vegetais — Mas não diga isso a ele.

Rin o olhou surpresa.

—Mas por que não?

—Eu quero ver. — Sesshoumaru-Sama serviu um hambúrguer em seu próprio prato, também preparado com arroz e vegetais, assim como o dela e depois voltou ao fogão, de onde voltou com uma frigideira com dois ovos fritos — O quanto aquele estúpido demora em se dar conta disso.

Ele depositou um ovo em cima de cada hambúrguer deixou a frigideira na pia e sentou-se para comer.

—E... Já faz muito tempo?

Sesshoumaru-Sama encolheu os ombros.

—Ele conhece Domadora há quase dois anos agora.

E durante todo aquele tempo ele assistira em silencio a confusão de tio Inuyasha e Kagome-chan apenas para a própria diversão? Isso era algo que Mariko nunca havia contado à Rin, mas agora ela percebia: Sesshoumaru-Sama era realmente um homem bem cruel quando queria.

De forma que, enquanto a paciência de Sesshoumaru-Sama permitiu a briga deles só fez continuar...

—E agora Inuyasha, qual é o problema? — Kagome-chan bateu as mãos na mesa com raiva fazendo as yunomis sobre ela estremecerem — Sango já disse que, se for preciso, ela ficará aqui para cuidar de Rin, e ela não se incomoda de chamar meu motorista a hora que for preciso!

—Droga Kagome, se eu estou dizendo que tem que ser você é porque tem que ser você! — tio Inuyasha irritou-se também.

—Mas por quê?! — Kagome-chan pressionou.

A esquerda de Rin Sango-chan inclinou-se de lado e perguntou o mais baixo possível ao Miroku-kun:

—Eles estão assim já há algum tempo, o que foi que houve?

Ao que Miroku-kun, sentado a direita de Rin, respondeu também em tom baixo:

—Você não soube?

—Não. O que?

Segurando seu taiyaki meio comido entre os dentes — que pertencia à dúzia de taiyakis que Sesshoumaru-Sama havia escondido para si mesmo no fundo da geladeira, mas que fora descoberta por Sango-chan — Miroku-kun começou a revirar os próprios bolsos.

Naquele momento estavam os cinco sentados no chão em volta da mesinha de centro da sala lanchando taiyakis com um chá verde que Rin mesma havia preparado, enquanto uma chuva torrencial caia do lado de fora, e na televisão anunciavam que um tufão estava passando pela região de Kanto naquele momento, não havia riscos de passar pela capital, mas mesmo assim, por segurança, todas as linhas de metrô haviam sido desativadas.

—Ah! — exclamou Miroku-kun quando encontrou aquilo que procurava e, ainda segurando o taiyaki entre os dentes, tirou o celular do bolso e o entregou a Sango-chan. — Olhe nos vídeos, é o mais recente.

Sango-chan lançou um olhar desconfiado a ele.

—Tem certeza? Não tem nada de suspeito lá? — perguntou — Lembre-se de que Rin está bem aqui ao nosso lado.

—Vocês realmente não confiam em mim. — Miroku-kun resmungou parecendo chateado enquanto mastigava seu taiyaki — Não tem nada de mais lá, não tem com o que se preocupar.

Mesmo assim Sango-chan começou a mexer no celular como se ele fosse uma bomba que ela estivesse desarmando.

Enquanto isso o conflito de tio Inuyasha e Kagome-chan seguia em frente:

—Diga! — Kagome-chan exigiu praticamente esfregando um taiyaki decapitado, que pingava pasta de feijão, na cara de tio Inuyasha — Por que não quer que eu vá a viagem escolar!

—Eu já disse Kagome! — tio Inuyasha bateu na mesa e afastou o taiyaki de Kagome-chan de seu rosto — Alguém tem que ficar e proteger Rin!

—Sango pode fazer isso!

Ela respondeu gesticulando para Sango-chan com a mão que segurava o taiyaki e fazendo espirrar pasta de feijão tanto em Sango-chan quanto em Miroku-kun — Rin escapou por ser baixa — mas nem sequer pareceu se dar conta disso.

Era nesses momentos, quando estava brigando com tio Inuyasha, que Kagome-chan parecia perder toda aquela aura de delicadeza que fez Rin pensar que, de alguma forma, ela não se encaixava no cenário na primeira vez em que a viu.

—Qual é Kagome? — Miroku-kun resmungou limpando com a manga da camisa a pasta de feijão em sua testa.

Sango-chan, por outro lado, pareceu nem se incomodar, concentrada como estava no celular de Miroku-kun apenas limpou a pasta de feijão da bochecha com a costa da mão — lambendo-a logo em seguida.

Rin inclinou-se levemente de lado para ver o que ela estava assistindo.

Era a reportagem daquele dia sobre a época do Koyogari, no entanto a imagem permanecia congelada, e um circulo vermelho dava destaque não a reporte, mas sim a um casal sentado ao fundo: Kagome-chan e Kouga.

O vídeo seguia mostrando as paisagens outonais com as quais o telejornal havia encerrado naquele dia, e então, quando elas acabaram uma frase surgiu na tela — branca sobre fundo negro: “E então? Percebeu?”.

E, alguns segundos depois, foi substituída por outra: “Não? Vamos voltar um pouquinho então”.

 Dessa vez a única imagem mostrada foi a do parque com árvores de outono, e logo depois a legenda: “E agora? Viu?” seguida por “Não? Então vamos olhar mais de perto agora”.

E novamente o parque foi exibido na tela, mas, enquanto Rin observava, o vídeo começou a dar zoom até focar exatamente na cena de tio Inuyasha e Kouga brigando por Kagome-chan ao fundo.

O vídeo era encerrado com a imagem de um chimpanzé rindo.

—Então foi isso. — Sango-chan tomou um gole de seu chá e ergueu os olhos — Você parece até uma criança Inuyasha.

—O que?! — tio Inuyasha voltou-se para Sango-chan — Só por que eu quero proteger a minha sobrinha?!

—Você não quer proteger nada, você só quer...! — acusava Kagome-chan.

—Rin. — Sesshoumaru-Sama chamou com voz cortante aparecendo na sala.

Segundo tio Inuyasha, havia qualquer coisa no frio que deixava Sesshoumaru-Sama de bom humor — ou algo semelhante a isso, já que estamos falando de Sesshoumaru-Sama —, mas aquele certamente não era o caso agora.

Apoiado de lado na entrada da sala com o antebraço apoiado em um ponto acima de sua cabeça no batente do portal, Sesshoumaru-Sama tinha olheiras debaixo dos olhos, a boca firmemente pressionada em uma linha reta e emanava uma espécie de aura assassina de si.

—S-sim! — Rin respondeu enrijecendo em seu lugar.

—Venha. Aqui. — chamou pausadamente.

—S-Sim! — Rin respondeu.

E tamanha foi sua pressa para levantar-se e ir até ele que quase passou por cima de Miroku-kun no caminho, mas em dois segundos já estava firmemente de pé em frente ao Sesshoumaru-Sama, calcanhares grudados, braços junto ao corpo, rígida como um soldado.

—Sim Sesshoumaru-Sama! — Tudo o que faltava era a continência.

Sesshoumaru-Sama tirou a mão que estava no bolso e estendeu-a para menina, Rin sentiu um fio de suor descer por suas costas.

—Me dê seu celular. — ordenou.

Em menos de um piscar de olhos o aparelho já estava em sua posse.

“... E lembre-se, isso é muito importante: em hipótese nenhuma deixe Sesshoumaru tocar nesse aparelho.”

As palavras de Kagome-chan soaram em sua mente, e só tarde demais Rin se deu conta do que havia feito.

Ela havia entregado o celular para Sesshoumaru-Sama! Para Sesshoumaru-Sama!

Sesshoumaru-Sama levantou o olhar — e mesmo sem olhar Rin sabia que todos ficaram paralisados com isso — e lentamente ergueu a mão que carregava o telefone celular.

—Esta menina. — começou — Me obedece cegamente. Se eu quisesse me livrar dela já o teria feito, estando vocês aqui ou não. — e jogou o aparelho no ar, Rin não o ouviu cair, então supôs que alguém o havia pegado — A presença de vocês não faz a mínima diferença na permanência de Rin nessa casa, então façam logo as malas e se despachem daqui. — parou por um segundo, passando a mão pelos cabelos — Antes que eu mesmo os coloque dentro das malas e os despache.

Mesmo depois que ele se foi, Rin continuou paralisada no mesmo lugar.

Houve um som coletivo de respirações sendo soltas no momento em que o som da porta do quarto dele foi-se ouvido.

—A-acham que ele estava falando sério? — Rin ouviu Miroku-kun perguntar, quando se virou ele estava olhando pálido para o local em que Sesshoumaru-Sama estivera.

—Eu não sei. — Sango-chan engoliu em seco — Mas eu é que não vou ficar para descobrir.

Kagome-chan estava titubeando com os dedos no tampo da mesa.

—Então está resolvido. — decidiu — Vamos todos.

—O que?! — tio Inuyasha virou-se para ela — Não, não, você não pode!

—Por que não? — Kagome-chan o desafiou — Sesshoumaru já disse que não vai se livrar dela.

—E você acreditou?!

—Acreditei. — respondeu com um ponto final.

Enquanto isso Sango-chan, Miroku-kun e Rin — que havia voltado ao seu lugar — assistiam a tudo movendo a cabeça de um lado para o outro como se vissem uma partida de ping pong.

—Mas... Mas...

—O que? — Kagome-chan ergueu o queixo — Há alguma outra razão para você não querer que eu vá, Inuyasha?

Tio Inuyasha trincou os dentes e fechou o punho em cima da mesa.

—Kouga vai estar lá. — admitiu por fim.

Ao que Kagome-chan respondeu com um arquear de sobrancelha.

—E daí? Kikyou também vai estar lá. Enquanto você fica com ela, Kouga me faz companhia.

Nesse momento Sango-chan e Miroku-kun emitiram um “uuuuh” como se Kagome-chan tivesse acabado de dar um golpe fatal em tio Inuyasha

—Eu vou nessa viajem escolar, se você vai também ou não, é decisão sua. — E então Kagome-chan levantou-se e foi embora.

Do lado de fora a chuva parecia começar a abrandar.

O avô de Rin tinha razão, o temperamento de uma mulher é realmente com um céu de outono.

Miroku-kun, Sango-chan e Rin se voltaram para tio Inuyasha.

—E então? — questionou Miroku-kun — O que vai fazer agora?

E assim ficou decidido que todos iriam à viagem escolar.

...

—Tio Inuyasha, tio Inuyasha! — Rin chamou uma semana depois o sacudindo pelo ombro — Tio Inuyasha acorda, já é de manhã o arroz está na mesa!

Mas jogado no sofá tio Inuyasha nem sequer se mexeu.

—Deixe-o aí e vá se arrumar, ou vai se atrasar para escola. — Sesshoumaru-Sama aconselhou aparecendo na estrada da sala com uma yunomi de chá — Você não é a babá dele.

Rin o olhou.

—Mas se o tio Inuyasha dormir demais ele vai perder o ônibus da viagem, e aí vai passar o final de semana todo aqui com o senhor.

Sesshoumaru-Sama arqueou uma sobrancelha e entrou calmamente na sala...

—Acorda animal! — exclamou chutando o irmão para fora do sofá.

—Sesshoumaru seu maldito! — tio Inuyasha gritou erguendo a cara do chão.

Rin sorriu.

—Pelo menos já está acordado. — disse — Levante-se e venha comer tio.

—Tudo bem. — ele resmungou se levantando.

Mas a cada movimento que tio Inuyasha fazia Rin ouvia um som estranho, como algo estalando, ou folhas secas de outono sendo pisadas.

Franziu o cenho.

—Que som é esse?

—São meus ossos e juntas.

Tio Inuyasha respondeu com expressão de dor, colocando-se de pé meio curvado, com uma mão apoiada no sofá e outra sobre as costas.

Rin cobriu a boca com as mãos para disfarçar o riso.

—O senhor até parece o meu avô! — afirmou. — Está até curvado que nem ele!

—É? — tio Inuyasha olhou-a de canto. — Experimente então você ficar dormindo por três meses e meio no sofá, e veremos quem vai andar curvado aqui.

—Se está assim tão desconfortável dormindo aí. — disse Kagome-chan entrando — Por que não vem passar uns dias na minha casa depois que voltarmos?

Houve mais alguns estalos enquanto tio Inuyasha se ajeitava e se colocava ereto novamente.

—E sua família não vai se importar?

Kagome-chan encolheu os ombros.

—Tem tantos quartos lá em casa que eles provavelmente nem vão te notar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hellou, acho que esse capitulo foi mais para relaxar depois do capitulo passado, não é? Afinal estamos em época de férias... Ou então eu só queria botar mais pilha mesmo, porque nem sequer mencionei o tão aguardado teste de DNA :x
.
.
.
Oh, e um fato curioso do japão:
Como as estações deixam uma marca tão evidente no território japonês, o povo nipônico se desenvolveu em volta delas. Existe até um termo para isso (kisetsukan), que quer dizer algo como “senso de estação”, ou seja, ter noção sobre o que fazer em cada estação, os japoneses também realmente gostam de admirar a natureza, e como suas estações são bem definidas há épocas especificas para admiração e contemplação de cada coisa, na primavera eles gostam de apreciar as flores, geralmente fazendo piqueniques em parques onde possam ver flores de cerejeiras, a árvore símbolo do Japão, esse costume é chamado de “Hanami”, já no verão é comum haverem festivais de verão onde ocorrem a exibição e apreciação de fogos de artifício, esse costume é chamado de “Hanabi”, e há também, no outono, a tradição de se admirar as folhas coloridas da estação, e esse último costume é chamado de “Koyohari”, a árvore símbolo do outono japonês é o Momiji, também chamado de “Boldo japonês”. :D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "De Repente Papai" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.