I still walk escrita por Claymore


Capítulo 12
Capitulo 12


Notas iniciais do capítulo

Musica cantada pela Beth : https://www.youtube.com/watch?v=pkqsqWcdih4



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— Noah!..
Mal conseguia ouvir minha voz abafada pelo ombro do meu velho amigo.  O abracei forte e foi acolhedor. Seu cheiro era estranho, não como o de todos por aqui. Todos tinham o cheiro de sol e sujeira. Noah cheirava a biblioteca e livros antigos. Isso me deixava curiosa.
— O que? .... Noha. - Agora minha voz era alta e clara , praticamente gritando.
— Eu não pude acreditar. Como eu queria que fosse real. Que você realmente estivesse aqui.
— Eu estou. Realmente Estou aqui.
Nos sentamos em frente da fogueira e conversamos . Parte de mim tinha medo que ele fosse rápido de mais para os temas difíceis. Aqueles que eu tinha medo. Aquelas lembranças que não estavam realmente formadas em minha mente, mas que eu sabia que assim que ele pronunciasse as palavras viriam como uma avalanche.
— Então você é arquiteto?
— Bem... é o que eu pretendo. Não é como se eu pudesse ir para a faculdade e ter um diploma, mas passo a maior parte do tempo estudando. Espero poder construir coisas por aqui. Melhorar nossas vidas.
— Não acredito que você esta aqui!- Disse alegremente pegando sua mão. Lagrimas pousaram na base dos meus olhos me fazendo ver uma versão turva do garoto ao meu lado mal iluminado pela luz da fogueira.
— Nem me diga... Beth.. Você se lembra de mim lá?
— No dia da troca de reféns?
— Sim. - Agora todas as conversas diminuíram para simples sussurros, nos éramos o foco da noite aparentemente.
— Eu me lembro agora. Na verdade não havia me dado conta até te ver. Mas as coisas tem sido assim. Não me lembro exatamente das coisas até que alguém comente ou eu veja algo que me faça lembrar.  Aparentemente minha lembrança ressente esta confusa.
— Fiquei muito feliz em te ver naquele dia.
— Eu também. Falando nisso... como você encontrou eles?
— Na verdade eu meio que esbarrei com Carol e Daryl em um prédio.
— Esbarrou?- Repetiu Carol com uma voz sarcástica e um olhar questionador.
—Bem....Noah tentou reformular sem graça - Eu meio que armei para eles.
— VOCÊ FEZ O QUE?- Minha voz saiu mais aguda do que eu pretendia.
— Eu não sabia quem eles eram... Tentei pegar as armas deles e fugir. Mas não deu muito certo, ainda bem, se não teria acabado com suas chances de sair dali.  - O garoto parecia arrasado e triste. Não pude deixar de me sentir mal por ele.
— Noha, serio. Está tudo bem. Tenho certeza que eles nem chegaram a ficar bravos com você de verdade. E eu duvido que você poderia acabar com esse dois.
Todos riram, se entregando demonstrando que estavam ouvindo nossas conversa.  Decidi ignorar e reconfortar meu amigo.
— Serio. Noah. Não tinha como você saber!
— Eles estavam atrás de você. Incrível como depois de tanto tempo, eles ainda te procuraram.
—Família é assim. Eu sabia que para eles eu estava morta. Mas não podia deixar de encontrar eles...se eu encontra-se pelo menos um deles...valeria a pena.- Olhei através das chamar turvas e foi acolhedor receber o olhar compreensivo deles. Michonne, Rick....Daryl. Acho que no final, mesmo que eu não recebesse a recepção que gostaria ou que tivesse encontrado exatamente o que queria eu sabia. Eu sabia que eles não teriam deixado de me procurar , não teriam me deixado para traz se não pensassem que tudo havia acabado. O que me fez lembrar. - E sua família?
— Rick e os outros me levaram até lá. Eles não conseguiram.
Cheguei mais perto dele e repousei minha cabeça sobre seus ombros. - Sinto muito.
—Ficou muito ruim depois que eu sai de lá? - Não queria encarar ele. Não queria olhar nos seus olhos e correr o risco de cair em lagrimas ao responder as perguntas que estavam por vir. Continuei apoiada no meu amigo, encarando as chamas dançarem na minha frente. Percebi ao movimentação e notei que mais pessoas estavam se juntando próximo a fogueira.
— Não exatamente.
— Eles te machucaram?
— Não o suficiente.
— Beth....Não quis te deixar sozinha. Desculpe. Você fez todo o trabalho difícil e eu sai correndo eu me senti culpado todos os dias. Toda vez que via a dor que sua morte tinha causado.
Me levantei e me concentrei nos olhos negros e agora vermelhos pelas lagrimas e sinceridade dele.
— Olha... Eu fiz o que eu tive que fazer, você também. Eu falei para você correr , esse era o plano. Se você não tivesse fugido, não estaríamos aqui. Ainda estaríamos lá, precisos, sofrendo. Ou pior.
— O que você teve de fazer? - Me virei e vi Spencer e sua mãe em pé ao lado direito da fogueira me encarando. - O que você teve de fazer para sair de lá?
— Beth não precisa responder. - Minha irmã veio ao meu resgate. Mas eu sabia que era inevitável.
— Tudo bem. Rick- Virei meu corpo e fiquei de frente para a única pessoa que eu responderia. - Acho que você tem 3 perguntas para mim.
—Beth...
— Tudo bem. Termine logo com isso.
— Quantos Walkers você matou?
— Eu perdi a conta.  Muitos.
Senti seu olhar de compreensão, mas não desviei. Sabia que se meus olhos encontrassem os da pessoa ao seu lado eu estaria perdida.
— Quantos humanos você matou.
Então chegou a verdade. Mostrar quem eu era. Uma assasina. Mas sem lei eu era uma assasina sem julgamento. Impune.  Resperei fundo e não desviei o olhar do Rick.
— Um.
Podia ouvir a respiração das pessoas a minha volta parando. Senti o corpo de Noah endureceer ao meu lado.
— Porque? - Essa era a 3 pergunta. E a mais difícil. Como justificar um assasinato. Como colocar o peso da vida de outra pessoa menor que a minha.
— Foi um guarda do Hospital. Ele gostava de machucar garotas.
— Beth.. conte a eles- Noah disse- Conte a eles toda a verda. O cara era um estrupador e manipulador.
— Ele tocou em você? - Não tive mais para onde fugir. Nossos olhos se encontraram e eu não podia mascarar os fatos, ou mentir. Ele saberia. Porque eu não podia mentir ou fingir ser alguém difierente do que eu era. Ele sabia, ele me conhecia. E eu não podia escapar.  Daryal estava em pé me observando com furia nos olhos e eu sabia, que se minha resposta fosse sim, ele arranjaria um jeito de trazer o cara de volta do inferno e mata-lo novamente.
— Não. Ele tentou, mais de uma vez.  Mas eu acabei com ele antes de que conseguisse. Usamos ele para distrair os outros guardas. Então foi assim que Noah escapou.
Foi como se o mundo se dissolvesse. Ficamos nos encarando por 3 segundos e foi o suficiente para que eu percebesse que eu não conseguiria viver em um mundo sem ele. Não agora nem nunca. Eu não podia me enganar. Eu não podia enganar mais ninguém.
Me levantei e eu ia correr para seus braços e dizer tudo que estava preso na minha alma. Mas alguem pegou minha mão e me girou em um paço de dança. Eu não havia percebido mas tinha uma musica tocando. Uma melodia antiga e romantica. Spencer estava com uma mão na minha cintura e outra apoiando minha mão direita.
— Chega de papo baixa astral. Estamos aqui para nos divertir.
Fiquei atordoada a maior parte da musica, observando Daryl próximo a mesa de chá pegando mais uma xicara e nos observando danças. Logo os pares se formaram e talvez eu estivesse completamente perdida em meus pensamentos, mas eu não sabia como tinha parado ali.
— Isso me lembra meu baile. - Michonne disse em voz alta em quando perambulava com Rick .
— Acho que essa musica toda em todos os baile. - Spencer respondeu para ela. 
— Mesmo?
— Não tocou no seu baile? Specer me olhava com um olhar questionador. Talvez fosse verdade.
— Beth não foi ao baile dela. Cancelado porque os mortos voltaram. - Meggie disse ao dar giros com Glen. Todos riram.
— Eu não ia de qualquer jeito. - Respondi para ela.
— Como assim? Você tinha um vestido .
— Eu menti. - Confessei.
— O QUE?- Ela gritou por cima das risadas e da musica.
— Ninguém me convidou. Eu não ia. Eu e o papai íamos ver um filme e comer Hambúrguer. Ele era meu cumplice.
— Eu tinha ido só para ajudar a te arrumar.
— Ideia da mamãe. - Quando Spencer me girou rindo junto com os outros eu vi que Daryl não estava em lugar nenhum. Deve ter ido embora a muito tempo e eu não havia notado. - Acho que já é hora de ir para cama. Obrigado pela dança. Obrigado.
Spencer parecia querer protestar, mas eu não deu chance. Sai e votei para a casa. Ela estava vazia. Era o que parecia. Se Daryl estava no seu quarto ele já havia deitado. Pois a luz do quarto estava apagada e eu não conseguia ouvir nenhum barulho de lá. Aquela noite foi a ultima vez que eu tinha visto Daryl.
Quando acordei de manha, Michonne me disse que ele, Rick e Spencer haviam ido procurar mantimentos e roupas de frio já que aparentemente iria nevar nos próximos dias. 6 dias foi o tempo que ele ficou longe, eu tentei me distrair com Noah e cuidando do galpão ou das crianças menores. Mas ele sempre era meu maior pensamento. Dominando minha mente e meu coração. Porque estavam demorando tanto? Porque ele não voltava?
No final e tarde do sétimo dia estavamos Noah, Michone, Meggue e Judit sentados ao pé da escada na varanda. E agora eu quase sentia como se eu fosse daquele lugar . Quase me sentindo em casa, mas casa para mim era uma pessoa.
Quando ouvi o som do portão se abrir. Me levantei e ficou olhando a entrada. Desesperada fiquei impaciente olhando a entrada.
— Calma. Ele esta bem . - Ela sabia. Não que eu estivesse tentando enganar alguém, mas normalmente Daryl estava tão distante de mim que eu não achei que alguém havia percebido. Mas olhando o sorriso e o olhar de todos eu vi. Todos eles ali sabiam.
Então eu vi. Um caminhão pequeno, do tipo frigorífero , vir a frente e logo atrás Daryl com sua moto. Passaram direto, então eu desabei novamente nos degraus e um sorriso de alivio fugiu entre meus lábios. Ele estava bem.
Alguns minutos depois eles surgiram, Michonne se levantou e deu um beijo no Rick que se sentou junto a ala pegando Judit no colo. Daryl permaneceu ao pé da escada, mas foi Spencer que veio se sentar ao meu lado, ele  estava com o violão marrom antigo e gasto nas mãos, me entregou e ao mesmo passo que se sentou Noah se encolheu, o que me fez questionar o porque.
— Soube que sabe tocar. - Peguei o violão e foi estranho sentir as cordas em minhas mãos machucadas pela vida que eu levava agora.
— Como soube?
— Alguém me contou.
— Engraçado como sempre parece que alguém sai contando meus segredos por ai.
— Toque alguma coisa.- Michonne pediu.
— Não me lembro de nada de cabeça.- Era mentira. O problema que a única musica que vinha a minha mente era uma que eu nunca havia tocado. Uma musica que eu nunca havia experimentado antes. Mas que de passar ela pela minha cabeça tantas vezes eu podia a ouvir perfeitamente.
— Toque aquela que você costumava cantarolar no hospital. - Noah disse. Era a mesma musica. Toquei as teclas e como eu senti vontade de tocar. Como eu queria dedilhar e deixar me perder na melodia.  Afinei as cordas o melhor que pude pois estavam um pouco empenadas.
— Eu nunca toquei essa musica. - Confessei. Levantei meu olhar e observei a pessoa na minha frente. Daryl estava ali, simplesmente me observando. Me perguntei se os olhos podiam sentir a tensão entre nos dois. - Eu a fiz sem instrumento. Somente com o meu coração . No hospital. - Então comecei a sentir a melodia fluir entre meus dedos. Como se eu já há tivesse tocado mil vezez. A primeira letra foi a mais dicil, mas meus olhos nunca deixaram os seus.
"Não consigo dormir esta noite
Acordada e tão confusa
Tudo está em ordem
Mas estou ferida
Preciso de uma voz para ecoar
Preciso de uma luz para me levar para casa
Eu meio que preciso de um herói
É você?
Nunca vi o bosque ao invés do mato
Eu poderia realmente usar sua melodia
Baby, sou um pouco cega
Acho que é hora de você me encontrar
Você pode ser meu rouxinol?
Cante pra mim, eu sei que você está aí
Você poderia ser minha sanidade
Me traga paz
Cante para eu dormir
Diga que você vai ser o meu rouxinol
Alguém fale comigo
Porque estou me sentindo péssima
Preciso de você para me responder
Estou sobrecarregada
Preciso de uma voz para ecoar
De uma luz para me levar para casa
Preciso de uma estrela para seguir
Eu não sei
Nunca vi o bosque ao invés do mato
Eu poderia realmente usar sua melodia
Baby, sou um pouco cega
Acho que é hora de você me encontrar
Você pode ser meu rouxinol?
Cante pra mim, eu sei que você está aí
Você poderia ser minha sanidade
Me traga paz
Cante para eu dormir
Diga que você vai ser o meu rouxinol
Não sei o que eu faria sem você
Suas palavras são como um sussurro, atravessando
Enquanto você está aqui comigo hoje à noite
Estou bem
Você pode ser meu rouxinol?
Sinto você tão perto, eu sei que você está aí
Oh rouxinol
Cante pra mim, eu sei que você está aí


Porque, baby, você é minha sanidade
Você me traz paz
Cante para eu dormir
Diga que você vai ser o meu rouxinol"

Em quanto a melodia ia morrendo em meus dedos, Daryl fechou os olhos e caminhou em minha direção. Mas quando o silencio dominou o lugar eu ouvi a porta atrás dê mim se fechar. Daryl tinha entrado na casa.


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